Eu estava furiosa, mas havia algo dentro de mim que me impulsionava a seguir em frente. O confronto com Fernanda me deu uma dose de raiva, mas também me fez perceber que não podia mais ficar fugindo. Eu precisava resolver as coisas com Isaías.Não importava o quão difícil fosse, não importava o quanto eu estivesse sendo arrastada de volta para um passado que eu queria enterrar. Eu precisava encarar a realidade, finalmente.O hospital parecia mais frio do que o habitual, e a tensão no ar era palpável. A caminhada até a sala de Isaías parecia interminável, como se o caminho fosse projetado para me fazer desistir. Mas eu não ia ceder. Eu não podia.Quando finalmente entrei, o vi sentado atrás de sua mesa, parecendo uma sombra do homem que eu conhecia. O olhar dele estava vazio, distante, e ele sequer se deu ao trabalho de me cumprimentar. Eu sabia que as coisas entre nós estavam quebradas, mas ainda assim, uma parte de mim acreditava que, talvez, pudéssemos conversar como pessoas
Fiquei ali parada, sentindo o caos do hospital começar a se dissipar. O ritmo frenético cedia espaço a uma rotina que, para os profissionais, parecia ensaiada. Eu queria continuar, observar mais do que Isaías faria, mas sabia que ele, com certeza, não ficaria nada satisfeito em me ver ali depois de resolver aquele caso urgente. Estava voltando para o elevador quando algo prendeu meu olhar na sala de espera. Meu coração deu um salto. Luana. Ela estava ali, junto com o marido e... Charles. Meus pés se moveram automaticamente na direção deles, e conforme me aproximei, percebi os olhos de Luana vermelhos, as mãos trêmulas agarradas ao marido. Algo estava errado, terrivelmente errado. — Luana? O que aconteceu? — perguntei, minha voz mal saindo. Ela levantou os olhos para mim, e naquele instante, vi o desespero de uma mãe em pedaços. — Sophi... — sua voz quebrou. — É minha filha. Ela... Ela estava brincando na piscina... e... O mundo ao meu redor pareceu parar quando Lua
A tensão que parecia ter tomado conta do ambiente desde o momento em que cheguei ao hospital finalmente começava a se dissipar. Haviam levado Sophie para o quarto, nos pedindo para aguardar o médico responsável. E com isso fomos todos ficar com ela. Permaneci ali, tentando trazer algum conforto à minha amiga e sua família, enquanto esperávamos notícias de Sophie. O tempo parecia arrastar-se cruelmente, e cada minuto era uma tortura. Finalmente, a porta se abriu, e lá estava ele. Isaías entrou no quarto com a mesma presença de sempre, mas desta vez havia algo diferente em sua expressão: uma serenidade que parecia carregar a resposta que todos ansiávamos ouvir. Ele era impecável, tanto em sua postura quanto em suas palavras. — A cirurgia ocorreu perfeitamente bem — anunciou, com a voz firme, mas carregada de uma gentileza que me surpreendeu. O alívio tomou conta de todos nós. Charles soltou o ar que parecia segurar desde o início, enquanto Luana caiu em um choro silencioso, s
Depois de tudo que aconteceu com Sophie, senti que precisava agradecer a Isaías. Não era só o médico que eu via ali; havia algo mais nele que me intrigava e, ao mesmo tempo, me frustrava. Deixei Alice em casa com a babá e me dediquei a ficar com Luana e Charles no hospital. Mas meu coração estava inquieto. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que falar com Isaías. Quando as coisas finalmente se acalmaram, fui até a sala dele. Encontrei-o sentado, com a cabeça baixa e os ombros tensos. O cansaço estava estampado em cada linha de seu rosto. — Doutor Castellar? — chamei da porta, tentando medir minhas palavras. Ele ergueu os olhos, mas sua expressão estava tão dura quanto sempre. — O que foi, Alby? — perguntou, seco. Fechei a porta atrás de mim e respirei fundo. — Eu só vim agradecer — comecei, sentindo a tensão no ar — Pelo que você fez por Sophie. Por tudo. — Não precisa disso. Eu fiz o que tinha que fazer. É o meu trabalho — respondeu, com um tom impaciente.
