Leopoldina estava no céu.
Lancelot parecia estar de volta em seu antigo molde, nos últimos meses ele parecia mais distante, seus problemas de saúde deixaram o marido meio impaciente e parecia que as viagens para a cidade o acalmavam. Sabia que o marido visitava suas amantes, saía com seus amigos e tinha uma vida social que ela não podia lhe dar.
Foi no seu momento de se recuperar de uma de suas gripes que não a deixava olhando suas meninas brincando que um estalo bateu em sua mente.
Nas idades de serem apresentadas à corte, Leopoldina não conseguiria levá-las para os salões. Seu medo pelas pessoas tomava conta de seu corpo só de pensar, suas mãos tremiam e seus olhos perdiam a cor, princi
Leopoldina nunca pensou que uma janta ia ser tão ruim assim.Fazia muito tempo que não via uma janta assim.Suas meninas em seus mundos de divertimento enquanto seu marido está bem ali na sua frente, a encarando nem menos tocando em sua comida, enquanto ela tenta desesperadamente voltar à normalidade, com Tulipa ainda precisando de certa ajuda para tentar comer mais do que por para fora de sua boca. Deixando uma menina ruivinha tão sujinha, a fazendo pensar no banho que teria que dar em todas e depois nela mesma, a fazendo choramingar com esse pensamento.- Onde esteve essa tarde? – Melissa surgiu alheia ao olhar de morte que recebeu de Lancelot.- Descascando. – Leopol
O palacete diamante negro sempre foi um dos palacetes mais belos da família de Leopoldina. Sabia que seu primo estava tomando conta da família deles agora, o único homem da família longe de uma idade avançada. Olhar para aquelas grandes árvores que indicam o caminho, os campos verdes e ao longe a casa completamente preta com janelas escuras dava um ar mais dark, combinava com a família.Olhando de canto de olho, sabia que Lancelot parecia meio nervoso, tinha prometido se comportar, mas o homem parecia mexido com muitas coisas, seus quadros estavam bem embalados e... tudo parecia bem.Quando a carruagem para.E o homem a ajudou a descer. Pode-se dizer que Leopoldina sentiu um certo pavor, lá estava Poppy e suas amiga
Leopoldina poderia dizer que essa viagem estava abrindo sua mente para a realidade que ela luta para não ver.De manhã, depois de comer algo, viu seu marido sumir com a prima, fazendo-a sentir uma queimação em seu interior. Decidiu que ficaria longe das pessoas e principalmente dele para poder ter um pouco de paz e tentar bordar ou até mesmo tirar essa insegurança de seu pobre coração.Mas o tormento a acompanhava.Enquanto tentava fazer um cervo naquele pano simples que achou jogado pelo palacete, acabou se acomodando em uma das bibliotecas. Foi no meio de suas tentativas falhas de parar de fazer sua mão tremer que ouviu.- Por que não larga
Podia dizer que ela não queria voltar para o quarto.Mas tinha que ser crescida e talvez o libertasse de um mal?Bom, Lancelot parecia nervoso e, quando estava assim, andava de um lado para o outro enquanto ela continuou parada, sentada num pequeno banco.- Sobre o que você viu... – Sentiu uma queimação em sua pele, Leopoldina simplesmente ignorou aquela coceira nervosa.- Se não está feliz, por que não termina o casamento? – Aquilo o fez parar no meio do caminho e ela simplesmente o encarou curiosa.- O quê? – A voz saiu quebrada e sem força.
A viagem para casa foi um silêncio.Quando Leopoldina conseguiu colocar os pés em sua casa, relaxou um pouco mais.Lancelot, depois daquele escândalo, queria fugir para casa, mas ela foi para aquele palacete com um objetivo que era vender, e falando nisso, ela vendeu. Achou irônico que as obras que estavam lá eram aquelas que ele disse que nunca ia vender porque contava sobre o amor deles, parecia que o mesmo queria descartar suas lembranças mais tristes. Porque Lancelot ficou olhando para os quadros por um tempo, atônito a tudo que acontecia à sua volta.Agora em casa, o homem parecia distante e frio.Nem com suas meninas ele queria conversa.
A viagem para o mar alíviou o pulmão de Leopoldina.A dor em seu interior estava ficando pior, a fraqueza também, mesmo se alimentando e bebendo água, mas nada fazia mudar o ritmo de seu corpo. Os banhos foram ficando com mais frequência porque pelo menos conseguia fugir da dor das respirações, sem contar que ficava longe de Lancelot, que parecia meloso, dizendo que a ama toda a hora e tentando tirar a ideia do divórcio. Se não tivesse visto como o homem parece mais feliz longe dela, até aceitaria seus pedidos.Mas parecia marcado em sua mente o jeito como ele olha para Madeleine.Com olhos que nunca pareceram se encaixar nela, ou até mesmo aquele brilho intenso onde a tempestade que dominava seu
Leopoldina tinha chegado ao fundo do poço.A viagem à praia não acabou bem, ela realmente queria ter ido embora depois daquela bagunça, mas suas meninas queriam tanto aproveitar um pouco de paz e sucesso.Mas quando chegaram em casa, foi realmente frio e sem aquela alegria que tinha. Quando surgiu uma viagem para Lancelot ir a trabalho, ele aceitou bem rápido, fazendo a mente dela pensar que o mesmo tentou ir ver Madeleine dar aquelas promessas que ele sempre a deixava segura. Suas filhas pareciam ser seu único momento de alívio para aquele sentimento de estorvo.Sua fome tinha deixado seu corpo e o sentimento de vazio a tomou.Lancelot tinha engravidado sua querida p
Em 4910.Leopoldina finalmente desistiu de dormir, essa noite foi repleta de eventos que marcaram seu futuro e, mesmo aceitando a maioria, parecia que andavam num rumo perigoso. Saindo da cama e vagando pela casa de festas, envolvendo-se em seu roupão, decidiu ir atrás de algum romance. Ficou de certa forma triste que não veria mais esse pequeno palacete que envolvia a família Silva Santos, onde tinha bailes e sarais. Mesmo que não participasse, ficava olhando.O palacete em questão tinha um ar meio mitológico. Dona Cleusa tinha um gosto por mitologia grega e fez o palacete do marido ter um ar mais antigo, com grandes pinturas mostrando como o mundo foi feito à base dos olhos dos antigos. Sempre ficava um tempo olhando cada pintura, mesmo que isso às vezes chamass