Ponto de Vista de Scarlett— Hmm... Quer dizer, um gesto bonito, mas é o que um marido faz por sua esposa quando realmente vivem sob o mesmo teto juntos. E nós não moramos. Hesito diante de sua mão, um pouco assustada, sem saber como recusar sem parecer muito hostil. Eu não quero mais transformá-lo no meu inimigo. É cansativo odiar alguém. Mas não sei como ser amigável sem dar falsas esperanças. Não podemos voltar atrás. — Estou aqui com presentes. — Ele puxa dois arquivos de trás das costas como se fossem flores secretas. — Pegue minha mão e eles são seus. Sei com certeza que você não vai querer perder pelo menos um deles. São os papéis do divórcio? Eu quase solto isso, mas engulo as palavras. Seria muito cruel. — O que é isso? — Exijo, antes de pegar sua mão. Ele levanta uma sobrancelha, parecendo um pouco surpreso, enquanto ri. — Eu pensei que você perguntaria se são os nossos papéis de divórcio. Seria uma boa piada, se o sorriso dele não fosse tão amargo. —
Ponto de Vista de ScarlettEu paro, mas não sei como virar.Por um longo momento, fico ali, e por um longo momento, ele espera pacientemente atrás de mim.Quão maravilhoso teria sido se ele tivesse me feito essa pergunta em QUALQUER MOMENTO durante o nosso casamento? Se ele tivesse duvidado um pouco de Ava, naquela longa janela de tempo em que eu mantinha a esperança, eu teria corrido para contar a verdade. Se eu tivesse ao menos uma centelha de confiança de que ele teria acreditado em mim, eu teria feito isso.Mas agora...Eu me viro, apenas para encontrá-lo parado na grama verde enquanto já estou sobre o asfalto gelado. Uma linha dura entre nós, como os cinco anos que podemos saltar. Ele me olha com um olhar complexo demais para eu entender completamente. Nos seus olhos estão esperança, luta, hesitação e... medo.Medo de quê? De eu ser a garota que ele salvou? Ou não?— A pergunta é... — Respiro fundo só para poder encará-lo. — Você quer que eu seja?Você estava cuidando de A
Ponto de Vista de Scarlett — Eu... Devo... A você? — Levanto as sobrancelhas, cutucando o peito dele com uma carranca. Sebastian ri do meu "ataque", apertando minha cintura com mais força: — Eu te devo milhões de desculpas e mais. Te devo um bom marido, um lar confortável e cinco anos de felicidade, mas sim, essa única coisa, você me deve. — Eu te dei uma chance e um milhão depois disso. — Resmungo, tentando empurrá-lo com os braços como uma cunha entre nós. Esforço em vão. — Você não me ama mais, né? — Sebastian pergunta, e eu baixo os olhos. Ele levanta meu queixo com um dedo curvado, mas, para minha surpresa, há um sorriso em seus olhos, em vez de tristeza. — Sei que não ama, e eu mereço isso. Mas você me forçou a casar com você quando eu não estava apaixonado, e você me deve uma chance de te conquistar agora, quando nossa posição é exatamente o oposto. — Eu só quero o que você me pediu há cinco anos, Scar. — Sebastian me olha com seus olhos profundos. — Cada pedacin
Ponto de vista de Damian— Surpreendido em me ver sem a sua pequena mascote? Estou prestes a morrer de tédio na festa do Oliver. Bem, mais ou menos uma "festa". É só um clube onde vários atores costumam se reunir, e ele só convidou alguns outros e colocou o nome de "noite de verdade ou desafio". Às vezes, gosto de tomar uma bebida com ele, mas em um ambiente mais tranquilo, não desse jeito. — Eu não ficaria se não estivesse preso aqui, então, obrigado por isso. —Reviro os olhos para ele, descansando os braços e o pescoço no encosto do sofá enquanto tento aliviar a rigidez neles. O Oliver chama a Lilith de minha "pequena cauda" porque tenho trabalhado horas extras ultimamente... algo que normalmente não faço... só para passar tempo com a Lilith. Nunca gostei dessa regra de mentor-aprendendiz nos escritórios de advocacia, mas quando ela entrou, não pude evitar afastar todos os outros sócios que tinham os olhos nela. Nunca pensei que fosse querer uma para mim. Mas como pod
