Jacarezinho/RJ
Momentos depois do assaltoFernando López "Animal"— Caralho! Que lombra foi essa porra? A imagem do moleque gritando tá grudada na minha mente nesse caralho. Já fiz de tudo nessa vida, mas nunca me meti com criança. Que merda!Falo com as mãos sobre a cabeça andando de um lado pro outro dentro do barraco onde nos armazenava e empacotava a coca. Os menor tava pesando e separando mercadoria, dou logo um grito mando geral vazar da minha vista e tento raciocinar, mas tava foda demais colocar as ideia no lugar e ainda por cima com Senegal piando sem parar na minha orelha.— Te avisei que esse lance ia dar merda pra cima de nós Animal e mesmo assim tu insistiu nessa porra de assalto cara. Agora com essa morte do moleque e ainda por cima do CK tamo visado nesse caralho. E se alguém filmou nós? E se a mãe do moleque viu a nossa cara? Nós tamo fu.dido mermão.Senegal fala desesperado com a possibilidade dos cana subir aqui e pegar nós. Mas, isso era o mesmo que iniciar a terceira guerra mundial malandro. Nós é trepado até a tampa e nosso artilharia é pesada pra cacete. É de três oitão até armamento russo e de quebra tem as grama verdinha, como nós chama as granada por aqui. Nós transforma essa porra toda no próprio Vietnã se esses filho da puta quiserem arregaçar pra cima de nós.Ele continua falando sem parar e perco a porr@ da paciência que nunca tive de vez.— Cala a boca Senegal! Que c@ralho! Parece até sirene de camburão pra ficar buzinando no meu ouvido porra. Ninguém vai reconhecer nós cara, geral tava de touca como sempre. E outra, o que tá feito tá feito nessa merd@ e não dá pra voltar atrás cumpade. O moleque já morreu ca.ralho, não tem como voltar no tempo... era ele ou nós. Se nós parasse os filho da pu.ta vinha atrás de nós sem piedade... e de duas uma mermão eles fuzilava geral ou era sistema na certa porra. Era isso que tu queria cumpade? — falo pegando um pouco de coca e fazendo uma carreira em cima da mesa de ferro.Faz mó tempo que não faço isso, tenho anos limpo nesse caralho, mas com a porra que aconteceu hoje não tá dando pra segurar. E pra piorar não consigo tirar o olhar daquela mulher da minha cabeça, os gritos do moleque chamando por ela, os tiros... o corre corre, a adrenalina tá demais e se eu não fizer isso vou ter um troço. Eu sabia que conhecia essa mulher de algum lugar. Mas, de onde? Que merda! Devo tá ficando maluco. De onde eu ia conhecer uma mulher granfina daquelas? Sacudo a cabeça pra afastar as idéia. Fiz a carreira de coca e cheirei de uma vez só, mas isso era pouco pra me fazer esquecer de toda essa porra que acabou de rolar, então fiz outra e cheirei outra vez.Senti o pó tomando conta das idéia, da mente, e a brisa tava chegando como foguete. Peguei uma garrafa de cachaça 51, outra de vertume, um copo de boteco e sentei na cadeira de frente pro Senegal. Coloquei meus pés em cima da mesa, fiz meu r@bo de g@lo e comecei a entornar sem parar olhando pro nada. Tava tudo fluindo maneiro até Senegal continuar buzinando que só um c@ralho.Ele para bem na minha frente colocando as mãos em cima da mesa e me encara dizendo sem paciência:— Tu fala e fica aí sentado bebendo numa frieza do c@ralho. Até parece que tá festejando tudo o que rolou. Como tu pode ser assim Badaui? Nosso sangue jorrou c@cete. CK era um dos nossos cara, nosso gerente e um dos melhores homens de frente que nós tinha cumpade. E agora como vai ser? O muro tá baixo parceiro e a qualquer momento a casa pode cair. — Senegal pergunta e respondo tranquilo— É só treinar outro ou outros caras e pronto Senegal. Sei pra que essa via.dagem toda por conta de um pedaço de lixo estirado na estradaFalo entornando outro rabo de g@lo.