Aquela manhã tinha uma expectativa diferente. Ricardo e Cátia estavam prestes a ver seu bebê pela primeira vez, em uma das etapas mais emocionantes da gravidez: o primeiro ultrassom. Ricardo havia saído mais cedo do hospital, cancelando compromissos para estar ao lado de Cátia. Ele fazia questão de estar presente em cada detalhe dessa nova fase da vida deles, e esse momento era um dos mais aguardados.No consultório da médica, o ambiente estava calmo. Cátia, deitada na maca, segurava a mão de Ricardo com força. Ele, sentado ao seu lado, olhava para o monitor ansioso, enquanto a médica preparava o aparelho. O silêncio era preenchido apenas pelo som do ar-condicionado e a respiração levemente nervosa de Cátia.— Está tudo bem, amor? — Ricardo perguntou, apertando suavemente a mão dela.— Estou um pouco nervosa, mas muito feliz — Cátia respondeu, sorrindo levemente.Ricardo também sorriu. Ele estava nervoso, mas tentava não demonstrar. A ideia de ver o bebê na tela era emocionante, mas a
Ricardo e Cátia estavam prontos para dar uma das notícias mais especiais de suas vidas: a de que os pais de Ricardo finalmente se tornariam avós. Era algo que Ricardo sabia que significaria muito para eles, especialmente porque já fazia algum tempo que seu pai demonstrava ansiedade por esse momento, sempre mencionando o desejo de ter um neto ou neta para brincar e se orgulhar. Cátia, por sua vez, estava um pouco nervosa, mas feliz por fazer parte dessa nova fase da vida de Ricardo e sua família.No início daquela tarde, Ricardo ligou para seus pais, convidando-os para um jantar especial em sua casa. Ele não deu muitos detalhes, mas sugeriu que fosse uma ocasião íntima, apenas entre eles. Seus pais, como sempre, ficaram animados com o convite e não hesitaram em aceitar.À noite, a casa estava impecavelmente arrumada, e Cátia, mesmo grávida de três meses, não havia perdido o toque na cozinha. Embora Ricardo insistisse que ela descansasse e deixasse os preparativos com ele e as novas emp
Cátia e Ricardo entraram na sala de ultrassom, ambos ansiosos para ver novamente o bebê que crescia a cada dia. Já era o segundo ultrassom da gravidez, e Cátia estava de quatro meses. O entusiasmo deles não podia ser contido, pois esperavam descobrir o sexo do bebê. A médica, sorridente, os cumprimentou calorosamente e pediu para Cátia se deitar na maca, preparando-se para o exame.Ricardo segurou a mão de Cátia enquanto a médica passava o gel frio em sua barriga e começava a movimentar o aparelho sobre sua pele. Na tela, logo apareceu a imagem do bebê, e, como na primeira vez, o coração de Ricardo acelerou. Era sempre emocionante ver o pequeno ser que logo faria parte de suas vidas. Ele olhava fixamente para a tela, fascinado com cada detalhe.— Vamos ver se conseguimos descobrir o sexo hoje, não é? — comentou a médica, inclinando o aparelho na tentativa de obter uma boa visão.No entanto, o bebê parecia não estar disposto a colaborar. A perninha cruzada escondia exatamente o que tod
Os últimos meses haviam sido intensos e cheios de surpresas para Cátia. A gravidez seguia tranquila, o relacionamento com Ricardo estava mais forte do que nunca, e agora uma nova fase de sua vida começava a se desenhar. Em meio a essa felicidade, ela encontrou algo que não esperava: uma nova amizade.Tudo começou em uma manhã ensolarada, quando Cátia decidiu ir à padaria próxima ao hospital onde Ricardo trabalhava e do qual era proprietário. Apesar de estar focada em manter uma alimentação saudável, Cátia não resistia às rosquinhas doces daquele lugar. Era como se fossem o seu desejo de grávida, algo que ela não podia evitar. As rosquinhas, com seu toque açucarado e maciez inconfundível, traziam-lhe uma sensação de conforto.Ela entrou na padaria, admirando o ambiente acolhedor e sentindo o cheiro delicioso de pão fresco que impregnava o ar. Depois de pegar a rosquinha de sempre, entrou na fila para pagar. Foi então que algo inusitado aconteceu. Uma mulher alta e elegante estava logo
