― Onde você vai? — Josephiné abriu as pernas e mostrou a carne rosada no meio das coxas. ― Posso entregar seu presente aqui.
Eu tinha duas alternativas: sucumbir aos meus impulsos primitivos ou vencer aquela mulher que deslizava o dedo de dentro para fora da parte rosada . Por três anos, eu estive dentro daquele corpo, mas não houve um só dia em que eu não fechasse os meus olhos e pensasse em Nicole.
— Estou bem servido! Minha esposa sabe o que eu gosto. Além disso, Nicole é só minha! Não preciso de mais de uma pessoa ou de brinquedo para satisfazê-la.
Eu não julgo pessoas que curtem esse lance de menáge ou de brinquedos sexuais assim como Josephiné e Marcello gostavam, mas eu sempre fui monogâmico, não costumo compartilhar o que é meu.
― Certeza, chéri?
Oi, amores! Perdoem a demora. Prometo que amanhã publico a visão dele sobre tudo o que aconteceu depois do jantar. Será que ele vai conseguir lidar com tanta tensão?
A minha cabeça estava apoiada no encosto acolchoado da cadeira, ajeitei o meu torso e admirei a mulher linda que ajeitava o vestido e tentava se recompor. Tinha mais de dois minutos que as batidas haviam cessado. — Vamos, garotão! — Exibiu um sorriso torto. — Se pudesse, eu atravessaria aquela sala de estar e iria direto para o nosso quarto — resmunguei e levantei da cadeira. Puxei minha calça de linho azul e fechei o zíper. — Você sabe que não suporto aglomerações. — Isso foi ideia da sua mãe! — Nicole arrumou os cabelos desgrenhados com as mãos, limpou a maquiagem no espelho redondo com uma moldura dourada. — Hey, desfaça essa carranca! — Virou-se e passou os braços pelo meu pescoço. — Depois do jantar podemos continuar a nossa brincadeira. Liguei para Nicole inúmeras vezes, mas ela não me atendeu. Estava preocupado e queria saber para onde ela teria ido com os meus filhos. Levantei da poltrona e passei a mão no pescoço. — Nicole, me diz onde você está? — Deixei a mensagem. As lágrimas ardiam nos meus olhos e a sensação de nó na garganta só crescia. Cocei a minha testa e vaguei até a varanda. Apoiei-me no batente da porta e fitei a imensidão do céu azul. Nicole sempre insistia para tomarmos café na varanda, mas eu sempre estava na correria, mal tinha tempo para comer. Disquei novamente o número dela, e mais uma vez, caiu na caixa de mensagens. — Moverei céus e terra para te encontrar! — Essa situação entre nós sempre se repetia: Nicole fugia e eu corria atrás. — Você é minha! Eu nunca vou deixar você! — Desliguei o telefone, pois os ruídos dasMoverei céus e terra para te encontrar!
Eu estava no carro com o braço encostado no volante enquanto esperava Jenny sair da confeitaria. Espiei o embrulho do presente no banco traseiro pelo retrovisor e cocei o meu rosto com a barba por fazer. Estiquei o meu braço e me inclinei para abrir a porta, Jenny carregava o bolo. Entrou no carro e sentou do meu lado. Em poucos minutos chegamos ao prédio e rumamos até o sétimo andar onde Lana morava, na Zona Sul do Rio de Janeiro. — Oh! Girafa de salto alto! — Jenny fitou-me. Paramos em frente a uma porta branca no corredor com um carpete bege. — Você não tem respeito nenhum por mim! — reclamei. — Pega as chaves, por favor! — Olhou para o umbral da porta. ― Sim, você é minha! — Ajeitei meus óculos. — Nós ainda somos casados! É complicado lidar com um sentimento tão egoísta, eu a amava de tal forma que queria mantê-la sempre por perto para cuidar e proteger. ― Meu advogado entrará em contato para assinarmos os papéis do divórcio — Nicole retrucou agressivamente. — Não quero nenhum centavo do seu bolso ou da sua família. Logo vou para a minha casa e você poderá visitar os nossos filhos. "Porra nenhuma! " Aquela casa do subúrbio tinha uma construção tão antiga que a qualquer momento poderia desabar. ― Nicky, você não vai levar os meus filhos para aquela casa caindo aos pedaços. ― Me aprumei diante dela. Minha voz estava um pouco alterada. ― Vamos para a nossa casa. ― Eu não vou, Alexander! ― Nicole falou grosseiramente. ― Muito bem! — Concordei com os dentes cerrados. — Tomarei as providências cabíveis para reaver a guarda dos meus filhos. ― Franzi o cenho, peguei o copo e engoli o restante do suco de manga. ― Sou tutor do Alex. Já Eu quero você!
