- O que aconteceu com o seu rosto? – Agatha pergunta olhando para Sky e eu tento não pensar muito sobre o que ela acabou de jogar na minha cara.
Neto dele
Ha ha ha
O destino era realmente muito engraçado. Talvez ele fosse um palhaço na outra vida ou sei lá
- Um livro caiu em meu rosto – ele fala e eu pisco lentamente em sua direção, tentando me reconectar ao presente
- Um livro fez isso?
- Foi uma edição de Senhor dos Anéis – eu ajudo e Agatha faz um som compreendendo a situação, enquanto isso estou sendo fuzilada pelo o olhar de Sky.
- Deveria deixar que Katherine olhasse esse machucado
- Não, obrigada
- Mas está meio vermelho – Agatha reforça e eu quase finjo um mal estar para sair dali. Mas ela é mais rápida – Katherine você poderia?
Não
De jeito nenhum
- É claro que sim – eu respondo docemente, mas percebo que não convenci Sky. Ele que se dane – Já volto.
Saio da biblioteca e lembro de colocar o livro em cima da mesinha de centro antes de sair. Vou até a minha maleta e a pego voltando pelo mesmo caminho, abro a porta e vejo que Sky está em uma conversa séria com Agatha, então aponto para o sofá e ele suspira irritado indo até o local que eu falei.
Coloco a maleta na mesinha e me aproximo dele estreitando os olhos.
- Você não vai me atacar ou algo assim, vai? – eu pergunto baixinho e olho quando Agatha sai da sala com o celular na orelha
- Só se você resolver jogar outro livro em mim
- Não foi de proposito, você me assustou
- Eu te assustei? – ele pergunta ironicamente e continua – Imagine a cena, uma mulher me ataca em uma lanchonete alguns meses atrás em Vancouver e de repente ela está em minha casa em cima de uma escada.
- Primeiro, eu não te ataquei – pego uma gaze e coloco água nela – Segundo, A casa não é sua, é do seu avô – passo por sobre o corte e vejo que feriu somente um pouco em cima do nariz – Terceiro...... Espera, eu esqueci – franzo a testa e bufo em silencio passando mais por sobre o corte – Enfim, você entendeu
Sky revira os olhos e eu pigarreio tentando não focar em seus olhos incrivelmente verdes. Caceta, porque ele tinha que ser tão bonito?
Espera, eu não falei bonito
Não mesmo
- Você me beijou, ou você é louca, ou você estava desesperada – ele diz e eu forço um pouco mais a gaze no corte fazendo com que ele se afaste imediatamente – Hey!
- Desesperada? – eu falo e ele se afasta das minhas mãos
Ele é inteligente
- Sim, é só nisso que eu consigo pensar agora
- Pois fique sabendo que não sou nenhuma das opções – talvez a primeira, mas ele não precisa saber
- Não acredito nem um pouco nisso
- Problema seu
- Até porque quando eu perguntei porque você fez aquilo, você não encontrou uma resposta viável
- Porque se eu desse a resposta você talvez não se sentiria tão exibido e arrogante quanto está sendo agora
- E que resposta seria essa?
- Não vou dizer, agora incline a cabeça para cima – ele inclina relutante e eu passo o antisséptico – Pronto, acho que você vai sobreviver – eu falo e abaixo o tom de voz para um murmúrio – Infelizmente
- Eu ouvi isso
- Teste de audição feito então – me afasto e guardo tudo dentro da maleta, fecho com um clique e me viro para sair
- Porque me beijou?
- Esqueça isso
- Não, porque? – ele fala se levantando e eu desvio o olhar.
Aquele cara sabia como se impor
- Srta. Fontaine?
- Porque quer saber? – eu falo e coloco as mãos no quadril – Isso foi a mais de um mês atrás
- Porque para a infelicidade de muitos você é a responsável pela saúde do meu avô – ele estreita os olhos ligeiramente e eu reviro os olhos – Quero saber se você pelo menos não é louca
- Já disse que não sou louca
- Então prove, me conte de uma vez
- OK! – falo alto e suspiro aborrecida pegando a maleta na mão – Foi um desafio
- Perdão?
- Um desafio, simples assim
- Qual era o desafio? – ele dá um passo para mais perto e meus olhos sobem da sua camisa social verde para os olhos intensos demais – Katherine?
