Assim que chegamos à sala de refeições, nos deparamos com uma mesa imensa de guloseimas que Lara amava. Quando ela observou aquilo, bateu palmas e soltou um “eba” que fez Madison gargalhar. Nesse momento, alguém bateu à minha porta.
Ao farejar o ar, não pude acreditar que Scarlet resolveu aparecer sem ser convidada. Scarlet Smith era filha de um dos nossos anciãos. Dois anos atrás, fui pressionado pelos anciãos a me casar novamente. Eles alegavam que uma alcateia sem uma Luna não era completa e forte.
Enquanto o Alfa representava a mente da alcateia, a Luna era seu coração, e tudo precisava de um equilíbrio. Como eu não acreditava em segundas chances, dado que Selene raramente concedia isso a um lobo, escolhi a loba mais forte da minha alcateia para acasalar novamente.
No entanto, deixei bem claro para ela que tudo não passava de sexo para mim, algo que todo lobo precisava em determinado período. Ela concordou, pois tinha muito a ganhar. Afinal, seria a Luna da minha alcateia, uma posição que toda loba sonhava em alcançar.
Percebi que Lara não gostou muito da presença de Scarlet, tornando-se retraída. Por um momento, fiquei imaginando como seria quando Scarlet se tornasse minha Luna e tivesse que dividir esta casa conosco. Como seria a relação delas duas? Era perceptível que Lara não gostava daquela que escolhi para minha nova companheira, e esta última, por sua vez, não se esforçava para conquistar minha filha.
A transformação inicial de um lobo normalmente ocorreria aos 14 anos, então Lara ainda não podia se transformar, mas havia algo que ela adorava fazer… correr pela floresta montada no Sky. Sempre que tinha tempo, eu me transformava e ela subia no dorso de meu lobo, que trotava com ela pela floresta. Isso lhe proporcionava uma imensa satisfação, e ela se sentia extremamente feliz com isso.
Após tomarmos nosso café e ela partir seu bolo, sugeri isso para minha lobinha, que festejou bastante. No entanto, Scarlet deu uma desculpa, informando ter alguns assuntos inacabados para resolver. No final, ficamos apenas eu e minha pequena, e foi isso que fizemos — passamos a manhã inteira na floresta. O ambiente vibrava de vida, ecoando os sons dos animais e nos envolvendo com uma calma que nos dava a consciência de fazer parte daquele mundo.
Após o almoço, como prometido, Austin apareceu em minha casa e Lara estava ansiosa por sua chegada. Ela já o havia avisado no dia anterior que hoje seria seu aniversário, e ele prometeu trazer algo especial para ela. Assim que ele chegou, entregou a Lara seu presente: uma pulseira de corda com um pingente de lobo talhado em madeira. Era evidente que ele provavelmente o fez com as próprias mãos. Lara ficou encantada com o presente e, inclusive, mostrou o que eu havia dado a ela, o colar da Olívia. Isso fez com que ele olhasse para mim.
Enquanto ele dava atenção à minha pequena, fui até o escritório para adiantar alguns documentos que precisava assinar. Não tinha apenas o hospital como investimento. Também investia no mercado de ações e em novas empresas farmacêuticas, obtendo bons rendimentos de retorno. Isso me tornou um lobo bastante rico.
Assim que deu o horário que havia combinado com Austin para irmos até o hospital, informei a Lara que precisaria sair e a deixei aos cuidados da Madison. Eu e Austin seguimos e encontramos meu primo nos aguardando na entrada do bunkhouse, uma espécie de dormitórios para os lobos que ainda não haviam formado uma família. Pegamos o carro e seguimos para o hospital. Fazia exatamente cinco anos que não ia até aquele lugar. A última vez que estive ali, saí inconsciente daquele local.
Estacionei o carro na área destinada à diretoria. Assim que descemos do carro, parei por um minuto e respirei fundo antes de entrar pelas portas de vidro. No momento em que entrei, os funcionários ali presentes, em sua maioria lobos ou companheiros de lobos, abaixaram a cabeça em um gesto de submissão discreto, afinal também havia humanos trabalhando ali que não tinham conhecimento de nosso mundo.
