007 Sob o Sol
POV do Sebastian

Eu não respondi à mensagem da Scar. Ela nunca iria embora. Ela só manipula com ameaças como essa.

Talvez eu tenha passado tempo demais com a Ava recentemente, e a Scar está fazendo birra. Ela deveria entender que é uma vida em risco, mesmo que essa vida pertença à irmã que ela odeia.

Não é que eu não entenda a Scar. Eu entendo. Sendo a saudável, ela sente inveja de toda a atenção extra que a Ava está recebendo. Por isso, ela é a criança problemática. Sempre rebelde, mas orgulhosa, agindo indiferente, mas implorando por amor. Ela está sempre procurando atenção, com mensagens ácidas, lágrimas ou um divórcio.

Não achei que ela realmente me daria um assinado. Pense na catástrofe se eu ousasse realmente seguir com isso.

Com certeza, Scar voltou.

Também não estava mais com aquela mala meio vazia. Acho que o show dela termina hoje à noite.

Afinal, hoje tivemos o melhor resultado nas plaquetas sanguíneas de Ava, quase chegando ao nível normal. Hoje é o dia em que Ava finalmente poderá ter uma vida normal.

— Por um momento, eu realmente pensei que ela iria embora.

Ava diz, segurando seu smoothie com as duas mãos, como uma criança. Ela tem que ser cuidadosa com tudo, e isso a torna a dama quieta que é:

— ...você ganhou.

Ava viu a mensagem da Scar. Ela apostou que Scar iria embora, eu, pelo contrário.

Se Scar pudesse sair, ela não teria usado o ferimento de Ava para me chantagear cinco anos atrás.

— Sebastian...

Ava hesita, e eu me viro para ela:

— É muito horrível da minha parte...desejar que ela vá embora?

— Scar te machucou cinco anos atrás, então não, não é horrível se sentir assim.

Scar sabia como impotente Ava se sentia em relação à doença dela, e ainda assim usou isso como uma vantagem quando Ava mais precisava dela.

Ela poderia ter ganhado minha gratidão se tivesse salvo sua própria irmã sem condições, mas, em vez disso, teve que me chantagear e me fazer odiá-la.

Há uma razão para todos a odiarem.

— Fica aqui essa noite?

Ava olha para o céu que está ficando mais escuro:

— Você não pode dirigir. Você bebeu.

Olho para o meu relógio. Scar está lá dentro já há quase vinte minutos, eu franzo a testa e murmuro sobre a pergunta da Ava:

— Scar pode dirigir...

Se ela não dificultar muito as coisas para mim e voltar para casa comigo docemente.

Ela se esforçou muito nessa birra dessa vez, até chegar aos papéis de divórcio. Eu sei que terei que pagar por isso, mas resolver tudo sobre a cirurgia da Ava ainda vale a pena.

Além disso, Scar não é difícil de convencer.

— Esse relógio... É da Scar?

Ava olha e eu escondo meu relógio, mas é tarde demais.

— Acho que o relógio que eu te dei já está velho, né?

Não está velho. Está quebrado, pela Scar. Ela é mesquinha assim. Quebra as coisas que a Ava me dá "por acidente", e as substitui pelas dela. Não gosto do fato de ela estar me marcando como um cachorro marcando território.

Ela não gosta de ficar na casa dos Fullers, nem tem sua mala com ela. Então, o que está demorando tanto?! Pensando na briga que vamos ter essa noite, sinto minha paciência se esvair rapidamente.

— Scar só me compra luxos quando ela está chateada comigo, usando o MEU dinheiro.

Brinco com a Ava, não querendo que ela se machuque com o tratamento tão rude do presente dela.

— Você sabe como os gatos arranham o sofá quando estão irritados? Igualzinho.

— Um gato? Ela é tão fofa aos seus olhos. — Ava ri. — E eu, o que sou para você?

Um rouxinol, eu quero dizer. Mas é nesse momento que um estalo alto ressoa acima de nossas cabeças. Algo de vidro quebrou. Junto com uma série de gritos distantes demais para identificar de onde vêm.

O escritório de Jack Fuller.

Claro que é a Scar. Quem mais?

Passando a mão na ponte do nariz, me levanto e arrumo meu terno:

— Desculpe por isso, acho que tenho uma bagunça para limpar...

Eu não deveria ter deixado nossos problemas domésticos explodirem na casa dos outros.

Para minha surpresa, quando cheguei ao escritório de Jack, vi Scar sentada no chão, com a palma da mão cobrindo o rosto, rodeada de pedaços de porcelana quebrada, e alguns cortes pequenos nas pernas.

Scar não foi quem explodiu?

Parece que Jack a estapeou. Ao cair no chão, Scar derrubou um vaso do armário com ela.

Eu sei que a Scar deve ter dito algumas coisas desagradáveis, mas, ainda assim, Jack não deveria ter levantado a mão contra uma mulher, e muito menos contra a própria filha.

— O que está acontecendo aqui?

Eu pergunto, pela porta, bloqueado pelos cacos quebrados.

É nesse momento que Scar me nota, com o choque nos olhos antes de se transformar em raiva feroz. Seus olhos vermelhos e cheios de lágrimas me deixam surpreso. Eu nunca vi essa expressão no rosto dela...

Bem, nunca vi uma dirigida a mim.
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