O cansaço já havia me dominado completamente. Meus pés estavam doloridos, a respiração ofegante, e o peso de cada passo parecia maior do que o anterior. Eu mal conseguia manter os olhos abertos de tão exausta, mas a necessidade de continuar, a necessidade de encontrar o Cristal da Alma, me impelia a seguir. Raven e seus corvos guiavam a nossa jornada, mas o tempo parecia se arrastar, como se a floresta quisesse nos testar, esticar cada momento até que não restasse mais força em nossos corpos.Faziam dois dias que estávamos em busca do cristal, e o que antes parecia uma missão com esperança de sucesso, agora se tornava um peso insuportável. A floresta não parecia ter fim. As árvores, gigantescas e antigas, se estendiam até onde meus olhos cansados podiam ver. Os corvos de Raven, em seus gritos guturais, continuavam nos conduzindo, mas eu mal conseguia distinguir os sons em meio ao turbilhão de pensamentos que me atormentavam.Estávamos todos exaustos, nervosos e famintos. O estômago ro
A caverna estava em silêncio absoluto, exceto pelo som distante da água caindo na cachoeira, que ecoava pelas paredes rochosas e suavizava o peso do que estávamos prestes a fazer. A luz suave do Cristal da Alma iluminava o ambiente, criando um brilho etéreo nas paredes e no piso de pedra, quase como se o próprio tempo tivesse parado ali. Eu sentia o peso das palavras de Raven em minha mente, seu olhar firme e determinado, mas também carregado de uma dor que não conseguia esconder. Ele estava disposto a fazer o que fosse necessário para salvar Dylan, mesmo que isso significasse arriscar sua própria vida.Eu estava ao lado dele, preparando os últimos detalhes do ritual. Meu coração batia freneticamente, o medo apertava minha garganta. Eu sabia que o que estávamos prestes a fazer não era apenas perigoso; era proibido, uma violação das leis naturais que, se fosse mal executada, poderia destruir tudo ao nosso redor. O cristal ainda pulsava em minhas mãos, sua energia envolvia meu corpo, co
O ar dentro da caverna estava denso, pesado com a magia que corria por cada fio de minha pele. O Cristal da Alma diante de mim pulsava, e a sensação de sua energia era inebriante, como se todo o universo estivesse concentrado naquele único ponto. Eu podia sentir o peso de tudo o que havíamos feito até ali — as escolhas, os sacrifícios, os momentos de dúvida que pareciam não ter fim. Mas, mais do que isso, eu sentia a essência de Dylan começando a emergir do cristal, e era como se o próprio mundo estivesse esperando pelo momento em que ele retornaria.Raven estava ao meu lado, imóvel, seus olhos fixos no cristal, mas eu sabia que ele estava sentindo a mesma coisa que eu. Ele estava sendo consumido pela magia do ritual, sua energia se esvaindo à medida que o espírito de Dylan tomava forma. Eu podia ver a dor em seu rosto, a luta interna, mas também a aceitação. Ele estava pronto para isso. Ele queria salvar Dylan mais do que qualquer coisa.— Dylan... — murmurei, meu coração batendo com
A escuridão foi minha companheira por algum tempo. Eu não sabia quanto tempo passei ali, imersa no vazio, mas finalmente, uma luz tênue foi se filtrando aos poucos, como se alguém tivesse acendido uma vela distante. O cheiro da terra úmida e das pedras frías ao meu redor me trouxe de volta à realidade. Meus olhos se abriram com dificuldade, e, quando minha visão se ajustou, uma sensação quente e aconchegante preencheu meu peito. Estava viva... Eu ainda estava viva.Olhei ao redor, e o que vi me fez hesitar, me fez querer acreditar que estava sonhando. A primeira coisa que notei foi a figura familiar de Dylan, sentado ao lado de onde eu estava deitada. Seus olhos estavam fixos em mim, mas havia algo diferente. Eles estavam carregados de preocupação, mas também de algo que eu quase não conseguia descrever — algo profundo, uma conexão que me cortou o fôlego.— Violet... — A voz dele soou baixa, rouca, como se ele estivesse lutando para sair de um longo sono. — Você está bem?Eu fiquei al
