As primeiras luzes do amanhecer filtravam-se pelas cortinas do quarto de Lucas, enquanto o despertador tocava com seu som irritante. Ele estendeu a mão, sonolento, para silenciá-lo, mas já estava ciente de que o dia que se iniciava não lhe traria descanso. O último ano do ensino médio avançava a passos largos, e com ele, a pressão do vestibular crescia como uma sombra cada vez mais presente em sua vida.Lucas levantou, sentindo o peso da rotina repetitiva. Ao descer para a cozinha, encontrou Laura já acordada, preparando o café da manhã. Ela lhe lançou um sorriso encorajador, mas ele apenas respondeu com um aceno de cabeça, ainda meio perdido em seus pensamentos."Bom dia, Lucas", disse Laura, tentando animá-lo. "Dormiu bem?""Sim…", respondeu Lucas, ainda não tinha acordado totalmente. “E quanto aos estudos, tudo certinho?", indagou Laura.Lucas assentiu com a cabeça.“Se precisar de alguma coisa, estamos aqui, tá bom?", disse Laura, com um toque de preocupação na voz. "Você está se
Era uma manhã tranquila, e Laura estava em sua sala de estar, aproveitando um raro momento de silêncio antes de iniciar mais um dia de trabalho em home office. Enquanto saboreava o café, seu telefone tocou. Ao ver o nome de Megan na tela, um sorriso se espalhou em seu rosto. Fazia um tempo que não conversavam, e a ligação da amiga trouxe uma onda de nostalgia."Oi, Meg! Como você está?" Laura atendeu com entusiasmo."Laura! Estou ótima e cheia de novidades. E adivinha só? Vou para a sua cidade neste fim de semana. Quero muito te ver, podemos nos encontrar?" disse Megan, a voz cheia de animação."Claro! Que surpresa boa. Mal posso esperar para te ver. O que te traz aqui?" Laura perguntou, curiosa."Ah, tenho tantas coisas para te contar! Casei, acredita? Com o meu primeiro namorado, o Gael. Ele voltou para o Brasil, e estamos morando em São Paulo. E, como se isso não fosse suficiente, estou grávida!" Megan revelou com um riso alegre.Laura quase derramou o café ao ouvir as notícias. "O
A manhã começava com uma leve neblina pairando sobre a cidade. O clima estava mais frio do que o habitual, e Lucas, como de costume, levantou-se cedo para começar sua rotina de estudos. O vestibular se aproximava rapidamente, e o peso das expectativas estava cada vez mais presente em sua mente. Ele se esforçava ao máximo, mas, inevitavelmente, o estresse começava a se acumular.Após o café da manhã, Lucas seguiu para a escola. Como de costume, ele se encontrou com Jade no corredor. Os dois já tinham criado um hábito de estudar juntos, e hoje não seria diferente. No entanto, havia algo no ar, uma conexão que ambos estavam começando a sentir, embora nenhum deles tivesse ainda colocado em palavras."Bom dia, Jade. Pronta para mais um dia de batalha?" Lucas disse, com um sorriso cansado.Jade sorriu de volta, ajustando a alça da mochila em seu ombro. "Sempre pronta, embora às vezes eu só queira uma pausa de tudo isso."Eles se dirigiram para a biblioteca, onde costumavam se encontrar depo
O telefone tocou na manhã fria de uma terça-feira. Daniel, que estava prestes a sair para o trabalho, atendeu sem pressa, sem imaginar que aquele toque comum traria consigo uma notícia devastadora. Do outro lado da linha, a voz trêmula de sua mãe, Ana, mal conseguia formar as palavras. "Daniel... seu pai... ele se foi", conseguiu dizer entre soluços.O mundo de Daniel parou por um momento. Aquelas palavras eram inconcebíveis. Jorge, seu pai, sempre fora uma presença forte e constante, alguém que parecia indestrutível. Mas ali estava a realidade, crua e implacável, derrubando qualquer ilusão de permanência. Daniel sentiu um nó na garganta, o ar faltando em seus pulmões. Tentou dizer algo, mas as palavras ficaram presas em sua boca. Ana continuou, entrecortada pela dor: "Foi um infarto fulminante... ele não sofreu, foi rápido."Depois de alguns segundos que pareceram horas, Daniel conseguiu murmurar um "Estou indo, mãe". Ele desligou o telefone e ficou parado, ainda processando a notíci