Em um domingo tranquilo, eu dirigia pela Avenida Brasil e seguia para o local combinado. O meu carro prata se aproximava da passarela três, fiz a curva e fui até o portão onde Nicky disse que me encontraria. Desde o aniversário de Alex, eu não parava de pensar no que a minha esposa disse sobre o nosso outro filho. Parei o meu carro numa vaga, digitei a mensagem no iPhone e enviei para Nicole. A "senhora pontualidade" estava atrasada. Apoiei meu cotovelo no volante e avistei a enorme placa do local chamado Memorial da Saudade. Admito que pensei em ligar para Nicole e pedir que ela não viesse, não queria que ela sofresse mais com aquela despedida. Me concentrei, respirei pesado e saí do meu carro. No caminho, entrei em uma floricultura e olhei alguns ramos de flores nos jarros. — Posso ajudar? — A mulher com
Eu detestava aquela casa do subúrbio, mas Nicole insistia em permanecer naquele lugar. Estava farto de argumentar, abri a porta do carro e segui Nicole que saiu antes de mim. Ela atravessou aquele portão pequeno e enferrujado e seguiu para aquela varanda minúscula com forro de estuque atacado por cupins. — Você já pode ir! — disse ela depois que entrou naquele lugar. — Eu já estou em segurança. — Tem certeza que você está segura? — Ri. — Sem ofensa, mas esse lugar é o local mais perigoso onde você e os meus filhos poderiam estar. — Ajeitei os meus óculos, entrei e afundei no estofado velho do sofá. — Quero ver o meu filho! — Ele saiu com o seu pai, Alexander! — Jogou a bolsa marrom na mesa e foi para a cozinha. — Eu espero! Fazia sete dias que eu não a via ou recebia mensagens, provavelmente, Nicole estava zangada pelas coisas que falei na hora da raiva. Meu pai me convenceu de que eu deveria dar um espaço para ela pensar. Apesar de discutirmos nos últimos dias, eu sentia falta dela e estava tão preocupado que em uma noite levantei desesperado depois de um terrível pesadelo em que eu procurava Alex e Nicole debaixo dos escombros daquele casebre. Fiquei tão nervoso que perambulei pelo quarto. Eram quase quatro da manhã quando decidi ler para distrair os meus pensamentos. O sol inundava o quarto quando peguei meu telefone e olhei a minha agenda, Annie a enviou na noite anterior. Avaliei os horários das reuniões e notei que naquele dia, Nicole compareceria ao hospital para mais uma consulta. Após o banho, coloquei Quem é esse tal médico?
— Por favor Alexander, não arrume problemas! — Jenny encaminhou-se até a porta. — Eu só quero participar da consulta. — Eu só permitirei porque você é o diretor-executivo. — Tocou na maçaneta prata e girou. Alex foi o primeiro a passar pela porta, ele abraçou Jenny e ajeitou os óculos quando me viu. Coloquei-me de pé e abri os braços. ― Papai! — Correu para o meu colo. Nicole entrou na sala e deu alguns passos comedidos pelo piso de porcelanato cinza-claro. O rosto estava mais corado e viçoso, ela me cumprimentou com o sorriso refreado enquanto eu abraçava o meu filho. ― Nicky, deite-se ali! ― Jenny indicou o interior da sala. ― Eu vou lavar as mãos e já volto. —