O som da floresta que sempre me envolvia parecia mais distante enquanto me movia pela cabana, as minhas mãos trêmulas mexendo os ingredientes com uma precisão quase automática. O calor da fogueira na lareira aquecia o ambiente, mas eu sentia um frio interno, como se o peso de tudo que aconteceu ainda estivesse me puxando para baixo. A fraqueza tomava conta do meu corpo, e a visão começava a embaçar. Eu sabia que havia feito o que precisava, mas o esforço estava me cobrando. Minhas pernas cederam, e eu me apoiei na mesa. Tentava respirar com calma, mas as vertigens não passavam.Gwen estava ao lado de Raven, que estava febril, lutando contra o impacto do sacrifício que fizera. Ela e Ivy estavam monitorando sua temperatura, tentando baixar a febre com compressas. Raven estava tão fraco, e eu sabia o quanto o sacrifício dele tinha sido grande. Ele deu tanto de si para me trazer de volta, para que Dylan tivesse a chance de viver. Eu sentia um nó na garganta só de pensar no quanto ele sofr
Já fazia uma semana desde que tudo havia mudado. Raven estava bem, finalmente acordara, embora sua recuperação fosse lenta. A febre dele havia diminuído, mas a fragilidade de seu corpo ainda era visível. Ele passava a maior parte do tempo na cama, sem forças para mais do que apenas respirar e tentar se recuperar. Mas para mim, o que mais pesava era a sensação de que estávamos sendo observados. Klaus não havia desistido. Ele estava por aí, caçando, esperando o momento certo para atacar. Eu podia sentir isso no fundo do meu ser. O perigo estava em cada canto, e a floresta que antes me parecia acolhedora agora me parecia uma armadilha.Mas, entre a tensão crescente e a constante preocupação com Raven e Klaus, havia algo mais que estava consumindo meus pensamentos. Dylan. Ele estava aqui, ao meu lado. Cada vez mais próximo de mim, de uma maneira que eu não sabia como lidar. O cheiro dele, a presença dele, a força de sua energia... tudo me fazia perder o foco. E a cada momento, ele me puxa
A casa onde agora vivíamos, longe da floresta que me acompanhara por tanto tempo, tinha um cheiro de madeira recém-cortada e flores silvestres que traziam uma sensação de tranquilidade que eu há muito não sentia. Estávamos fora de alcance de Klaus e de qualquer outra ameaça que pudesse surgir, e finalmente, tudo parecia estar no seu lugar. Ivy e Gwen haviam partido para o castelo de Raven há alguns dias, e a casa estava silenciosa, mas de uma forma gostosa, como se o tempo estivesse, de alguma maneira, desacelerado só para nós dois.Dylan e eu agora morávamos sozinhos, algo que parecia surreal depois de tudo o que passamos juntos. Mas aqui, naquele lugar isolado, com a neve caindo suavemente lá fora, tudo parecia mais simples. A paz nos envolvia de uma maneira que eu quase esqueci como era.Hoje, era um dia como nenhum outro. Estávamos na cozinha, rindo e cozinhando juntos, uma atividade que nunca imaginei que faria com Dylan, muito menos com a leveza que sentia agora. Ele estava ao m
O fogo crepitava na lareira, lançando sombras quentes e dançantes pelas paredes da casa. O vento uivava do lado de fora, batendo contra as janelas, mas aqui dentro, o calor era confortável, quase aconchegante.Dylan estava sentado no sofá de couro escuro, uma taça de vinho na mão, girando lentamente o líquido vermelho enquanto observava as chamas. Seu olhar parecia distante, perdido em pensamentos que eu não conseguia alcançar.Eu estava deitada no tapete felpudo em frente à lareira, sentindo o calor contra minha pele. Meus olhos estavam fixos na dança do fogo, mas minha mente estava longe. Desde que viemos para essa casa, algo havia mudado entre nós.Dylan estava mais presente, mais próximo. Ainda era dominante, ainda tinha aquele jeito bruto de agir, mas havia uma suavidade ocasional em seus gestos que antes não existia. E, mais do que tudo, ele me olhava diferente. Como se eu fosse algo precioso.O silêncio entre nós não era desconfortável, mas carregava um peso invisível.— Você e