— Eu vim procurar você. — Eu não tenho nada a falar com você! — Nada a falar? — Esperança mastigou essas palavras, levantou a mão e tirou os óculos de sol do rosto, soltando uma leve risada. — Marília, você realmente não tem nada para me dizer? Marília respondeu com frieza: — Se você não vai comprar nada, não nos atrapalhe com nosso negócio! — Eu soube que seu namorado é médico! Esperança de repente mudou o rumo da conversa. Marília ficou surpresa. Esperança olhou para o rosto bonito e delicado à sua frente, se lembrando de quando ela mesma havia pedido para Marília entregar uma carta de amor a Leandro, e como Marília costumava desabafar sobre as falhas de Leandro, além de chamá-lo de "tio". Esperança sentia inveja de Marília, mas também tinha ciúme dela. Não era por causa de sua boa família, mas porque ela podia ir até Leandro a qualquer hora, em qualquer lugar. Enquanto ela, Esperança, mal conseguia ter um vislumbre dele. "Um homem tão brilhante e bem-sucedido
Esperança teve uma mudança drástica na expressão facial, mas logo se acalmou e disse, com sarcasmo:— Marília, se você realmente tem tanta habilidade assim, o Círculo já deveria saber disso há muito tempo.Marília se serviu de um copo de água, deu um gole e, lentamente, respondeu:— Se você não acredita que eu tenha essa habilidade, hoje não teria vindo aqui me procurar. Além disso... — Ela olhou para o ódio e a inveja nos olhos de Esperança, ergueu as sobrancelhas e, com um sorriso no rosto, continuou. — Você deve saber que o Leandro sempre foi de evitar esse tipo de evento.A calma no rosto de Esperança desapareceu, e toda a raiva acumulada explodiu de uma vez:— Marília, ele é o homem que eu gosto! Como você pode ficar com ele?— O Anselmo era meu namorado antes, e você também não o tirou de mim?— Então, você está fazendo isso para se vingar de mim?Ao ver o fogo de raiva queimando nos olhos de Esperança, Marília sentiu uma satisfação inédita. Algo que havia ficado preso em seu pei
Leandro não respondeu e chamou a enfermeira para pedir que alguém saísse.Esperança, naturalmente, não queria sair. Se não pudesse ter Leandro, ela não deixaria Marília tê-lo!— Leandro, Mimi não gosta de você. Ela está com você para se vingar de mim. Você não deveria cair nessa!Esperança pegou o celular e, diante do homem, reproduziu a gravação.A enfermeira também ouviu e ficou um pouco constrangida. Ao ver os pacientes lá fora, que estavam ansiosos, ela saiu para ajudar e fechou a porta atrás de si.No consultório, Esperança observava o rosto do homem. Percebeu que, ao terminar de ouvir, ele não reagiu de forma alguma. Seus olhos negros estavam profundos e frios, e não era possível perceber nenhum sinal de raiva ou frustração por ter sido enganado.— Você ouviu, não é? Ela sabia que eu gostava de você e só ficou com você por causa disso. O homem de quem ela sempre gostou é o Anselmo...— Terminou? — Esperança nem teve tempo de começar a responder, pois Leandro a interrompeu. — Eu t
Provavelmente, os dois haviam se dado bem durante esse tempo juntos.Marília já havia esquecido que Leandro ainda mantinha o semblante fechado e antipático.Ela olhou para o homem à sua frente, perdida e confusa, sem entender por que ele estava de repente tão irritado!— Leve as coisas e não volte mais aqui!Marília não era boba. Com a reação dele, logo percebeu que a ofensa provavelmente vinha dela.Mas ela não tinha feito nada para irritá-lo na noite anterior. Ele até a tinha acompanhado até em casa.Hoje, ela havia ido diretamente para o refeitório e não subira para incomodá-lo. Talvez fosse porque ela estava sempre no hospital e alguém a tivesse visto, criando uma má impressão dele?Marília sabia que a profissão de médico era frequentemente alvo de reclamações. Ela observou a tensão no rosto dele e, embora estivesse incomodada, guardou seus sentimentos e disse suavemente:— Tá bom, não volto mais aqui!Deixou o copo térmico sobre a mesa e saiu.Leandro a observou enquanto ela desap
