Cátia estava em casa, deitada no grande sofá da sala de estar, envolta por almofadas e cobertores macios. O silêncio preenchia o ambiente, quebrado apenas pelo som ocasional do vento batendo nas janelas e o ruído distante da cidade. Sua recuperação física estava avançando, mas o vazio emocional causado pela perda ainda a acompanhava como uma sombra. Felizmente, Ricardo estava fazendo tudo ao seu alcance para cuidar dela, mesmo quando não podia estar presente.Desde que Cátia recebeu alta do hospital, Ricardo havia se mostrado ainda mais protetor. Ele contratou um segurança particular para ficar na porta do apartamento, garantindo que ninguém, exceto pessoas de confiança, entrasse. Ele sabia que a ameaça de sua mãe ainda pairava sobre suas cabeças, e essa era uma precaução necessária. As funcionárias da casa também foram instruídas a serem cuidadosas, sempre atentas ao bem-estar de Cátia, principalmente durante os momentos em que Ricardo estava no hospital.Cátia suspirou, lembrando-se
Ricardo estacionou o carro na frente da casa de Laura e Carlos, sentindo uma mistura de apreensão e alívio por finalmente ver a amiga de Cátia após tudo o que havia acontecido. Ele olhou para Cátia ao seu lado, percebendo a tensão em seu rosto. Ainda que estivessem aos poucos recuperando a rotina, o trauma das perdas ainda pairava sobre eles como uma sombra. Ricardo segurou a mão dela com carinho, tentando transmitir a segurança que ele sabia que ela precisava.— Vai dar tudo certo — ele disse suavemente. — Laura entende você. Hoje será um passo importante para vocês duas.Cátia respirou fundo e assentiu, os olhos marejados de emoção, mas com um sorriso leve no rosto.— Obrigada, amor — disse ela, apertando a mão dele antes de saírem do carro. — Eu sei que vai ser difícil, mas preciso vê-la. Prometi a mim mesma que não vou deixar que nada nos separe.Eles caminharam até a porta, e logo Carlos, marido de Laura e também amigo de Ricardo, abriu a porta com um sorriso acolhedor. Ele parec
Três meses se passaram desde aquele dia fatídico que mudou a vida de Cátia para sempre. O luto ainda pairava sobre sua vida como uma sombra persistente, mas, com o apoio de Ricardo e Laura, ela estava tentando retomar sua rotina. As visitas à casa de Laura haviam se tornado um ritual reconfortante.Certa manhã, enquanto tomavam café juntos, Ricardo recebeu uma ligação. Ele atendeu, e sua expressão mudou rapidamente, do alívio ao desconforto. Cátia notou a alteração e imediatamente se preocupou.— O que foi? — perguntou ela, seu coração acelerando.Ricardo desligou o telefone e olhou para Cátia com seriedade.— A polícia finalmente encontrou sua mãe — disse ele, suas palavras pesadas no ar.Cátia sentiu um frio na barriga. Três meses de incertezas, dúvidas e o peso da culpa a acompanhavam. Embora soubesse que a mãe tinha responsabilidades sobre o que ocorreu, a ideia de vê-la novamente a deixava apreensiva.— E ela? O que aconteceu? — questionou Cátia, tentando controlar a ansiedade.—
O sol brilhava intensamente na manhã em que Cátia decidiu se encontrar com a terapeuta que Ricardo havia contratado. Desde a última conversa tensa com sua mãe, a necessidade de cuidar de sua saúde mental se tornou uma prioridade. Ricardo estava sempre ao seu lado, apoiando cada decisão que ela tomava, mas Cátia sabia que a cura verdadeira vinha de dentro. Precisava de ajuda para lidar com a dor e a confusão que a cercavam.A terapeuta, Dra. Ana, era uma mulher de meia-idade, com um sorriso caloroso que parecia acolher Cátia assim que ela entrou na sala. As paredes estavam adornadas com quadros de paisagens tranquilas, e uma suave música instrumental tocava ao fundo, criando uma atmosfera calma.— Bom dia, Cátia. Fico feliz que você tenha vindo — disse Ana, gesticulando para que Cátia se sentasse em uma confortável poltrona.— Bom dia — respondeu Cátia, um pouco nervosa, mas determinada a abrir seu coração. — Estou tentando... Você sabe, superar tudo isso.Ana assentiu, compreendendo a
