—Bom dia Amie! – O sorriso da menina foi substituído por um vinco na testa, logo acima do nariz arrebitado, que cheirava o ar. – Bom dia, tio Connor!
Os dois entreolharam-se, surpresos e responderam ao cumprimento.
—Amie, feliz aniversário! – A menina beijou Amie no rosto e sentou-se na cama.
—Meu aniversário! Eu havia me esquecido!
—Como alguém pode se esquecer do próprio aniversário? – questionou a menina, dando uma risada.
—Isso não importa. – replicou o conde. – Temos de comprar um presente, não é querida?
—Sim, e planejar um jantar de aniversário!
—Exato! Venha, borboleta, vamos sair e comprar algo para Amie.
—Ora essa! – disse a jovem, sorrindo, mas os dois já saiam para o corredor, cochichando e rindo como duas crianças planejando uma travessura.
—Queria falar comigo, Connor?—Entre, Amie. – Connor parecia chateado, até mesmo preocupado. Será que algo acontecera à condessa? – Sente-se. O que tenho para lhe dizer é muito importante e não muito agradável, eu receio.—Fale logo, Connor, está me assustando.—Eu descobri o que aconteceu com a fortuna de seu pai.Amie nada disse, apenas assentiu.—Meu contato no Tesouro investigou a história que me contou e não há registro dessa desapropriação naquele ano nem em qualquer outro.Sem saber como reagir, Amie encarou-o por vários minutos.—Isso quer dizer que fomos enganadas? Tudo pelo que passamos, as coisas que tive de fazer... – Ela estava ficando histérica, então Connor a fez se levantar e a abraçou. – Minha mãe morreu na miséria porque alguém
O sino da entrada soou no instante em que Amie pisava no hall. A Sra. Fitzwaring estava em seus aposentos, no terceiro andar da mansão, por isso, adiantou-se para atender à porta.Um jovem ruivo de sorriso gentil estava parado à entrada. Um imenso ramalhete de rosas apoiava-se em seus braços.—Entrega para a senhorita Amie Templeton. – disse o rapaz indicando as flores.—Sou eu mesma. – estarrecida, esticou os braços para apanhar o presente. Da pequena bolsa que trazia na cintura, tirou alguns xelins que entregou ao rapaz. – Muito obrigada.Amie correu os dedos pelas pétalas delicadas e aspirou seu perfume. A parte interna das pétalas era de um rosa muito forte e dobrava-se para fora, formando um magnífico contraste com o exterior bem mais claro. Eram as flores mais lindas que Amie já vira. Preso no papel que envolvia o buquê, havia um cartão. Amie ap
—Lorde Hallen! – chamou a velha lady Hayworth aparecendo como que por milagre ao lado do casal. – Procurei-o por toda parte! Mal posso expressar o quanto fiquei feliz quando recebi sua confirmação ao meu convite!—Suas festas são sempre um prazer para mim, milady!—Fiquei muito contente, quando soube que escolhera minha festa para sua volta à sociedade, querido! Mas chega de conversa fiada... Posso pedir-lhe que toque para nós? Um concerto certamente agradaria aos convidados e todos nos lembramos de seu enorme talento.—Ora, essa! Pensei estar incógnito neste baile! – brincou o conde, levantando-se.—A notícia de sua volta à sociedade espalhou-se por toda Londres, Hallen. Mas foi seu cabelo quem o delatou. Bem que meu marido lhe avisou que deveria cortá-lo! O que me diz? Toca para nós?—Não tenho certeza, milady, faz ta
