Eu estou na All in. Uma boate elitizada. Estou à procura de sexo com alguma desconhecida. As ofertas não são escassas. Enquanto eu deslizo uísque pela garganta observo as mulheres sentadas num banco de couro vermelho ao meu redor, acomodadas numa grande mesa.Nessa noite estou tendo sérios problemas para me concentrar na loura de lábios enxertados, seios cirurgicamente aumentados, ou na morena-alta de corpo bem feito, ou na oriental seminua dando aquele olhar que significa “vai em frente”.Estou distraído, ocupado demais observando uma garota do outro lado do salão. Não estou a observando essa loira pelo fato de ela ser bonita, com seu vasto cabelo loiro caindo sobre os ombros e belos olhos verdes. Nem mesmo pelo vestido que marca seu corpo perfeito. A garota bebe sozinha no bar. Alguns rapazes surgem ao lado dela, mas não tem cacife para despertar sua atenção. O motivo de observá-la é que eu estou me sentindo enfadado, mesmo quando as garotas tentam chamar minha atenção, rindo, puxa
—Sim. São os boatos em torno de você.Eu dou uma risada.—Garota, eu tenho isso na vida real e já acho uma merda. Prefiro uma mulher que me desafie do que se submete. Allah! Por que, atualmente, todos parecem obcecados com esse tipo de coisa? O que é publicado nos tabloides é fofoca e fantasia. Especulações sensacionalistas e manchetes inventadas para vender mais que os outros jornais.Ela assente e ajeita o vestido.—Quando nos vemos novamente? —Ela pergunta.Eu coloco minha cueca.—Não nos vemos. Boa noite.Conduzo a garota pelo meu apartamento até a saída. Depois de trancar a porta faço o caminho de volta me sentindo oco, transtornado por isso.Onde está Khadija?A imagem dela pegando a rodoviária e partindo para longe aperta meu coração. A imagem tremulou e vacilou atrás das lágrimas dos meus olhos. É tanta dor no meu coração, que eu não sei o que fazer para aliviar isso. Eu tenho que encontrar Khadija, tentar reverter esse mal.Deito na cama e rolo, sem conseguir dormir.Eu amo d
Duas semanas depois... Khadija Já se passaram duas semanas desde que eu saí da mansão. Meu amigo Roger e sua namorada, que aparece em sua casa de vez em quando, têm me tirado da solidão. Meu enjoo matinal ainda está me afetando duramente todas as manhãs. O bom é que eu não tenho me preocupado com nada nesses dias. Nem em fazer as refeições, pois Kate, uma senhora que cuida da casa de Roger me chama todo os dias para fazer as refeições na casa dele. Helena, sua namorada, no começo não me viu com bons olhos. Mas depois que ele teve uma conversa com ela, me aceitou. Acredito que Roger tenha contado toda a minha situação. Não sei se ele contou em detalhes para ela. Talvez sim, pois às vezes ela me olhava com pesar. Sim, eu era digna de pena. Roger se mostrou um amigo maravilhoso. Sempre depois do jantar conversamos um pouco até eu me despedir e me recolher com aquela minha reserva habitual. Não quero abusar, sei que ele trabalhou o dia inteiro. Eu sempre me sinto atrapalhando de alg
Sinto a culpa me rasgar por dentro ao lembrar do que fiz, do modo que a tratei e ainda pior quando propus que nos víssemos apenas para supri minha necessidade sexual por ela. Apesar de saber que é verdade, eu o olho com raiva. — Só ela tem esse poder de decisão. Ela que decide se ela quer rejeitar o que tenho a lhe dizer. Eu preciso falar com ela. —Ela não quer falar com você. Aliás, ela não quer ver tua cara. Por um momento, tenho dificuldade de entender o que está acontecendo, enquanto as últimas palavras de Smith são processadas por meu cérebro. Passei a mão pelos cabelos, nervoso. —Então você sabe onde ela está? —Eu questiono, ofegante. Uma raiva crescente se forma no meu coração. Eu o olho como um homem das cavernas em resgate a sua fêmea. —Sim. Esqueça Khadija. Ela não é as putas que vive saindo. — Ele diz, entredentes. Eu me irrito quando vejo que o controle da situação escapou das minhas mãos. Allah, não me castigue dessa forma! —Khara!—Rosno. —Eu sei! Ele ri do meu d
