Capítulo 46 – Debby (Cassandra)O dia amanheceu tão devagar, era como se o próprio tempo estivesse me dando a chance de reconsiderar os próximos passos. Mas não havia espaço para hesitações. O silêncio do apartamento era interrompido apenas pelas risadas de Cecília enquanto brincava com um ursinho de pelúcia no tapete.Peguei meu celular e busquei o número do orfanato. Havia algo em meu peito que dizia que a resposta para todas as perguntas estava lá, então era isso que eu devia fazer. Respirei fundo antes de apertar o botão para ligar.Depois de dois toques, a voz familiar de Dona Rosa soou do outro lado da linha.— Orfanato São Benedito C.A, aqui é Dona Rosa falando.— Dona Rosa, sou eu, Cassandra — comecei, tentando manter a voz calma, mesmo com a ansiedade pulsando.— Cassandra? Minha menina, quanto tempo! Como você está?— Estou bem, Dona Rosa. E a senhora?— Segurando as pontas por aqui, como sempre. E a vida? Como está a Cecília?Troquei algumas palavras, trocamos notícias, m
Capítulo 47 CristianA sala de interrogatório estava em silêncio. Damon estava ali por livre e espontânea vontade, o que, para alguns, poderia sugerir sua inocência, mas eu não me convenço tão facilmente. Eu sabia que ele não era um homem fácil de lidar, mas também sabia que esse depoimento era crucial.Observei Damon Schiavon sentado à minha frente, com os braços cruzados e o olhar desafiador, como se a simples ideia de estar ali fosse um insulto para ele.Damon sabia o motivo pelo qual estava ali, mas não sei se estava disposto a colaborar facilmente.Ajustei o gravador na mesa e comecei a sessão.— Damon Schiavon, obrigado por vir. Quero esclarecer que você não está sendo acusado de nada, mas sua cooperação pode ser fundamental para resolver algumas questões.Damon inclinou-se ligeiramente para frente, sua voz séria e direta.— Estou aqui para esclarecer o que for necessário, mas sem rodeios. Não tenho tempo a perder, sou um homem ocupado.Fiz uma pausa e balancei a cabeça, ajusta
Capítulo 48 CristianO peso das muitas descobertas ainda me atormentava. Principalmente as peças soltas que estavam começando a se conectar, mas a forma como o destino parecia brincar comigo, me guiando por uma trilha de mistérios envolvendo Ayla, Joshua e, inevitavelmente, Cassandra, pois é o mesmo local, mesmo orfanato. As evidências que encontrei nas investigações sobre o hospital, as adoções feitas por lá, e até mesmo os gastos com cuidados médicos me deixaram mais inquieto. Havia algo de muito errado em toda essa história, algo que me escapava.Passei dias mergulhado em documentos, matérias sobre o hospital e mais e mais informações que só aumentavam o meu desconforto. Era como se tudo estivesse apontando para uma única direção, mas a peça central do quebra-cabeça continuava fora do alcance.A resposta, ou talvez mais perguntas, estavam em algum lugar na Itália. Não podia mais ignorar o que estava diante de mim. Havia uma ligação entre o hospital, o bebê que supostamente Ayla p
Capítulo 49AylaQuando o Agente Cristian me olhou, esperando que eu continuasse, percebi que não havia mais como fugir. As escolhas que fiz no passado estavam me perseguindo, e ele aqui na minha frente, era a prova viva disso. Não era mais possível guardar aquele segredo. Por mais que eu quisesse me esconder atrás do silêncio do convento, sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que enfrenta minhas ações.Respirei fundo e segurei o olhar dele. As palavras pareciam pesadas, como se cada uma carregasse o peso dos meus erros.– Assim que me recuperei do parto, voltei para Nova York – comecei, a voz trêmula. – Eu sabia que precisava encarar Joshua, precisava enfrentá-lo pelo que ele fez. Ele... Ele roubou minha filha de mim. Não foi por preocupação com ela, não foi porque acreditava que ela estaria melhor em outro lugar. Ele fez isso para me machucar, para machucar Damon, e, principalmente, porque o dinheiro sempre foi mais importante para ele.Cristian permaneceu em silêncio, atento a
