OWEN LEWIS
Antes mesmo dela bater à minha porta, já conseguia sentir a fragrância que ela exalava. Meu lobo quase ronronava quando a sentia. Enquanto eu estava chateado comigo mesmo por ser tão rude com ela em seu primeiro dia de aula.
No entanto, não iria me desculpar. Seria estranho, e tinha certeza de que ela não entenderia nada. Stark havia dito que ela não tinha cheiro de loba, inclusive que usava um perfume enjoativo, mas não para mim. Assim que ela entrou em nossa sala, seu cheiro delicioso ficou ainda mais em evidência.
Cada lobo sentia um cheiro característico para seu companheiro. Era como um carimbo particular. Um cheiro que nenhum outro lobo conseguiria sentir. Seus olhos verdes capturaram os meus, e só percebi que a estava encarando quando a cor da maçã de seu rosto demonstrou o quanto ela estava ficando constrangida.
— Srta. Larissa, você é nova não apenas na universidade, estou correto?
— Sim, reitor.
— Então vou preveni-la de que observe bem com quem você fará amizades. Apesar de alguns alunos estarem matriculados nesta universidade e seus pais pagarem uma pequena fortuna por seu futuro, eles não desejam muito da vida. Este não é o seu caso, é?
— Não, reitor. Quero me formar com excelência.
— É ótimo escutar isso de você, Srta. Davies. Mediante essa informação, incentivo a senhorita a manter uma certa distância do Sr. Phill. Ele costuma andar com algumas amizades que tenho certeza de que seus pais não aprovariam.
— O que o senhor quer afirmar com isso? — Ela me olhou, tentando ler nas entrelinhas.
— Já ouvi comentários de que o Sr. Phill não assiste às aulas muito sóbrio. Temos uma norma muito clara sobre o uso de entorpecentes. No entanto, ainda não obtivemos provas que possam nos dar respaldo para convidá-lo a deixar a universidade.
— O senhor está afirmando que ele usa drogas? — Ela perguntou, me analisando, sem confiar muito em minhas palavras.
— Não posso afirmar algo que não posso provar, Srta. Davies. Estou apenas orientando a senhorita a escolher bem suas amizades, para não ficar marcada pelo corpo docente desta universidade e isso diminuir suas chances de se formar com excelência.
— Agradeço sua preocupação, reitor. Prestarei mais atenção aos meus colegas. O Phill foi apenas gentil comigo. — Ela disse e meu lobo rosnou em minha mente com aquela afirmação.
— Tudo bem, Srta. Davies. Pode ir, a senhorita está dispensada. — Ela me olhou sem entender, mas não perdeu muito tempo ali.
— Obrigada pela sua preocupação, Sr. Lewis. — Ela sorriu para mim e saiu da minha sala.
Fiquei me perguntando como conquistaria aquela menina. Busquei sua ficha no sistema da universidade e comecei a avaliá-la. Como ela conseguiu ingressar em minha universidade com tão pouca informação? Quem foi o responsável pela inscrição dela ali?
Ela tinha 24 anos, mas aparentava ter 18. Constava um endereço e eu iria averiguá-lo pessoalmente. No entanto, eu precisava ser cuidadoso para não ser pego em flagrante, pois seria estranho ter que explicar o que eu estaria fazendo na rua onde ela morava.
Algumas semanas se passaram e mantive-me distante, apesar da insistência de Sky para se aproximar dela. Não arriscaria ser acusado de assédio se eu não conseguisse contê-lo diante de todo seu entusiasmo para conquistá-la. Sem mencionar que teria que abdicar de meu cargo, mediante qualquer envolvimento entre nós.
Assim que estava saindo da universidade, a avistei novamente com Phill. Sky rosnou em minha mente, e a raiva me consumiu. Observei a interação deles, e ela parecia bem animada com o que quer que estivessem conversando. Foi então que percebi que ele estava com um cigarro em sua mão.
Não teria dado muita importância a isso, se não tivesse percebido que aquele cigarro estava sendo passado de mão em mão por aquele grupinho. Desci do meu carro e me encaminhei até onde eles estavam. Uma das garotas, ao me notar, fez sinal para os demais, e eles tentaram se desfazer daquele material e se dissiparem, mas dei a ordem para permanecerem em seus lugares.
