Stella é uma jovem de trinta e nove anos, de pele clara, cabelos castanhos escuros, longos e ondulados e de olhos pequenos e castanhos. Sempre teve o sonho de conhecer um homem, o qual ela pudesse chamar de “o amor de sua vida”, de se casar e de ter uma família, sendo esta da forma tradicional, conforme dita a sociedade.
Quando Stella tinha por volta de seus dezenove anos, ela apreciava muito as telas que eram pintadas através dos pinceis que previamente eram mergulhados na aquarela ou na tinta a óleo os quais, quando tocavam as superfícies sobre os cavaletes, transferiam sentimentos e talvez lembranças que eram destinados a encantar as pessoas que os vissem, sejam na forma de paisagem ou de desenhos abstratos. Devido a esse amor que a acompanhava ao longo de toda a sua vida, ela foi convidada pelo seu amigo Victor Bittencourt para assistir a sua exposição de quadros, a qual seria realizada em um pavimento privilegiado de um hotel que se localizava na avenida principal de um bairro nobre do Rio de Janeiro, ou seja, próximo à praia do Leblon. Então, Victor tomado pela ansiedade, discou o número a fim de ligar para Stella. Ele tentou uma, duas, três vezes e nada de Stella atender a ligação. Isso o deixou apreensivo e por isso ele resolveu deixar uma mensagem.
Ela, por sua vez, estava no banho, se deliciando com a água quente que molhava o seu corpo. O sabonete com aroma de flores do campo perfumava o ambiente enquanto ela brincava de desenhar no boxe embaçado do banheiro. Até parecia uma criança desenhando no quadro negro da escola.
Após o delicioso banho, ela envolveu o seu corpo nu com uma toalha branca e depois de procurar, não encontrou nenhuma outra para enrolar em seus longos cabelos. Então ela saiu do banheiro e foi direto ao guarda roupas procurar uma segunda toalha enquanto a água escorria de seus cabelos, deixando o quarto todo molhado. Nesse instante, ela se aproximou de seu celular e viu que nele tinha uma notificação de mensagem, o que a fez olhar a tela com mais atenção e verificar que se tratava de seu amigo Victor. Então ela pensou: – Vou me vestir primeiro e em seguida eu vejo o que ele escreveu.
Stella, sendo sempre muito cuidadosa com a sua aparência, escolheu o seu vestido preferido, o qual era um longo com um tom que variava entre o rosa bebê e o rosa pink confeccionado em um tecido macio e sedoso que mantinha confortável quem o vestisse. Para deixá-lo ainda mais atraente, ele contava com uma grande fenda, que vinha dos pés e avançando até alcançar o alto da perna, dando um tom de sensualidade e bom gosto. Mas nesse instante, ela pensou que ainda seria muito cedo para se arrumar para a exposição, pois ainda era uma hora da tarde e a exposição só começaria depois das dezenove horas. Então ela preferiu deixar o seu vestido separado e escolher outra peça que oferecesse mais folga e que fosse mais confortável em seu corpo, pois ela ficaria em casa até a hora em que ela poderia de fato se arrumar.
Expondo todas as peças que ficavam guardadas na segunda gaveta da sua cômoda, Stella encontrou uma blusa de alça na cor azul, e a vestiu. Depois optou por uma peça jeans, a qual foi deslizando pelas suas pernas até a altura da cintura quando foi fechada por meio de um botão em formato de diamante. Quando Stella se vestiu, ela finalmente pegou o seu celular para ler a nova mensagem que o seu amigo tinha escrito:
– Oi amiga! Tentei te ligar, mas você não me atendeu. Está tudo bem por aí? – Escreveu Victor na mensagem.
Ao ler o conteúdo da mensagem, ela respondeu, dizendo:
– Oi, amigo! Desculpe não ter te atendido. Eu estava tomando banho e deixei o celular em cima da cama, no meu quarto. Mas respondendo à sua pergunta, está tudo bem por aqui, sim. E você, como está? Animado para a exposição de hoje? – Respondeu Stella.
Quase no mesmo instante, Victor respondeu:
– Era justamente para te lembrar da minha exposição que eu estava te ligando. Que bom que você não se esqueceu.