— Lixo é teu cu mermão. É assim que tu pensa de geral aqui né!? Ele era nosso fiel, que Deus o tenha...[Senegal tira o boné da cabeça, olha pro alto e faz sinal da Cruz]... e merece respeito nesse caralho. CK sempre correu pelo certo, agia na transparência, dava a vida pela comunidade, ao contrário de uns e outro ai que só pensa no próprio umbigo e esquece de geral nesse caralho. Se tamo nessa situação hoje é por tua culpa ANIMAL... POR TUA CULPA PORRAAAAA... — Senegal grita e sinto meu sangue ferver, o ó.dio e a fúria tomar conta de todas as partes do meu corpo em fração de segundosMe levanto de uma vez jogo o copo contra a parede e esmurro a mesa derrubando a garrafa de 51 no chão só pra não socar a cara dele por ter me peitado desse jeito e aumentado a voz como se eu fosse um moleque.— Vê lá como tu fala comigo nesse c@ralho Senegal, sou chefe dessa porra toda aqui e minhas ordem é lei nessa merda. Vou te passar a visão na moral porque te considero pra c@ralho... baixa tua bola parceiro, tu é meu fiel, meu sub nessa porra e meu irmão de vida... Mas isso não te dá direito de crescer pra cima de mim... tô bom pra ladaia nesse caralho não... e tu sabe muito bem que tem hierarquia no nosso meio... eu tô acima de tu cara e só vou deixar essa merda pra lá porque sei que tu é todo sentimental com criança e preocupado com o sossego da nossa comunidade... Mas, que isso não vire rotina... Sacou? Pegou a visão irmão?— Cara te respeito pra c@ralho e tu sabe disso. Mas, vou te mandar a real, se tu não tiver humildade tu não serve pra ta nesse posto. Eu faço dinheiro véi, mas dinheiro nenhum me faz sacou? De uns tempo pra cá desde que tu assumiu o ligar do teu irmão tem mudado muito Badaui... só pensa no teu lado e não se importa com ninguém. Trata tua irmã como um lixo e agora fez essa merda colocando geral no rolo só porque tu queria aquele carro pra fazer um corre de resgatar o Ferrugem do sistema. Agora tamo aí visado, com CK morto e aquele garoto em todas as redes sociais irmão. Já pensou se aquela mulher vem atrás de nós? Já pensou nisso irmão?— Haaa porra... eu cheiro e tu que fica na brisa? Quando que uma mulher vai ter peito de subir numa favela pra enfrentar um chefe, ainda por cima como eu? Tá maluco mermão... só pode cara.Sento outra vez e ele continua agoniado andando de um lado pro outro falando sem parar.— Fica zoando mermo parceiro... fica... Na moral véi, sei nem como dar a notícia pra dona Cátia cara. Tô com o maior medo de como a coroa vai reagir e tu aí bebendo como se tivesse festejando. Puta que pariu isso é doideira demais. — Senegal fala nervoso com as mãos em cima da cabeça andando de um lado pro outro.— É só chegar lá e dizer: E aí minha tia, com toda transparência e respeito, trago minhas condolências na humildade pra senhora, mais teu filho rodou e foi visitar o capiroto mais cedo. — falo tranquilo já sentindo a brisa limpar tudo e me deixar na mó paz— Toma no cu animal. Tu é muito se.m noç@o nesses caralho rapaz. Eu lá sou sujeito de dar um informe desses pra coroa. Para de beber e cheirar esse pó caralho. O bagulho é sério cumpade.— O que tu quer que eu faça então porra? Que mande fazer faixa de despedida, compre coroa de flores ou coloque o nome do CK numa dessas vielas do morro porra? Morreu morreu cumpade... Bandido é igual biscoito mermão... Vai um e vem dezoito. Tá cheio de moleque rastapé afim de entrar no bangue louco e na vida do corre. É só tu ser ligeiro, fazer teu serviço bem feito que logo tá cheio de neguinho mil vez melhor do que CK aí na ativa.— Mas que caralho hoje tá impos.sível conversar contigo né Badaui? Tu tá um verdadeiro animal mesmo nessa porra.