Ouviu isso? Foi o meu coração dizendo para eu fugir
- Para eu beijar um cara que em uma situação normal eu não beijaria – eu digo quase em um folego só e tão baixo que na metade da frase ele teve que se inclinar para escutar.
Um silêncio repercute pela biblioteca e eu olho para todos os lados menos para ele.
- Com é que é? – ele rosna em tom baixo e eu faço uma careta olhando para baixo.
- Era uma brincadeira, é melhor esquecer e.....
- Porque você não me beijaria? – espera, o que?
- Está falando sério? - Eu volto o olhar para ele e o vejo mais próximo do que gostaria, então dou um passo atrás – Eu falo que foi um desafio e você se importa só com o fato de eu não querer beijá-lo?
- Sim, e não fuja da pergunta. Porque?
- Porque você é arrogante, exibido, intocável e parecia se sentar em um trono em vez de uma cadeira de plástico – eu falo e aperto o lábio quando percebo que explodi por alguns minutos
Sky fica em silêncio com a expressão sem me falar nada e eu pigarreio me afastando um pouco mais.
- Eu....
- Sr. Vince poderíamos ir até o escritório? Quero falar sobre algumas coisas com você – Agatha aparece na porta e eu exalo aliviada. Ela olha para nós dois e levanta uma sobrancelha – A não ser que eu esteja atrapalhando
- De jeito nenhum – eu falo rapidamente e vou até ela indo em direção as escadas – Vou averiguar Vince – sinto os olhos de Sky por todo o caminho, mas não me viro para olhar.
- Está brincando comigo – Íris começa a rir alto e eu reviro os olhos.Irmãs não deviam se ajudar de vez em quando?A minha deve ter vindo estragada, só pode- De todas as pessoas do mundo......- ela fala e ri ainda mais, jogo um travesseiro nela e ela para de rir por uns instantes para jogar de volta.- Você sabe que a culpa é sua, não é?- Minha?- Sim, você que me fez fazer aquele desafio idiota- Foi genial na verdade – ela diz e coloca mais uma garfada de macarrão na boca mastigando antes de continuar – O que ele disse quando você falou o que era o desafio?- Acho que ele ficou bem chateadoEnrolo um fio de macarrão e o coloco na boca suspirando.- Será que vou ser demitida?- Claro que não – ela fala e me acotovela de leve – Ele não pode te demitir por voc&e
Bocejo de novo e ouço um estalar alto na minha mandíbulaPorcariaTalvez eu tenha quebrado um osso. Coloco o regador mais perto de uma roseira e derramo um pouco de água na terra tentando impedir mais um bocejo.Eu não deveria ter passado a madrugada lendo, foi um erro. Mesmo que o livro tenha sido maravilhoso e que o final tenha me feito chorar que nem uma condenada.Mas do que isso adiantava se eu não conseguia nem regar algumas flores sem conseguir impedir um bocejo? Me levanto e vou para outra roseira, uma de flores coloridas e que exalavam um cheiro tão doce quanto o ar ali de fora.Depois de meia hora consigo terminar e vou direto para o deposito, colocando o regador e as luvas que eu acabei não usando. Sigo em direção a cozinha e sorrio quando vejo Marina terminando de lavar a louça do almoço.- Olá Marina- Hey, terminou?- Sim, estou pe
Uns travesseirosSim, era isso que eu colocaria aqui na biblioteca.... Se ela fosse minha é claro.Me ajeito de novo no chão e apoio o livro na minha coxa descansando as mãos de lado. Passo para outra página e sorrio quando vejo um mapa desenhado a mão.Livros criativosAmeiMe apoio na estante e leio a página antes que com o canto do olho eu perceba um breve movimento perto da porta. Me endireito e olho desconfiada para Sky.- Fiquei imaginando quanto tempo você demoraria para perceber - Perceber que tem um espião em minha cola?- Espião? – ele pergunta e se aproxima- Tanto faz – eu falo e olho de novo para o livro – Posso ajudar em algo?- Na verdade nãoOlho de lado e vejo que agora ele está bem ao meu lado, pigarreio baixinho e viro uma página sem nem mesmo ter lido.- Porque você es
