A Surpresa

O final de semana segue, os amigos de Baris se divertiam, mas ele sempre mantém distância de Verônica. No sábado à tarde, Baris resolveu ir embora, os amigos ficaram sem entender, mas não insistiram para ele ficar. Todos já tinham percebido que ele não estava no clima.

No domingo, Elis estava trabalhando, o plantão estava tranquilo. Por volta das onze e quarenta e cinco da manhã, ela já estava se preparando para almoçar. Neste momento, alguém bateu na porta, quando ela abriu, não acreditou no que estava vendo. Para a surpresa de Elis, Baris estava na porta do laboratório com uma sacola na mão.

- Oi, trouxe comida. - Ao falar, Baris levantou a mão para mostrar a sacola e continuou. - Você já almoçou? - Perguntou Baris um pouco sem jeito.

- Oi, não... - Elis ficou olhando para Baris sem esconder sua surpresa. - Mas por que você está aqui? - Elis perguntou confusa.

- Pensei em almoçar com você. - Baris respirou fundo e continuou. - Por favor, estou com muita fome, não me mande embora. - Baris apelou com uma carinha de cachorro abandonado, que derreteu o coração de Elis.

- Está bem, entre. - Elis disse dando espaço para Baris entrar.

- Onde podemos comer? -Baris perguntou todo sorridente e Elis ainda sem jeito levou ele até o conforto.

- Este é o único espaço que tenho para almoçar. - Elis avisou um pouco envergonhada.

- Para mim, tudo bem! - Baris respondeu e expõe seus tão certinhos dentes brancos. - Espero que você goste do que eu trouxe. - Baris diz colocando a sacola na mesinha do conforto.

- Eu não sou exigente. - Elis tranquilizou Baris.

Eles começaram a comer, mas os dois ainda não sabiam como agir, estando tão perto um do outro.

💭 Será que depois deste almoço, ela vai continuar fugindo de mim. 💭 - Então, Baris pensou.

💭 O que ele pretende com isso!?💭 - Elis pensou se sentindo desconfortável com a presença dele.

Eles terminaram o almoço e ficaram se olhando como se um quisesse descobrir o que o outro estava pensando.

- Quer? - Elis pegou a caixinha de chiclete e ofereceu a ele, quebrando o silêncio que já estava incomodando aos dois.

- O chiclete de uva. - Diz Baris, com seu lindo sorriso nos lábios.

-Você disse que ia viajar com seus amigos. - Questionou Elis tentando ignorar o lindo sorriso dele.

- É, eu fui, mas voltei ontem à noite. - Baris respondeu analisando a expressão dela.

- Por quê? - Elis perguntou na defensiva. - Hoje ainda é domingo, você poderia curtir mais um dia. - Elis comentou, olhou para Baris e desviou o olhar rapidamente.

- Não estava no clima deles. - Baris respondeu dando de ombro.

- Entendi. - Elis comentou fingindo entender o motivo dele.

- Você não gostou de almoçar comigo? - Baris perguntou um pouco frustrado.

- Não é isso. - Elis respondeu arrependida do que disse. - Você me surpreendeu, nunca imaginei que você poderia aparecer aqui em um domingo. - Elis se justificou dando de ombro. - Você poderia estar curtindo com seus amigos. - Elis deu outra justificativa.

- Eu te disse outro dia que queria ser seu amigo, mas você ficou na defensiva, você parece que tem medo de mim. - Baris se expressou de forma plausível, mas seu coração ficou pesado com as palavras dela.

- Está bem. - Elis cruzou os braços na defensiva. - Vamos ser amigos e você vai sair comigo e meus amigos, que não são médicos? - Elis perguntou levantando as sobrancelhas.

- Por que não? - Baris perguntou levantando as mãos.

- Dr Baris... - Elis não terminou a frase porque Baris a interrompeu.

- Baris! - Baris corrigiu Elis.

- Baris, não acredito que isso vai dar certo! - Elis se exclamou receosa.

- Por que não? Qual é o problema? - As perguntas de Baris foram cautelosas.

- O problema é que nossos mundos são muito diferentes e eu não acho que seus amigos vão ficar à vontade comigo no meio deles. - Elis questionou relutante.

