KIARA
Os irmãos estacionam o carro no aeroporto e um deles abre a porta para mim. Já me acostumei com isso, desde que comecei a sair com o Enzo tenho recebido esse tipo de gentileza. Ambos caminham comigo em direção ao avião particular que está estacionado a poucos metros. Ainda não sei decifrar quem é o Dante e quem é o Assis, eles são aparentemente iguais.
A porta do avião se abre e meu coração acelera. Vou conhecer o pai do Enzo em uma circunstância ruim, pois seu filho está ferido. Uma pergunta vem martelando em minha cabeça desde o instante que entrei no carro: será que o Enzo falou sobre mim para seu pai? O que seu ele sabe sobre nós?
Os dois homens grandes ao meu lado me conduzem para a escada do avião, a cada degrau que subo meu coração bate mais forte. Coloco meus pés dentro da aeronave e
GUISEPPEAo chegar na clínica, meu coração acelera, ansiedade me consome. Só ficarei tranquilo quando ouvir a voz do meu menino chamando-me de coroa gostoso. Sorrio. Enzo é o brincalhão da família, é o que traz leveza a tanta escuridão.Somos levados até minha família. Assim que Lorenzo me vê, vem em minha direção, mas hesita em me abraçar por estar sujo de sangue, o sangue do meu figlio. Abraço-o e o sinto tenso. Digo-o que ele não tem culpa, olho em seus olhos para confirmar minhas palavras e o beijo.Comprimento a todos e apresento a doutora Vitalle, em seguida exijo ver mio figlio. O médico responsável me conduz até ele junto com a senhorita Vitalle. Ao entrar no quarto que Enzo está, vejo-o todo cheio de fios e agulhas em suas veias, ligado a aparelhos. Não consigo me segurar
KIARAEnzo fica mais um dia na clínica em Nova Iorque. No dia seguinte pela manhã, o senhor Guiseppe chega na primeira hora. Eu ainda estava dormindo. Levo um susto quando acordo e dou de cara com ele e o Lorenzo do lado de fora do quarto, observando Enzo pelo vidro. Rapidamente vou para o banheiro escovar os dentes e dar um jeito em minha aparência.Lorenzo me obriga a ir até sua casa para tomar banho, fazer uma refeição descente e descansar. Aceito, pois estou um bagaço. Foram horas de viagem e, depois que entrei no hospital, não saí mais, porém, só vou depois de fazer todos os exames necessários em Enzo e ter certeza que ele ficará bem.Um motorista está me aguardando, mais um homem forte e com cara de poucos amigos. Já estou me acostumando com isso. Lorenzo tem uma bela cobertura, com uma visão privilegiada para o Central Park; a vista
KIARAHoje faz dois dias que Enzo foi baleado. Pelos exames feitos nessa manhã, ele está progredindo, então, junto com o médico que o operou, decidimos retirá-lo do coma induzido, mas antes disso preciso conversar com seus familiares, que desde o ocorrido não arredaram o pé daqui. No máximo eles vão para a casa do Lorenzo, descansam um pouco e depois retornam.Ontem, o senhor Guiseppe me comunicou o seu desejo de levar o filho para casa. No caso, para casa dele; mas Lorenzo disse que se não fosse possível, todos podem retornar para suas vidas que ele ficará com o irmão, o que gerou uma leve discussão. Guiseppe disse ao Lorenzo que ele tem mulher e filha para cuidar; depois de chamar a atenção de todos, bateu o martelo dizendo que ele é o pai, portanto ele que decide. Com a voz firme e em um tom de repreensão, todos se calaram. Meu
