Fico em silêncio, apenas processando suas palavras e as minhas emoções. Eu me apaixonei por você... Eu me apaixonei... "E eu? Me apaixonei pelo Vicente?" — penso intrigada. Agir com ansiedade ao ter que esperar para ver o Vicente, significa estar apaixonado? Ou então sorrir todas as vezes que lembro de algum momento com ele, quer dizer que eu também me apaixonei? Abro a boca na tentativa de dizer algo, contudo, não consigo formar palavra alguma. Os meus olhos percorrem por cada canto do apartamento, na tentativa de me concentrar em encontrar uma resposta para tudo isso. — Lana? — Vicente chama. Nossos olhares se encontram. — Vicente, eu... Não sei o que dizer. — falo por fim. Vicente assenti calmamente e assegura: — Não precisa dizer nada agora. Quero apenas que saiba como me sinto. Nego com um movimento de cabeça, ainda perplexa: — Eu preciso de um tempo para processar tudo isso. A Lana que se encontrava relaxada, agora está estérica internamente. Lembro
..... TEMPO DEPOIS ..... O Vicente fez questão de me acompanhar até o aeroporto da cidade vizinha — na verdade, ele dormiu comigo no apartamento ontem, preparou um delicioso café da manhã e me convenceu a tomar um último banho juntos — para ter a chance de estar comigo até o último minuto. Estamos no terminal de embarque, ao nosso redor há barulho de anúncios feito pelos funcionários e passageiros apressados. Nos abraçamos fortemente. — Não se esqueça de mim... — murmuro. — Não irei. — Vicente assegura — E nem da promessa que te fiz. Sorrio. Unimos os nossos lábios em um beijo apaixonado, enquanto o som do meu voo é anunciado. Nos afastamos sem dizer mais nenhuma palavra... Ainda que o meu coração esteja apertado para dizer TUDO ao Vicente. "Mantenha a postura." — penso. Sorrimos um para o outro, como uma despedida, e me afasto dali, caminhando para longe do Vicente até que ele desapareça na multidão. O meu celular vibra em meu bolso, é uma notificação. Sorrio
Mordo o lábio inferior, receosa. Não tenho uma resposta certa para esta pergunta. Mas Vicente me fez uma promessa e parecia convicto que a cumpriria. — Não sei, ele mora longe. — Longe onde? — Outra cidade, não é prático agora. — respondo evitando dar detalhes. — Vicente precisa vir nos visitar. Vai adorar aqui. — Luna fala, empolgada. Como alguém pode ficar tão empolgada com alguém quem nem conhece? — É complicado... — murmuro. — Nem te contei, o pai está na cidade. — Luna revela — Com certeza, ele iria adorar conhecer o futuro genro! Ignoro a última frase, ao ouvir sobre o nosso pai. — Desde quando ele está aqui? — pergunto intrigada. — Ele chegou ontem. Irá ficar um mês na cidade. — Luna responde. — Um mês? — franzo a testa. Fernando Duarte, conhecido como "pai" pelas filhas, não costuma ficar tanto tempo aqui. — Devem ser negócios de trabalho. — Luna dá de ombros. — Ele não me avisou que viria. — resmungo. — Deve ser porque você informou em todas as
..... ALGUNS DIAS DEPOIS ..... De volta ao trabalho! E haja trabalho! Terei trabalho de sobra por um mês, tudo para compensar o tempo de ausência. Alguns colegas de trabalho vêm no escritório para me cumprimentar e contar as novidades da empresa. Porém, quando recebo a visita do engenheiro da empresa sinto que não será apenas um cumprimento. — O que houve? O projeto está atrasado? — pergunto de desdém. Antes de me ausentar da empresa, eu havia deixado todo o trâmite do novo projeto em ordem — Sim, e não é só isso. — Marcos, o engenheiro continua — A equipe está insatisfeita com suas decisões. —Quais decisões? — pergunto, intrigada. — Cortes no orçamento. Eles acham que você não entende as necessidades reais. — Marcos revela, o seu semblante é sério, sentado na cadeira. Conto até três mentalmente para manter a calma, em seguida começo a explicar: — Entendo as preocupações, Marcos. O corte foi necessário para manter a sustentabilidade financeira. Vamos revisar os n