Como Stella já conhecia o suficiente o jeito de seu amigo, ela permaneceu online no aplicativo de mensagens a fim de respondê-lo da forma mais rápida possível, pois ele não gostava nem um pouco de aguardar muito tempo para receber as respostas referentes as suas mensagens:
– Claro que eu não iria me esquecer de um dia tão importante na sua vida. – Escreveu Stella.
– Quando você chegar ao hotel, me avise, pois, pelo que eu tinha visto na lista de convidados que confirmaram presença, muitas pessoas estarão lá e eu tenho medo de não conseguir ver todos. E eu faço questão de te receber. – Comentou Victor na mensagem.
– Pode deixar que eu vou te avisar no momento em que eu chegar lá. – Respondeu Stella na mensagem.
Então, Stella e Victor após terem trocado suas idéias e por isso, ter aliviado a ansiedade de seu amigo, ela resolveu deixar o seu celular um pouco de lado, mais precisamente em cima da sua cama, para que ela pudesse arrumar o seu cabelo como ela sempre gostava.
Com esse objetivo, ela foi caminhando até o banheiro. Em frente ao espelho, pegou o pente, dividiu todo o volume capilar em duas partes e deslizou o objeto com as cerdas espaçadas pelos seus sedosos fios, começando pelas pontas e foi elevando o pente até a raiz dos cabelos. Depois de já tê-lo penteado e ele estar com os fios molhados e, aparentemente, lisos e alinhados, Stella pegou outros três objetos, sendo dois deles ela conectou à energia elétrica. O primeiro oferecia um jato contínuo de ar quente que utilizado em conjunto com as cerdas curtas e grossas de uma escova circular, foi puxando e deixando o efeito liso em seu cabelo, mecha por mecha, passando uma, duas, três vezes na mesma mecha, de modo que aqueles fios escuros ficassem o mais esticado possível, do jeito que ela sempre gostava.
Voltando-se para a frente ao espelho, Stella verificou que os seus fios ainda não mostravam o efeito liso da maneira que ela esperava, então, ela pegou o terceiro item que previamente já havia sido ligado à energia elétrica, e conforme ela envolvia as estreitas mechas de cabelo e as pressionava sob as duas superfícies quentes da prancha, ela deslizava a prancha pelos fios por uma, duas, três, ou quantas vezes fossem necessárias a fim de observar o efeito liso acontecer. Enquanto ela repetia esse movimento em todas as mechas de cabelo ao redor de seu couro cabeludo, seus pensamentos vagavam por um lugar bem longe daquele banheiro. Ela imaginava como seria a exposição de artes, e quais seriam os sentimentos que naquele instante poderiam estar invadindo o peito de seu amigo Victor por ele estar realizando o sonho de finalmente expor as suas pinturas. Um sonho que o acompanhava desde que ele expôs seus sentimentos através do pincel em uma tela pela primeira vez.
Então quando Stella terminou de alisar o cabelo, ela foi caminhando até o seu quarto, onde ela tinha deixado o seu vestido previamente planejado para aquele dia especial. Quando ela pegou o seu vestido, ela levantou os braços de modo que o vestido deslizasse pelos seus ombros, cobrindo os seios até que ele cobriu todo o seu corpo, necessitando apenas de alguns ajustes. E depois que ela foi para a frente do espelho, ela se observou atentamente, desde o colo até o tornozelo e viu estava esplêndida. Que ele tinha ficado tão bom quanto ela tinha imaginado.
– Agora está na hora de fazer a maquiagem. – Pensou Stella, observando o movimento dos dois ponteiros de seu relógio e calculando para ver se esse objeto seria generoso, proporcionando tempo suficiente para que pudesse mostrar o seu dom da maquiagem, ou se ela deveria investir em uma opção menos detalhista, mas que ainda assim tivesse a capacidade de destacar a beleza de seus traços faciais.
Vendo que o relógio ainda a reservava alguns minutos, resolveu investir em um traço riscado, por um pincel de cerdas finas as quais tinham sido mergulhadas previamente em um líquido escuro, cujo objetivo seria deixar os seus olhos com um efeito bem mais marcante do que o normal. O traçado foi feito tanto nas pálpebras quanto na parte inferior do olho direito, sendo em seguida copiado de forma exata no olho esquerdo.
