EMILY
Assim que terminei meu expediente, caminhei para fora do meu consultório com várias pastas em mãos e totalmente distraída. Terminei esbarrando numa escada no corredor e quase derrubei um rapaz que estava trabalhando em cima dela. O coitado conseguiu se equilibrar, mas fiquei morrendo de vergonha. Ele desceu para verificar se eu estava bem.
Enquanto pedia desculpas por quase causar um acidente, ouvi um rosnado semelhante ao de um cão feroz. No entanto, ao olhar na direção do som, deparei-me apenas com um homem incrivelmente atraente, sem sombra de dúvidas.
Ele exibia linhas de expressão em seu rosto que realmente o faziam parecer feroz e perigoso. Seu olhar transmitia força, fúria e determinação. Era verdadeiramente cativante, o sonho de qualquer mulher. Sexy, e capaz de deixar qualquer uma excitada apenas com seu olhar.
— O que você está fazendo, Austin? — Perguntou aquele homem sem tirar os olhos de mim. Inalei seu aroma, uma mistura de cedro com um toque de lima, algo cítrico. Sua voz era profunda e fez com que eu gemesse internamente.
— Consertando a câmera, Matthew, mas esqueci de sinalizar, então a doutora quase se acidentou. Estava me desculpando com ela. — O rapaz se justificou, mas, na verdade, fui eu que quase causei o acidente.
— Na verdade, quase o acidentei quando bati na escada. Por muito pouco ele não foi ao chão. Me perdoe novamente. — Eu falei, olhando rapidamente para ele, porque meus olhos não conseguiam mirar em outra coisa a não ser naquele homem que se encontrava agora em minha frente.
Ele se abaixou e só agora percebi que uma das pastas havia caído. Quando ele se levantou com a pasta, nossas mãos acabaram se tocando, e uma corrente elétrica pareceu percorrer meu corpo. Aquilo me surpreendeu e o encarei com surpresa, enquanto ele me observava com a cabeça levemente inclinada, como se estivesse tentando entender o que havia acontecido. Fiquei tão desconfortável com a situação que simplesmente pedi licença e segui para a sala dos médicos.
Estava totalmente constrangida com as sensações que pareciam surgir em meu corpo. Como um simples toque de peles foi capaz de me deixar molhada e excitada por aquele homem? Não compreendia o que estava acontecendo comigo. Parecia que outro ser ocupava minha mente, pois a vontade de retornar até lá estava se tornando insuportável. Quem era aquele homem?
Meu corpo precisava de um banho com urgência e eu precisava extravasar toda aquela energia de alguma forma. Fazia muito tempo que não me sentia daquele jeito, desde o idiota do meu ex-noivo. Lembrar-me dele aliviou um pouco todo aquele tesão que senti por aquele desconhecido, afinal, lembrar do Christopher me causava repulsa.
Quando cheguei em casa, resolvi fazer uma corrida. Aquilo relaxava meu corpo e me fazia pensar com mais clareza. Havia descoberto uma trilha que queria explorar na floresta, então, após trocar minhas roupas e me alongar, me apressei, afinal, não queria ficar na floresta enquanto escurecia.
Mantive um ritmo constante. No entanto, após quase uma hora de corrida, tive a impressão de estar sendo observada. Indo contra todo o senso de sabedoria, parei e retirei os fones de ouvido, observando ao redor. Aquela sensação estava me perturbando. A floresta começava a ficar escura ao meu redor e aquilo foi me causando uma aflição. Voltei a correr em um ritmo mais acelerado, até que percebi um movimento em minha lateral, o que me fez parar.
Não sei o que aquilo era, mas arrepiou meu corpo inteiro, me causando um medo terrível. Aquilo estava olhando para mim, como se enxergasse minha alma. Meu corpo parecia ter entrado em transe. Aquilo parecia um lobo, mas sua expressão era como se tivesse saído do inferno. Observei-o ser cercado por outros lobos e meus instintos foram ativados, enquanto voltei a correr ainda mais rápido, com receio de que aqueles animais me alcançassem.