Capítulo 50CristianA sala do FBI estava em um silêncio absoluto, o clima denso com a tensão do momento. Depois de ter trazido Ayla da Itália sob custódia, sentei-me à minha mesa e digitei o relatório completo da confissão. O peso do que ela havia revelado ainda pairava sobre mim, como se a gravidade das palavras dela tivesse se impregnado na minha mente. Ayla Smith havia finalmente confessado o assassinato de Joshua Roberts, mas isso era apenas uma parte da história. O maior impacto vinha do que ela havia escondido: Damon Schiavon tinha uma filha.Peguei o telefone e disquei o número do diretor da Divisão de Crimes Cibernéticos. Precisava atualizar meus superiores sobre a prisão e encaminhar o caso para os próximos passos.— Diretor Hall? Aqui é o agente Cristian Hills, Temos uma confissão para o caso Roberts. Ayla Smith está sob custódia e confessou o assassinato. Ela usou seu conhecimento em medicina para provocar uma parada cardíaca em Joshua, fazendo parecer um acidente, enviei
Capítulo 51CristianVoltei à minha mesa, ainda podia ver o rosto de Damon estampado em minha mente. A determinação nos olhos dele era algo que raramente via em pessoas envolvidas em investigações; Ele realmente estava disposto a tudo para encontrar a filha, e isso fazia sentido. Se eu estivesse no lugar dele, faria o mesmo.l, eu nunca abandonaria um filho.O orfanato mencionado por Ayla era o ponto de partida mais lógico, era única pista além do hospital, mas de lá eles enviam para vários orfanatos, vou seguir do ponto que ela diz ter chegado, e eu não posso perder tempo. Digitei no sistema de busca interna do FBI, tentando encontrar qualquer registro conectado ao "St. Marie". Para minha frustração, a localização exata parecia não estar nos arquivos digitais.— Que droga... — murmurei, ajustando minha postura na cadeira.Decidi ligar diretamente para um contato da Interpol, uma agente com quem já havia trabalhado antes. Era tarde na Itália, mas isso não me deteve. Depois de algumas t
Capítulo 52CristianO avião pousou em solo italiano, e meu corpo estava tenso. Durante o voo, analisei os registros que consegui extrair do sistema do FBI e as informações compartilhadas por Damon. Não podia negar que sua determinação era contagiante, mas sua impulsividade era perigosa.Como saímos com pouco tempo de diferença ele já tinha ido ao orfanato, estava indo direto ao próximo orfanato, sem pensar nas consequências.Saí do aeroporto, o carro alugado pelo FBI já me aguardava, dirigi até o endereço que Damon me enviou a contra gosto. Cheguei ao "C.A. Crianças Abandonadas" pouco antes do anoitecer. O lugar me trouxe lembranças que eu queria esquecer, apagar e apenas seguir, mas o destino com certeza é sádico...Ao entrar, vi Damon no hall principal. Ele estava de costas, falando com uma senhora que reconheci imediatamente: Dona Rosa, era como viver o último dia que a vi, e trazer a dor de não saber seguir sem ela pra mim novamente...Dona Rosa, a mesma mulher que cuidava de C
Capítulo 53CassandraO som do telefone ecoou pela sala enquanto eu arrumava Cecília. O coração já batia acelerado. Nos últimos dias, qualquer ligação poderia trazer notícias que mudariam minha vida, e isso era um peso quase insuportável.— Alô?— Minha filha... — A voz de Dona Rosa chegou suave, um misto de alívio e preocupação.Engoli em seco. Fazia meses desde nossa última conversa, e eu sabia que, se ela estava me ligando, não era por algo trivial.— Dona Rosa, o que aconteceu?— Eles estiveram aqui, filha. Cristian e um senhor chamado Damon Schiavon. — Minha respiração parou. — Procuraram informações sobre Cecília. Eles estão desesperados, e vão chegar até você...Sentei-me lentamente na cadeira mais próxima, a cabeça girando.— Eles sabem...?— Ainda não tudo. Mas, Cassandra, ouça-me bem. Cristian está cada vez mais perto, e esse senhor Schiavon está movendo céus e terra para encontrar a filha. Você precisa se preparar.Olhei para o quarto onde Cecília dormia tranquilamente. Meu