Após esse primeiro passo, ela abriu a paleta de sombras e escolheu uma que tivesse um tom um pouco mais escuro. E através das cerdas do pincel, as quais foram misturadas com a textura cremosa do tom escolhido, as pálpebras de Stella foram ganhando uma nova cor que a estava deixando ainda mais linda. Dando continuidade ao seu momento de transformação, Stella optou por utilizar um item que possui um pincel curvo, cujo objetivo é proporcionar uma cor mais escura, dando maior volume e alterando o formato natural dos cílios, deixando-os encurvados para cima, dando efeito de cílios postiços.
Stella pegou em seu nécessaire dois itens, os quais atuariam como um complemento em sua maquiagem. O primeiro teve as suas texturas sedosa e brilhosa sendo misturadas as cerdas do pincel de espessura larga a fim de proporcionar maior luminosidade as laterais das maçãs do rosto de Stella. O segundo item teve a sua textura mais leve e de cor rosada misturada ao pincel maior a fim de dar mais cor e mais destaque ao rosto de Stella. E para finalizar, escolheu um item que fosse destinado tanto a hidratar seus lábios quanto a colori-los de modo que ele tivesse uma textura cremosa e uma cor mais neutra a fim de combinar com a sombra previamente utilizada. Depois que Stella se sentiu pronta para o evento, ela pegou o celular a fim de enviar uma mensagem para Victor. Mas no mesmo instante se lembrou de que ainda faltava escolher um calçado que permitisse que a sua completa aparência ficasse gloriosa. Então ela deixou o celular de lado e andou pelo seu quarto, abrindo o móvel que era destinado a guardar sapatos, e buscou um calçado que tivesse saltos finos, e que transferisse mais sensualidade aos pés através de poucas correias em sua parte superior. Como complemento, tal calçado deveria ter uma cor que fosse mais voltada para o prateado, a fim de combinar com o tom de seu vestido. Após prender a sandália nos pés, viu que ela tinha valorizado todo o look que Stella havia planejado. Então finalmente, ela enviou a mensagem para Victor, dizendo:
– Estou pronta. No momento em que eu chegar ao hotel, te aviso. Por favor, fique atento ao telefone. Beijos
Tomado pela ansiedade, no mesmo instante, Victor pegou o celular a fim de responder a mensagem, dizendo:
– Está bem, amiga. Estou doido para te ver. Venha logo. Quanto mais cedo você chegar, mais tempo eu consigo passar com você. E quero te apresentar a algumas pessoas também, que eu acho que você vai gostar.
Como Stella ainda estava com o aparelho telefônico em sua mão, ela no mesmo instante respondeu a mensagem de Victor, dizendo:
– Você já está pensando em me arrumar um namorado, não é?
– Como você adivinhou?
– Você fala como se eu não te conhecesse. – Respondeu Stella, rindo com o que acabara de ler do seu amigo.
Colocando nos lóbulos de suas orelhas uma peça coberta por pequenas pedras que ofereciam o brilho do strass, Stella se olhou no espelho pela última vez antes de sair de casa. E em seguida pegou a chave do carro, a carteira e foi caminhando cuidadosamente em um perfeito equilíbrio sobre aquele salto fino até a garagem. Quando engatou a chave no painel, ouviu o leve ronco do motor do seu carro, que lhe dava a certeza de que em breve ela estaria passeando pela zona sul da sua cidade. Mas nesse instante ela se esqueceu de saber algumas informações a respeito da garagem do hotel, fazendo-a enviar outra mensagem para o seu amigo Victor:
– Amigo, no hotel tem alguma garagem destinada aos carros dos convidados de eventos? Se não tiver, eu pego um táxi.
– Aqui tem o subsolo, que geralmente é utilizado para os convidados estacionarem quando tem algum evento. – Respondeu ele quase no mesmo instante.
– Então tudo bem. Vou dirigindo, pois chegarei mais rápido.
Conhecendo previamente o nobre e um dos mais valorizados endereços para o qual ela deveria se dirigir, ela decidiu ouvir uma música, a qual, segundo a sua opinião combinaria com o momento. Por Stella ser sempre muito romântica, decidiu receber em seus ouvidos a doce melodia de uma canção romântica, cantada docemente na voz de Roberto Carlos: “Se diverte e já não pensa em mim”, a qual fazia Stella viajar por alguns momentos em sua imaginação.
