Na manhã seguinte, o sol despontava entre os galhos altos dos pinheiros, espalhando raios dourados que iluminavam as árvores, enquanto o vento carregava folhas secas e balançava suavemente os galhos, compondo uma melodia natural. Daphine despertou com um longo suspiro de satisfação, espreguiçando-se enquanto abria os olhos. Ao virar-se, notou que Ethan não estava mais na cama.Ela franziu o cenho, intrigada, e lançou um olhar ao pequeno relógio sobre a escrivaninha. Ainda era muito cedo.— Como ele consegue ter tanta energia depois de uma noite como a de ontem? — murmurou para si, um sorriso leve brincando em seus lábios ao se lembrar dos momentos intensos que compartilharam.Daphine levantou-se, sua pele aquecida pelo sol que atravessava a janela. Completamente nua, caminhou até o banheiro, onde se entregou a um banho quente e relaxante. A água quente parecia lavar não apenas o cansaço, mas também parte da dor e da tristeza acumuladas. Após secar-se, procurou algo simples e confortáv
Enquanto Daphine e Ethan terminavam sua conversa no salão, a presença de Alexander rompeu a calmaria. O alfa se aproximou com passos firmes, sua expressão carregada de preocupação. — Ethan, Daphine, preciso que vocês venham comigo agora. — Sua voz era baixa, mas cheia de urgência. Os dois se entreolharam, captando a seriedade da situação, e logo se levantaram para segui-lo. Ao saírem para o lado de fora do castelo, foram recebidos por um grupo já reunido: Duck, Zumira, Paulo, Bruce e Theo. O ar estava tenso, como se algo grave pairasse sobre eles. — O que está acontecendo? — perguntou Ethan, franzindo o cenho ao ver todos ali reunidos. Alexander suspirou, cruzando os braços antes de responder: — O Caleb desapareceu. Já procuramos em toda parte. — Ele fez uma pausa, como se pesasse suas palavras. — O Supremo enviou alguns homens para procurá-lo até Ur, do outro lado do rio, mas precisamos de algo mais. Ao ouvir o nome de Caleb, Daphine sentiu um aperto no peito. Sua men
Daphine seguia no carro, os olhos fixos na estrada à frente, mas sua mente estava a quilômetros de distância. Ela deduzia onde Caleb poderia estar, confiando em sua intuição e na conexão que compartilhavam. Encontrá-lo era mais do que uma missão, era uma necessidade que queimava em seu coração. O silêncio entre ela e Duck só era quebrado pelo som do motor e do vento que entrava pela janela entreaberta. Após mais de uma hora na direção, Daphine olhou para Duck, com o rosto sério e a voz firme: — Entre nesta estrada de barro à esquerda. Duck assentiu, sem questionar. Ele sabia que, quando Daphine falava com tanta convicção, valia a pena confiar. Seguiu a estrada estreita, mas logo encontrou um ponto onde o caminho se tornava inacessível para o carro. Ele estacionou e desligou o motor. — Acho que vamos ter que continuar a pé — comentou Duck, saindo do veículo. No entanto, Daphine colocou uma mão no ombro dele antes que ele desse mais um passo. — Eu preciso ir sozinha — disse ela, s
Enquanto eles se aproximavam da pequena casa no meio da floresta, dois meninos, um de aproximadamente cinco anos e o outro aparentando oito, correram ao encontro deles. O menor, com olhos curiosos, parou abruptamente diante de Daphine e a examinou atentamente. Após alguns segundos de silêncio, ele sorriu e exclamou com uma voz infantil: — Ela tem cheiro de frutas! Antes que Daphine pudesse reagir, o garoto saiu correndo atrás do irmão, rindo e brincando como se nada tivesse acontecido. Daphine observou as crianças com surpresa e, ao olhar para Caleb, perguntou, desconfiada: — Quem vive aqui? Caleb continuou caminhando, sem desviar o olhar da trilha à frente. — Você já sentiu o cheiro, Daphine — respondeu ele, enigmático. — Logo saberá a verdade que foi ocultada de você. As palavras dele apenas aumentaram a confusão em sua mente, mas ela continuou a segui-lo, determinada a descobrir o que Caleb parecia estar prestes a revelar. Quando chegaram à casa, um homem surgiu na porta. El