..... ALGUNS DIAS DEPOIS — DOMINGO ..... A Luna e eu presenciamos o casamento dos nossos pais ir a ruína, mas às vezes tenho a impressão de que Luna enxergou a situação com outra ótica. A Luna se dá tão bem com o nosso pai, me admira serem próximos. Sendo assim, Luna não teve dificuldade alguma de marcar um almoço de domingo em sua casa para nos reunir — algo que tenho evitado com muito custo. Na sala de estar, estou sentada em um sofá conversando com o meu cunhado Pedro, enquanto o meu pai, Fernando, escolheu o outro sofá, ficando de frente para mim. Dois vultos passam correndo em nosso meio e quase derrubam a mesa de centro, indo em direção para o outro cômodo da casa. — Cauê! Raíssa! Não corram dentro de casa! — Pedro berra, chamando a atenção dos filhos. Na porta da sala, a Luna aparece em meu campo de visão: — Vamos para a cozinha? O almoço está pronto! O meu pai olha-me fixamente e eu desvio o olhar. — Pai, Lana trouxe aquele vinho importado que você gosta. —
Mais tarde, ligo para o Vicente por vídeo chamada, como é costume nosso. — Lana, como você está? — Vicente pergunta, ambos estamos deitados em nossas camas. — Estou bem e você? — Tudo ótimo. Como foi o almoço com o seu pai? — Vicente pergunta. — Foi suportável. — respondo sem entusiasmo. — Menos mal. Vocês conversaram? Nego com um movimento de cabeça. — Bom, já foi um começo você concordar em se encontrar com ele. — Vicente diz sereno — Com o tempo tudo vai melhorar. — Descobrir que ele vai voltar para cá, agora irei passar por mais encontros assim. — conto — Se depender da minha irmã, todos os dias. — Sua irmã deve adorar o seu pai. — Na verdade, ela gosta de tentar nos unir. — reviro os olhos — Detesto isso. — Entendi. — Vicente continua — Mas enxergue como ela querendo ver vocês juntos novamente, com um bom relacionamento de pai e filha. — Se eu pedisse ajuda dela para tal, seria outra história, Vicente. — reclamo. — Pelo jeito, isso te deixou irritada. — o rapaz c
..... ALGUNS DIAS DEPOIS — SEXTA-FEIRA ..... — Obrigada, Ágatha. — fecho a porta do escritório da tesouraria e caminho pelos corredores da empresa. Infelizmente, antes que eu consiga entrar em minha sala, o Eduardo, diretor de operações, se aproxima: —Lana, estava à sua procura. — ele continua — Parece que sua volta não melhorou sua pontualidade. O relatório que te pedi ainda não está pronto? — Está quase concluído, Eduardo. Pronto até o final do dia. — digo calmamente. — Espero que sim. Seu desempenho tem sido questionável desde seu retorno. — Eduardo comenta, desdenhoso. — Minhas habilidades não foram afetadas por meu sabático, Eduardo. — aviso. — Ainda assim, duvido que você consiga cumprir prazos. Você está... distraída? — Distraída? Não, Eduardo. Foco é minha especialidade. — sorrio secamente — E você sabe disso. — pausa rápida — Aliás, estou mais motivada do que nunca. E isso refletirá nos meus resultados. Mantenho o olhar firme, desafiando Eduardo a continua
..... DIA SEGUINTE ..... 💬 Vou chegar um pouco mais tarde. — envio uma mensagem para Vicente 💬 Tenho consulta marcada com o meu médico após o trabalho. — acrescento. Não demora muito para Vicente visualizar a mensagem e responder: 💬 Está tudo bem? Sorrio com a sua preocupação. 💬 Não tem com o que se preocupar. — respondo. 💬 É apenas uma consulta para ver o resultado dos meus exames de rotina. — explico. 💬 Que bom ser apenas isso. — Vicente responde na mensagem. 💬 Vou ficar te esperando. — ele acrescenta. Anualmente faço exames médicos para ver como está a minha saúde, nas vezes anteriores todos os exames tiveram o resultado esperado — creio que este ano não será diferente. Desta vez, fiz os exames logo que voltei do meu período sabático e hoje, como agendado pelo doutor, irei verificar os resultados. ..... — Senhorita Lana, o Dr. Gonzaga te aguarda. — a recepcionista me chama — Obrigada. — sorrio Levanto-me e caminho em direção ao consultório do