Quando imaginei que meu coração sairia pela boca de tão acelerado que estava e os músculos de minhas pernas queimavam com todo aquele esforço, precisei diminuir o ritmo antes que sofresse algum tipo de lesão. Fiquei mais atenta a sons, mas aqueles rosnados assustadores haviam parado. Ainda olhando ao redor, resolvi parar por um minuto, no entanto, em alerta a qualquer movimento.
Quando menos esperei, meus olhos paralisaram diante de um lobo preto feito à noite, mas seu tamanho me causou um choque. Hesitei e ele pareceu dar um passo em minha direção, e quando pensei em aumentar nossa distância, tropecei em meus próprios pés, caindo sentada, ainda mais assustada.
Como fui idiota ao tropeçar nos meus próprios pés? Aquele lobo diante de mim era enorme. Em uma única mordida, arrancaria meu braço inteiro. Quando ele se aproximou, fazendo um som estranho e me cheirando, fechei os olhos, aguardando o ataque que nunca veio. Após um tempo, abri os meus olhos novamente, e o lobo estava me analisando.
Ele empurrou meu pé com o focinho, como se estivesse me incentivando a ficar de pé, então me levantei. Apesar de seu tamanho aterrorizante, ele era muito lindo, e seus olhos eram tão pretos quanto os seus pelos. Em meu coração, senti que não precisava temê-lo. Em um ato de coragem, estiquei minha mão para tocá-lo. Precisava verificar se ele era realmente verdadeiro e não apenas coisa da minha imaginação.
Quando ele cheirou minha mão, levando seu focinho até ela, senti o ar quente que saía de suas narinas. Então, percebi que aquilo era realmente real. No entanto, sabia que, se comentasse com alguém, diriam que eu estava louca, que nunca existiria um lobo com aquelas características e com aquele tamanho. Diriam que eu estava alucinando.
Até eu acreditaria nisso se não estivesse sentindo a pelagem daquele lobo em minhas mãos. Não sei se era coincidência, mas senti o mesmo cheiro de cedro e lima vindo dele, e aquilo me fez lembrar o homem do hospital. Por que será que ele ficou tão marcado em minha memória?
O lobo se aproximou ainda mais de mim e roçou seu corpo em minha lateral, como se estivesse se esfregando contra mim. Foi quando percebi a aproximação de outros lobos, tão grandes quanto aquele diante de mim. Eles me olhavam com curiosidade, mas aquilo me assustou completamente. Foi então que escutei o rosnado que saiu daquele lobo diante de mim e o que paralisou os outros lobos, fazendo-os sumirem na floresta.
O lobo levou seu focinho à minha mão, como se desejasse o carinho que eu havia feito antes nele, então, mesmo desconfiada, passei minha mão novamente pela sua pelagem, e o lobo parecia ronronar. Não sei ao certo quanto tempo passei ali com aquele lobo, mas eu precisava voltar para minha casa.
Mal estava enxergando o caminho diante de mim. Era bastante arriscado permanecer ali, quando não conseguia enxergar quase nada ao meu redor. Fiz um último carinho naquele lobo gigante e comecei a correr de volta para minha casa. Ele me acompanhou até a entrada da floresta e ficou me observando dali enquanto eu continuava meu caminho. Após uma certa distância, quando olhei novamente para trás, já não o enxergava mais.
