POV FelipeAssim que saí do quarto de Olívia, meu coração ainda martelava no peito. Minha mente estava firme, determinada, mas eu sabia que a tempestade ainda estava por vir. Eu precisava agir rápido.Encontrei Mathêw no corredor, e assim que ele me viu, seu semblante descontraído se desfez.— O que aconteceu?— Preciso que convoque uma reunião com os monarcas e os meus pais. Tem que ser ainda hoje.Ele franziu o cenho.— Isso tem a ver com a Olívia?Meu olhar foi resposta suficiente.Mathêw soltou um suspiro, mas assentiu.— Certo. Eu vou cuidar disso.Eu passei por ele sem dizer mais nada e segui direto até a governanta. Assim que me viu se apressou em se curvar levemente.— Alteza, precisa de algo?— Quero que faça minhas malas. Coloque roupas o suficiente e alguns pertences pessoais.Ela hesitou, surpresa.— Vossa Alteza fará alguma viagem longa a trabalho?Minha expressão permaneceu séria.— Em breve, você saberá.A governanta não ousou questionar mais nada e se apressou para cum
POV Olívia Estava terminando de arrumar minhas coisas, colocando algumas roupas e objetos nas malas. O ambiente estava pesado, como se o ar ao meu redor estivesse carregado com a mesma ansiedade que me consumia. A cada item que eu colocava nas malas, sentia que estava deixando para trás um pedaço da minha história , um pedaço de mim mesma. O medo se misturava com a excitação, com a esperança de uma nova chance. O castelo, o lugar onde cresci, onde passei a maior parte da minha vida… o lugar que eu achava que seria meu lar para sempre. Agora, eu estava indo embora. Era estranho pensar nisso. Como se tudo fosse um sonho uma ilusão que se desfazia em minhas mãos. Felipe, eu e o nosso filho. Eu nunca imaginei que minha vida tomaria esse rumo, mas aqui estava eu. Indo embora com o amor da minha vida, a pessoa que sempre sonhei, para uma vida nova, longe de tudo o que me prendia. Eu só torcia para que tudo desse certo. Para que essa nova vida fosse real, para que ele fosse feliz ao
POV Felipe A dor foi a primeira coisa que senti. Uma dor latejante e cortante na parte de trás da cabeça, como se alguém tivesse cravado uma lâmina no meu crânio. Minha respiração estava pesada, meu corpo fraco. Eu tentei abrir os olhos, mas a visão estava embaçada, girando ao meu redor.O cheiro de mofo e umidade me atingiu de imediato, misturado com um ar abafado, sufocante. Meu estômago revirou.Tentei me mexer, mas algo prendia meus braços e pernas.Eu estava amarrada.O pânico tomou conta do meu peito, fazendo meu coração disparar.— SOCORRO! — minha voz saiu rouca, trêmula, mas alta. — ME TIREM DAQUI! POR FAVOR!Puxei os braços, tentei forçar as cordas, mas elas só apertaram ainda mais minha pele, queimando meus pulsos.— CALA ESSA BOCA!A voz fria e carregada de ódio fez meu corpo inteiro gelar.Uma porta foi aberta bruscamente, e a pouca luz que entrou revelou a figura de Miranda. Seus olhos estavam cheios de raiva, os lábios curvados em um sorriso cruel.— Você não aprende,
POV Felipe O sol mal havia nascido quando abri os olhos. Meu coração estava acelerado, mas não por medo. Era a ansiedade, a felicidade que me preenchia por completo. Hoje era o dia. Eu e Olívia iríamos embora. Finalmente, estaríamos livres para viver nossa vida juntos, sem ninguém para nos separar. Virei na cama, passando a mão pelo rosto enquanto um sorriso crescia nos meus lábios. Ainda parecia surreal. Eu ia ser pai. Um filho meu. Um filho dela. Tudo o que sempre desejei estava prestes a se tornar realidade. Levantei apressado, chamando os funcionários. — Preparem tudo. Coloquem minhas malas na frente da casa. Quero estar pronto para partir assim que possível. — Sim, alteza — um dos criados respondeu, inclinando a cabeça. Saí do quarto, minha mente já focada no que viria a seguir. Eu precisava ver Olívia. Ela deveria estar terminando de arrumar as coisas. Ou talvez ainda estivesse dormindo. O pensamento me fez sorrir. Talvez eu a encontrasse encolhida em su