POV da ScarlettMeus ciclos menstruais nunca foram regulares, mas, ainda assim, eu deveria ter percebido.Náusea, cansaço, mudança no paladar... Você acharia que seria óbvio, mas você só percebe, depois, quantos sinais ignorou.Assim como eu venho ignorando os sinais gritando para mim de que o homem com quem eu estava casada nunca me amaria de volta, por mais que eu tentasse.Eu vim para a consulta de saúde pensando: "Qual é a pior coisa que pode acontecer? Se fosse câncer, eu conseguiria lidar."Mas com isso eu não conseguiria lidar.Um bebê.A melhor coisa chegando no pior momento.Não sei quando sentirei aquele amor materno poderoso que sempre ouvi falar, mas tenho certeza da reação DELE. Ele vai odiar o bebê.É melhor que seja apenas um câncer. Pelo menos isso faria um de nós feliz.Sentada no lobby movimentado do andar da maternidade, sozinha, tento absorver a notícia. Meus esforços são em vão. De repente, meus olhos se enchem de lágrimas, enciumada pelos casais felizes e amorosos
POV da ScarlettSentada no táxi a caminho de outro hospital – o hospital onde ELA está, para vê-lo. Eu me sinto mal. Enjoo de carro, enjoo matinal, ou apenas... enjoo dessa viagem.Essa é a viagem que mais odeio, e é uma viagem que venho fazendo há dez anos: ela está sempre no hospital, e ele está sempre perto dela, mesmo antes do nosso casamento.Isso é o que acontece quando o homem de quem você gosta ama sua irmã que tem a doença de von Willebrand, combinada com o tipo sanguíneo RH-, nada menos.Sim, a doença em que a pessoa não pode se curar de sangramentos, com o tipo sanguíneo que apenas 0,3% das pessoas possuem.Até mesmo um pequeno corte no dedo pode ser letal para ela. Por isso, ela é o tesouro mimado de toda a família, a intocável, o milagre que consegue tudo o que quer só por existir.Eu? Até a minha existência é ignorada.Meus pais só têm Ava em seus olhos. Meu irmão me odeia como se eu tivesse roubado a minha saúde de Ava.Não, eu apenas roubei o homem dela.Mas eles já me
POV da Scarlett— O transplante de medula óssea foi há três meses, boba.A risada de Sebastian segue o pedido dela até o corredor vazio.Coloco minha mão na maçaneta da porta, mas não consigo encontrar forças para girá-la. Já vi o quanto eles são carinhosos um com o outro, tantas vezes, por tanto tempo.Como se fosse uma tortura, eu simplesmente fico ali parada, ouvindo.— Hoje é só um check-up de rotina, e o resultado tem sido bom todas as outras vezes, não é? — Sebastian conforta.Eu podia ver o sorriso carinhoso dele na minha cabeça enquanto ele acalma o amor de sua vida, sua mão poderosa acariciando a cabeça dela como se ela fosse a flor mais delicada do mundo.Esse calor e esse amor são algo que eu só experimentei uma vez dele e, naquela única vez, eu pensei que tinha tocado o sol. Por aquele único momento de luz que vi na minha vida sombria, eu me joguei em direção ao sol, apostando com tudo o que tinha.E, assim como o sol, ele me queimou.Não importa o quanto eu o amasse, não
POV da ScarlettApago o cigarro na lixeira quando a porta dela se abre.Sebastian franze a testa para mim, permanecendo na porta, a meio corredor de distância de mim. Ele me odeia fumando. Ele me encararia, me repreenderia ou, como agora, ficaria longe, com nojo estampado no rosto.É um hábito nojento, mas uma mulher precisa de ALGO para liberar a dor no peito ou ela vai explodir. Mas, pensando bem, se sua delicada Ava pudesse ter esse hábito, ele com certeza se juntaria a ela.— Então?Ele coloca uma mão no bolso, me encarando enquanto finalmente se aproxima. Ele faz isso quando está impaciente. Como, o tempo todo comigo.Olho para o rosto dele, bonito e dominante, igualzinho ao dia em que ele me encontrou naquela floresta. Mas, naquela época, aqueles olhos eram claros como cristal, com brilhos como a Via Láctea. Agora, são pura escuridão de ódio.Ele estala os dedos para chamar minha atenção.— Desculpe...Eu desvio os olhos para o chão, puxando os papéis do divórcio. Ele estica a mã