Capítulo 0003
Ela estava usando minhas roupas e acessórios, e, se não olhasse com atenção, poderia até parecer um pouco comigo.

Afinal, nossas mães são irmãs.

Ela me olhava de cima para baixo, com um olhar cheio de inveja e satisfação.

— Prima, você sempre foi tão boa comigo, me dando dinheiro, presentes, até casas. Mas agora, será que você pode me dar mais uma coisa?

Eu mantive a calma e perguntei:

— O que você quer?

— Bruno. Sabia? Eu estou grávida dele, e ele está muito feliz, esperando todos os dias pelo nosso bebê. No futuro, seremos uma família feliz. Por isso, não faz mais sentido você ficar com ele.

— Além disso, sabia que, por causa da sua cegueira, ele foi zombado por todos esses anos?

— Se você realmente o ama, por favor, nos ajude, para que ele possa dizer com orgulho que tem uma esposa saudável e não uma mulher cega, que não pode sair de casa.

Com raiva, peguei a comida da mesa e atirei nela. Ela, furiosa, agarrou meu queixo:

— De que adianta ser um pouco mais bonita e ter uma boa família? Agora, Bruno não está me escolhendo para ir a essa festa?

— Se você fosse mais sensata, Bruno e eu naturalmente seremos bons com você.

— Afinal, se não fosse por você ter me tirado de Vila F, eu provavelmente já teria morrido. Eu nunca vou esquecer esse seu favor.

Depois disso, ela revirou seus quadris e se afastou.

Ela estava cheia de prazer antecipado por sua ascensão, ignorando o olhar fixo e ardente que a observava por trás.

Três dias depois.

Minha mãe chegou com vestido de noiva e, ao perceber que eu já havia recuperado a visão, ficou imensamente feliz.

Quando chegamos à entrada do salão de festas, ela foi chamada para fora, e eu entrei sozinha.

Não demorou muito para eu ver que Bruno e Carla haviam chegado antes. Eles estavam de mãos dadas, parecendo um casal, com Carla ocasionalmente ajustando a cintura, sorrindo timidamente quando alguém percebeu sua barriga de grávida.

Assim que entrei, vi que Bruno olhava para mim com um cenho franzido.

Seus amigos começaram a me observar com risos irônicos. Eles eram conhecidos meus, pessoas que, quando eu ainda estava cega, tentavam me convencer a interceder com meu pai para que eles tivessem oportunidades de negócios. Depois que comecei a namorar Bruno, todos começaram a bajular ele.

— Nair, você sempre foi sensata, não? Eu falei que não era para vir, por que ainda assim veio?

Bruno estava visivelmente irritado.

Olhei para Carla, que estava revirando os olhos, e disse com frieza:

— O que você está fazendo aqui?

Os dois ficaram em choque por um momento, mas foi Bruno quem reagiu primeiro:

— Nair, seus olhos melhoraram? Que bom! Agora você finalmente pode ser a noiva perfeita.

Carla disfarçou a malícia em seus olhos e disse, tentando parecer surpresa:

— Nossa, irmã, que bom! Você finalmente ficou boa, estava tão preocupada com você esses anos todos.

Enquanto falava, ela fingia enxugar lágrimas que não existiam e tentou me abraçar.

Quando desviei, ela caiu no chão, e gritou:

— Ah, Bruno, me ajude!

Bruno correu em direção a ela com uma expressão de preocupação, mas seu olhar para mim era sombrio. Ele pegou Carla nos braços e me disse:

— Nair, peça desculpas! Durante todos esses anos, foi Carla quem cuidou de você, e agora você está se comportando assim?

Rebati, sem medo:

— Ela estava cuidando de mim ou de você?

Ambos mudaram de expressão, e os olhos de Carla se encheram de lágrimas.

— Prima, eu sei que você está sensível por causa da sua doença, mas eu...

Ela se levantou, tentando me segurar para se explicar, mas eu a empurrei e ela caiu novamente, agarrando a barriga e começando a chorar.

Bruno não conseguiu esconder sua dor e me puxou pelo braço, tentando me arrastar para fora:

— Nair, esta é festa de noivado de Família Blanco. Não pode causar mais escândalo aqui...

Antes que pudesse terminar de falar, o salão de festas se apagou de repente, e uma única luz iluminou um homem imponente, Afonso, o herdeiro da Família Blanco, que havia acordado do coma.

Todos ficaram em choque. Ninguém esperava que esse homem em coma há tantos anos fosse despertar de repente.

Afonso atravessou a multidão e seus olhos encontraram os meus. Ele sorriu e disse:

— Vem aqui, minha noiva.

Tentei me soltar de Bruno, mas ele me prendeu de novo.

— Nair, se você continuar com isso, não culpe a Família Costa por cancelar o noivado.

— Prima, Afonso já tem noiva. Apesar de você querer se apegar aos poderosos, não deveria estar tentando isso agora.

Ambos se posicionaram ao meu lado, tentando me puxar para longe.

Afonso, com o rosto fechado, avançou rapidamente e agarrou meu braço:

— Quero ver quem tem coragem de tocar na minha noiva.

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