- A vizinha está cozinhando peixe de novo – eu falo abrindo a porta do apartamento e vejo quando Íris corre para a mesinha pegando uma vela aromática.Tiro a chave da porta e me viro para fechar ela quando olho para baixo e tomo um susto gritando um pouco, fazendo com que Íris pule um centímetro do outro lado.- Caceta, esse cachorro ainda vai me matar – eu falo ainda ofegante e Íris se aproxima olhando para o cachorro meio morto, meio vivo- Eu acho realmente que deveriam levar ele no veterinário – Íris fala e se abaixa acariciando o pelo grosso do cachorro silencioso.Credo, ele nem ao menos pisca- Você quer comer alguma coisa camarada? – eu falo e ele vira a cabeça para mim, inclinando a cabeça – Ou quer algum remédio?- Kathy!- É sério, tadinho dele Íris – ajeito a bolsa em meu ombro e fa&cc
ChiqueDe vidroFácil demais de quebrarDescarto outra xicara e acabo pegando uma de lá de trás do armário, que está meio empoeirada. Mas é melhor empoeirada do que quebrada.Lavo rapidamente e enxugo a caneca, vou até a cafeteira e encho até a metade de café. Assopro levemente e levo a boca tentando me aquecer desse frio absurdo que assolou Nova York da noite para o dia.Bebo outro gole e já me sinto parcialmente aquecida quando vejo que Sky está entrando na cozinha, faço uma careta e tento andar na ponta dos pés até o outro lado, onde existe outra porta de saída. Mas assim que chego na metade do caminho ele pigarreia alto e eu resmungo um palavrão baixinho.- Bom dia Katherine – porque eu estremeço toda vez que ele diz o meu nome? Isso é algum truque dele?Me volto lentamente para ele e finjo que nunca
Guardo as coisas dentro da maleta e a fecho antes de me virar para Vince que está observando o ar meio nublado do lado de fora.- As vezes sinto falta de trabalhar – ele diz baixinho e eu me aproximo ficando do seu lado.- Até mesmo em dias como esse?- Como assim? – ele pergunta se virando para mim e eu aponto para o lado de fora.- Dias nublados e chuvosos- Sim- Você é estranho – eu falo e ele balança a cabeça sorrindo – Todo mundo quer ficar em casa dormindo, assistindo, comendo besteira, ou até mesmo os três juntos.- Eu queria trabalhar – ele afirma e eu concordo seriamente- Eu entendo o sentimento- Ah é? – ele fala e sai da janela se sentando em uma das poltronas – Você também prefere trabalhar?- Não. Eu só disse que entendoVince ri roucamente e eu dou um sorriso sain
Íris abre a porta do apartamento e eu continuo a ler o livro, jogando o casaco em cima do sofá ela se joga em uma cadeira e começa a tirar os sapatos.- Como foi o trabalho Kathy? – ignoro seu tom curioso e dou de ombros levantando os olhos do livro- Normal e o seu?- Também – ela fala desanimada e se levanta se esticando – Tenho uma reunião daqui a uma hora e meia com alguns professores. Se importa de jantar sozinha?- Claro que nãoEla sorri e se afasta indo para o banheiro, fecho o livro e espero contando os minutos.... Ou horas, dependendo do ritmo do cérebro dela.Leva vinte minutos para que ela perceba- O que você colocou nesse sabonete Katherine? – ela grita do banheiro e eu dou risada- Eu não fiz nada- É claro que fez, admite logo- Não posso admitir algo que não fiz querida irmãUm
Pego outra carta e viro, olho para as outras cartas e mordo o lábio pensando onde eu já a tinha visto.- Não pode demorar – Vince fala e eu faço uma careta- Larga de ser chato, você passou meia hora para descobrir onde estava a sua- Eu posso- Ah é? E posso saber o porquê?- Porque eu sou velho e minha memoria já não é muito boa- Isso não é desculpa para trapacear – eu respondo e ele bufa. Escolho a carta e dou um sorriso quando é a mesma que eu estou na mão – Estou na sua frente Vince- Grande coisaDou risada com o seu tom contrariado e ele pega uma carta olhando para as outras. Esses últimos dias tenho passado todas as horas livres jogando com Vince jogos que façam com que estimule memoria, estratégia ou até mesmo só para se divertir.Ele faz uma cara rabugenta todas a