Na manhã seguinte, acordei com um propósito claro. Cada passo havia sido meticulosamente planejado, cada detalhe pensado como uma peça-chave no tabuleiro que colocaria Andrew de joelhos. Ele era mestre na arte da manipulação, vivendo uma vida construída sobre mentiras e segredos sombrios. Mas sua máscara estava prestes a cair, e eu seria a mão que puxaria o tapete sob seus pés. Andrew Lowen não era apenas um homem poderoso; era um predador que usava as fraquezas dos outros para se fortalecer. Ele manipulava corações, controlava pessoas como peças de xadrez e usava a tragédia de sua esposa, Catarine, como escudo para proteger sua fortuna. Agora, ele precisaria encarar as consequências. Decidi que era hora de agir. Entrei em contato com uma fonte confiável, alguém com acesso a informações sig
Andrew havia me convidado a acompanhá-lo a um grande evento. Vi nessa oportunidade uma chance de concretizar algumas situações. A noite do grande jantar chegou, e Andrew estava no ápice de sua arrogância. Ele se movia como um rei prestes a encantar sua corte, vestindo um terno impecável e irradiando confiança. Para ele, aquele era apenas mais um evento, mais uma oportunidade de consolidar seu domínio entre os investidores. Mas, para mim, era o palco perfeito para iniciar sua queda. Antes do jantar, eu havia dado um passo decisivo. Marquei um encontro com a enfermeira de Catarine, a mulher que cuidava de sua esposa nos bastidores. Ela era a peça que faltava no meu quebra-cabeça. Embora nervosa, ela se mostrou disposta a colaborar, carregando uma verdade que parecia pesada demais para guardar.
A tensão no ar era densa, quase tangível. Andrew tentava manter sua máscara intacta, mas eu sabia que ela estava rachando. Ele sorria daquele jeito sedutor e manipulador que usava para dominar qualquer ambiente, mas seus olhos revelavam o nervosismo crescente. A linha que separava seu controle do desespero estava cada vez mais tênue. Ele parecia um caçador observando sua presa se aproximar, sem perceber que era ele quem estava preso em uma armadilha cuidadosamente preparada. Quando mencionei casualmente, à mesa, como a situação de Catarine afetava os negócios, vi o impacto das minhas palavras no mesmo instante. Foi como um soco invisível. Andrew piscou rapidamente, tentando recompor-se. — O quê? — Ele perguntou, com uma voz que traiu sua tentativa de neutralidade. Se ele achou que eu ignoraria algo tão escandaloso, caiu feio. <
A sensação de poder era avassaladora. Pela primeira vez em muito tempo, eu estava no controle, observando cada peça do jogo cair exatamente onde eu queria. Sentia uma calma gélida, quase desconhecida, contrastando com minha natureza antiga de submissão e complacência. Mas há um ponto na vida em que você simplesmente cansa — cansa de ser usada, subjugada, tratada como uma peça descartável. Essa seria a última vez que alguém tentaria me fazer de trouxa. Você pode até ser levada por um tempo, mas quando você desperta e vê o quanto idiota estava sendo, você se depara com uma força desconhecida. E comigo não foi diferente. Andrew Lowen acreditava estar no comando, como sempre. Ele ainda pensava que suas manipulações e mentiras seriam suficientes para manter tudo sob controle. Mal sabia ele que o cenário havia mudado, que agora era ele o peão, preso em uma teia de suas próprias falá
Mesmo com a satisfação de ter desmascarado Andrew, um vazio imenso me consumia. Era como se, por mais que eu tivesse conquistado algo, minha alma ainda estivesse partida. Eu estava olhando para as peças de um quebra-cabeça que, embora tivesse sido montado, ainda não se encaixavam de forma completa. Faltava algo, sempre faltava algo, e eu sabia exatamente o que era: eu estava perdida, eu estava sozinha, e talvez, de alguma forma, fosse essa minha sina.Era uma vitória amarga, isso sim. Pois velhas lembranças surgiram de forma inesperadas. Eu me lembro de Denis, com seu sorriso doce e suas promessas de amor eterno. Como eu confiei nele... E então veio o golpe, a traição que cortou fundo, que me fez duvidar de mim mesma.Tentei me convencer de que não o amava, de que não era algo tão sério o que tínhamos.Mas mentia para mim mesma. Quando descobri que ele estava com minha melhor amiga, foi como se o chão tivesse se aberto sob meus pés
Eu me peguei, mais uma vez, olhando para os cacos da minha vida, tentando juntar os pedaços espalhados de um amor que já não parecia mais real.Cada parte de mim estava quebrada, e era como se, a cada relacionamento que eu tentava, uma parte de mim fosse se desfazendo em mil pedaços que, agora, eu tentava, sem sucesso, reunir. Denis, Isaías, Andrew… Cada um deles deixou uma cicatriz diferente, um corte profundo em um lugar que, por mais que eu tentasse esconder, nunca cicatrizaria completamente.As promessas, as palavras doces que me fizeram acreditar que eu finalmente encontraria o que tanto desejei, hoje ecoavam em minha mente como uma cruel ilusão. Eu me entreguei de corpo e alma, acreditando que o amor seria o refúgio que eu tanto procurava. Mas, ao invés disso, me vi em um campo de batalha constante, onde saía sempre derrotada. Sempre mais quebrada. Sempre mais perdida.Olhei para o espelho, como se procurasse algum vestígio de que
Eu mergulhei no trabalho. Mais uma vez me refugiando onde eu sei que encontro meu caminho. Era a única coisa que fazia sentido agora, a única forma de encontrar alívio para o turbilhão que ainda se formava dentro de mim. As telas se tornaram meu refúgio, meu modo de enfrentar o vazio que se apossava de minha vida. Quando eu estava diante de uma tela em branco, eu deixava o mundo lá fora e tudo se tornava claro. O pincel se tornava meu aliado, cada cor, cada traço, minha forma de expressão. E foi assim que comecei a criar, com mais intensidade do que nunca, obras que me traziam paz, mas também me desafiavam a ir além do que eu já sabia. Cada pintura que saia de minhas mãos carregava uma dor profunda, mas também um desejo de renascimento. A cada pincelada, eu tentava reconstruir algo de mim, algo que havia sido destruído. Quando olhei para a primeira obra que concluí, senti uma
As coisas estavam seguindo e eu não esperava por tanto.Eu não podia negar: minha arte tinha sido levada a lugares que nunca imaginei. O que começou como uma fuga, uma forma de lidar com minha dor, agora tomava proporções que me surpreendiam a cada novo reconhecimento. Eu não busquei a fama, nem os prêmios, mas eles vieram de qualquer maneira. Luana, como sempre, se encarregou de abrir portas. Ela me empurrava para as exposições, me convencia a estar presente, a dar entrevistas, a falar sobre o meu trabalho. Eu, que antes queria apenas permanecer no anonimato, agora era uma figura pública, alguém cujas obras eram admiradas por milhares de pessoas. No começo, a ideia de ser reconhecida me causava desconforto. Eu gostava da minha vida simples, da minha rotina de trabalho e da quietude do meu estúdio. Mas com o tempo, comecei a perceber que, de alguma forma, essa visibilidade me dava algo em troca. Cada exposição era uma nova oportu