Cátia estava sentada no sofá da sala, segurando o celular com as mãos trêmulas. A mensagem inesperada de sua mãe brilhava na tela, e o pedido para vê-la pessoalmente lhe provocava uma mistura de sentimentos. Fazia muito tempo desde que Cátia tinha cortado relações com a mãe, após descobrir o papel que ela desempenhara em sua vida passada, envolvendo traição, chantagens e manipulação.— Ricardo? — chamou ela, levantando-se e indo até a cozinha, onde ele preparava o jantar.Ele olhou para ela com seu olhar tranquilo e carinhoso, notando a preocupação em seu rosto.— O que foi? — perguntou, se aproximando e envolvendo-a em seus braços.— Minha mãe me mandou uma mensagem... Ela quer me ver. Disse que quer me parabenizar pelo casamento e pela gravidez — Cátia murmurou, sem saber como reagir.Ricardo ficou em silêncio por um momento, ouvindo atentamente. Ele sabia o quanto a mãe de Cátia havia machucado a esposa no passado. Mas também entendia que esse era um assunto delicado, que envolvia
Cátia estava deitada em seu quarto no hospital, lágrimas incessantes escorrendo pelo seu rosto enquanto sua mente repassava o horror que acabara de vivenciar. A dor física da perda era imensa, mas a dor emocional parecia insuportável. Ela sentia como se um abismo tivesse se aberto dentro de si, um buraco sem fim. Seus pensamentos estavam voltados para Laura, sua amiga, que havia perdido o bebê por causa de sua mãe. Ela começou a gritar, aos prantos, do fundo de sua alma:— Laura! Laura, me perdoa! — a voz de Cátia ecoava pelo corredor, alcançando o quarto ao lado. — Eu sinto muito, por favor! A culpa é minha... Minha mãe envenenou os bombons para que eu perdesse o bebê, e você acabou comendo...Suas palavras saíam entre soluços, a voz quebrada, mas carregada de desespero e culpa. Ela sabia que a dor de Laura era tão profunda quanto a sua, talvez até pior, porque ela havia perdido a filha sem entender o motivo, sem culpa. Cátia, por outro lado, não conseguia se livrar do sentimento esm
Cátia estava em casa, deitada no grande sofá da sala de estar, envolta por almofadas e cobertores macios. O silêncio preenchia o ambiente, quebrado apenas pelo som ocasional do vento batendo nas janelas e o ruído distante da cidade. Sua recuperação física estava avançando, mas o vazio emocional causado pela perda ainda a acompanhava como uma sombra. Felizmente, Ricardo estava fazendo tudo ao seu alcance para cuidar dela, mesmo quando não podia estar presente.Desde que Cátia recebeu alta do hospital, Ricardo havia se mostrado ainda mais protetor. Ele contratou um segurança particular para ficar na porta do apartamento, garantindo que ninguém, exceto pessoas de confiança, entrasse. Ele sabia que a ameaça de sua mãe ainda pairava sobre suas cabeças, e essa era uma precaução necessária. As funcionárias da casa também foram instruídas a serem cuidadosas, sempre atentas ao bem-estar de Cátia, principalmente durante os momentos em que Ricardo estava no hospital.Cátia suspirou, lembrando-se
Ricardo estacionou o carro na frente da casa de Laura e Carlos, sentindo uma mistura de apreensão e alívio por finalmente ver a amiga de Cátia após tudo o que havia acontecido. Ele olhou para Cátia ao seu lado, percebendo a tensão em seu rosto. Ainda que estivessem aos poucos recuperando a rotina, o trauma das perdas ainda pairava sobre eles como uma sombra. Ricardo segurou a mão dela com carinho, tentando transmitir a segurança que ele sabia que ela precisava.— Vai dar tudo certo — ele disse suavemente. — Laura entende você. Hoje será um passo importante para vocês duas.Cátia respirou fundo e assentiu, os olhos marejados de emoção, mas com um sorriso leve no rosto.— Obrigada, amor — disse ela, apertando a mão dele antes de saírem do carro. — Eu sei que vai ser difícil, mas preciso vê-la. Prometi a mim mesma que não vou deixar que nada nos separe.Eles caminharam até a porta, e logo Carlos, marido de Laura e também amigo de Ricardo, abriu a porta com um sorriso acolhedor. Ele parec