A mudança de Ana para a casa de Daniel e Laura trouxe uma nova dinâmica para a família. A dor da perda de Jorge ainda pairava no ar, mas a presença de Ana, com seu jeito carinhoso e suas habilidades culinárias, começava a aliviar o peso da tristeza que todos sentiam. Lucas, em especial, se mostrava mais animado com a chegada da avó. Desde pequeno, ele sempre teve um carinho especial por ela, e agora, a perspectiva de tê-la por perto todos os dias era algo que aquecia seu coração.Logo na primeira semana, Ana fez questão de preparar seus pratos favoritos. A casa foi tomada pelo aroma inconfundível das receitas que Lucas tanto amava. Ela preparou um ensopado de carne com legumes, exatamente como Jorge gostava, e que há muito tempo não era feito. Ao sentir o cheiro que vinha da cozinha, Lucas se aproximou, não só para observar, mas para aprender os segredos daquela receita que sempre o fazia voltar à infância."Eu não sabia que sentia tanta falta disso, vó," disse Lucas, enquanto ajudava
Os primeiros raios de sol filtravam-se pelas cortinas da sala, mas, naquele dia, a luz não trazia o conforto habitual. Dentro de casa, a atmosfera estava carregada, refletindo o turbilhão emocional que Lucas enfrentava. Com o vestibular se aproximando, cada dia trazia uma nova onda de pressão, e o jovem, que sempre fora tranquilo e equilibrado, começava a mostrar sinais de desgaste.No quarto de estudos, Lucas encarava os livros espalhados à sua frente com uma mistura de frustração e exaustão. O estresse dos estudos começava a afetá-lo de maneiras que ele não havia previsto, e isso transbordava para outras áreas de sua vida, principalmente seu relacionamento com Jade.— Eu só não entendo por que você não consegue ver isso do meu jeito — disse Lucas, sua voz mais alta do que o habitual, enquanto discutia com Jade ao telefone. — Eu preciso estudar. Não posso me dar ao luxo de perder tempo com outras coisas agora.— Eu sei que o vestibular é importante, Lucas, mas você também precisa de
O dia amanheceu tenso. Daniel estava envolvido em um dos casos mais complicados de sua carreira, defendendo um jovem acusado de tráfico de drogas, cujo irmão, um conhecido criminoso, havia sido morto durante uma operação policial. Desde o início, Daniel sabia que esse julgamento traria muitos desafios, mas ele jamais poderia imaginar o que estava por vir.No tribunal, a sala estava lotada. Havia uma atmosfera de apreensão no ar, com familiares da vítima e do acusado presentes, todos esperando ansiosamente pelo desfecho. Os debates eram intensos, e Daniel se mantinha firme, conduzindo seu trabalho com a habitual competência e atenção aos detalhes.Enquanto isso, do lado de fora, a segurança do tribunal estava em alerta máximo. As ameaças veladas que surgiram ao longo do julgamento não foram ignoradas, e o policiamento havia sido reforçado. Mas, em um momento de distração, alguém conseguiu burlar a segurança, entrando armado no recinto.O som de tiros rasgou o ar, interrompendo o silênc
Os dias após o incidente no tribunal foram marcados por uma inquietação que Lucas não conseguia dissipar. A imagem do caos, dos tiros, e da adrenalina estampada no rosto de seu pai continuavam a ecoar em sua mente, como um lembrete constante da fragilidade da vida e das escolhas que ele teria que fazer em breve. Com o vestibular se aproximando, a dúvida sobre qual curso seguir começou a crescer dentro dele, transformando-se em uma sombra constante que pairava sobre seus pensamentos.Naquele sábado, enquanto o sol já ia alto, Lucas se trancou no quarto com seus livros, mas o estudo parecia impossível. A dúvida sobre seu futuro o consumia. Ele se sentia dividido entre seguir uma carreira mais tradicional, como Direito, inspirado pelo exemplo de Daniel, ou aventurar-se em algo mais alinhado com suas paixões, como Medicina ou Fisioterapia. A pressão aumentava a cada dia, e a sensação de que precisava tomar uma decisão o oprimia.Depois do almoço, Laura notou a expressão distante de Lucas