Quatro meses se passaram desde que Cátia enfrentou a devastadora perda de seu bebê, e, com isso, a angústia de não saber o que realmente acontecia com sua mãe, agora presa, crescia a cada dia. Apesar dos esforços da polícia e do apoio emocional de Ricardo, Cátia sentia que um peso imenso pairava sobre seus ombros. O silêncio da mãe era quase mais doloroso do que a dor que já tinha enfrentado.Foi em uma manhã ensolarada que a polícia finalmente trouxe a notícia que Cátia tanto esperava. Sua mãe estava disposta a falar. Contudo, o que seria uma conversa de reconciliação e compreensão se transformou em um pesadelo.Cátia recebeu a notícia enquanto estava em uma de suas sessões de terapia com a Dra. Ana. A terapeuta interrompeu a sessão para informá-la que os detetives a procuravam. O coração de Cátia disparou; esperava que a mãe finalmente revelasse os motivos de suas ações, mas, ao mesmo tempo, temia o que poderia ouvir.— O que ela disse? — Cátia questionou, ansiosa.— Eu não tenho to
Seis meses se passaram desde a dolorosa perda do bebê, e Cátia sentia que uma nova fase de sua vida estava prestes a começar. A consulta com sua médica ginecologista, tinha sido um divisor de águas. Com um sorriso no rosto, a médica lhe dissera que seu corpo estava finalmente pronto para uma nova gravidez. Esse era um sinal de que as coisas estavam se acertando e que ela poderia, enfim, seguir em frente.Ao sair do consultório, Cátia mal podia conter a emoção. Ela estava mais do que pronta para tentar novamente. A ideia de ser mãe ainda ardia em seu coração, e agora, finalmente, havia esperança. Com um renovado espírito, ela dirigiu-se para casa.Chegando ao apartamento, Cátia tomou um momento para si mesma. A energia em seu corpo pulsava com uma combinação de desejo e expectativa. A primeira coisa que fez foi se olhar no espelho. Ela estava mudando, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Olhos que antes carregavam tristeza agora brilhavam com uma determinação vibrante.Ela decid
O ar estava pesado na sala de interrogatório da delegacia. Cátia estava nervosa, com as mãos trêmulas e o coração acelerado. Ela não sabia ao certo o que esperar. Depois de meses de silêncio, sua "mãe", a mulher que a criara, havia finalmente começado a falar. E o que estava prestes a ser revelado poderia mudar sua vida para sempre.Ricardo estava ao seu lado, segurando sua mão com firmeza, tentando passar-lhe segurança. Do outro lado da sala, os pais de Laura, Paulo e Sandra, também estavam presentes, convocados pela polícia. O clima estava carregado, e a tensão entre eles era palpável.A porta se abriu com um rangido, e a mulher que Cátia havia chamado de mãe por toda sua vida entrou algemada. Ela tinha um sorriso de escárnio no rosto, como se estivesse se divertindo com a situação. Seus olhos percorriam a sala com um brilho maligno. Ela foi conduzida até a cadeira, e as algemas foram retiradas, mas seu olhar nunca deixou os pais de Laura.— Então, vamos começar? — a policial disse,
Cátia estava nervosa enquanto Ricardo dirigia até a casa dos pais de Laura, sabendo agora que eles eram seus verdadeiros pais. A revelação de que Paulo e Sandra eram seus pais biológicos ainda parecia algo irreal. Durante dias, Cátia tentou processar a enxurrada de informações que a vida lhe jogara, mas nada poderia prepará-la para o encontro que estava prestes a acontecer.Assim que o carro de Ricardo passou pelo grande portão de ferro forjado, os olhos de Cátia se arregalaram. A casa à frente era imponente, uma verdadeira mansão. O jardim era vasto, perfeitamente cuidado, com flores coloridas e esculturas de mármore. Havia uma fonte no meio do jardim, cujo som suave da água contribuía para o clima quase surreal. Quando chegaram à porta da frente, dois empregados abriram a entrada principal, que revelava um saguão grandioso, com piso de mármore e um lustre enorme no teto. Cátia ficou sem palavras.— Uau... — murmurou, seus olhos viajando pelo interior luxuoso.Paulo e Sandra, já espe