Os últimos meses haviam sido intensos e cheios de surpresas para Cátia. A gravidez seguia tranquila, o relacionamento com Ricardo estava mais forte do que nunca, e agora uma nova fase de sua vida começava a se desenhar. Em meio a essa felicidade, ela encontrou algo que não esperava: uma nova amizade.Tudo começou em uma manhã ensolarada, quando Cátia decidiu ir à padaria próxima ao hospital onde Ricardo trabalhava e do qual era proprietário. Apesar de estar focada em manter uma alimentação saudável, Cátia não resistia às rosquinhas doces daquele lugar. Era como se fossem o seu desejo de grávida, algo que ela não podia evitar. As rosquinhas, com seu toque açucarado e maciez inconfundível, traziam-lhe uma sensação de conforto.Ela entrou na padaria, admirando o ambiente acolhedor e sentindo o cheiro delicioso de pão fresco que impregnava o ar. Depois de pegar a rosquinha de sempre, entrou na fila para pagar. Foi então que algo inusitado aconteceu. Uma mulher alta e elegante estava logo
Cátia estava sentada no sofá da sala, segurando o celular com as mãos trêmulas. A mensagem inesperada de sua mãe brilhava na tela, e o pedido para vê-la pessoalmente lhe provocava uma mistura de sentimentos. Fazia muito tempo desde que Cátia tinha cortado relações com a mãe, após descobrir o papel que ela desempenhara em sua vida passada, envolvendo traição, chantagens e manipulação.— Ricardo? — chamou ela, levantando-se e indo até a cozinha, onde ele preparava o jantar.Ele olhou para ela com seu olhar tranquilo e carinhoso, notando a preocupação em seu rosto.— O que foi? — perguntou, se aproximando e envolvendo-a em seus braços.— Minha mãe me mandou uma mensagem... Ela quer me ver. Disse que quer me parabenizar pelo casamento e pela gravidez — Cátia murmurou, sem saber como reagir.Ricardo ficou em silêncio por um momento, ouvindo atentamente. Ele sabia o quanto a mãe de Cátia havia machucado a esposa no passado. Mas também entendia que esse era um assunto delicado, que envolvia
Cátia estava deitada em seu quarto no hospital, lágrimas incessantes escorrendo pelo seu rosto enquanto sua mente repassava o horror que acabara de vivenciar. A dor física da perda era imensa, mas a dor emocional parecia insuportável. Ela sentia como se um abismo tivesse se aberto dentro de si, um buraco sem fim. Seus pensamentos estavam voltados para Laura, sua amiga, que havia perdido o bebê por causa de sua mãe. Ela começou a gritar, aos prantos, do fundo de sua alma:— Laura! Laura, me perdoa! — a voz de Cátia ecoava pelo corredor, alcançando o quarto ao lado. — Eu sinto muito, por favor! A culpa é minha... Minha mãe envenenou os bombons para que eu perdesse o bebê, e você acabou comendo...Suas palavras saíam entre soluços, a voz quebrada, mas carregada de desespero e culpa. Ela sabia que a dor de Laura era tão profunda quanto a sua, talvez até pior, porque ela havia perdido a filha sem entender o motivo, sem culpa. Cátia, por outro lado, não conseguia se livrar do sentimento esm
Cátia estava em casa, deitada no grande sofá da sala de estar, envolta por almofadas e cobertores macios. O silêncio preenchia o ambiente, quebrado apenas pelo som ocasional do vento batendo nas janelas e o ruído distante da cidade. Sua recuperação física estava avançando, mas o vazio emocional causado pela perda ainda a acompanhava como uma sombra. Felizmente, Ricardo estava fazendo tudo ao seu alcance para cuidar dela, mesmo quando não podia estar presente.Desde que Cátia recebeu alta do hospital, Ricardo havia se mostrado ainda mais protetor. Ele contratou um segurança particular para ficar na porta do apartamento, garantindo que ninguém, exceto pessoas de confiança, entrasse. Ele sabia que a ameaça de sua mãe ainda pairava sobre suas cabeças, e essa era uma precaução necessária. As funcionárias da casa também foram instruídas a serem cuidadosas, sempre atentas ao bem-estar de Cátia, principalmente durante os momentos em que Ricardo estava no hospital.Cátia suspirou, lembrando-se