— No que podemos ajudá-lo, Sr. Lewis? — Phill perguntou com um sorrisinho em seu rosto.
— Você? Em nada. Você… — Apontei para o outro garoto que era aluno de administração. — Mostre-me o cigarro que você escondeu em seu bolso.
— Eu não tenho nenhum cigarro no bolso, reitor. — Ele tentou mostrar indiferença.
— Você vai me entregar o cigarro ou prefere que eu ligue para seu pai e ele seja comunicado do que vi acontecendo aqui? Sem mencionar que seria fácil provar já que possuímos monitoramento de câmeras por toda a universidade.
Ele lançou um olhar desconfiado para o resto do grupo e colocou a mão no bolso, puxando o entorpecente. Naquele momento, confirmei realmente que era a droga sobre a qual os detetives haviam me informado.
— Todos vocês para a sala da reitoria agora. — Ordenei.
Era um grupo de nove alunos, todos bastante conhecidos pelo corpo docente da universidade devido às suas notas muito baixas e ao pouco interesse demonstrado em sala de aula. No entanto, conseguiam médias suficientes para passar no final de cada período.
A única novidade naquele grupo era Larissa. Algumas semanas atrás, eu a havia orientado sobre a importância de escolher bem suas amizades. Assim que cheguei à Reitoria, minha secretária me olhou sem entender, pois já havia comunicado minha saída, mas logo percebeu o grupo de alunos atrás de mim.
— Dolores, providencie termos de suspensão para cada um desses alunos, por infringir uma das leis de nossa universidade sobre o uso de entorpecentes em nossas dependências. Se algum deles estiver com a terceira advertência, pode gerar o desligamento do mesmo de nossa universidade.
— Reitor Owen, eu não posso ser desligado da universidade. Meu pai paga uma fortuna por ela. — O mesmo aluno que havia escondido o cigarro falou.
— Julgo que o momento de pensar na fortuna que seu pai gasta aqui seria quando você estivesse em sala de aula, e deveria mostrar isso se empenhando em tirar excelentes notas e deixar seu pai orgulhoso. Não fazemos questão de ter em nossa lista de alunos aqueles que visam levar o nome da universidade para o lixo.
— Eu não sou obrigada a assinar um termo de suspensão, reitor. Conheço meus direitos. — Outra aluna falou.
— Não é obrigada mesmo, Srta. Elisabete, mas de qualquer forma você será suspensa e isso constará em sua ficha escolar. Tenho certeza de que a senhorita não observou as câmeras em torno da universidade, isso já vale como prova.
— Meu pai irá processar a universidade caso isso conste na minha ficha. — O idiota do Phill falou. E nessa hora olhei para ele com ar de riso.
— Nesse caso, seu pai terá perdido o tempo dele e ainda terá que pagar uma pequena fortuna quando perder o caso. Vocês deveriam estar cientes de que temos permissão para isso no momento em que assinam a documentação para ingressar na universidade. Todas as normas estão descritas lá. Inclusive a que diz sobre o fato de serem pegos com entorpecentes.
Larissa continuava em silêncio. Ela sentou-se e aguardou sua vez de assinar a documentação. Eu esperava que ela dissesse algo, mas nada foi dito.
Assim que ela assinou, saiu sem trocar nenhuma palavra com os alunos ali presentes. Havia algo estranho em seu comportamento, e eu estava determinado a descobrir o que era. Dois daqueles alunos foram desligados da universidade, e os demais permaneceriam no meu radar.
Sky não gostou do tratamento que dei a Larissa. No entanto, não havia como aplicar um tratamento diferenciado para ela. Eu poderia ser processado por isso.
No dia seguinte, decidi passar no endereço dela, e para minha surpresa, descobri que era um hotel. Algo muito estranho estava acontecendo. Fui até a recepção e perguntei se algum hóspede de nome Larissa Davies estava hospedado ali, mas a recepcionista informou que não poderia fornecer esse tipo de informação para manter a privacidade dos clientes.
Voltei para o carro, mas antes de dar partida, avistei aquela linda mulher com roupa de ginástica correndo pela calçada e entrando justamente naquele hotel.
