Chegando ao mercado, Daphine parou por um momento na entrada, segurando a alça da bolsa com força. Ela sabia que precisava continuar, que precisava tomar decisões difíceis, mas essas escolhas a aterrorizavam.— Só preciso de um pouco de paz... — murmurou antes de entrar, a voz quase inaudível.Ela pegou um carrinho e começou a andar pelos corredores, tentando focar nas compras e no que precisava, mas sua mente continuava a voltar para os mesmos pensamentos. Como poderia conciliar esses desejos conflitantes dentro de si? Como poderia decidir entre dois amores tão diferentes, mas igualmente intensos?Assim que Daphine entrou em seu apartamento, ela se dirigiu diretamente à cozinha, sentindo o peso dos acontecimentos recentes em seus ombros. Colocou as sacolas no balcão e começou a separar os ingredientes para o almoço, tentando focar nas tarefas domésticas como uma maneira de afastar os pensamentos turbulentos. Guardou os demais itens nas prateleiras e na geladeira, mas sua mente estava
Daphine sentia o peso da tensão no ar, observando a maneira como Charlote tentava, com todas as forças, manter sua compostura. O esforço da amiga para não desmoronar era evidente, e Daphine, com um instinto protetor, tomou uma decisão imediata. Segurou a mão de Charlote com carinho, transmitindo o máximo de apoio possível através daquele simples gesto.— Bruce, eu vou sair um instante com a Charlote. Se precisar de algo, é só perguntar ao Ethan — disse Daphine, esforçando-se para manter o tom de voz leve e natural, apesar da preocupação que crescia em seu peito.Bruce, sempre o mais despreocupado e alegre, acenou com a cabeça, um sorriso despreocupado nos lábios, enquanto voltava sua atenção para a carne que estava cozinhando.— Pode deixar, Daphine! — respondeu ele, sem tirar os olhos do fogão, claramente imerso em sua tarefa culinária.Com um último olhar para Ethan, que parecia entender a gravidade da situação sem que uma palavra fosse dita, Daphine guiou Charlote para fora do apart
Charlote ficou em silêncio por um momento, absorvendo o que acabara de ouvir. Ela segurou a mão de Daphine com força, como se quisesse ancorar-se na realidade.— Eu... não sei o que dizer — murmurou Charlote, sua voz carregada de emoção. — Mas se você confia em mim para compartilhar isso, eu prometo que vou guardar esse segredo. Eu só... estou com tanto medo, Daphine.Daphine apertou a mão da amiga, transmitindo todo o apoio que podia.— Eu sei, Charlote. Eu sei. E é por isso que estou aqui. Não vou deixar você enfrentar isso sozinha. Vamos encontrar uma maneira de superar tudo isso juntas.As duas ficaram ali, sentadas no banco do parque, em silêncio, mas unidas por um laço de confiança e amizade que agora parecia mais forte do que nunca.Daphine e Charlote permaneceram por mais alguns minutos em silêncio, absorvendo tudo o que havia sido dito. As emoções estavam à flor da pele, mas Daphine sabia que precisava voltar para casa. Ela tinha deixado Bruce e Ethan cuidando do apartamento,
Algumas horas mais tarde, Daphine estava ocupada arrumando as coisas no carro, concentrada em colocar tudo em ordem para a viagem. Enquanto organizava as malas, ela se lembrou de algo importante: havia deixado alguns pertences no porão da casa de Jones. Eles eram itens que ela precisaria em breve, mas não havia tempo para voltar e pegá-los pessoalmente. Com isso em mente, Daphine decidiu pedir ajuda à sua amiga, Carla.Ela pegou o telefone e discou o número de Carla, esperando que a amiga atendesse. Quando Carla atendeu, Daphine não perdeu tempo.— Carla, sou eu, Daphine — disse, sua voz um pouco tensa. — Lembra aquelas coisas que deixei no porão da casa de Jones? Eu realmente preciso delas, mas estou a caminho de Norwich para pegar as coisas da minha mãe e não posso voltar agora. Será que você poderia pegá-las para mim?Carla, sempre disposta a ajudar, respondeu sem hesitar:— Claro, Daphine. Não se preocupe, eu cuido disso. Vou até lá agora mesmo e te aviso quando pegar tudo.Daphin