Eu não conseguia tirar a cena da minha cabeça. Alby nos corredores do hospital, Charles ao lado dela, os dois rindo baixinho enquanto tentavam tranquilizar Luana.Era como uma facada que insistia em ser torcida, lenta e dolorosa. Ela já havia me substituído, e o pior era que o destino parecia insistir em esfregar isso na minha cara. Eu sabia que não deveria me sentir assim. Ela tinha o direito de seguir em frente, de encontrar conforto em outra pessoa. Eu não fui capaz de fazer a escolha certa e agora estou aqui, tendo que lidar com essa situação. Por mais justo que fosse, eu não estava conseguindo não me sentir um merda. Por mais que isso fosse o natural a acontecer, quem disse que estamos preparados para lidar com o natural. E por mais que eu soubesse dessa verdade, isso não fazia a realidade doer menos. Cada vez que eu pensava em Alby nos braços de outro homem, sentia como se o chão fosse arrancado debaixo de mim. E ainda assim, lá estava eu, no meio de uma emergência,
A porta mal havia se fechado, e eu já podia sentir a tensão no ar. Charles estava parado na minha frente, com aquele maldito ar de superioridade que fazia meu sangue ferver. Ele parecia tranquilo, mas os olhos brilhavam com determinação. — Vou direto ao ponto, Doutor Castellar. Alby é uma mulher incrível, e você sabe disso. Incrível? Como se eu não soubesse? Como se isso fosse novidade para mim? Cerrei os dentes, sentindo a raiva subir como um incêndio. — Não preciso de você me dizendo quem ela é, senhor Kling. Sei melhor do que ninguém. Ele deu um passo à frente, os ombros relaxados, mas a voz carregada de firmeza. — Se sabe, então por que está deixando ela escapar? Por que está tão preso nessa sua teimosia e orgulho? Soltei uma risada curta e amarga. — Orgulho? Ah, você quer falar de orgulho, senhor Kling? Você, que está se fazendo de bom samaritano, mas que claramente não perde uma chance de estar ao lado dela? — Porque ela merece ter alguém do lado dela — ele
Graças a Deus, após alguns dias de internação, Sophie finalmente pôde voltar para casa. O pior havia passado, e aos poucos começamos a respirar com mais tranquilidade. A tensão que pairava no ar parecia ter se dissipado, permitindo que um pouco de normalidade voltasse às nossas vidas. Continuei ao lado de Luana em tudo o que ela precisou, mas, felizmente, não cruzei mais com Isaías. Era como se, de alguma forma, ambos estivéssemos evitando um encontro que não teria propósito algum. Talvez fosse melhor assim. E, embora a rotina tenha retomado seu curso, nem tudo voltou a ser como antes. Eu estava tão frustrada. O encontro com Isaías no hospital tinha sido um desastre total, e, para piorar tudo, ele me mandou embora como se fosse uma sujeira. Então, decidi me concentrar no que eu sabia fazer de melhor: seguir em frente. Mas, claro, o universo tinha outros planos para mim.Foi então que Charles, com sua habitual gentileza, me convidou para jantar. Ele argumentou com firmeza
— Alby, que surpresa encontrar você aqui — começou ela, com a voz melodiosa, carregada de ironia. — Fiquei sabendo que você esteve bastante ocupada ultimamente… Uma emergência com a filha de uma “amiga”, hospital, Isaías. Você realmente não sabe quando desistir, não é? — E você, Fernanda — retruquei, cruzando os braços e mantendo minha postura firme — parece estar sempre no lugar errado, na hora errada. Ela riu, inclinando a cabeça como se estivesse analisando uma criança que não entende as regras do jogo. — Não, querida. Estou exatamente onde deveria estar. Diferente de você, que insiste em se colocar onde não é bem-vinda. Isaías é meu, Alby. Você já teve sua chance e perdeu. Ele está comigo agora, feliz e finalmente seguindo em frente. A força das palavras dela era uma faca de dois gumes. Parte de mim sentia vontade de rebater com a mesma intensidade, mas a outra parte sabia que não valia a pena. — E você está aqui para me dizer isso, por quê, Fernanda? Precisa de valida