KIARA
Suas palavras vão ao encontro do meu sexo. Sorvo o vinho, tentando acalmar os ânimos. Nossa bolha é interrompida pelo som do elevador. Um garçom com um carrinho e outro o acompanhando saem de lá. Nosso jantar é servido, meu moreno já tinha previamente escolhido o cardápio. Para a entrada, um garçom nos serve calamari grelhado, creme de batata e limão, alcaparra frita, e pesto de foguete. O outro garçom repõe o vinho em nossas taças e coloca água em outra. Depois de nos servir, retornam para o elevador.
— Espero que goste do que escolhi.
— Está divino, Enzo. Obrigada — digo após dar uma garfada exagerada. Etiqueta passa longe de mim quando se refere a comida.
Fazemos nossa refeição em um silêncio confortável, de vez enquanto nossos olhares se encontram e há intensidade neles.
ENZOObservo minha pequena uccello dormindo e sorrio, feliz. Finalmente Kiara é minha, minha mulher. Ter unido nossos corpos foi a melhor experiência que tive em minha vida. Já fodi muitas mulheres, algumas vezes mais de uma ao mesmo tempo, mas nada se compara, nem sequer chega perto do que vivi nessa noite. A única vez que senti algo que chegasse próximo a isso foi com a vagabunda que me traiu.Antes de irmos embora, vou colocar Kiara a par da nossa situação. Ela sabe que não tem mais volta, que a partir do momento que a tornei minha, não existe mais eu e ela, e sim nós dois. Vou contar que sou um mafioso, sem dar muitos detalhes das minhas atividades, mas ela precisa saber, por ser minha e principalmente por causa da sua segurança. Quando meus inimigos souberem que ela é especial para mim, vai viver em um constante perigo. Tenho feito sua segurança sem que
KIARAEntro em casa e vou direto para o banheiro. Desfaço-me das minhas roupas pelo caminho. Estou atordoada pelo tanto de informações que minha mente está processando. Enzo é um mafioso, estou apaixonada por um homem da máfia, um homem que é a própria máfia.A água jorra sobre mim. Com os olhos fechados, tento assimilar tudo que está acontecendo. Por mais que eu tenha ouvido da sua própria boca, não consigo acreditar. Eu fazia uma ideia completamente diferente desse tipo de criminoso. Difícil aceitar e entender que famílias tão incríveis como os Mancinni e Ferri possam fazer parte do crime organizado, ou seja, possam ser a própria organização.Esquecendo o armamento e deixando os seguranças de lado, eles são uma família como qualquer outra. O amor que eles têm um com para o out
ENZOSerá que vai ser sempre assim? Basta eu ter sentimentos por uma mulher para ela me trair?Chuto o poste de lustre no meu quarto e a luminária se espatifa no chão. Meu soldado entra no quarto com a arma em punho; com um olhar, dispenso-o. Sento-me em minha cama e tento colocar minha cabeça em ordem. Lembro-me da primeira mulher que me despertou esse tipo de sentimento, essa obsessão, esse desejo de ficar o tempo todo ao seu lado, de tocar, beijar, ou apenas comtemplar seu sorriso. Assim era com Antonella e assim é com Kiara.— Vem cá, gostosa. Estou muito puto que vou ter que passar o dia inteiro longe de você. — Não se preocupe, amor, à noite a gente compensa. — Cazzo, quando você me olha assim, fico duro. Pena que estou atrasado.Despeço-me da minha pérola n
ENZOEstranhamente, não sinto nada ao lembrar-me daquele maldito dia. Durante todos esses anos, os flashes daquele dia me trouxeram dor, uma mistura de ódio, tristeza e, por incrível que pareça, amor. Apesar de tudo que aquela vagabunda me fez, eu ainda a amava. Lembrar-me que seu corpo pertencia a outros me causava dor. Muita dor.Essa é a primeira vez que essas lembranças não bagunçam meus sentimentos. A única coisa que esse fatídico dia me traz nesse momento é experiência de saber que amor não é para todos, que não posso confiar, me entregar cem por cento; que, por mais que Kiara seja a única mulher que despertou em mim os sentimentos ainda mais intensos do que sentia pela Antonella, não devo baixar a guarda. Vou viver o que tiver que viver, mas sem uma entrega total, ainda mais agora.Depois de a fazer minha e a contar sobre min
ENZOKiara e eu adormecemos quando o sol dava seus primeiros sinais. Cochilei por volta de duas horas e me levantei. Depois de um banho e um gole de café, fui direto para o clube, não antes de deixar ordem para que ninguém a incomodasse. Mia uccello terá um plantão duro pela frente e eu a cansei o suficiente para que precise descansar. Sorrio ao lembrar-me dos seus gemidos toda vez que empurrava dentro dela, a simples lembrança me deixa duro.No clube, sou obrigado a me livrar de um pé no saco; depois, faço visitas a alguns líderes da famiglia para ter certeza de que tudo está perfeitamente bem. Olho o relógio em meu pulso e vejo que passam das duas horas. Meu estômago reclama, estou apenas com o gole café que tomei pela manhã na casa da Kiara. Pego meu celular e ligo para o soldado que está protegendo mia uccello
KIARA— O que você decidir, está decidido. Um Mancinni não é de voltar atrás com suas palavras. Quando disse que quando você fosse minha não teria volta, fui sincero, porém não quero só seu corpo e seu coração, esses já me pertencem. Quero seu intelecto, sua decisão consciente. Se sua resposta for sim, você não dará um passo sem proteção. Não existirá mais meu e seu, e sim nosso. Portanto, você irá morar comigo, não a quero longe.Ele faz uma pausa, mas em nenhum momento desvia seus olhos de mim.— Tenho que saber quem são seus amigos, as pessoas em quem você confia, seus horários de trabalho, todas as suas atividades. Preciso saber de todos os seus passos. Tenho muitos inimigos e todo cuidado é pouco. Sempre serei sincero com você e, seja o q
KIARA— Dante, se prepare que hoje seu chefe vai ficar louco — digo assim que estacionamos na minha mais nova residência. Dante ri alto. — Está rindo? É sério. Espere um pouco.Pego meu celular e ligo para meu mafioso antes de descer do carro. Dante me olha sorridente pelo espelho. Enzo atende no primeiro toque, devia estar esperando minha ligação.— Buongiorno, pequena.— Bom dia, moreno. Liguei para te avisar que já estou em nossa casa.— Hum, gostei muito de ouvir isso.Sorrio.— Que bom que você gostou, porque me sinto bem em dizer essas palavras. Nossa casa. — Ele ri. — Amor…— Diga-me.— Liguei para te avisar que o John me convidou para almoçar. — Ele grunhe. — E eu aceitei, pois havia o prometido no dia que ele esteve lá em
ENZONão consigo me concentrar nessas malditas contas; fiz e refiz duas vezes. Saber que Kiara está almoçando com aquele maledetto está me desconcentrando, ainda mais porque estou distante. Tive que vir em Pisa. Estamos com problemas no Porto, descobrimos que nossa mercadoria vem sendo extraviada. Estou tentando calcular o prejuízo, mas está sendo inviável.Se soubesse desse almoço, não teria vindo. Por mais que seja necessário, minha mulher vem em primeiro lugar. Kiara tem que me avisar sua movimentação com antecedência, situações como essa podem foder tudo. Não sou paranoico e não tem nada a ver com que a vadia da Antonella me fez, é por sua segurança. A aproximação repentina do bastardo do seu ex é estranha, meu instinto me diz que isso não se trata apenas de ciúmes ou medo de se