Daphine se acomodou no sofá, sua postura rígida revelando a tensão que sentia. Seus olhos se voltaram para Aria, procurando respostas em meio ao caos que agora ocupava sua mente. — Por favor, — disse Daphine, com um suspiro. — Comecem do início. Tudo isso está muito confuso. Aria trocou um olhar preocupado com Apolo antes de segurar as mãos de Daphine. Ela respirou fundo e começou: — Havia três de nós, Daphine: Amistea, eu e Aurora, sua mãe. Nós éramos muito unidas, mas também muito diferentes. Enquanto eu e Amistea seguíamos as tradições das bruxas, obedecendo fielmente o que nos era ensinado, Aurora... ela sempre teve um fascínio pelo mundo lupino. — Fascínio? — perguntou Daphine, curiosa. — Sim, — continuou Aria. — Ela acreditava que os lobos não eram tão perigosos quanto nos ensinaram. Ela queria entendê-los, quebrar as barreiras que nos separavam. Esse fascínio cresceu ainda mais depois do último confronto entre lobos e bruxas. Aria fez uma pausa, como se revivesse memórias
O silêncio na sala era quase palpável enquanto Daphine processava as confissões que acabara de ouvir. As palavras de Aria ecoavam em sua mente, confrontando tudo o que ela acreditava saber sobre si mesma e sua mãe. Seus pensamentos eram um turbilhão de memórias, flashes de momentos que antes pareciam desconexos, mas agora começavam a se encaixar. Ela se lembrou das conversas com sua mãe, aquelas noites em que Aurora falava com ternura, mas sempre com uma pontada de tristeza nos olhos. Lembrou-se das histórias que Jones contava, pintando Aurora como uma mártir, uma mulher que tinha se sacrificado por algo maior. E os remédios... os remédios que sua mãe insistia que ela tomasse. “É para o seu bem, minha filha,” dizia Aurora, com a voz trêmula. Na época, Daphine nunca questionou, mesmo quando aqueles remédios a deixavam letárgica ou a faziam perder o controle. Ela simplesmente aceitava. Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto de Daphine, como se fosse a materialização de todo o peso
Assim que o carro estacionou diante do castelo, a tensão no ar era palpável. Daphine foi a primeira a sair do veículo, seus passos decididos. Caleb a seguiu, com o semblante mais reservado, enquanto Duck permaneceu no carro por alguns instantes, observando com cautela o que estava por vir.Alexander, já esperando na entrada, caminhou até eles. Seu rosto exibia uma expressão que misturava alívio e expectativa. Ele estendeu a mão e pousou-a no ombro de Caleb, um gesto de acolhimento.— Bem-vindo de volta, Caleb — disse Alexander, sua voz firme, mas cordial.Caleb, no entanto, afastou-se ligeiramente, seus olhos fixando-se nos de Alexander.— Eu não fugi, se foi isso que pensou — respondeu ele, com um tom defensivo. — Eu só precisava de um tempo. Muita coisa aconteceu nos últimos dias, e eu precisava processar tudo.Alexander manteve a mão no ar por um momento, antes de deixá-la cair ao lado do corpo. Ele deu um pequeno suspiro e balançou a cabeça.— Tudo bem, Caleb. Não estou aqui para
Daphine permaneceu firme no centro do salão, seus olhos cravados no Supremo como lâminas afiadas, desafiando-o a manter o controle que ele tão orgulhosamente exibia. Sua voz saiu firme, mas carregada de tensão, como uma corda prestes a se romper.— Como você conheceu a minha mãe? — Sua pergunta ressoou pelo salão, arrancando olhares curiosos e surpresos dos alfas ao redor. Ela respirou fundo antes de continuar. — E não quero ouvir a mesma história que você contou antes. Quero a verdade.O Supremo, Derick, manteve a postura, mas algo em sua expressão mudou. O leve estreitar de seus olhos denunciava que ele sabia exatamente o que ela estava insinuando. Ele caminhou lentamente até uma das cadeiras da mesa central e sentou-se, cruzando as mãos sobre o joelho. Observava Daphine com uma mistura de cautela e análise, como um predador que estudava os movimentos de sua presa.— Daphine... — começou ele, sua voz tão suave que parecia quase carinhosa. — Há coisas no passado que podem não ser fác