..... DOIS DIAS DEPOIS ..... — Bem vindo ao seu lar, Hugo. — digo ao adentrarmos minha casa. O bebê enrolado no cobertor, de 47cm e 3,458kg balbucia enquanto dorme. — Nada melhor do que estar em casa. — Vicente diz logo atrás de mim, enquanto carrega as malas. — Nem me fale. — falo em concordância — Não via a hora de chegar em casa e dormir em minha cama. — pausa — Se é que irei dormir. Vicente ri baixo e eu o acompanho. — Nossas noites nunca mais serão as mesmas. — Vicente comenta. Com apenas dois dias de vida, Hugo nos provou que tem pulmões fortes, pois quando começa a chorar não há quem não escute. O Vicente também provou ser um ótimo acompanhante de hospital, apesar de não ter experiência com bebês. — Eu tomei a liberdade de mudar o berço do Hugo para o seu quarto, para que você não precise andar muito quando ele acordar durante a noite. — Vicente diz-me — Pelo menos nos primeiros meses. Durante o dia, o Vicente trocava com a minha mãe para poder sair do hospital e res
..... ALGUNS DIAS DEPOIS ..... VICENTE Ao me lembrar do aniversário de Lana, fiquei a pensar em como fazer algo especial. Lana deixou bem claro para toda a família que não queria festas ou mesmo visitas, pois o Hugo acaba de completar uma semana de vida e a mesma está a se recuperar. Bato na porta do quarto, em seguida abro e tenho visão da Lana colocando o Hugo em seu berço. — O jantar está pronto. — aviso com um tom de voz baixo para não acordar o bebê. — Ok! Lana coloca a babá eletrônica ao lado do berço e vamos juntos para a sala de jantar onde a refeição está servida. Deixo a Lana entrar na sala primeiro e observo a sua reação de surpresa ao ver o jantar especial que preparei. — Oh, Vicente! — ela olha-me, desacreditada. — Surpresa! — sorrio. Lana abraça-me e eu retribuo, aproveitando a sua aproximação. — Eu pensei que tivesse se esquecido. — ela diz envergonhada. — Nunca me esqueceria de um dia tão importante quanto este. — afirmo. Acompanho Lana até a mesa e puxo
.... DUAS SEMANA DEPOIS ..... Acordo sentindo-me perdida, olha ao redor para ver que estou em meu quarto e o Hugo está dormindo tranquilamente em seu berço. Olho no visor do celular e vejo que são 14:40, sendo assim dormi cerca de trinta minutos. Levanto-me decidida a organizar a casa e almoçar — já que não consegui fazer a refeição no horário adequado. Coloco a babá eletrônica ao lado do berço e saio do quarto. Vicente já retornou ao trabalho, então fico o dia todo sozinha com o Hugo em casa. Na primeira semana tive minha mãe e Luna a minha disposição para auxiliar com o bebê, mas agora as visitas diminuíram e fico por conta própria. Sinto-me um pouco mais aliviada, pois enfim estou conseguindo amamentar o Hugo. Recebi a ajuda da Luna com estimulações e também com a posição correta para que o Hugo pegasse o peito. LEMBRANÇA ON — A posição é muito importante, segurando assim, o bebê consegue pegar o peito corretamente. — Luna diz enquanto ajusta a posição do Hugo em meus braço
..... SEIS MESES DEPOIS ..... No trabalho, estou com a atenção voltada na análise financeira. Ainda estou a colocar em dia minhas atividades. O retorno à carreira profissional foi diferente do que eu esperava, nada em relação aos colegas de trabalho e colaboradores, mas sobre mim: tudo mudou. Não se trata mais das ambições do meio corporativo para alavancar minha carreira, pois agora tudo envolve o Hugo — um ser tão pequeno que tem causado inúmeras mudanças. Escuto baterem na porta. — Entre! — exclamo. Logo, a porta é aberta e quem adentra é a Rosa, a recepcionista, trazendo consigo um buquê de rosas amarelas. — Começando o dia com um presente de seu admirador. — Rosa sorri. — São tão lindas! — afirmo ao pegar o buquê. — Acabaram de ser entregues na recepção. — Rosa avisa. — Obrigada por trazer, Rosa. — agradeço. — A senhora gostaria que eu trouxesse um vaso com água para as flores? — Se não for incomodar, Rosa. — Eu já venho. Fico sozinha na sala com o l