Quando chegamos à diretoria, encontramos Jones. Imediatamente, ele fez o mesmo cumprimento que todos na recepção, e eu apenas acenei com a cabeça. Em seguida, Austin explicou a ele que estávamos ali para verificar as câmeras. Jones nos conduziu até a sala de monitoramento do hospital, ao lado da sua.
Seu computador também tinha acesso às câmeras, mas apenas as imagens em tempo real. Assim que entramos, Austin sentou-se em frente ao monitor e verificou a data em que o ataque aconteceu. Em seguida, ele puxou a filmagem daquele dia e acelerou para podermos acompanhar o que havia acontecido. Num determinado momento, no final da tarde, avistamos dois homens estranhos entrando no hospital. Parecia que ninguém havia notado que eles eram lobos.
Acompanhamos aqueles dois pelas câmeras e, como desconfiávamos, eles passaram por vários setores até chegar a uma determinada área, sem sequer serem abordados. Normalmente, quando se percebia a presença de lobos estranhos em um ambiente comum aos nossos lobos, nossa segurança os abordava. Quando eles chegaram a um determinado ponto, percebemos que a câmera não estava funcionando.
— De onde é essa câmera? Por que ninguém percebeu que ela estava desligada? — Perguntei, já bastante irritado com a audácia daqueles homens.
— Vou procurar saber com a empresa de vigilância por que não fomos comunicados que uma das câmeras havia parado. — Kevin falou, todo desconfiado.
— Por que você não colocou ninguém para monitorar as câmeras aqui, Kevin? Seria mais fácil pegar esses idiotas. — Austin perguntou, e era uma pergunta lógica. Por que ele não havia contratado alguém para trabalhar monitorando as câmeras?
— Não achei necessário na época. Imaginei que com as câmeras ninguém seria idiota o suficiente para entrar aqui e cometer qualquer tipo de crime. — Respondeu Kevin.
— Pelo jeito, você foi ingênuo no raciocínio. — Austin falou, e percebi o olhar fulminante que Kevin lhe lançou. No entanto, Austin o ignorou completamente. Existia uma hierarquia, e Austin estava acima de Kevin.
Austin puxou a filmagem de outras câmeras, mas elas não mostraram mais nenhum movimento. Parecia que a partir daquele momento, ou eles sabiam como evitá-las, ou pararam naquele andar. Quando estávamos prestes a desistir, outra câmera mostrou nossos médicos passando, especialmente aquele que foi atacado.
Parecia que ele estava saindo de seu plantão, afinal, naquele horário, todo o expediente do hospital havia se encerrado. No entanto, o médico virou exatamente para no corredor onde a câmera não estava funcionando e onde o ataque ocorreu. Em momento algum conseguimos verificar o que aconteceu. Isso só aumentou o mistério em torno do ocorrido.
Austin voltou a monitorar as câmeras para saber por onde eles sairiam e se havia mais algum cúmplice, mas as câmeras não mostraram mais aqueles dois. Era como se eles tivessem evaporado depois que chegou aquele andar. Por onde esses idiotas saíram? Eu tinha certeza de que ele não era apenas humano.
Minha irritação era tanta que acabei dando um soco na parede. Jones se assustou e Kevin me olhou surpreso pelo meu descontrole. Meu punho ficou machucado, mas não liguei muito, já que, como lobos, nossa recuperação era bastante rápida. Em alguns minutos, nem pareceria que eu havia me machucado.
— Arrume alguém para tapar esse buraco. — Olhei para Kevin, e ele apenas acenou com a cabeça. — A partir de hoje, estou assumindo o hospital. — Disse para aqueles homens diante de mim.
Austin me olhou feliz, pois sempre disse que eu deveria ocupar a função de diretor. Não que Jones fosse um profissional ruim, mas ele temia Kevin por algum motivo. Jones pareceu aliviado de ter que deixar essa função, quanto ao meu primo, não consegui identificar seu olhar, mas provavelmente estava puto, pois imaginava que eu o colocaria à frente dos assuntos do hospital.
— Quero verificar onde fica essa câmera desativada. Preciso ter uma ideia de por onde esses idiotas saíram e, porque nenhuma das câmeras os pegou. Jones, quero que providencie lobos da sua confiança para nosso monitoramento e para a segurança no hospital. A partir de agora, só terão acesso ao hospital aqueles que comprovarem consulta ou justificarem sua entrada nas nossas dependências. Quero a ficha de todos os nossos funcionários. Quero saber se alguém os acobertou.