- Olha. - Baris cruzou as mãos sobre as pernas e se inclinou para mais perto de Elis. - Amigo mesmo, eu só tenho dois, que são como irmãos para mim, que é Lucas e Patrícia e eles me apoiam em tudo. - Baris soltou um suspiro pesado e continuou. - Eu, Lucas e Patrícia nos conhecemos no ensino médio quando cheguei ao Brasil. - Baris sorriu e continuou. - Neste período ficamos muito amigos, que juramos nunca nos separar. - Baris deu de ombro e continuou. - Então, fizemos faculdade juntos e escolhemos a mesma especialidade. - As palavras de Baris aqueceu o coração dela.

- Que bonito, vocês estarem juntos por tanto tempo. - Elis se comoveu com a história dele. - E de que país você é? - Elis perguntou mais interessada.

- Turquia. - Baris respondeu em um só fôlego.

- E por que o Brasil? - Elis perguntou sem esconder sua curiosidade.

- Minha mãe é brasileira e meu pai é turco. - Baris respondeu mais relaxado. - Eles se conheceram quando minha mãe foi à Turquia para um intercâmbio de estudantes de medicina. - Baris respondeu mais aliviado com o interesse de Elis.

- Então, seus pais são médicos também, que interessante. - Elis comentou e olhou na direção do telefone que tocava, indicando que ela tinha que voltar ao trabalho.

- Eu preciso voltar ao trabalho, obrigada pelo almoço. - Elis agradeceu e foi em direção a mesa, onde ficava o telefone.

- Então, agora somos amigos? - Baris perguntou e acompanhou Elis.

- Está bem, somos amigos, mas agora você precisa ir. - Elis respondeu com um sorriso tímido.

- Tchau, até o nosso próximo plantão. - Baris se despediu e foi em direção a porta.

- Tchau. - Elis se despediu e abriu a porta para Baris sair.

No dia seguinte, Elis estava de folga, ela decidiu conversar com as amigas sobre o que aconteceu. Ela mandou uma mensagem para Mara e Kelly.

Elis:

"Preciso conversar com vocês, me encontrem na sorveteria as dezenove horas."

Mara e Kelly:

"Ok, nos encontramos lá."

Elis e as amigas tem um grupo no W******p, composto só por elas três. À noite, elas chegaram na sorveteria. Kelly muito curiosa, foi a primeira a perguntar, qual era a novidade.

- O que houve Elis? - Kelly perguntou freneticamente.

- Aconteceu uma coisa ontem no Hospital. - Elis começou a falar, mas não conseguiu controlar o riso.

Elis falava toda sorridente, mas Mara já suspeitava que era algo relacionado com o tal médico, que Elis já havia mencionado antes.

- Rolou alguma coisa com você e o médico, não foi? - Mara perguntou antes que Elis terminasse sua fala.

Elis olhou para Mara, com os olhos arregalados pela pergunta dela. Elis tem muita consideração por Mara, visto que ela além de ser a mais velha, foi também sua primeira amiga de confiança.

- Não aconteceu nada demais, eu vou contar tudo. - Elis respondeu um pouco apreensiva, com a reação de Mara.

- Eu acho, que ele quer mesmo sua amizade. - Mara ponderou por alguns segundos e continuou. - Mas, também pode estar apaixonado por você ou pode ser outra coisa. - Assim que Elis acabou de contar o ocorrido, Mara deu sua opinião.

- Não, acho que é só amizade. - Elis ficou pensativa e rebateu o comentário de Mara.

- Cuidado, ele pode querer com você uma amizade colorida! - Kelly preocupada com a amiga advertiu.

- Se é isso que ele quer. - Antes de continuar, Elis cruzou os braços na defensiva. - Ele vai perder o tempo dele, porque não serei brinquedo de homem nem um. - Elis ficou indignada com a possibilidade, então garantiu as amigas.

As três amigas, pediram seus sorvetes preferidos e continuaram conversando. Cerca de duas horas depois, elas foram para casa. O próximo plantão,em que estaria ela e Baris no Hospital, seria na sexta feira. Geralmente, as quartas e quintas, Baris trabalhava em outra instituição.