POV FelipeEu não conseguia respirar.As palavras na carta ainda queimavam em minha mente, mas algo dentro de mim gritava que era uma fodida mentira. Que tudo aquilo era um teatro.Olívia não faria isso. Eu a conheço, ela não me deixaria. Não sem dizer nada, não depois de tudo.Saí em disparada para fora do castelo, ignorando qualquer chamado atrás de mim. O frio da manhã batia contra minha pele, mas eu não me importava. Meus passos eram rápidos, descontrolados.Eu ia encontrá-la.Mathêw veio correndo atrás de mim, a expressão preocupada.— Felipe! Felipe, espera!Não esperei. Continuei andando, meu peito subindo e descendo com força.Mathêw alcançou meu braço e me segurou.— Felipe, será que… será que não é verdade? Será que ela não foi embora mesmo?Me virei tão rápido que quase o derrubei.— Você acha que ela faria isso?! — minha voz saiu como um rugido.Mathêw esitou, mas sustentou meu olhar.— Cara… você já fez ela sofrer muito. O que garante que ela não tenha desistido?Senti um
POV Olívia O avião começou a perder altitude, e naquele instante, eu soube. Acabou. Tudo o que eu sonhei um dia… tudo o que eu imaginei para mim, para Felipe, para o nosso bebê. Acabou. Meus dedos se apertaram contra o tecido fino da minha roupa. Meu peito subia e descia descontroladamente, o nó na garganta ameaçando me sufocar. Eu queria gritar, queria espernear, queria lutar… Mas já não havia mais nada que eu pudesse fazer. Eles venceram. Minha avó segurou minha mão, apertando de leve, como se tentasse me passar alguma força. Mas eu sabia que ela estava tão assustada quanto eu. Quando o avião pousou, dois capangas da rainha nos obrigaram a descer. O vento gelado bateu no meu rosto e eu estremeci, não só pelo frio, mas pelo desespero que crescia dentro de mim. Eu olhei ao redor. Tudo era estranho, desconhecido. Um aeroporto movimentado, pessoas passando apressadas, placas com palavras que eu mal conseguia entender. Minha mala foi jogada no chão, a da minha avó também. — I
POV FelipeQuinze dias.Malditos quinze dias.E eu ainda não sabia porra nenhuma.Nada.Nenhuma pista. Nenhum rastro. Nenhuma resposta que fizesse sentido.E agora esse merda de detetive tinha a audácia de olhar na minha cara e dizer, pela milésima vez, que não encontrou nada?— VOCÊ TÁ DE BRINCADEIRA COM A MINHA CARA, NÉ? — Minha voz saiu tão alta que os vidros das janelas tremeram. — QUINZE DIAS, CARALHO! QUINZE DIAS E VOCÊ NÃO TEM PORRA NENHUMA PRA ME DIZER?!O filho da puta do detetive respirou fundo, tentando manter a pose de profissionalismo, mas eu vi o desconforto no olhar dele.— Alteza, estamos investigando todas as possibilidades, mas…— MAS O QUÊ?! — Eu bati a mão na mesa dele com tanta força que uma pilha de papéis caiu no chão. — VOCÊ TÁ SENDO PAGO PRA ME DAR RESPOSTAS, NÃO DESCULPAS!Minha respiração estava pesada, meu coração batia rápido, minhas mãos tremiam de raiva.Ódio.Frustração.Desespero.Eu não dormia. Não comia. A cada minuto, minha mente imaginava mil cenár
POV OlíviaDuas semanas e três dias Foi esse o tempo exato desde que nos jogaram em Londres sem documentos, sem dinheiro, sem nada.Foram três dias dormindo ao relento, encolhidas em uma casinha de madeira abandonada na praça, tentando nos proteger do frio cortante. Três dias de fome, de medo, de desespero, até que um guarda nos encontrou e nos expulsou dali como se fôssemos ratos.Minha avó chorava, implorava, mas ele não teve piedade.E foi ali, no meio da calçada, com nossas poucas roupas dentro de um saco de lixo, que conheci Derek.Ele era o dono de um bar decadente perto da praça. Baixo, barrigudo, sempre com um cigarro pendurado nos lábios e um olhar de quem já viu desgraça demais na vida. Ele ficou nos observando por um tempo, os olhos apertados, até que bufou e se virou para mim.— Sabe lavar prato, menina?Eu só consegui assentir, a garganta travada.— Ótimo. Vem comigo.E foi assim que consegui um trabalho. E um teto.Quer dizer… “teto” era um jeito generoso de chamar aqu