KIARAMeus olhos custam a acreditar no que veem. A casa dos Mancinni… Casa, Kiara? A mansão é um espetáculo. Ela se estende por todo o quarteirão, muitos metros separam o portão até a entrada principal da casa, é necessário andar ainda uns metros para alcançá-la. Mistura o novo com o antigo. Tem uma torre; imagino-me nela, e o Enzo embaixo dizendo “joga suas tranças, Rapunzel”. Quão idiota eu sou. É simplesmente magnífica. Agora entendo por que esse tanto de seguranças armados. Por falar nisso, a parte externa da casa é cheia deles, com suas armas e rádio comunicadores. Eles realmente são muitos ricos, milionários, biliardários, sei lá. Têm muito dinheiro.Os enfermeiros retiram Enzo com cuidado da ambulância. As enormes portas são abertas. Enquanto eles a
ENZOOuço vozes familiares, mas não consigo me mover, e nem dizer uma só palavra. “Kiara, sou Perla, esposa do Lorenzo”. Kiara? Minha Kiara está aqui? Perla, Lorenzo? Minha cabeça dói, está tudo tão confuso. Lembro-me de sentir meu corpo queimar depois de um disparo, do olhar incrédulo do Lorenzo e da ira nos olhos do Pietro e Enrico.Onde será que estou? Será que ainda estou em Nova Iorque?“Quando Enzo ficar bom, vou dar uma surra nele para ele parar de ser irresponsável”. Perla? Minha cunhada disse que vai me bater? Baixou a poderosa chefona nela, estou fodido. Perla está certa, fui descuidado.“Quando ele vai acordar?” Nina? Onde está o Rico? Não ouço sua voz. Estou ficando cansado, muito cansado.Não sei dizer por quanto tempo minha mente apaga. N&ati
KIARAMeu coração bate descompassado. Estou com receio de como Enzo vai agir depois da declaração que fiz. Minha esperança é que ele não tenha me ouvido como ouviu a Perla. Antes de o dizer que eu o amo, preciso saber o que ele sente por mim. Tenho que ter a certeza de que seu desejo não é só carnal, que depois de me ter na cama, a sua forma de agir para comigo não vai mudar. Não quero apenas seu corpo moreno, quero-o todo. Sua arrogância, seu sarcasmo, seu sorriso. Quero senti-lo sobre mim e em mim.Nunca me senti assim, tão intensamente envolvida por um homem, homem esse que em nenhuma circunstância me atrairia, muito pelo contrário, me afastaria o máximo possível. Enzo tem uma escuridão sobre si que me amedronta e me atrai. Lembro-me da primeira vez que o vi, naquele dia que me traz à memória coisas ruin
KIARASegurar meu moreno todos esses dias foi bem difícil. Assim que retirei seus pontos, ele achou que já estava pronto para outra. Queria voltar as suas atividades e, principalmente, ter relações comigo; por pouco não cedi. Teve um dia que acordei com ele entre minhas pernas. Foi muito difícil dizer não, ainda mais depois de gozar. Os dias que sucederam foram sempre assim, ele me proporcionando os melhores orgasmos todas as manhãs. Sei que estava sendo egoísta, ainda mais por não retribuir, mas eu sabia que se fizesse nele, não conseguiríamos parar.Cinco dias após retirar os pontos, Enzo quis voltar para sua casa. Seu pai não ficou muito satisfeito, nem o restante da família, mas garanti que ele estava bem e que iria continuar cuidando dele. Em Florença, meu moreno não deixou que eu fosse para casa. Insistiu, melhor dizendo, ordenou, q
KIARASuas palavras vão ao encontro do meu sexo. Sorvo o vinho, tentando acalmar os ânimos. Nossa bolha é interrompida pelo som do elevador. Um garçom com um carrinho e outro o acompanhando saem de lá. Nosso jantar é servido, meu moreno já tinha previamente escolhido o cardápio. Para a entrada, um garçom nos serve calamari grelhado, creme de batata e limão, alcaparra frita, e pesto de foguete. O outro garçom repõe o vinho em nossas taças e coloca água em outra. Depois de nos servir, retornam para o elevador.— Espero que goste do que escolhi.— Está divino, Enzo. Obrigada — digo após dar uma garfada exagerada. Etiqueta passa longe de mim quando se refere a comida.Fazemos nossa refeição em um silêncio confortável, de vez enquanto nossos olhares se encontram e há intensidade neles.