— Tô mandando o papo reto pra tu mermão. CK era dos bons? Claro que era. Mas, caiu... Nós não queria mais aconteceu... Agora o que tá feito tá feito e não tem como mudar. Dá logo a notícia pra coroa dele no barraco, dá umas notas de cem na mão dela pra cuidar do enterro e papo encerrado. Se tu quiser fazemos até uma churrascada arregada, os fogueteiro soltam rojão e nos faz um esquenta na laje lá do na minha mansão, tudo isso em consireção ao CK. Viu aí como tô sendo humano?Falo de boa bebendo meu rabo de galo e enrolando um bagulho e fumando meu mofo na moral.— Tu é muito sí.nico mesmo. Só espero que os cana não venha atrás de nós ou caso contrário vai dar merda. Se eles resolver passar pente fino nessa porra nós tá fudido Animal.— Que mané pente fino é um caralho. Nós é 10/10 e nenhum cu azul, verde ou preto do caralho vai chegar junto de nós. Aqui é CV porra, não é bagunça não cumpade. Agora mete o pé que cansei dessa ladaia por hoje.— Tu que sabe mermão. Depois não diz que não te avisei..— Animal... — O menor chega chegando todo afobado chamando meu nome— Fala porra! Quem morreu pra tu entrar assim sem bater nessa merda? Aqui virou boceta de quenga agora pra tu entrar e sair quando quiser?— Foi mal chefia é que tem neguinha te procurando aí cara.— Tô pra ninguém não. Manda embora.Grito e o menor sai correndo. Tomo meu último gole e dou outra brasada quando ouço aquela voz de quenga do caralho da Shana. Fui o primeiro na vida dessa puta, peguei ela de jeito quando tinha quinze anos... Era virgenzinha, toda delicadinha, apertadinha e ali no baile rebolando até o chão se oferecendo fácil pro chefe aqui. E o que eu fiz? Não neguei serviço e tracei ela em cima do palco atrás das cortinas enquanto rolava só batidão pesado na comunidade. Enquanto o mc' soltava a voz eu socava fundo tirando o cabaço da Shaiana... Carinho? Cuidado? Porra nenhuma! Aqui é assim, quer bancar de fodona pra cima do chefe do morro tem que segurar o tranco e aqui o bagulho é louco... grosso, longo e marreta bonito.Bom... enfim... a fiz mulher. Mas, nunca pensei que a mina ia gamar e virar grude na minha bota. Já tamo nesse esquema pra mais de três anos... ela paga de fiel e eu deixo pra não pesar na minha mente. Nunca foi louca de engravidar, porque sempre mandei a real dizendo pra todas que eu traço, quer sentar no pau? Pode sentar, mas se pegar barriga vai aguentar sozinha, porque não nasci pra ser pai de melequento nenhum.Mas, isso já tinha passado da hora e hoje ela vai aprender de uma vez por todas que com o animal aqui vadia nenhuma se cria... coração e sentimento é parada que não tenho, nunca tive e nunca vou ter... posso parecer um monstro, mas pra chegar onde cheguei mulheres só atrapalham... choram demais, exigem demais, falam demais, amam demais, pedem demais e enchem o saco demais... Nunca tive paciência pra isso e nem a Flor que catei pra criar eu suporto, imagine maçaneta de quartel... seja mulher ou homem caiu na minha mão já fica ciente que se fo.deu... E por falar em fo.der é isso que vou fazer agora... bora aproveitar o que tem pra hoje...— Nem pra mim animal? Nem pra sua Shana? — ele fala toda ordinária entrando no barraco vestida com aquele pedaço de pano que chamava de vestido e já sem nada por baixoEla encosta e senta de pernas abertas em cima do meu pau e roça aquela buceta me olhando safada. Dou logo dois tapa naquela bund@ e levanto o vestido abrindo a minha bermuda. Ela tenta me beijar e aperto o maxilar dela dizendo.— Sem porra de beijo. Tu sabe que não beijo ninguém nesse caralho.— Mas, sou tua fiel Fernando. — ele fala toda manhosa querendo tocar no meu rosto— ANIMAL PORRA... EU ME CHAMO ANIMALLLL... ENTENDEU? — grito apertando seu rosto com mais força fazendo lágrimas descer do seu rosto— Vazei... Vazei... O clima pesou bastante no bagulho e Senegal mete o pé... Fuiiii...