Algumas horas mais tarde, Daphine estava ocupada arrumando as coisas no carro, concentrada em colocar tudo em ordem para a viagem. Enquanto organizava as malas, ela se lembrou de algo importante: havia deixado alguns pertences no porão da casa de Jones. Eles eram itens que ela precisaria em breve, mas não havia tempo para voltar e pegá-los pessoalmente. Com isso em mente, Daphine decidiu pedir ajuda à sua amiga, Carla.Ela pegou o telefone e discou o número de Carla, esperando que a amiga atendesse. Quando Carla atendeu, Daphine não perdeu tempo.— Carla, sou eu, Daphine — disse, sua voz um pouco tensa. — Lembra aquelas coisas que deixei no porão da casa de Jones? Eu realmente preciso delas, mas estou a caminho de Norwich para pegar as coisas da minha mãe e não posso voltar agora. Será que você poderia pegá-las para mim?Carla, sempre disposta a ajudar, respondeu sem hesitar:— Claro, Daphine. Não se preocupe, eu cuido disso. Vou até lá agora mesmo e te aviso quando pegar tudo.Daphin
Daphine sentiu uma mistura de sentimentos enquanto aguardava, perdida em suas memórias. Rodrigues, seu pai adotivo, havia sido uma figura importante em sua infância, vivendo com sua mãe por quinze anos e proporcionando-lhe uma sensação de família. No entanto, ele também havia se afastado nos momentos em que ela mais precisou, deixando uma ferida que nunca cicatrizou completamente. O som da porta se abrindo novamente a trouxe de volta ao presente, e lá estava ele, o homem que ela um dia chamou de pai.Rodrigues estava visivelmente emocionado, com o rosto marcado pelo tempo e os olhos brilhando de uma saudade mal disfarçada.— Daphine! — Ele exclamou, quase num sussurro, a voz rouca e carregada de emoção. — É você?Antes que ela pudesse responder, Rodrigues a envolveu em um abraço apertado e caloroso. O toque familiar a fez recordar os tempos de sua infância, antes do distanciamento, mas, ao mesmo tempo, uma parte dela queria se manter distante, proteger-se das emoções que esse reencont
Quando Daphine entrou na casa que um dia fora seu lar, uma onda de nostalgia a envolveu, mas ela logo percebeu que o ambiente estava diferente. As paredes haviam sido pintadas de um tom claro e moderno, a decoração agora era minimalista, e o cheiro familiar de madeira e chá que um dia a confortava havia sido substituído por um aroma fresco de flores recém-colhidas. Era como se a casa tivesse passado por uma transformação completa, algo que Daphine jamais imaginaria. Ela ficou em silêncio, absorvendo as mudanças ao seu redor, mas antes que pudesse comentar qualquer coisa, uma mulher apareceu no corredor.A mulher tinha um sorriso cativante, o tipo de sorriso que aquece qualquer ambiente. Ao ver Rodrigues ao lado de Daphine, ela se aproximou, com os olhos brilhando de curiosidade e alegria.— Olá! — cumprimentou a mulher animadamente. — Você deve ser a Daphine! Rodrigues me falou muito sobre você.Rodrigues colocou a mão no ombro de Daphine, introduzindo-a com orgulho.— Esta é minha fi
Daphine dirigia pela estrada com o olhar atento, mantendo o foco no caminho que a levava ao ponto de encontro onde Carla a aguardava ansiosa. O destino era importante, mas mal sabia ela que, a alguns quilômetros dali, em Manchester, um plano sinistro estava sendo orquestrado. Na floresta Bury, um grupo de homens se reunia sob a liderança de um indivíduo que exalava autoridade. Diferentes dos padrões sociais, aqueles homens se vestiam como se não se importassem com as convenções. A maioria deles ostentava barbas e cabelos longos, conferindo-lhes um ar selvagem e despreocupado. No entanto, havia um que se destacava — o líder.Ele era Frederick, um homem de meia-idade com um corpo atlético e músculos bem definidos. Seus traços eram perfeitos, e o rosto bem-feito era emoldurado por olhos acinzentados que transmitiam uma confiança inabalável. Quando começou a falar, sua voz grave e firme imediatamente capturou a atenção de todos. Era como se sua presença emanasse uma força irresistível, um
