..... SEGUNDA-FEIRA ..... Acordei com um enorme desejo de passar o dia todo mergulhada nos livros e estando em período sabático posso realizar isso. Me acomodo na cadeira de vime da varanda, envolvida pelo sol quente da manhã. Meus olhos estão fixos na página amarelada do meu livro de romance. O celular começa a tocar ao meu lado, quebrando o majestoso silêncio que pairava. Trata-se de uma chamada de vídeo de Luna, minha irmã. Deixo o livro de lado após demarcar a página que eu parei de ler e atendo a ligação: — Oi, Luna! O rosto de Luna preenche a tela do meu celular, o ângulo que ela está deixa o formato de seu rosto engraçado. — Oi, Lana. — ela se apressa em dizer — Sei que ainda está em seu período sabático e não quer ser incomodada, mas não aguento mais ficar sem notícias suas. Rio de sua preocupação. — Como pode ver, eu estou bem, Luna. — falo. — Nós estamos bem também, obrigada por se preocupar. — ela diz com ironia. Levanto as mãos em rendição: — Descu
O Vicente me guia para ficar mais próxima das águas e sinto a névoa da cachoeira refrescar a minha pele e isso me faz fechar os olhos. Passo alguns minutos assim, apenas escutando o som da cachoeira e dos pássaros; volto a abrir os olhos e fico surpresa ao ver o Vicente me observando. — Quer mergulhar? — ele sorri. — Claro! Tiro as minhas roupas, ficando apenas com o maiô que coloquei por baixo das roupas. O Vicente fica apenas com a sua bermuda. Trocamos olhares travessos e corremos, em seguida saltamos em direção as águas, mergulhando. Não me importo com o choque térmico, pois traz uma sensação de refrescancia. Quando emergimos, começamos a rir parecendo duas crianças. — O que achou? — Vicente pergunta-me. — Perfeito! Fico com o corpo flutuando na água, desfrutando deste momento de tranquilidade. "Eu deveria ter vindo aqui muito antes!" — penso. Fico com os olhos fechados e sinto o sol, o qual já começa a esquentar, sobre a minha pele. Escuto o som do Vicent
Quando nos afastamos, Vicente sorri: — Quer mais? — Sempre. Vicente desfaz o abraço e apenas segura a minha mão, em seguida começa a caminhar para o meio das árvores, um lugar mais isolado, rodeado por sombras. — Você é incrível. — Vicente leva as minhas mãos até o seu lábios e as beija, seus olhos não desviam dos meus. Em seguida, nossos corpos voltam a se unir e começamos outro beijo ardente. O ar está carregando de prazer, o som da cachoeira abafa os suspiros e eu só consigo me render as carícias de Vicente. As minhas mãos repousam em sua nunca e o beijo se torna mais urgente, mais intenso nos esquecendo de tudo ao redor. De repente, Vicente afasta o seu rosto, noto os seus olhos brilharem: — Quer ir mais longe? — sua voz sai rouca. Hesito por um instante por pensar que estamos em um lugar aberto e exposto. Mas decido afastar qualquer pensamento intrusivo e assinto. Ao ver o meu consentimento, o Vicente parece ficar possesso de desejo, pois num gesto rápido
Fico em silêncio, apenas processando suas palavras e as minhas emoções. Eu me apaixonei por você... Eu me apaixonei... "E eu? Me apaixonei pelo Vicente?" — penso intrigada. Agir com ansiedade ao ter que esperar para ver o Vicente, significa estar apaixonado? Ou então sorrir todas as vezes que lembro de algum momento com ele, quer dizer que eu também me apaixonei? Abro a boca na tentativa de dizer algo, contudo, não consigo formar palavra alguma. Os meus olhos percorrem por cada canto do apartamento, na tentativa de me concentrar em encontrar uma resposta para tudo isso. — Lana? — Vicente chama. Nossos olhares se encontram. — Vicente, eu... Não sei o que dizer. — falo por fim. Vicente assenti calmamente e assegura: — Não precisa dizer nada agora. Quero apenas que saiba como me sinto. Nego com um movimento de cabeça, ainda perplexa: — Eu preciso de um tempo para processar tudo isso. A Lana que se encontrava relaxada, agora está estérica internamente. Lembro
