Ponto de Vista de Damian— O que está acontecendo? — Oliver franze a testa na direção do bar.Ele está olhando naquela direção desde que Scarlett Fuller saiu. Ele disse que estava interessado nela, mas eu pensei que fosse brincadeira. Quero dizer, eles mal se conhecem. Mesmo que ele tenha algum interesse nela, não deve ser algo tão profundo.— Nada está acontecendo, é apenas um bar e ela é uma adulta. — Eu o provoco. — Se você realmente está preocupado com ela, talvez você devesse me ajudar a descobrir por que ela tem medo de mim.Eu não gostaria que um problema tão aleatório atrapalhasse meu desejo de conhecê-la melhor. Quero dizer, ela provavelmente é uma Vanderbilt.— Talvez seja porque você tem sido frio com ela. — Oliver me encara, irritado. — Quero dizer, o que é isso? Eu duvidaria do seu amor por Alice se eu não soubesse o que sei.Tenho sido frio com ela?Quero dizer, exceto pela primeira vez, quando eu achei que ela tinha intimidado minha Alice. Acho que não fui exatame
Ponto de Vista de ScarlettEu estremeço com as palavras dele. Sebastian me agarra pela cintura, esfregando meus braços gelados antes de se virar para Damian Vanderbilt, como um leão enfurecido. Eu puxo seu paletó e o detenho. Eu mereço isso. Eu escolhi o bebê ao invés de Lilith, quando deveria ter ido com os homens de Jack Fuller. Ela era forte, mas ainda era apenas uma mulher que praticava boxe como hobby. Ela poderia ter se machucado se Sebastian não estivesse aqui. — Sinto muito. — Murmuro, mas Damian Vanderbilt não vai ouvir. — Você deveria se desculpar! — Ele grunhe friamente. — Da próxima vez, lide com os seus próprios problemas em vez de colocar os outros em perigo por sua causa! Embora eu saiba que fui a culpada, não consigo evitar que meus olhos se encham de lágrimas e que meus ouvidos queimem com a dor que suas palavras causam. Oliver Scott sai da multidão, ficando entre mim e seu amigo com uma expressão triste. Ele não diz nada, mas sua presença faz o ar parecer
Ponto de Vista de Scarlett — Ava, é você? Sebastian pergunta, e eu desvio o olhar. Não seria bom para mim encarar a dor e a preocupação estampadas em seu rosto. — Sebastian, estou com medo... — Ava suplica, com a voz embargada pelo choro. — Vai ficar tudo bem. — Ele a conforta pacientemente. — Você pode passar o telefone para seu pai? Preciso falar com ele, sozinho. Um breve silêncio, até a voz de Jack Fuller soar novamente: — Estou aqui. — Não quero que Ava ouça isso. — Sebastian insiste, aguardando. Eu não aguento mais esperar. Esperei por ele tempo suficiente. Viro-me para sair, mas ele agarra meu antebraço e me puxa de volta para ele. Ao esbarrar nele, coloco a mão sobre a boca para não emitir nenhum som, pois o maldito telefone está bem diante de mim. — Ela não pode te ouvir. — Jack Fuller responde calmamente. — Bom. — Sebastian acena ligeiramente com a cabeça. — Parece que Ava não está morrendo por falta de sangue, então o que você precisa da presenç
Ponto de vista de ScarlettEu dormi no quarto em que estive nos últimos cinco anos. Sozinha, mas ele já me trazia uma paz há muito perdida. Sebastian cumpriu sua promessa e me deu a casa inteira para mim. Acordei com minha rotina, na minha própria casa, com um humor revigorante que nada poderia arruinar. Até que me lembrei que o aniversário da Ava era em três dias. As festas de aniversário dela sempre foram um dos eventos mais sofisticados da cidade, com todos os tipos de celebridades presentes. Claro, ela tem se destacado como atriz jovem, com papéis comprados ou conquistados, mas essas pessoas estão bem além do nível de amizades que ela poderia fazer. Elas não estão ali por ela, nem pelo sobrenome Fuller de segunda linha. Elas estão ali porque Sebastian foi a estrela da festa de aniversário dela por tanto tempo quanto eu me lembro. Este ano, ele não participou do planejamento. Seu nome ficou bem distante da festa de aniversário dela, até mesmo da lista de convidados. I