Depois das minhas ordens, Jones, muito assustado com meu acesso de raiva, saiu para providenciar o que mandei. Kevin, nada satisfeito, disse que iria providenciar o conserto da parede. Eu e Austin fomos até onde ficava a câmera que estava desligada, e descobrimos ser do setor pediátrico.Esse era o setor abaixo da diretoria e parecia ser o mais movimentado naquele horário. Percebemos que o fio havia sido cortado. Muitas mães com seus filhos estavam aguardando atendimento, então, para que esse fio fosse cortado sem levantar suspeita, precisaria de alguém vestido com o uniforme de funcionário do hospital. No entanto, procurar quando isso aconteceu seria como procurar uma agulha no palheiro. Seriam horas e horas analisando a filmagem.Existiam seis consultórios naquele andar. Portanto, os idiotas precisavam ter se escondido em algum lugar ali para que as outras câmeras não os pegassem. Algo mais chamou a minha atenção: um cheiro diferente. Quando me aproximei para analisar, a porta de um
EMILYAssim que terminei meu expediente, caminhei para fora do meu consultório com várias pastas em mãos e totalmente distraída. Terminei esbarrando numa escada no corredor e quase derrubei um rapaz que estava trabalhando em cima dela. O coitado conseguiu se equilibrar, mas fiquei morrendo de vergonha. Ele desceu para verificar se eu estava bem.Enquanto pedia desculpas por quase causar um acidente, ouvi um rosnado semelhante ao de um cão feroz. No entanto, ao olhar na direção do som, deparei-me apenas com um homem incrivelmente atraente, sem sombra de dúvidas.Ele exibia linhas de expressão em seu rosto que realmente o faziam parecer feroz e perigoso. Seu olhar transmitia força, fúria e determinação. Era verdadeiramente cativante, o sonho de qualquer mulher. Sexy, e capaz de deixar qualquer uma excitada apenas com seu olhar.— O que você está fazendo, Austin? — Perguntou aquele homem sem tirar os olhos de mim. Inalei seu aroma, uma mistura de cedro com um toque de lima, algo cítrico.
MATTHEWQuando observei Austin conversando com aquela mulher mais cedo, fiquei possesso com meu beta. Fiquei surpreso quando notei que ela de alguma forma sentiu a corrente elétrica que percorreu nossos corpos, e sua surpresa ficou tão nítida que ela se despediu e foi embora. Sky ficou inconformado e apenas após perdê-la de vista, foi que olhei para meu beta e ele tinha as mãos erguidas, pois sabia como meu lobo estava se sentindo.Orientei-o a manter distância dela e, depois disso, voltamos para a alcateia. Assim que cheguei em casa, cumprimentei minha filha e fui direto para um banho. Precisava relaxar um pouco após a tensão que passei no hospital. Aquela médica não saía dos meus pensamentos, e eu não conseguia esquecer o seu cheiro.Acabei enchendo a banheira, retirei minha roupa e entrei nela, esperando relaxar. No entanto, ao pensar nela, em seu olhar, em sua boca, em seu cheiro… meu membro ficou duro como pedra, e me amaldiçoei por aquilo.Sky parecia à beira da loucura, clamand
Quando saí da sala, ainda ouvia seus gritos de protesto, mas precisava garantir que ele não sairia por aí fazendo justiça com as próprias mãos. Sabia que algo muito maior estava acontecendo. Dirigi-me diretamente para minha sala, com Kevin e Austin seguindo-me de perto. Ao entrar, percebi que nem Scarlet, nem Lara estavam ali, apesar de eu tê-las ordenado a permanecer naquele escritório.Busquei Scarlet através do elo mental e ordenei que viesse diretamente para o escritório da diretoria. Assim que ela entrou, procurei minha filha com o olhar, mas Lara não estava com ela.— Cadê minha filha, Scarlet? — Perguntei, muito irritado.— Ela não me obedeceu, Matthew. Saiu correndo dessa sala como uma criança malcriada. — Scarlet alegou. Sabia que algo estava estranho nisso tudo, e se eu descobrisse que ela estava mentindo, não sei nem o que seria capaz de fazer com ela.Não podia usar meu elo mental com Lara, pois ela ainda não era uma loba transformada. Saí daquela sala farejando o rastro d