Daphine seguiu seu caminho com o coração pesado, uma inquietação que ela não conseguia explicar. O silêncio da estrada apenas amplificava o turbilhão de pensamentos em sua mente. Ao perceber que estava ficando mais ansiosa, ela decidiu ligar para Bruce. O telefone tocou algumas vezes antes de ele atender.— Daphine, está tudo bem? — Bruce perguntou, a voz dele misturando preocupação e urgência.— Sim, tudo bem… ou, pelo menos, acho que está — respondeu Daphine, tentando soar calma, mas sem conseguir esconder completamente a apreensão em sua voz. — Só queria te avisar que estou a caminho de Snowdonia. Algo estranho aconteceu na casa do Rodrigues, mas estou bem. Só… só achei melhor te avisar.Bruce fez uma pausa, percebendo a tensão nas palavras dela.— Você quer que eu vá ao seu encontro? Posso estar aí em menos de uma hora.— Não, não precisa. Eu já estou quase chegando. Só queria que você soubesse onde estou. Caso algo aconteça...— Fique atenta, Daphine. Qualquer coisa, me liga.Dap
Theo se ajoelhou ao lado do corpo de Andrei, seu rosto marcado por uma expressão de pesar e análise cuidadosa. Com dedos ágeis, ele examinou as marcas profundas no pescoço de Andrei, que indicavam um ataque implacável. Era evidente que Andrei não havia partido sem lutar; suas garras estavam expostas, manchadas de sangue que não era só dele. Theo estreitou os olhos ao ver o estado das garras, sua mente conectando os pontos: Andrei havia enfrentado o agressor com toda a sua força antes de sucumbir.Daphine estava ao lado, os braços cruzados como se tentando se proteger do frio e da dureza da realidade que se desdobrava diante dela. A expressão em seu rosto era um misto de tristeza e determinação. Ela olhou para Theo e depois para Alexander, que observava atentamente, as engrenagens em sua mente claramente em movimento.— Pai, isso não foi algo simples. Foi planejado. — disse Theo com firmeza, sua voz carregada de uma urgência contida. — Olha isso. Andrei lutou até o fim. Não foi pego de
O clima na casa de Alexander era sombrio e carregado de tristeza. A notícia da morte repentina de Andrei foi um golpe duro para todos, um pesar que pairava sobre a alcateia como uma nuvem pesada e densa. Andrei, apesar de ter sido um membro recente do grupo, rapidamente conquistou o respeito e o afeto de todos com sua bravura e lealdade inabaláveis. Agora, seu lugar estava vazio, e a perda parecia insuportável.Após receber a notícia do falecimento de Andrei, Alexander reuniu todos e comunicou o ocorrido com a voz embargada. Cada palavra era carregada de uma dor que ele tentava esconder, mas que transparecia em seus olhos e na forma como suas mãos tremiam levemente ao segurar o copo de uísque. Ele também entrou em contato com Bruce e Ethan, solicitando que permanecessem em Londres e trouxessem Caleb com eles o mais rápido possível. A presença de Caleb se tornava essencial para o que estava por vir.Com o romper da aurora, a casa começou a se encher de membros da alcateia. Eles chegava
No entardecer daquele dia, enquanto sombras alongadas dançavam sobre o casarão, conferindo uma atmosfera quase mística ao lugar. O som distante de pássaros era pontuado pelo barulho suave do cascalho sob os pneus do carro de Bruce, que se aproximava devagar pela longa estrada que levava até a casa. Era um momento de quietude, um prelúdio para a tempestade de emoções que estava prestes a se desenrolar.Dentro do carro, Bruce mantinha o olhar firme na estrada à frente, o semblante sério refletindo a gravidade da situação. No banco do passageiro, Ethan estava silencioso, absorto em seus próprios pensamentos, seu olhar perdido enquanto observava a paisagem que passava pela janela. No banco de trás, Caleb estava adormecido, o rosto tranquilo e alheio ao turbilhão de emoções que aguardava seu despertar.Bruce suspirou profundamente, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. O dia havia sido longo, e a notícia da morte de Andrei havia abalado todos de maneiras diferentes. Caleb,