No momento em que o coração de Ana lentamente se afundava nas profundezas das águas, gelado e pesado, uma sequência de passos estranhos rompeu o silêncio.Ana pensou que fosse Paolo causando algum barulho, estava prestes a dizer algo quando, de repente, ouviu um som de animal.Os pelos de Ana se eriçaram instantaneamente, e ela apertou o bastão em suas mãos, rezando para que aquele som fosse apenas uma alucinação causada pelo seu extremo estresse.Mas então, o som de um animal ecoou novamente, agora ainda mais perto do que antes.O corpo de Ana começou a tremer involuntariamente, ponderando se sua decisão havia sido realmente um erro.Afinal, tudo o que ela queria era uma resposta, não queria apenas assistir impotente seus dois filhos se afastarem dela.Após um breve momento de estupefação, o desejo de Ana pela sobrevivência se sobrepôs ao medo. Ela não queria deixar sua vida nas mãos do destino nesse lugar desconhecido.Ela levantou-se e começou a correr desesperadamente, apesar de se
Ana ficou atônita por um momento, como se não esperasse que Paolo fizesse isso. Mas Paolo estava certo, então ela se esforçou para levantar seu corpo enfraquecido, só que, antes de conseguir se erguer completamente, um tiro retumbante soou ao seu redor. Um cheiro de pólvora se espalhou, e o lobo que mordia Paolo foi atingido e soltou-o, fugindo sem olhar para trás.Os tiros atrás dela não soaram novamente. Ana imediatamente foi verificar como Paolo estava.- Você está bem?Paolo, perdendo muito sangue, via tudo embaçado. Ao ouvir Ana preocupada se ele estava bem, não pôde deixar de pensar, com uma ponta de admiração, que ela ainda era uma mulher de coração mole, preocupando-se até com alguém como ele...Mas Paolo já não tinha mais forças para se manter consciente. Usando o último fôlego que lhe restava, ele falou:- Alguém está vindo, você deve ser salva. Desta vez, não seja impulsiva, você precisa sobreviver, é a única esperança. E, se puder, cuide da minha mãe...Depois de falar, a c
Ana simplesmente não conseguia entender como ele havia chegado a tal conclusão, mas mesmo assim, ela tentou explicar com esforço.- Ele acabou de me proteger de um ataque daquele lobo. Se não fosse por ele, eu provavelmente teria a garganta arrancada e morrido no local. Por isso, não posso simplesmente assistir ele morrer aqui.- E eu? - Leo de repente começou a caminhar em direção a ela, apertando os ombros de Ana com força, como se quisesse esmagar seus ossos. - Eu não fiz tudo isso por você? Por que você não se sente comovida?Os lábios de Ana se mexeram, tentando dizer algo, mas sem conseguir emitir som.Se alguém já se convenceu de algo, qualquer coisa que ela dissesse seria apenas uma defesa inútil.Ela nunca o traiu. Os esforços anteriores de Leo, ela também os havia apreciado profundamente, não foi?Caso contrário, ela não teria ignorado os conselhos de sua mãe e deixado de lado tantas preocupações, apenas para ficar com Leo.Infelizmente, agora, para Leo, talvez tudo parecesse
Se fosse antes, provavelmente Leo teria cuidado e carinho ao apertar o cinto de segurança dela, e só colocaria o carro em movimento depois de ter certeza de que ela estava bem acomodada. Agora, em apenas alguns dias, tudo mudou. Mas Ana não perdeu muito tempo nesse estado de espírito, e também não tinha mais tanta energia para se preocupar com esses detalhes. - Leo, seu pai disse que quer levar Pedro e Tomás de volta para a família Santos, eu não posso aceitar isso, você não pode levá-los embora?O olhar de Leo, que estava fixo à frente, se tornou ainda mais intenso ao ouvir essas palavras, e suas mãos apertaram o volante com mais força.Ele pensou que Ana tinha subido no carro obedientemente para explicar alguma coisa, ou talvez para pedir desculpas pelo absurdo que tinha feito.Mas não, era apenas pela custódia das crianças.Para ele, ela realmente não tinha mais nada a dizer.Um ódio indescritível se espalhou em seu coração, e com uma voz gélida, Leo respondeu devagar:- Se você