MATTHEWQuando observei Austin conversando com aquela mulher mais cedo, fiquei possesso com meu beta. Fiquei surpreso quando notei que ela de alguma forma sentiu a corrente elétrica que percorreu nossos corpos, e sua surpresa ficou tão nítida que ela se despediu e foi embora. Sky ficou inconformado e apenas após perdê-la de vista, foi que olhei para meu beta e ele tinha as mãos erguidas, pois sabia como meu lobo estava se sentindo.Orientei-o a manter distância dela e, depois disso, voltamos para a alcateia. Assim que cheguei em casa, cumprimentei minha filha e fui direto para um banho. Precisava relaxar um pouco após a tensão que passei no hospital. Aquela médica não saía dos meus pensamentos, e eu não conseguia esquecer o seu cheiro.Acabei enchendo a banheira, retirei minha roupa e entrei nela, esperando relaxar. No entanto, ao pensar nela, em seu olhar, em sua boca, em seu cheiro… meu membro ficou duro como pedra, e me amaldiçoei por aquilo.Sky parecia à beira da loucura, clamand
Quando saí da sala, ainda ouvia seus gritos de protesto, mas precisava garantir que ele não sairia por aí fazendo justiça com as próprias mãos. Sabia que algo muito maior estava acontecendo. Dirigi-me diretamente para minha sala, com Kevin e Austin seguindo-me de perto. Ao entrar, percebi que nem Scarlet, nem Lara estavam ali, apesar de eu tê-las ordenado a permanecer naquele escritório.Busquei Scarlet através do elo mental e ordenei que viesse diretamente para o escritório da diretoria. Assim que ela entrou, procurei minha filha com o olhar, mas Lara não estava com ela.— Cadê minha filha, Scarlet? — Perguntei, muito irritado.— Ela não me obedeceu, Matthew. Saiu correndo dessa sala como uma criança malcriada. — Scarlet alegou. Sabia que algo estava estranho nisso tudo, e se eu descobrisse que ela estava mentindo, não sei nem o que seria capaz de fazer com ela.Não podia usar meu elo mental com Lara, pois ela ainda não era uma loba transformada. Saí daquela sala farejando o rastro d
Assim que abri o vídeo, vimos aquele idiota mostrando um cartão, e o lobo que fazia a segurança do hospital permitindo sua entrada. Ele dirigiu-se para o elevador, e a outra câmera mostrou-o saindo no corredor da pediatria. O tempo coincidiu com o momento em que Lara também chegou àquele corredor pela outra extremidade. Ele foi direto para ela. Mesmo sendo apenas uma filmagem, meu lobo emergiu naquele momento, e terminei rosnando.Assim que o homem chegou até minha filha, a doutora saiu do consultório. Ela observou por um pequeno instante. Pelo que pareceu, minha filha estava chorando. Em seguida, a médica se dirigiu até eles, e observei que a postura dela mudou completamente quando percebeu que Lara não pertencia àquele idiota.Ela disse algo para o homem e pensei que ele a atacaria, mas algo nela fez com que ele retrocedesse em sua decisão. Quando ela se virou para a câmera, pudemos notar o que era… seus olhos. A câmera mostrou que ela não era simplesmente humana, e aquele homem tam
Após falar com meus guerreiros sobre manter segredo do que haviam visto na floresta, busquei informações sobre Emily. No hospital, apenas encontrei suas referências profissionais, mas precisava descobrir suas referências pessoais.Talvez a única forma de obter isso seria invadindo seu espaço pessoal, precisamente sua casa. O fato de estar em minha reserva facilitava, mas precisava ser bastante discreto para não levantar suspeitas. Através do elo mental, pedi que Austin e Jones viessem até mim na diretoria.— Jones, preciso que você observe a Dra. Emily. — Falei assim que ele entrou, acompanhado de meu beta. O lobo olhou para mim sem entender minha ordem. — Se por algum motivo ela precisar deixar o hospital até que eu volte, você deve me comunicar imediatamente.— Ok, alfa. Há algo específico que eu precise saber sobre o porquê? — Ele perguntou, preocupado.— Não, Jones. Apenas necessito que você cumpra minha ordem. — Ele acenou em positivo. — Austin, você vem comigo.Meu beta me acomp