Mas hoje, Marília olhou para o celular e viu que já eram seis e quarenta. Por que ele ainda não havia voltado?Marília pensou em mandar uma mensagem para perguntar, mas, ao lembrar da explosão de raiva que ele tivera com ela mais cedo, desistiu da ideia. Quando se está entediada, a mente começa a divagar.Ela ainda estava muito ansiosa. Para tentar se acalmar um pouco, ligou a televisão.O programa de variedades que costumava assistir com tanto gosto já não a interessava mais. Marília, de vez em quando, olhava para a hora no celular. Já eram sete horas, e ele não havia voltado.A comida já estava fria.Se tivesse que trabalhar até mais tarde, pelo menos poderia ter enviado uma mensagem avisando, para que ela soubesse que deveria preparar a comida mais tarde e esquentá-la no micro-ondas. O sabor não seria o mesmo.Marília se sentia um pouco irritada com isso.De repente, o som de uma porta se abrindo no hall de entrada fez seu coração disparar. Ela soube imediatamente que ele havia cheg
— Leandro, eu sei que a Esperança foi até você hoje, e eu posso explicar essa situação...Marília tentava desesperadamente se afastar do toque do homem, mas não conseguia empurrá-lo.O homem segurava sua nuca com firmeza, pressionando os lábios vermelhos dele contra os dela, mordendo e beijando sem qualquer consideração. Sua voz rouca e sensual continuava a zombar dela:— Não precisa explicar, você me usou como ferramenta de vingança, mas eu não tenho o que perder. Uma beleza como a Srta. Marília, só para fazer uma visita ao clube, já custa uma fortuna. Você me deixou levá-la para a cama de graça, por que eu reclamaria?Marília ouviu as palavras humilhantes dele e sua cabeça começou a zunir, ficando ainda mais irritada, fazendo-a se debater com mais força.Mas a diferença de força entre homem e mulher era enorme. Ela não conseguia se livrar do aperto dele, não conseguia escapar de sua agressão.Leandro jogou o cigarro no chão e a ergueu, deitando-a no sofá. Seu queixo foi apertado, for
Quando Zélia ouviu que Marília estava interessada no homem que Esperança gostava, ela ficou confusa. "Esperança gosta de quem?" Ela sabia da história de Marília ajudando Esperança a entregar uma carta de amor naquela época! — Você não está me dizendo que o homem que você está perseguindo agora é o Leandro, né? Marília assentiu suavemente com a cabeça. Zélia ficou chocada. As famílias Barbosa e Santos sempre tiveram negócios em conjunto. O irmão dela era muito amigo de Leandro, que também poderia ser considerado um meio irmão dela. Toda vez que Zélia via Leandro, sentia um calafrio. Se o irmão dela era como alguém com um sorriso encantador, Leandro era como um demônio de rosto sombrio, sem nenhuma expressão normal de alegria, raiva ou tristeza. Como Marília dizia, ele sempre mantinha o rosto gelado, o que o tornava extremamente repulsivo.Ela nunca imaginou que Marília teria coragem de persegui-lo! Zélia levantou o polegar em aprovação. — O que você acha que eu deveri
Marília deslizou a lista de contatos para cima novamente, confirmando repetidamente que realmente não havia mais o WhatsApp de Leandro. Ele realmente a tinha apagado! Como ele poderia gostar dela? Marília ficou extremamente irritada e, ao mesmo tempo, sentiu um grande desconforto no coração. Se ele a apagou, que assim seja! Ela não iria procurá-lo de novo, acabou! Marília jogou o celular na gaveta e apagou a luz para dormir. No dia seguinte, uma colega de trabalho lhe deu dois cupons para o cinema, dizendo que o namorado dela, que trabalha no metrô, havia recebido dez cupons e, como não conseguiram usar todos, ela lhe deu dois. As outras colegas ganharam um, mas Marília recebeu dois, porque sabiam que ela não era solteira. Marília pensou em contar para as colegas que havia terminado o relacionamento, mas logo percebeu que elas perguntariam o motivo. Ela refletiu um pouco e decidiu não contar nada. Segurando os cupons de cinema, por algum motivo, a imagem de Leandro ap