Cerca de meia hora depois, quando Stella estava recebendo em seu rosto a suave brisa marítima, avistou ao longe uma grande edificação luxuosa que tinha em sua fachada principal o nome do hotel onde o seu amigo estaria fazendo a exposição.
Depois de ter dirigido até o subsolo e de ter apagado a luz superior verde do estacionamento por ter ocupado uma vaga, resolveu enviar uma mensagem para Victor:
– Amigo, estacionei o carro no subsolo, como você tinha me instruído. Vou subir.
– Que ótimo! Você chegou mais rápido do que eu tinha imaginado. – Respondeu ele, mostrando alegria em suas palavras.
Quando ela passou pela porta principal, entrou no saguão do hotel e enquanto ela se encaminhava para a recepção, a fim de entregar os seus documentos e fazer uma foto para registro, ela observou um luxo que ela nunca tinha visto antes. Enquanto aguardava a sua liberação, ela ficou admirando, disfarçadamente, as paredes com detalhes dourados e com diversos quadros os quais contaram com os pinceis e com a tinta a óleo para expressar os variados sentimentos que no momento invadiram o coração do delicado artista. Quando a recepcionista devolveu os seus documentos e liberou o acesso de Stella para o interior do hotel, ela foi caminhando até o elevador, o qual quando abriu as portas mostrou um senhor que estava sentado e que estava exercendo as funções de um ascensorista, para o qual Stella pediu gentilmente:
– Boa noite, eu gostaria de ir para a cobertura, por favor.
– Boa noite, pois não. – Respondeu o profissional, que passava o seu cotidiano sentado em uma cadeira na frente do painel interno do elevador. Mas antes que o elevador pudesse fechar as suas portas, um homem chegou rápido, apertando o botão externo do elevador, de modo que ele permanecesse por alguns segundos naquele andar, premiando-o com um tempo maior a fim de que ele pedisse uma informação ao ascensorista.
– Boa noite! Desculpe chegar dessa forma tão abrupta. Esse elevador está subindo? Vou para a cobertura. Está tendo um evento de artes de um amigo meu e acho que estou atrasado.
– Boa noite! Pode entrar. O elevador está subindo, sim. E se ninguém mais o acionar, ele subirá direto até a cobertura, pois o destino dessa jovem é o mesmo pavimento. – Disse o ascensorista apontando para Stella.
– Ah, sim. Boa noite! Desculpe não ter te cumprimentado antes também. – Disse o homem olhando para Stella e entrando no elevador.
– Tudo bem, não precisa se desculpar. Eu vi que você estava com pressa. – Respondeu Stella, se sentindo tomada pela timidez, pois quando os seus olhos encontraram os daquele homem alto, de cabelo preto e curto, e com os olhos castanhos escuros, ela sentiu como se uma força maior estivesse a atraindo, de modo que ela não conseguia desviar os olhos daquela pessoa.
Quando as portas do elevador deslizaram para os lados, abriram espaço para que fosse mostrado à Stella e ao homem que estava ao seu lado, todo o luxo que pudesse ser encontrado no pavimento de cobertura. E a partir desse instante, pôde ser ouvido o som que as sandálias elegantes de Stella emitiam ao encostar no piso brilhoso daquele lugar. E quando o seu olhar, que estava tomado pelo orgulho e pela emoção, encontrou o seu amigo Victor, ela abriu os braços e o envolveu no seu abraço, aproximando o seu coração ao dele, de modo que fosse possível sentir as batidas em forma de gratidão por ambos se terem na vida um do outro.
– Meu amigo! Como estou orgulhosa de você! – Disse Stella, emocionada.
– Muito obrigado por ter vindo! Sua presença é muito importante para mim. – Disse ele, abraçando Stella.
O homem que veio caminhando ao lado de Stella também fez questão de cumprimentar Victor com um forte abraço, pois ambos se conheciam.
– Meu amigo, é uma honra estar aqui nesse evento celebrando o seu sucesso. – Disse o homem enquanto abraçava Victor.
– Agradeço muito a sua presença também. Gosto muito de ti. – Respondeu Victor. – Mas me diga, de onde vocês se conhecem? Eu não sabia que viriam juntos. Eu estive conversando com Stella durante o dia, mas ela não tinha me dito nada.
– Nós não viemos juntos. Na verdade nós nem nos conhecemos. – Respondeu Stella.