..... TEMPO DEPOIS ..... O Vicente fez questão de me acompanhar até o aeroporto da cidade vizinha — na verdade, ele dormiu comigo no apartamento ontem, preparou um delicioso café da manhã e me convenceu a tomar um último banho juntos — para ter a chance de estar comigo até o último minuto. Estamos no terminal de embarque, ao nosso redor há barulho de anúncios feito pelos funcionários e passageiros apressados. Nos abraçamos fortemente. — Não se esqueça de mim... — murmuro. — Não irei. — Vicente assegura — E nem da promessa que te fiz. Sorrio. Unimos os nossos lábios em um beijo apaixonado, enquanto o som do meu voo é anunciado. Nos afastamos sem dizer mais nenhuma palavra... Ainda que o meu coração esteja apertado para dizer TUDO ao Vicente. "Mantenha a postura." — penso. Sorrimos um para o outro, como uma despedida, e me afasto dali, caminhando para longe do Vicente até que ele desapareça na multidão. O meu celular vibra em meu bolso, é uma notificação. Sorrio
Mordo o lábio inferior, receosa. Não tenho uma resposta certa para esta pergunta. Mas Vicente me fez uma promessa e parecia convicto que a cumpriria. — Não sei, ele mora longe. — Longe onde? — Outra cidade, não é prático agora. — respondo evitando dar detalhes. — Vicente precisa vir nos visitar. Vai adorar aqui. — Luna fala, empolgada. Como alguém pode ficar tão empolgada com alguém quem nem conhece? — É complicado... — murmuro. — Nem te contei, o pai está na cidade. — Luna revela — Com certeza, ele iria adorar conhecer o futuro genro! Ignoro a última frase, ao ouvir sobre o nosso pai. — Desde quando ele está aqui? — pergunto intrigada. — Ele chegou ontem. Irá ficar um mês na cidade. — Luna responde. — Um mês? — franzo a testa. Fernando Duarte, conhecido como "pai" pelas filhas, não costuma ficar tanto tempo aqui. — Devem ser negócios de trabalho. — Luna dá de ombros. — Ele não me avisou que viria. — resmungo. — Deve ser porque você informou em todas as
..... ALGUNS DIAS DEPOIS ..... De volta ao trabalho! E haja trabalho! Terei trabalho de sobra por um mês, tudo para compensar o tempo de ausência. Alguns colegas de trabalho vêm no escritório para me cumprimentar e contar as novidades da empresa. Porém, quando recebo a visita do engenheiro da empresa sinto que não será apenas um cumprimento. — O que houve? O projeto está atrasado? — pergunto de desdém. Antes de me ausentar da empresa, eu havia deixado todo o trâmite do novo projeto em ordem — Sim, e não é só isso. — Marcos, o engenheiro continua — A equipe está insatisfeita com suas decisões. —Quais decisões? — pergunto, intrigada. — Cortes no orçamento. Eles acham que você não entende as necessidades reais. — Marcos revela, o seu semblante é sério, sentado na cadeira. Conto até três mentalmente para manter a calma, em seguida começo a explicar: — Entendo as preocupações, Marcos. O corte foi necessário para manter a sustentabilidade financeira. Vamos revisar os n
..... ALGUNS DIAS DEPOIS — DOMINGO ..... A Luna e eu presenciamos o casamento dos nossos pais ir a ruína, mas às vezes tenho a impressão de que Luna enxergou a situação com outra ótica. A Luna se dá tão bem com o nosso pai, me admira serem próximos. Sendo assim, Luna não teve dificuldade alguma de marcar um almoço de domingo em sua casa para nos reunir — algo que tenho evitado com muito custo. Na sala de estar, estou sentada em um sofá conversando com o meu cunhado Pedro, enquanto o meu pai, Fernando, escolheu o outro sofá, ficando de frente para mim. Dois vultos passam correndo em nosso meio e quase derrubam a mesa de centro, indo em direção para o outro cômodo da casa. — Cauê! Raíssa! Não corram dentro de casa! — Pedro berra, chamando a atenção dos filhos. Na porta da sala, a Luna aparece em meu campo de visão: — Vamos para a cozinha? O almoço está pronto! O meu pai olha-me fixamente e eu desvio o olhar. — Pai, Lana trouxe aquele vinho importado que você gosta. —