LARRY DAVIESPercebi existir algo estranho com o tal do Phill e resolvi me aproximar dele nessas últimas semanas. E justo quando pensei que o idiota estava disposto a falar, o reitor fez sua aparição. Estava ciente das consequências que teria que enfrentar caso fôssemos pegos. Mas eu estava no caminho certo. Para chegar onde eu queria, sabia que o tal Phill era o caminho.O idiota se confiava que o seu pai era o dono do maior escritório de advocacia da região. No entanto, quando tudo fosse concluído, isso não importaria muito. Ele cairia do mesmo jeito pelo que estivesse fazendo errado e, se meu extinto estivesse certo, não era por pouca coisa. Se eu descobrisse que o escritório do pai dele estava envolvido, aquela operação teria uma visibilidade ainda melhor.Quando o assunto do mercado clandestino de bolsas de sangue, assim como os sumiços de certos lobos e os entorpecentes utilizando acônito, chegou até nossa unidade, meu superior, que também era um lobo, conversou comigo perguntand
OWEN LEWISDevido à suspensão, Larissa não iria comparecer à universidade naquele dia. Aquilo deixou Sky irritado, mas não poderia dar um tratamento diferenciado a ela. Quando estava chegando no escritório da universidade, recebi um pedido de ajuda de um de nossos guerreiros.Nosso território estava sendo novamente invadido por alguns lobos e outros indivíduos que ele não conseguia identificar. Saí da faculdade e, ao chegar na floresta, em uma área segura, minha transformação foi instantânea. Minha mente foi conectada a todos eles de forma mais profunda.“Aguardem. Não ataquem até todos estarmos presentes”. — Sky rugiu à ordem. Ele não era imprudente, nem consigo, nem com os demais.Quando cheguei, meu beta aguardava juntamente com alguns outros guerreiros a minha chegada. Avancei, seguido pelos demais. Cerca de quatro lobos e três outros indivíduos, que eu não sabia quem eram, analisavam o local que haviam invadido anteriormente com o Prof. Alan. Farejei o ar e, ao sentir aquele odor,
Meu olhar voou em direção a ele, mas o mesmo estava fixado no alto de uma árvore como uma estátua, avaliando a situação e assim que ele percebeu que todos tiveram fim, em um único movimento, desapareceu. Toda aquela irritação de antes foi dissipada após aquele momento. No entanto, eu ainda precisava descobrir uma forma de acabar de vez com essas invasões. Agora que tínhamos a certeza de que eles procuravam por algo, precisávamos descobrir o que era. O que significava descobrir a fórmula que dava a eles a mesma vantagem que tínhamos?Fizemos uma enorme fogueira e queimamos cada parte daqueles dois vampiros. O odor de carne podre queimando incensou aquela parte da floresta. Após o levantamento de informações de Brady, descobrimos que aqueles lobos eram mercenários, provavelmente pagos muito bem para fazerem qualquer tipo de serviço.Assim que voltamos para a alcateia, passei em nosso hospital e fui informado de que Collin estava bem, se recuperando e sua cura estava avançada, mas precis
LARRY DAVIESPor ser ômega, minha loba sempre foi a mais fraca da alcateia, mas isso não se aplicava a mim como humana. Minha determinação sempre me fez ser uma das mais fortes, mesmo por muitas vezes me submetendo a outros lobos em minha matilha.Isso fez com que minha loba sempre me desse o comando de nossa vida. No entanto, agora havia nos colocado em uma situação extremamente complicada. De fato, senti o vínculo, e minha loba até tentou me alertar quanto a ele, mas eu pensei que poderia simplesmente ignorar e continuar meu trabalho, mas estava completamente errada.O homem diante de nós, nosso companheiro, estava muito irritado. Eu poderia renegá-lo, mas minha loba não resistiria a isso. Isso mataria nós duas e até mesmo aquele lobo, mesmo ele sendo um alfa.Fiquei em uma situação onde não tinha mais para onde ir, entre ele e a árvore contra minhas costas. Seus olhos brilhavam com uma cor diferente. Seu lobo se mostrou e seus caninos cresceram até roçarem seus lábios, então fugir n