– Sim, nós nos encontramos por acaso no elevador. Eu nem sabia que o nome dela era Stella. – Disse o homem olhando para ela com admiração.
– Bom, então me deixe apresentar vocês dois, conforme o costume. Stella, este é o meu amigo Leandro. Nós trabalhamos juntos por alguns anos em uma empresa do centro da cidade.
– Oi, Leandro, muito prazer. – Cumprimentou Stella, estendendo a mão.
– Leandro, esta é a minha melhor amiga, Stella. Não sei o que seria de mim sem a existência dela na minha vida. – Disse Victor, envolvendo-a em seu braço.
– Oi! Você que é a famosa Stella? Muito prazer. Ouvi falar muito de você enquanto eu trabalhava com Victor. – Disse Leandro, apertando a mão dela e dando dois beijos em seu rosto.
– Bom, já que vocês já foram apresentados, por favor, peguem uma bebida, sintam-se à vontade. Quando eu tiver um tempinho, voltarei aqui para ficar um pouco mais com vocês. – Disse Victor, se distanciando de seus amigos para receber os demais convidados.
– Ficarei aqui admirando as suas belas obras de arte. – Disse Stella, vendo que Victor foi atender aos outros convidados, deixando-os sozinhos.
Enquanto Stella tentava desfrutar ao máximo daquele lugar que esbanjava bom gosto, tanto no acabamento quanto na iluminação, sendo agora acrescidos os belos quadros, ela observava ao seu redor os detalhes da pintura, as quais aguçavam as suas emoções, que transferiam ao seu coração parte dos sentimentos que foram presentes na vida de Victor no momento em que ele depositava cada gota de tinta naquelas telas que outrora era em branco.Cada quadro era mais bonito e mais colorido do que o outro. As demasiadas emoções transbordaram e secaram a boca de Stella, fazendo com que ela fosse atraída até um balcão enfeitado com frutas de diversos tipos e cores, onde tinha um homem vestindo um uniforme e prestando serviços de barman. Ao se aproximar, Stella pediu um drink e ao observar o ambiente ao seu entorno, percebeu que tinha um homem distraído, mas muito atraente
Stella, com o passar do tempo foi se sentindo mais aquecida devido ao amor que acalorava cada vez mais seu coração. O principal motivo eram os encontros entre ela e Leandro que foram se tornando cada vez mais frequentes. Um dia, quando eles estavam acomodados sobre a areia, sentindo a brisa fresca do mar misturada ao calor do sol de fim de tarde na praia do Arpoador, e depois que os ponteiros do relógio avisavam que já estava soando às quatro e meia da tarde, ele disse:– O que você acha de irmos até a pedra? A vista de lá de cima é linda. Não é difícil de subir. Eu posso te ajudar, caso você precise.– Vamos, sim. Eu também amo aquela vista. – Disse ela.Quando eles se levantaram, o vento levava todos os grãos de areia que insistiam em permanecer sobre a canga de Stella, a qual ela tentava sacudir lentamente. Eles foram caminhando até
Ao longo de mais dois anos de noivado, eles constataram que viviam muito bem, e que provavelmente o tão esperado enlace matrimonial daria certo. Devido à ansiedade e tamanha vontade de ficarem juntos, eles foram se planejando ao longo desse tempo, a fim de morarem juntos, e fazerem o tradicional casamento no civil.Stella apreciava muito os vestidos brancos, longos e cheios de renda e pedras brilhantes, acompanhados das grinaldas com véus longos que se arrastavam ao comprimento do tapete vermelho que era disponibilizado para que as noivas passassem a caminho do altar, nas cerimônias religiosas. Mas viu que naquele momento não seria necessário, pois eles preferiam guardar dinheiro para uma viagem no exterior. Ela sonhava demasiadamente em conhecer os mais belos e antigos castelos medievais, os quais eram acompanhados de um imenso jardim de flores e de gramas em diversos tons de verde. E que devido à sua idade milenar, tinham uma
