Três meses se passaram desde aquele dia fatídico que mudou a vida de Cátia para sempre. O luto ainda pairava sobre sua vida como uma sombra persistente, mas, com o apoio de Ricardo e Laura, ela estava tentando retomar sua rotina. As visitas à casa de Laura haviam se tornado um ritual reconfortante.Certa manhã, enquanto tomavam café juntos, Ricardo recebeu uma ligação. Ele atendeu, e sua expressão mudou rapidamente, do alívio ao desconforto. Cátia notou a alteração e imediatamente se preocupou.— O que foi? — perguntou ela, seu coração acelerando.Ricardo desligou o telefone e olhou para Cátia com seriedade.— A polícia finalmente encontrou sua mãe — disse ele, suas palavras pesadas no ar.Cátia sentiu um frio na barriga. Três meses de incertezas, dúvidas e o peso da culpa a acompanhavam. Embora soubesse que a mãe tinha responsabilidades sobre o que ocorreu, a ideia de vê-la novamente a deixava apreensiva.— E ela? O que aconteceu? — questionou Cátia, tentando controlar a ansiedade.—
O sol brilhava intensamente na manhã em que Cátia decidiu se encontrar com a terapeuta que Ricardo havia contratado. Desde a última conversa tensa com sua mãe, a necessidade de cuidar de sua saúde mental se tornou uma prioridade. Ricardo estava sempre ao seu lado, apoiando cada decisão que ela tomava, mas Cátia sabia que a cura verdadeira vinha de dentro. Precisava de ajuda para lidar com a dor e a confusão que a cercavam.A terapeuta, Dra. Ana, era uma mulher de meia-idade, com um sorriso caloroso que parecia acolher Cátia assim que ela entrou na sala. As paredes estavam adornadas com quadros de paisagens tranquilas, e uma suave música instrumental tocava ao fundo, criando uma atmosfera calma.— Bom dia, Cátia. Fico feliz que você tenha vindo — disse Ana, gesticulando para que Cátia se sentasse em uma confortável poltrona.— Bom dia — respondeu Cátia, um pouco nervosa, mas determinada a abrir seu coração. — Estou tentando... Você sabe, superar tudo isso.Ana assentiu, compreendendo a
Quatro meses se passaram desde que Cátia enfrentou a devastadora perda de seu bebê, e, com isso, a angústia de não saber o que realmente acontecia com sua mãe, agora presa, crescia a cada dia. Apesar dos esforços da polícia e do apoio emocional de Ricardo, Cátia sentia que um peso imenso pairava sobre seus ombros. O silêncio da mãe era quase mais doloroso do que a dor que já tinha enfrentado.Foi em uma manhã ensolarada que a polícia finalmente trouxe a notícia que Cátia tanto esperava. Sua mãe estava disposta a falar. Contudo, o que seria uma conversa de reconciliação e compreensão se transformou em um pesadelo.Cátia recebeu a notícia enquanto estava em uma de suas sessões de terapia com a Dra. Ana. A terapeuta interrompeu a sessão para informá-la que os detetives a procuravam. O coração de Cátia disparou; esperava que a mãe finalmente revelasse os motivos de suas ações, mas, ao mesmo tempo, temia o que poderia ouvir.— O que ela disse? — Cátia questionou, ansiosa.— Eu não tenho to
Seis meses se passaram desde a dolorosa perda do bebê, e Cátia sentia que uma nova fase de sua vida estava prestes a começar. A consulta com sua médica ginecologista, tinha sido um divisor de águas. Com um sorriso no rosto, a médica lhe dissera que seu corpo estava finalmente pronto para uma nova gravidez. Esse era um sinal de que as coisas estavam se acertando e que ela poderia, enfim, seguir em frente.Ao sair do consultório, Cátia mal podia conter a emoção. Ela estava mais do que pronta para tentar novamente. A ideia de ser mãe ainda ardia em seu coração, e agora, finalmente, havia esperança. Com um renovado espírito, ela dirigiu-se para casa.Chegando ao apartamento, Cátia tomou um momento para si mesma. A energia em seu corpo pulsava com uma combinação de desejo e expectativa. A primeira coisa que fez foi se olhar no espelho. Ela estava mudando, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Olhos que antes carregavam tristeza agora brilhavam com uma determinação vibrante.Ela decid