Tinha certeza de que não havia nada na secretaria que eu precisasse resolver, e sim na reitoria. Se ele agisse dessa forma com constância, todos começariam a desconfiar que existia algo errado. Assim que passei pela porta, a Sra. Suely me explicou a situação.— O Alfa Owen pediu que eu a convocasse até a sala dele, mas que não deixasse os demais da sua sala saberem que era ele que a estava convocando.— Ele adiantou o assunto, Sra. Suely? — Perguntei, sondando aquela senhora.— Não, menina. Fiquei até sem entender, mas não queria questionar o reitor. Só tome cuidado, porque o humor dele está péssimo.— E tem algum dia que ele esteja de bom humor? — Ela olhou para mim e vi um pequeno sorriso brincar em seu rosto.Antes que eu pudesse bater à sua porta, escutei a mesma se abrindo. Ele me encarou por um minuto e, em seguida, mandou que eu entrasse. Assim que o fiz, fiquei diante de sua mesa, esperando que ele sentasse. No entanto, ele simplesmente encostou o corpo nas minhas costas e suas
OWEN LEWISEssa mulher era a porra da força da natureza. Ela tinha o total controle de me tirar a razão. E vê-la irritada daquela forma era incrivelmente sexy. Sky a desejou como nunca. Planejávamos fazê-la vir até nós sem precisar recorrer à força, permitindo que sua loba descobrisse o poder que possuía, assim como nos demonstrara pouco antes.— O que você fez com essa mulher? Ela é uma loba? Como ela conseguiu reprimir a ligação entre você?— Desculpe, com toda essa confusão e sua ausência na alcateia, acabei não compartilhando os fatos com você. Na verdade, ela é uma loba, descobrir no dia seguinte à nossa última conversa. Ela é ômega, talvez por isso a loba dela conceda tanto controle à parte humana, mas pretendo mudar isso.— Como você descobriu que ela é ômega?— Segui o rastro dela e a encontrei em nosso território. — Ele me olhou surpreso.— Porra, teria sido um problema se não fosse você a encontrá-la. Especialmente com todas as invasões que tivemos. Nossos guerreiros poderiam
Julguei que já sabia com quem ele estava falando. Outra pessoa que estava naquela lista… James, proprietário de uma das maiores firmas de advocacia de nosso estado. No entanto, não entendi o fato dele dizer “que se diz seu filho”. Isso significava que Phill não era filho dele?Comecei a deduzir que cada nome naquela lista estava envolvido com algo daquele esquema que minha companheira estava investigando. Lembrei-me do que ela havia me dito e, por mais difícil que seja para mim e para Sky aceitar aquilo, ela não estava errada no caminho que traçou. Seu extinto estava certo.Precisava conversar com ela a respeito e descobrir o que ela sabia até agora, além de compartilhar minhas descobertas para que ela não fosse pega desprevenida. Assim que o sinal tocou, solicitei que a Sra. Suely a convocasse até meu escritório. Quando ela chegou, pude sentir o odor daquele idiota nela. Meu sangue esquentou, Sky rosnou, mas eu precisava me controlar. Precisava focar no que era importante.— Srta. Lar
LARRY DAVISNão vou discutir com esse cabeça dura. Ele não compreenderia nada que eu argumentasse. Eu precisava resolver esse caso para me destacar em meu trabalho.“Ele está certo, Larry. Não aceitarei mais intimidade com aquele idiota. Meus pelos ficam todos arrepiados quando ele nos toca, e tenho vontade de arrancar sua jugular quando ele nos beija” — Mila argumentou.Será mesmo que eu estava lutando contra os instintos de minha loba? Sempre assumi a liderança em tudo, tentando fazer com que ela se sentisse mais segura. Buscando que nos tornássemos fortes, acabei não percebendo que talvez não a estivesse considerando. “Prometo que esse será o último trabalho que aceito fazer, onde precise me envolvendo com alguém. Não aprofundarei minha relação com aquele idiota se você não se sente bem com isso” — Luna ergueu suas orelhas, como se estivesse tentando entender o que eu estava falando.“Você vai desistir do seu trabalho?” — Ela perguntou.“Não, apenas não vou aceitar mais trabalhos c