A rotina e o desgaste que atingem a tantas pessoas ao redor do mundo, também não se esqueceram de alcançar a felicidade de Stella e de Leandro, e conforme o tempo passava, Stella percebia que a sua relação com Leandro ficava cada vez mais fria. Ela observava que ele ficava cada vez mais distante, e às vezes, cada vez mais grosso por um motivo ínfimo, sem justificativa. Por isso, pensando tanto no bem estar quanto no de seu marido, ela pensou em tomar uma atitude de modo a aliviar o sofrimento que estava cada vez maior com o passar dos dias, o qual estava afetando ambos.Então quando Leandro estava sentado no sofá da sala jogando vídeo game, Stella se aproximou, sentou-se ao lado dele e perguntou:– Leandro, o que você acha da gente ter uma conversa?– Tem que ser agora?– Tem que ser agora. Por que eu já tentei várias vezes falar, e você nunca
No dia seguinte, o céu claro e sem nuvens brevemente permitiu que os raios do sol atravessassem a fina cortina e entrassem no quarto de Stella, iluminando, elevando a temperatura e acordando-a por volta das sete horas da manhã. Sentindo-se agitada a partir do momento em que ela abriu os seus olhos, por ter como o primeiro pensamento a sua quase separação, ela se lembrou de sua viagem e que ela deveria se arrumar a fim de pegar o ônibus na rodoviária, para o qual ela já tinha reservado a passagem somente de ida.Então ela foi caminhando para o banheiro. Mas dessa vez, ao invés de ela aproveitar o calor emitido pela água quente do chuveiro para desenhar corações no boxe, ela apenas se apoiava para deixar que as suas lágrimas escorressem pela sua face já molhada. Depois de passar alguns minutos embaixo do chuveiro, ela envolveu os fios molhados de seu cabelo em uma toalha branca, ves
Ao se deparar com um lugar muito iluminado, e com muitas pessoas carregando as suas bagagens para todas as direções, fez Stella se sentir um pouco renovada ao perceber que ela estava na rodoviária.Ela foi com a mochila nas costas e com a mala sendo puxada até o guichê, a fim de retirar a sua passagem, a qual tinha sido reservada anteriormente. Durante o tempo em que Stella ficou na fila aguardando a sua vez de ser atendida, os seus olhos, ao percorrerem todo aquele ambiente, encontraram um lugar de refúgio e de paz, o qual era equivalente a uma livraria e isso trouxe um pouco de acalanto ao coração de Stella, pois ela adorava ler, e os livros eram os únicos responsáveis que poderiam trazer equilíbrio para a sua vida nos últimos tempos. Mas por sentir o seu raciocínio falhar e se tornar cada vez mais relapsa e dispersa nas suas idéias, ela não conseguia se concentrar e quas
Por sentir os seus lábios tremerem e vendo que as pontas dos seus dedos estavam adotando um tom que variava entre a cor roxa claro e um roxo mais escuro, devido à baixa temperatura que estava sendo mostrada no visor do aparelho de ar condicionado daquele ônibus, Stella abriu o zíper de sua mochila para pegar o seu casaco. E depois de se sentir confortada por aqueles pêlos e pelo tecido macio e confortável que envolvia a pele de seu corpo, Stella decidiu deixar a sua imaginação fluir e viajar pelos lugares mais interessantes e inusitados, além de nutri-la de muitos tipos de ensinamentos, através de um bom livro, o qual se chamava Caminhos Distintos, escrito por Vanessa Matos. Esse livro trazia de volta o equilíbrio do qual ela tanto necessitava naqueles tempos difíceis, os quais nos seus momentos depressivos, ela imaginava que não fosse conseguir superar, pois sua leitura era quase um tratamento
No dia seguinte, os raios dourados do sol iluminaram a janela do quarto de Stella, fazendo com que os seus olhos reclamassem. E aproveitando que ela tinha se despertado cedo, ela pensou em se preparar a fim de conseguir tomar o seu café da manhã no hotel, o qual era oferecido entre as sete e as dez horas da manhã.Então depois de se levantar da cama, ela foi até o banheiro, e depois de sentir um maravilhoso hálito fresco, vestiu uma blusa de manga com o seu casaco preto e uma calça jeans. Calçou uma sandália, utilizou um pente para alinhar e desembaraçar os fios de seu cabelo e os aproximou formando um rabo de cavalo no alto da cabeça. Desligou o sistema de aquecimento do quarto, saiu pela porta e foi elegantemente caminhando até o elevador.Em poucos minutos foi possível que ela sentisse o perfume do café fresquinho e dos pães que tinham acabado de sair do forno. S