O carro se movia lentamente pela escuridão, apenas seus faróis cortando a escuridão. Dentro do compartimento estreito, a atmosfera era sufocante.Ana, sem perceber, inclinou a cabeça para o lado, caindo num sono profundo. Mais do que dormir, parecia um desmaio. Desde a manhã, ela não comeu nada, e havia passado por tantas coisas: pega em flagrante, levada a este lugar, anunciada como separada de seus dois filhos, quase morta por um lobo... Tudo isso num único dia, deixando-a exausta física e mentalmente.Leo, sentindo a respiração tranquila ao seu lado e vendo Ana aparentemente adormecida, instintivamente quis endireitar sua cabeça para que não se apoiasse na janela trêmula do carro. Mas então, achou seu gesto ridículo e, como se tivesse levado um choque, recolheu a mão.Leo riu de si mesmo com desprezo. "Esta mulher me traiu, e ainda assim não consigo evitar sentir pena dela. Devo estar louco ou apenas sou muito masoquista."Algumas coisas se tornavam hábito, não mudando da noite par
Leo não falou mais, seu olhar se voltava para o rosto pálido de Ana sob a luz, ainda marcado por cicatrizes e manchas de sangue, emanando uma vulnerabilidade tocante.Mas talvez tudo isso não devesse mais ser sua responsabilidade. Sob o olhar atento de Dantes, Leo se virou e deixou o lugar.Dantes ordenou que vigiassem Paolo, e em seguida, seguiu Leo.Embora Paolo fosse seu neto, os laços com Leo, criado sob seus olhos desde pequeno, eram indiscutivelmente mais fortes. Poupar sua vida já era mais do que suficiente.Quanto ao resto, ele não tinha interesse em se envolver.Saindo, o ancião viu Leo prestes a abrir a porta do carro e o abordou.- Você nesse estado ainda quer dirigir? Vamos, veja sua mãe.Disse isso e, puxando Leo, subiu no carro estacionado ao lado. Leo não protestou. Após deixar o hospital, embora fisicamente presente, sua alma parecia perdida.Seu coração, vazio, como se algo essencial tivesse sido arrancado, levando consigo suas emoções.Dantes, observando seu estado de
Dantes imediatamente ficou com uma expressão feia. Sempre se sentiu culpado em relação a Mariana, por isso não queria vê-la sofrer nem um pouco. Ele sabia muito bem o quanto ela sentia falta dos dois netos. Antes, quando estavam no país de origem, Mariana frequentemente falava sobre o desejo de ver seus netos. Não esperava que essas duas crianças fossem criadas tão cruelmente... Parecia que essa Ana era mais temível do que imaginavam. Talvez, ao criar os filhos, ela ocasionalmente os influenciasse, cultivando neles um ódio pela família Santos, o que fez com que uma criança de cinco anos pudesse machucar seus próprios parentes.- Isso é inaceitável. Se eu soubesse, teria trazido as crianças mais cedo. Não sei o quanto Ana as influenciou, mas a educação futura deve ser rigorosa, não podemos deixar que façam algo tão perigoso novamente. - Dantes falava seriamente, já pensando em como disciplinar as crianças no futuro. Leo franziu a testa, prestes a dizer algo, quando de repente ouviram
Apenas... Pedro falou por muito tempo, mas Leo não mostrou intenção de se mover.Tomás, ao lado, observava sua expressão facial, como se de repente tivesse percebido algo. Crescendo em meio ao perigo, Tomás era muito sensível às expressões faciais dos outros.Tomás se aproximou e perguntou em voz baixa:- Pai, você acredita naquelas coisas?Ao ouvir isso, Pedro também levantou a cabeça rapidamente, observando a expressão de Leo.Era verdade, se fosse antes, sabendo que algo aconteceu em casa, Leo não estaria hesitando assim. Provavelmente, ele desejaria poder voar diretamente para lá.Agora, esse comportamento não tinha outra explicação senão acreditar naquelas absurdidades.Leo, vendo a expressão ferida dos dois meninos, ficou atordoado.- Que coisas? Vocês viram tudo?Esses eventos vergonhosos, Leo nunca pensou em deixar os dois meninos saberem. Eles ainda eram jovens, e saber demais sobre a escuridão do mundo adulto precocemente poderia afetar sua saúde mental.- Ela nos mostrou tud