POV da ScarlettMeus ciclos menstruais nunca foram regulares, mas, ainda assim, eu deveria ter percebido.Náusea, cansaço, mudança no paladar... Você acharia que seria óbvio, mas você só percebe, depois, quantos sinais ignorou.Assim como eu venho ignorando os sinais gritando para mim de que o homem com quem eu estava casada nunca me amaria de volta, por mais que eu tentasse.Eu vim para a consulta de saúde pensando: "Qual é a pior coisa que pode acontecer? Se fosse câncer, eu conseguiria lidar."Mas com isso eu não conseguiria lidar.Um bebê.A melhor coisa chegando no pior momento.Não sei quando sentirei aquele amor materno poderoso que sempre ouvi falar, mas tenho certeza da reação DELE. Ele vai odiar o bebê.É melhor que seja apenas um câncer. Pelo menos isso faria um de nós feliz.Sentada no lobby movimentado do andar da maternidade, sozinha, tento absorver a notícia. Meus esforços são em vão. De repente, meus olhos se enchem de lágrimas, enciumada pelos casais felizes e amorosos
POV da ScarlettSentada no táxi a caminho de outro hospital – o hospital onde ELA está, para vê-lo. Eu me sinto mal. Enjoo de carro, enjoo matinal, ou apenas... enjoo dessa viagem.Essa é a viagem que mais odeio, e é uma viagem que venho fazendo há dez anos: ela está sempre no hospital, e ele está sempre perto dela, mesmo antes do nosso casamento.Isso é o que acontece quando o homem de quem você gosta ama sua irmã que tem a doença de von Willebrand, combinada com o tipo sanguíneo RH-, nada menos.Sim, a doença em que a pessoa não pode se curar de sangramentos, com o tipo sanguíneo que apenas 0,3% das pessoas possuem.Até mesmo um pequeno corte no dedo pode ser letal para ela. Por isso, ela é o tesouro mimado de toda a família, a intocável, o milagre que consegue tudo o que quer só por existir.Eu? Até a minha existência é ignorada.Meus pais só têm Ava em seus olhos. Meu irmão me odeia como se eu tivesse roubado a minha saúde de Ava.Não, eu apenas roubei o homem dela.Mas eles já me
POV da Scarlett— O transplante de medula óssea foi há três meses, boba.A risada de Sebastian segue o pedido dela até o corredor vazio.Coloco minha mão na maçaneta da porta, mas não consigo encontrar forças para girá-la. Já vi o quanto eles são carinhosos um com o outro, tantas vezes, por tanto tempo.Como se fosse uma tortura, eu simplesmente fico ali parada, ouvindo.— Hoje é só um check-up de rotina, e o resultado tem sido bom todas as outras vezes, não é? — Sebastian conforta.Eu podia ver o sorriso carinhoso dele na minha cabeça enquanto ele acalma o amor de sua vida, sua mão poderosa acariciando a cabeça dela como se ela fosse a flor mais delicada do mundo.Esse calor e esse amor são algo que eu só experimentei uma vez dele e, naquela única vez, eu pensei que tinha tocado o sol. Por aquele único momento de luz que vi na minha vida sombria, eu me joguei em direção ao sol, apostando com tudo o que tinha.E, assim como o sol, ele me queimou.Não importa o quanto eu o amasse, não
POV da ScarlettApago o cigarro na lixeira quando a porta dela se abre.Sebastian franze a testa para mim, permanecendo na porta, a meio corredor de distância de mim. Ele me odeia fumando. Ele me encararia, me repreenderia ou, como agora, ficaria longe, com nojo estampado no rosto.É um hábito nojento, mas uma mulher precisa de ALGO para liberar a dor no peito ou ela vai explodir. Mas, pensando bem, se sua delicada Ava pudesse ter esse hábito, ele com certeza se juntaria a ela.— Então?Ele coloca uma mão no bolso, me encarando enquanto finalmente se aproxima. Ele faz isso quando está impaciente. Como, o tempo todo comigo.Olho para o rosto dele, bonito e dominante, igualzinho ao dia em que ele me encontrou naquela floresta. Mas, naquela época, aqueles olhos eram claros como cristal, com brilhos como a Via Láctea. Agora, são pura escuridão de ódio.Ele estala os dedos para chamar minha atenção.— Desculpe...Eu desvio os olhos para o chão, puxando os papéis do divórcio. Ele estica a mã