Fizemos a refeição juntos, com o uso de poucas palavras. Ao terminarmos, o garçom vem retirar os pratos e avisa que logo a sobremesa será servida. Decido dar continuidade da conversa, agora perguntando algo que já devia ter perguntado muito antes: — Vicente, você parece ter muitas experiências para alguém... relativamente jovem... — faço pequenas pausas para encontrar as melhores palavras para fazer a seguinte pergunta — Quantos anos você tem? — Tenho vinte e oito anos, ainda estou descobrindo o mundo. — Vicente responde com um sorriso. Eu tinha razão! O Vicente é jovem, não tem nem trinta anos. Onde eu estava com a cabeça para dar atenção a um rapaz com esta idade?! Sei que fiz algumas caretas de surpresa e decepção ao ouvir a resposta dele, ajeito-me na cadeira para transparecer estar bem. — Você... É muito jovem. — é difícil esconder o desconforto na voz. — Isso importa? — é a primeira vez que sinto ironia na voz do rapaz. — Não... Não deveria. — falo com hesitação. Vice
LANA Enfim, a sala de reuniões é deixada pelos gestores e posso sentar-me em uma das cadeiras. Com esse movimento, os meus músculos relaxam e solto um longo suspiro de alegria. A última reunião da semana com os gestores sobre o desempenho financeiro da empresa. Apresentei os dados financeiros como: balanços, demonstrativos de resultados e identificar riscos financeiros. Todos saíram satisfeitos. Apesar dos anos de experiências na área, admito que o nervosismo sempre está presente nestas reuniões. A atitude de relaxar sozinha na sala de reuniões após cumprimentar todos os colaboradores é um rito particular. ..... No caminho de volta para a minha sala, tenho a infelicidade de encontrar Eduardo, o encarregado pelo setor de produção, vindo no caminho oposto. — Senhorinha Lana. — Eduardo sorri ironicamente — Surpreende-me que ainda esteja aqui, ao invés de sua sala, a reunião já se encerrou tem trinta minutos. — Eduardo, o que você quer? — mantenho a postura e o tom de voz
Escuto uma batida na porta, em seguida a mesma é aberta revelando a presença de Ágatha, a tesoureira da empresa. — Bom dia, Lana! — Ágatha abre um sorriso. — Bom dia, Ágatha! — retribuo o sorriso. A tesoureira é uma mulher de meia-idade muito calorosa e gentil. — Vim ver se você já revisou os contratos e acordos financeiros da semana passada. — Ágatha informa o motivo de sua visita. — Já sim, na verdade, iria pedir para levarem em sua sala daqui a pouco. — conto. — Que gentileza, porém, estou precisando destes contratos, por isso a pressa. — ela se explica — Como esta é a sua última semana antes de se ausentar, não quero que nada fique pendente. — Entendo. Estou com este intuito também. — afirmo. Estendo os muitíssimos papéis de nossos clientes para a mulher que caminha até a minha mesa e sorri: — Obrigada, Lana. Faço um movimento de agradecimento com a cabeça e volto a atenção para o meu monitor. Sem mais de longas, a Ágatha pede licença e se retira da sala.
..... ALGUNS DIAS DEPOIS ..... Não sou alguém de ter muitos passatempos, os últimos anos tenho estado concentrada em meu trabalho e não tive tempo para desenvolver lazeres, mas algo que não negocio é ir à casa da minha mãe e aproveitar o tempo juntas, é claro acompanha da minha irmã gêmea fraterna, Luna. De gêmeas, apenas a gestação mesmo, pois a Luna e eu somos totalmente diferentes. Durante o café da tarde, servido na sala de visitas, estou confortavelmente sentado em um dos sofás com uma xícara de chá enquanto a minha irmã Luna escolheu a poltrona. — Obrigada, mãe. — Luna agradece quando a nossa mãe, Maria Helena, entrega um generoso pedaço de bolo. — Lana, você precisa casar e ter filhos. — a minha mãe diz de forma inesperada ao se sentar ao meu lado no sofá. — Como? — pisco algumas vezes — Como a conversa chegou neste assunto mesmo? — A mãe não espera cerimônias para começar assuntos embaraçosos, Lana. — Luna lembra, seu olhar é de diversão. — Você precisa formar