Daphine sentiu uma mistura de sentimentos enquanto aguardava, perdida em suas memórias. Rodrigues, seu pai adotivo, havia sido uma figura importante em sua infância, vivendo com sua mãe por quinze anos e proporcionando-lhe uma sensação de família. No entanto, ele também havia se afastado nos momentos em que ela mais precisou, deixando uma ferida que nunca cicatrizou completamente. O som da porta se abrindo novamente a trouxe de volta ao presente, e lá estava ele, o homem que ela um dia chamou de pai.Rodrigues estava visivelmente emocionado, com o rosto marcado pelo tempo e os olhos brilhando de uma saudade mal disfarçada.— Daphine! — Ele exclamou, quase num sussurro, a voz rouca e carregada de emoção. — É você?Antes que ela pudesse responder, Rodrigues a envolveu em um abraço apertado e caloroso. O toque familiar a fez recordar os tempos de sua infância, antes do distanciamento, mas, ao mesmo tempo, uma parte dela queria se manter distante, proteger-se das emoções que esse reencont
Quando Daphine entrou na casa que um dia fora seu lar, uma onda de nostalgia a envolveu, mas ela logo percebeu que o ambiente estava diferente. As paredes haviam sido pintadas de um tom claro e moderno, a decoração agora era minimalista, e o cheiro familiar de madeira e chá que um dia a confortava havia sido substituído por um aroma fresco de flores recém-colhidas. Era como se a casa tivesse passado por uma transformação completa, algo que Daphine jamais imaginaria. Ela ficou em silêncio, absorvendo as mudanças ao seu redor, mas antes que pudesse comentar qualquer coisa, uma mulher apareceu no corredor.A mulher tinha um sorriso cativante, o tipo de sorriso que aquece qualquer ambiente. Ao ver Rodrigues ao lado de Daphine, ela se aproximou, com os olhos brilhando de curiosidade e alegria.— Olá! — cumprimentou a mulher animadamente. — Você deve ser a Daphine! Rodrigues me falou muito sobre você.Rodrigues colocou a mão no ombro de Daphine, introduzindo-a com orgulho.— Esta é minha fi
Daphine dirigia pela estrada com o olhar atento, mantendo o foco no caminho que a levava ao ponto de encontro onde Carla a aguardava ansiosa. O destino era importante, mas mal sabia ela que, a alguns quilômetros dali, em Manchester, um plano sinistro estava sendo orquestrado. Na floresta Bury, um grupo de homens se reunia sob a liderança de um indivíduo que exalava autoridade. Diferentes dos padrões sociais, aqueles homens se vestiam como se não se importassem com as convenções. A maioria deles ostentava barbas e cabelos longos, conferindo-lhes um ar selvagem e despreocupado. No entanto, havia um que se destacava — o líder.Ele era Frederick, um homem de meia-idade com um corpo atlético e músculos bem definidos. Seus traços eram perfeitos, e o rosto bem-feito era emoldurado por olhos acinzentados que transmitiam uma confiança inabalável. Quando começou a falar, sua voz grave e firme imediatamente capturou a atenção de todos. Era como se sua presença emanasse uma força irresistível, um
Daphine seguiu seu caminho com o coração pesado, uma inquietação que ela não conseguia explicar. O silêncio da estrada apenas amplificava o turbilhão de pensamentos em sua mente. Ao perceber que estava ficando mais ansiosa, ela decidiu ligar para Bruce. O telefone tocou algumas vezes antes de ele atender.— Daphine, está tudo bem? — Bruce perguntou, a voz dele misturando preocupação e urgência.— Sim, tudo bem… ou, pelo menos, acho que está — respondeu Daphine, tentando soar calma, mas sem conseguir esconder completamente a apreensão em sua voz. — Só queria te avisar que estou a caminho de Snowdonia. Algo estranho aconteceu na casa do Rodrigues, mas estou bem. Só… só achei melhor te avisar.Bruce fez uma pausa, percebendo a tensão nas palavras dela.— Você quer que eu vá ao seu encontro? Posso estar aí em menos de uma hora.— Não, não precisa. Eu já estou quase chegando. Só queria que você soubesse onde estou. Caso algo aconteça...— Fique atenta, Daphine. Qualquer coisa, me liga.Dap