O ar estava pesado na sala de interrogatório da delegacia. Cátia estava nervosa, com as mãos trêmulas e o coração acelerado. Ela não sabia ao certo o que esperar. Depois de meses de silêncio, sua "mãe", a mulher que a criara, havia finalmente começado a falar. E o que estava prestes a ser revelado poderia mudar sua vida para sempre.Ricardo estava ao seu lado, segurando sua mão com firmeza, tentando passar-lhe segurança. Do outro lado da sala, os pais de Laura, Paulo e Sandra, também estavam presentes, convocados pela polícia. O clima estava carregado, e a tensão entre eles era palpável.A porta se abriu com um rangido, e a mulher que Cátia havia chamado de mãe por toda sua vida entrou algemada. Ela tinha um sorriso de escárnio no rosto, como se estivesse se divertindo com a situação. Seus olhos percorriam a sala com um brilho maligno. Ela foi conduzida até a cadeira, e as algemas foram retiradas, mas seu olhar nunca deixou os pais de Laura.— Então, vamos começar? — a policial disse,
Cátia estava nervosa enquanto Ricardo dirigia até a casa dos pais de Laura, sabendo agora que eles eram seus verdadeiros pais. A revelação de que Paulo e Sandra eram seus pais biológicos ainda parecia algo irreal. Durante dias, Cátia tentou processar a enxurrada de informações que a vida lhe jogara, mas nada poderia prepará-la para o encontro que estava prestes a acontecer.Assim que o carro de Ricardo passou pelo grande portão de ferro forjado, os olhos de Cátia se arregalaram. A casa à frente era imponente, uma verdadeira mansão. O jardim era vasto, perfeitamente cuidado, com flores coloridas e esculturas de mármore. Havia uma fonte no meio do jardim, cujo som suave da água contribuía para o clima quase surreal. Quando chegaram à porta da frente, dois empregados abriram a entrada principal, que revelava um saguão grandioso, com piso de mármore e um lustre enorme no teto. Cátia ficou sem palavras.— Uau... — murmurou, seus olhos viajando pelo interior luxuoso.Paulo e Sandra, já espe
Ricardo e Cátia estavam mais unidos do que nunca. Depois de tantas perdas e revelações chocantes sobre o passado de Cátia, os dois decidiram que estavam prontos para tentar de novo. Como a médica de Cátia já havia liberado ela para tentar engravidar novamente, e, apesar das cicatrizes emocionais que ainda carregavam, ambos sentiam mais do nunca, que estavam prontos para seguir em frente. O desejo de construir uma família juntos os fortalecia, e o amor que compartilhavam era o pilar de sua esperança.Nos últimos meses, Ricardo havia se dedicado a cuidar de Cátia com uma devoção quase inabalável. Ele contratara uma terapeuta que ajudou Cátia a enfrentar a dor das perdas e os traumas do passado, e com o tempo, ela foi se recuperando emocionalmente. Agora, ambos estavam concentrados no futuro.— Eu sei que é um processo delicado — disse Cátia uma noite, deitada ao lado de Ricardo na cama, seus dedos entrelaçados. — Mas estou sentindo que dessa vez será diferente. Estou mais forte agora, m
Era uma tarde ensolarada e tranquila no apartamento de Ricardo e Cátia. Eles tinham passado os últimos meses se dedicando um ao outro, fortalecendo ainda mais o relacionamento, enquanto a vida aos poucos voltava ao normal após tantas turbulências. Embora o desejo de engravidar estivesse presente, Cátia sentia-se em paz, como se estivesse finalmente pronta para um novo começo em várias áreas da sua vida.Naquele dia, os pais biológicos de Cátia, Paulo e Sandra, haviam decidido fazer uma visita especial. Desde que a verdade sobre seu nascimento havia sido revelada, eles vinham construindo uma nova e mais profunda relação. A reconexão entre eles tinha sido delicada, cheia de emoções à flor da pele, mas, ao mesmo tempo, cheia de amor e vontade de recuperar o tempo perdido.Cátia estava na cozinha, terminando os últimos preparativos do almoço que havia feito com carinho para os pais. Ricardo, sempre solícito, ajudava a arrumar a mesa. O cheiro da comida preenchia o apartamento com uma sens