— Depois tu volta aqui R$ que nós tem uns desenrolo sobre a parada do CK.Senegal faz sinal de positivo ainda de costas e b**e a porta do quartinho srguindo seu trajeto. Volto a olhar pra Shana e falo com pressa.— Tira esse pano do teu corpo e fica de quatro piranha...— Mas eu... — era tenta choramingar e isso me deixava mais nervoso ainda— Fica de quatro porra! Tô mandando. — grito — Sem mimimi nesse caralho... Tu veio aqui pra isso, pra ser fodida e é isso que tu vai ter.Quando termino de falar desço meu shorts com cueca junto, pego uma camisinha que sempre tenho na gaveta da mesa, coloco e soco de uma só vez no cool daquela put@. Ali era o único lugar que era apertado, mas depois de hoje tudo vai mudar.Seguro no seu cabelo pre.to que era um aplique que eu tinha patrocinado mês passado, faço um rabo de cavalo e puxo com força socando meu p@u todo de uma vez. Ela gritava e eu sabia que era de dor e não de prazer, mas isso me dava mais tesão e eu só aumentava o ritmo socando com mais força. Estocava forte e alternava com t***s naquele rabo enorme que ela vivia exibindo na academia do morro. Continuo trabalhando fundo e batendo sem parar em todas as partes do corpo dela que já estava todo vermelho, quando chego no extremo e go.zo com vontade. Tiro meu pau, pego a camisinha e mando ela ficar de frente pra mim com a boca aberta... mesmo chorando muito ela faz o que eu mando e jogo toda a porra que tinha dentro do látex na cara dela.— Para de chorar e vai ali no quartinho limpar logo essa cara cheia de porra que tá feio o negócio aí...Grito dando um tapa na cara dela me afastando e quando tô subindo a minha bermuda com a cueca ouço discussão perto do quartinho onde nós tava. E quando fecho a bermuda a porta é escancarada. Olho vendo quem era e sinto o ódio toma conta de mim e só grito:— O que tu veio fazer aqui na boca caralho?Continua...▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎▪︎Flor LópezOlá! Eu me chamo Flor López, hoje tenho vinte e três anos. Sou sobrinha do Fernando López, mas todos aqui no morro do Jacarezinho e fora daqui o conhecem como "O Animal". Mas, no fundo eu o considero como um irmão mais velho, aqueles que vivem pegando no nosso pé e nunca nos deixam fazer nada daquilo que gostamos. Sou nascida e criada aqui no Jacarezinho, mas pergunta quantas vezes conseguir subir a ladeira e conhecer um baile de perto? Nunca! A última vez que tentei fugir pra fazer isso, eu tinha dezoito anos e levei uma coça de vara que me fez parar no postinho e que me deixou arriada por quase um mês. E o Nando ainda fez questão de deixar as coisas bem claras e mostrar quem mandava por aqui. — Sou o chefe dessa favela e também dessa casa. Enquanto tu tiver debaixo do meu comando vai fazer só o que eu deixar e quiser. Quero saber de sobrinha minha se esfregando em vagabundo nenhum não. Tenho um nome a zelar Flor e não quero ser tachado como parente da putinh@ da vez. Mu
FlorSaio correndo subindo a ladeira e quando tô quase chegando na boca uma moto me fecha. Levanto o olhar e vejo a visão do paraíso sentado na moto sem camisa, com uma Glock na cintura, uma fuzil entrelaçada no peitoral e me fitando de cima abaixo. Fico paralisada como uma imbe.cil de frente daquela perfeição de homem que me enlouquece sem nem me tocar. Meu coração acelera, meu corpo todo enrijece, meus pêlos arrepiam e abro um sorriso bobo só de olhar pra ele... para o meu Rony... Mas, o céu azul todo estrelado logo se fecha dando lugar a uma tempestade com direito a raios e trovoadas quando ouço. — DESCE AGORA RENATINHA... LOGO MAIS NÓS SE FALA NO TEU BARRACO GOSTOSA! — ele fala mandando a vaca da Renatinha cu de arranque descer e a ordinária olha pra minha cara rindo como se eu fosse um nada e ela a superior.Minha vontade era de segurar naquele aplique e arrastar a cara dessa piranha por todas as vielas desse morro. Mostrar pra geral quem eu era na realidade. Mas pra quê vou me