Peguei aquele colar que ela havia me dado alguns anos atrás e murmurei seu nome como se fosse uma oração, sem saber se realmente funcionaria. Um portal se abriu diante de nós e dela emergiu aquela que há alguns anos eu havia salvado. Ela já era bela naquela época, mas agora parecia ainda mais linda. Seu sorriso era deslumbrante e encantador.— Alguém que eu jamais imaginei encontrar novamente, mas devo admitir que é uma agradável surpresa. — Ela disse, enquanto passava por aquele portal que logo se fechou atrás dela.— Também não imaginei que precisaria da sua ajuda algum dia. — Respondi, rindo. — Mas é um prazer revê-la, desta vez em uma situação bem melhor do que antes.Ela estendeu a mão e, quando a segurei, pensando em cumprimentá-la de forma mais íntima, ouvimos um rosnado. Olhei na direção do som e percebi vir de Austin. Isso me fez abrir um sorriso ainda maior. Finalmente, meu amigo havia encontrado sua companheira, pelo visto, em uma situação bem inesperada.Anna olhou para el
UM ANO ANTESHoje poderia dizer que foi o dia mais feliz da minha vida. Fui pedida em casamento pelo Christopher, carinhosamente apelidado de Chris. Finalmente estávamos noivos. Estou totalmente apaixonada por ele, e posso sentir que ele também está por mim. Ele é um dos diretores médicos do hospital onde trabalho. Sempre mantivemos nosso relacionamento privado.Eu não queria que houvesse comentários sobre o fato de eu estar me destacando na minha profissão devido à minha ligação com ele. Estávamos juntos há exatamente quatro anos: três deles enquanto ainda cursava a faculdade e mais um agora atuando na minha área médica.Sei que as más línguas falarão se descobrirem nosso relacionamento, então até o momento apenas minha amiga de apartamento sabe. Sem mencionar que o Chris também pode ser prejudicado se descobrirem que ele possui um relacionamento com uma de suas subordinadas. Claro que pretendo revelar o fato à minha família, mas a oportunidade ainda não apareceu.****Hoje, quando c
MATTHEWCINCO ANOS ANTESApós a trágica morte de meus pais em um terrível acidente de carro, assumi precocemente a liderança da minha alcateia. Ninguém conseguiu provar com total certeza o que aconteceu. A única certeza que eu tinha era que o acidente foi provocado. O cabo do freio foi alterado de alguma maneira. Meu grande amigo e beta, Austin Miller, conduzia uma investigação sigilosa para descobrir quem poderia ter cometido esse ato. O culpado seria severamente punido com a morte se fosse comprovado que era um lobo.Anualmente, meu pai organizava um evento grandioso: uma recepção que contava com vários convidados de outras alcateias. O objetivo era celebrar a paz, forjar alianças e reunir lobos que, provavelmente, poderiam encontrar sua alma gêmea.Normalmente, além dos alfas, betas e suas companheiras, todos os solteiros e solteiras das alcateias convidadas deveriam comparecer. Todos os membros de nossa alcateia se empenhavam muito para tornar a noite perfeita para nossos convidad
EMILYApesar de estar confiante de que tudo daria certo no meu novo emprego, meu lado profissional sabia que havia uma chance de tudo não ocorrer como o planejado. Eu estava ciente de que as expectativas sobre mim seriam altas, afinal, eu era a médica vinda de um dos hospitais mais bem-conceituados em qualquer situação em New York, para uma cidadezinha chamada Floyd. Ninguém em sã consciência faria uma troca como essa. No entanto, ninguém sabia da decepção que eu havia enfrentado meses antes. Estar partindo para um lugar novo era, de fato, algo positivo para mim.No dia seguinte à ligação de minha contratação no novo hospital, fiz uma pesquisa completa por imóveis naquela área, e para minha sorte, encontrei um completamente mobiliado. Eu só precisaria levar minhas coisas pessoais. Tratava-se de uma cidade totalmente diferente daquela à qual estava acostumada a viver. Estava prestes a trocar os grandes e opulentos edifícios de Nova York por algo mais tranquilo, próximo à natureza.Falt