Ricardo estacionou o carro na frente da casa de Laura e Carlos, sentindo uma mistura de apreensão e alívio por finalmente ver a amiga de Cátia após tudo o que havia acontecido. Ele olhou para Cátia ao seu lado, percebendo a tensão em seu rosto. Ainda que estivessem aos poucos recuperando a rotina, o trauma das perdas ainda pairava sobre eles como uma sombra. Ricardo segurou a mão dela com carinho, tentando transmitir a segurança que ele sabia que ela precisava.— Vai dar tudo certo — ele disse suavemente. — Laura entende você. Hoje será um passo importante para vocês duas.Cátia respirou fundo e assentiu, os olhos marejados de emoção, mas com um sorriso leve no rosto.— Obrigada, amor — disse ela, apertando a mão dele antes de saírem do carro. — Eu sei que vai ser difícil, mas preciso vê-la. Prometi a mim mesma que não vou deixar que nada nos separe.Eles caminharam até a porta, e logo Carlos, marido de Laura e também amigo de Ricardo, abriu a porta com um sorriso acolhedor. Ele parec
Três meses se passaram desde aquele dia fatídico que mudou a vida de Cátia para sempre. O luto ainda pairava sobre sua vida como uma sombra persistente, mas, com o apoio de Ricardo e Laura, ela estava tentando retomar sua rotina. As visitas à casa de Laura haviam se tornado um ritual reconfortante.Certa manhã, enquanto tomavam café juntos, Ricardo recebeu uma ligação. Ele atendeu, e sua expressão mudou rapidamente, do alívio ao desconforto. Cátia notou a alteração e imediatamente se preocupou.— O que foi? — perguntou ela, seu coração acelerando.Ricardo desligou o telefone e olhou para Cátia com seriedade.— A polícia finalmente encontrou sua mãe — disse ele, suas palavras pesadas no ar.Cátia sentiu um frio na barriga. Três meses de incertezas, dúvidas e o peso da culpa a acompanhavam. Embora soubesse que a mãe tinha responsabilidades sobre o que ocorreu, a ideia de vê-la novamente a deixava apreensiva.— E ela? O que aconteceu? — questionou Cátia, tentando controlar a ansiedade.—
O sol brilhava intensamente na manhã em que Cátia decidiu se encontrar com a terapeuta que Ricardo havia contratado. Desde a última conversa tensa com sua mãe, a necessidade de cuidar de sua saúde mental se tornou uma prioridade. Ricardo estava sempre ao seu lado, apoiando cada decisão que ela tomava, mas Cátia sabia que a cura verdadeira vinha de dentro. Precisava de ajuda para lidar com a dor e a confusão que a cercavam.A terapeuta, Dra. Ana, era uma mulher de meia-idade, com um sorriso caloroso que parecia acolher Cátia assim que ela entrou na sala. As paredes estavam adornadas com quadros de paisagens tranquilas, e uma suave música instrumental tocava ao fundo, criando uma atmosfera calma.— Bom dia, Cátia. Fico feliz que você tenha vindo — disse Ana, gesticulando para que Cátia se sentasse em uma confortável poltrona.— Bom dia — respondeu Cátia, um pouco nervosa, mas determinada a abrir seu coração. — Estou tentando... Você sabe, superar tudo isso.Ana assentiu, compreendendo a
Quatro meses se passaram desde que Cátia enfrentou a devastadora perda de seu bebê, e, com isso, a angústia de não saber o que realmente acontecia com sua mãe, agora presa, crescia a cada dia. Apesar dos esforços da polícia e do apoio emocional de Ricardo, Cátia sentia que um peso imenso pairava sobre seus ombros. O silêncio da mãe era quase mais doloroso do que a dor que já tinha enfrentado.Foi em uma manhã ensolarada que a polícia finalmente trouxe a notícia que Cátia tanto esperava. Sua mãe estava disposta a falar. Contudo, o que seria uma conversa de reconciliação e compreensão se transformou em um pesadelo.Cátia recebeu a notícia enquanto estava em uma de suas sessões de terapia com a Dra. Ana. A terapeuta interrompeu a sessão para informá-la que os detetives a procuravam. O coração de Cátia disparou; esperava que a mãe finalmente revelasse os motivos de suas ações, mas, ao mesmo tempo, temia o que poderia ouvir.— O que ela disse? — Cátia questionou, ansiosa.— Eu não tenho to