Uma semana e quatro dias longe dela...Allah! Até quando ficarei no escuro?RashidDescobri que o médico tem namorada. Ela frequenta sua casa constantemente. Meus homens flagraram um beijo de despedida na porta de sua casa. Essa informação melhorou o meu humor, embora ainda eu esteja angustiado por não encontrar Khadija.Tem sido dias infernais, às vezes me perco na minha tristeza, sem conseguir prestar atenção em nada. As pessoas falam comigo, mas eu não consigo ouvi-las.A secretária às vezes me passa documentos para assinar e muitas vezes eu tenho que ler três vezes para entender, pois eu não consigo me concentrar. Estou tão desligado de tudo e todos e tão ligado ao meu passado com Khadija que isso tem atrapalhado o andamento do meu trabalho.Os finais de semana são piores. Eu me sinto mais angustiado. Ando pela casa como uma alma penada ou no meu quarto como um animal enclausurado.Não consigo comer direito, não durmo direito. Khadija sempre na minha cabeça. Eu me sinto perdido e
Cinco meses depois desde que Khadija desapareceu...O trabalho tem sido meu refúgio nesses últimos meses. Tenho trabalhado como um condenado tentando tirar esse vazio dentro do meu peito.Agora estou indo para um almoço de negócios importante com meu staff e dois franceses. Meu objetivo? Paris, onde pretendo fazer a construção de um novo hotel... estou negociando o preço do terreno com eles. O valor que eles querem está nas alturas. Entendo que a procura é muito maior que a oferta. Ainda mais num local tão privilegiado como aquele, quase em frente à Torre Eiffel.Quando chego ao restaurante do meu hotel, sentamos e pedimos bebidas. Tiro meu paletó e fico bem à vontade. A conversa começa a fluir entre nós, mas nada deles baixarem o preço. Então tiro minhas cartas da manga, e faço a seguinte proposta: Eles terão cinco por cento de participação nos lucros do hotel. Mas os caras são jogo duro e querem cinquenta por cento.Allah!Eu nego com um forte não de cabeça. Irredutível.—Lã! (Não!)
Minutos depois um doutor de cabelos grisalhos entra.—Boa tarde. —Ele me cumprimenta.—Boa tarde.Ele me olha sério, as sobrancelhas erguidas.—Senhor Barak, o senhor chegou aqui com um caso grave de hipertensão. É um milagre que esteja bem. Você poderia ter tido um AVC ou um enfarto. Isso pode ser hereditário, ou alimentação ou provocado por estresses.Eu respiro fundo.—Eu ando meio estressado ultimamente.—O senhor foi medicado, mas sugiro que passe por alguns exames. Não precisa ser agora. Mas faça um checkup. Estou te passando um remédio que o senhor tomará todos os dias pela manhã. É um controlador de pressão. O senhor não deve esquecer de tomá-los, pois não sabemos se é um caso isolado ou se voltará a acontecer.—Está certo. Não vou esquecer. Eu posso ir agora?—Sim, vou te dar alta. Só espere findar o soro com a medicação e poderá ir. Estou deixando a receita.Minutos depois ele me entregou.—Obrigado.Ele me encara sério.—Faça refeições leves e pouco sal. Evite refrigerantes
Sim, há um abismo entre nós. Muita coisa tinha acontecido. E eu não consigo aceitar isso. A dor e a decepção dentro de mim são absurdas. Embora sei que foi tudo culpa minha, sou assolado por revolta e dor.—Agora é da minha conta, você carrega um filho meu. —Digo.—Rashid, não pode entrar assim. Quero que me esqueça. Eu quero refazer minha vida longe de você.Não gosto da maneira que ela fala comigo. Naquele momento é como tomar um balde de água fria na cabeça Fecho os olhos por um momento. A dor dentro de mim é atroz. Abro meus olhos e a encaro com um olhar miserável.Respiro fundo e me aproximo, ela dá um passo para trás e fica encurralada entre eu e o sofá. Minhas mãos sobem até seus ombros e eu a puxo para mim, apoiando sua cabeça em meu peito, beijando suavemente seu cabelo. Sou embriagado por seu cheiro, pelo amor e saudade, com uma paixão que lateja dentro de mim e quer extravasar.Ela fica sem ação no princípio, mas depois começa a se debater, eu a afasto e a encaro:—Khadija.