Assim que abri o vídeo, vimos aquele idiota mostrando um cartão, e o lobo que fazia a segurança do hospital permitindo sua entrada. Ele dirigiu-se para o elevador, e a outra câmera mostrou-o saindo no corredor da pediatria. O tempo coincidiu com o momento em que Lara também chegou àquele corredor pela outra extremidade. Ele foi direto para ela. Mesmo sendo apenas uma filmagem, meu lobo emergiu naquele momento, e terminei rosnando.Assim que o homem chegou até minha filha, a doutora saiu do consultório. Ela observou por um pequeno instante. Pelo que pareceu, minha filha estava chorando. Em seguida, a médica se dirigiu até eles, e observei que a postura dela mudou completamente quando percebeu que Lara não pertencia àquele idiota.Ela disse algo para o homem e pensei que ele a atacaria, mas algo nela fez com que ele retrocedesse em sua decisão. Quando ela se virou para a câmera, pudemos notar o que era… seus olhos. A câmera mostrou que ela não era simplesmente humana, e aquele homem tam
Após falar com meus guerreiros sobre manter segredo do que haviam visto na floresta, busquei informações sobre Emily. No hospital, apenas encontrei suas referências profissionais, mas precisava descobrir suas referências pessoais.Talvez a única forma de obter isso seria invadindo seu espaço pessoal, precisamente sua casa. O fato de estar em minha reserva facilitava, mas precisava ser bastante discreto para não levantar suspeitas. Através do elo mental, pedi que Austin e Jones viessem até mim na diretoria.— Jones, preciso que você observe a Dra. Emily. — Falei assim que ele entrou, acompanhado de meu beta. O lobo olhou para mim sem entender minha ordem. — Se por algum motivo ela precisar deixar o hospital até que eu volte, você deve me comunicar imediatamente.— Ok, alfa. Há algo específico que eu precise saber sobre o porquê? — Ele perguntou, preocupado.— Não, Jones. Apenas necessito que você cumpra minha ordem. — Ele acenou em positivo. — Austin, você vem comigo.Meu beta me acomp
Peguei aquele colar que ela havia me dado alguns anos atrás e murmurei seu nome como se fosse uma oração, sem saber se realmente funcionaria. Um portal se abriu diante de nós e dela emergiu aquela que há alguns anos eu havia salvado. Ela já era bela naquela época, mas agora parecia ainda mais linda. Seu sorriso era deslumbrante e encantador.— Alguém que eu jamais imaginei encontrar novamente, mas devo admitir que é uma agradável surpresa. — Ela disse, enquanto passava por aquele portal que logo se fechou atrás dela.— Também não imaginei que precisaria da sua ajuda algum dia. — Respondi, rindo. — Mas é um prazer revê-la, desta vez em uma situação bem melhor do que antes.Ela estendeu a mão e, quando a segurei, pensando em cumprimentá-la de forma mais íntima, ouvimos um rosnado. Olhei na direção do som e percebi vir de Austin. Isso me fez abrir um sorriso ainda maior. Finalmente, meu amigo havia encontrado sua companheira, pelo visto, em uma situação bem inesperada.Anna olhou para el
UM ANO ANTESHoje poderia dizer que foi o dia mais feliz da minha vida. Fui pedida em casamento pelo Christopher, carinhosamente apelidado de Chris. Finalmente estávamos noivos. Estou totalmente apaixonada por ele, e posso sentir que ele também está por mim. Ele é um dos diretores médicos do hospital onde trabalho. Sempre mantivemos nosso relacionamento privado.Eu não queria que houvesse comentários sobre o fato de eu estar me destacando na minha profissão devido à minha ligação com ele. Estávamos juntos há exatamente quatro anos: três deles enquanto ainda cursava a faculdade e mais um agora atuando na minha área médica.Sei que as más línguas falarão se descobrirem nosso relacionamento, então até o momento apenas minha amiga de apartamento sabe. Sem mencionar que o Chris também pode ser prejudicado se descobrirem que ele possui um relacionamento com uma de suas subordinadas. Claro que pretendo revelar o fato à minha família, mas a oportunidade ainda não apareceu.****Hoje, quando c