Amie sorriu para ambos e acompanhou Connor e sua família para dentro da construção.No instante em que entraram, um grande cão preto de pelo curto, cuja cabeça chegava quase à cintura de Amie, aproximou-se e cheirou-lhe as mãos.—Não tenha medo, Amie. Masquerade é muito manso. – disse o senhor do castelo.Ela abaixou-se para olhar o animal de perto. Ele tinha olhos castanhos muito meigos e espertos; quando erguia as orelhas, rugas formavam-se no alto da cabeça, produzindo uma expressão quase humana.Masquerade era todo preto, com exceção de uma faixa branca no peito e das patas, que eram marrons a partir dos cotovelos. Duas manchas, também marrons, circundavam os olhos e seguiam pela cabeça até desaparecerem sob o focinho, parecendo realmente uma máscara.—Parece vestido para um baile de m&
Quando latidos animados se fizeram ouvir, as duas damas apertaram os olhos para enxergar, no topo da colina, as silhuetas de Connor e Raymond, que caminhavam em sua direção com os dois cães correndo à sua volta.—Que visão mais adorável! – exclamou Connor. – Duas damas tão lindas passeando ao pôr do sol... e sozinhas! Que acha de raptá-las, irmão?—Excelente sugestão, Connor!—Seria um prazer ser raptada por tão garbosos cavalheiros, se não fôssemos ambas, comprometidas. – Evelyn gracejou, aceitando o beijo que Ray depositava em seu rosto.—Homens de sorte esses! – gracejou o conde. –Dê-me os pacotes Amie, parecem pesados.Amie passou os diversos fardos para os braços fortes de Connor, enquanto Eeve fazia o mesmo com Raymond.Completaram o caminho para o castelo conversando amenida
—Muito bom dia para você, rouxinol!Connor entrou na sala íntima onde o desjejum era servido. Ao ouvir sua voz, Amie soltou um gemido desconsolado.—Tentando se esconder de mim tomando café assim tão cedo?Amie observou o conde servir-se de uma generosa porção de ovos mexidos, café forte e sentar-se à cabeceira da mesa.—Eu? Me escondendo?Ela bateu os cílios escuros, num gesto coquete tão atípico, que provocou risos em Connor.— Imaginação sua, meu querido. Mas você sabe que quero distância das cocheiras!—Com efeito, Amie! Esse seu medo de cavalos é infundado e ridículo. Venha comigo!Ela apenas gemeu e pegou a mão que Connor lhe oferecia, jogando o guardanapo sobre a mesa.— Não me livrarei de você se não fizer sua vontade, não &
—Há guardas armados por toda parte, Connor!—Então teremos de estar em toda parte, também.O conde observava o velho galpão a uma distância segura. Havia três homens armados com duas pistolas e uma faca cada, na entrada principal da construção e mais dois em cada lateral. O chefe do cartel era esperto, sem dúvidas, mas não tanto quanto ele. E o principal: não contava que seu esconderijo já tivesse sido descoberto.—Todos os guardas terão de ser dominados ao mesmo tempo. Sem barulho, para que não percamos o elemento surpresa. – Ele encarou cada um dos vários homens que ali estavam. Connor temia por eles, mas eram profissionais bem treinados e habituados ao combate. Trabalhava com aquelas pessoas há quase dois anos e aprendera a confiar nas habilidades deles.—Muito bem. Vão para seus postos e esperem meu sinal.<
A Sra. Newland aceitou a explicação parcial dos fatos que Connor lhe ofereceu e ficou feliz em dar abrigo às crianças.—Preciso lhe agradecer mais uma vez, Sra. Newland!—Esqueça isso, milorde. Não precisa.—Não, eu insisto! Farei uma doação ao orfanato, em meu nome e no de Amie e espero que a senhora não recuse.A mulher idosa encarou-o. Seus olhos castanhos brilhavam de alegria.—Não serei hipócrita e recusar, milorde, pois todo dinheiro é bem-vindo. Sou-lhe muito grata.—Agora, como as crianças passaram a noite?—Muito bem. São muito bem-comportadas. Dormiram a manhã toda. Comeram bem e agora estão brincando lá fora com as outras.—Fico feliz. Alguma apresentou problemas de saúde?—Não, senhor. Mas são bastante tímidas