Horas DepoisJacarezinhoRony Senegal××××××××××××××××××××××××××××××××××××××"Sou o tipo de cara que falo com todos, ando com poucos e confio somente em Deus."××××××××××××××××××××××××××××××××××××××Fala ae meu povo! Vou me apresentar rapidão pra vocês ter um pouco da ciência de que tipo de cara eu sou. Me chamo Rony Duarte Senegal, tenho trinta e dois anos e já tô nessa "vida" do corre desde que tinha onze anos de idade. Comecei como aviãozinho e pouco a pouco fui subindo na moral, na suavidade e principalmente sem precisar passar por cima de ninguém pra conseguir o que tenho hoje.Sou cria do Jacarezinho e essa comunidade é minha vida sacô!? Perdi minha coroa ainda moleque por volta dos meus dezessete anos, ela tinha câncer de mama e a parada quando foi descoberta tava avançada pra c@cete. Nem sequer deu tempo de correr e fazer uma cirurgia ou lutar por algum recurso. Sou filho único, meu coroa nem sei quem era tá ligado!? Minha coroa morreu levando esse segredo pro túmulo junto com
RONYChego de frente a fortaleza e JC libera logo o portão pra minha entrada. Chamo ele na chincha e nós desenrola logo as paradas que quero saber.— E aí parceiro, Badaue chegou? — falo fazendo toque de mão, colocando o descanso da moto no chão e descendo da minha Kawasaki — O chefe chegou a maior cota Senegal, entrou igual foguete e nem olhou pra nós parceiro. Parecia o cão véi. O pior é que ele voltou a usar os bagulho mermão. — JC fala me olhando assustado, porque sabia a merd@ que poderia dar se Badaue voltasse as antigas quando ele se drogava dia sim e outro também. Mas, nessa época era por conta de uma mulher aí que ele sempre foi arriado, mas nunca teve a cara de chegar em cima e por isso fica arrastando corrente até hoje. Soube disso pela Flor, mas nunca vi a cara dessa mina aí e é bem melhor assim, porque do jeito que ele anda fora de si pode até pensar que tô afim da mulher e isso vai dar mais merd@ ainda.Saio dos meus pensamentos olhando pra JC e perguntando. — Tô sabe
FlorSai do morro como uma louca e entrei nesse táxi sem nem saber exatamente o que tava fazendo na realidade. Eu só tinha certeza que não existia mais condições de continuar morando na mesma casa que o Nando. Nossa convivência nunca foi uma das melhores e depois do que eu vi na televisão tudo piorou ainda mais. Eu sempre tive consciência de que ele não era um amor de pessoa, mas colocar a mão numa criança foi demais pra mim. Até cogitei a possibilidade dele não ter nada haver com aquela monstruosidade e tudo não ter passado de um infeliz acidente. Mas, não, do jeito que todos o temem e dizem que ele é um verdadeiro animal é impossível pensar que tudo foi coisa do destino. Agora tô aqui sei lá quanto tempo sentada nesse táxi e o motorista só me olhando pelo retrovisor depois de ter perguntado várias vezes qual seria o meu destino. Mas, como vou responde isso se nem eu mesma sabia?— Ei... mocinha! E aí, vamos ficar rodando o Rio de Janeiro inteiro? Ou vai me dizer onde vai ficar? —
Flor AHHHHHHHHHH...SOCORROOO... — grito desesperada — Calma Flor! Já está tudo bem. Olha pra mim... Sou eu Diego. — Diego??? Ahhhhh... me ajuda Diego por favor... aquele homem queria me estuprar porque não tinha dinheiro pra pagar a corrida... — falo levantando o abraçando assustada— Calma! Tudo já foi resolvido. — ele fala carinhoso— Como assim tudo já foi resolvido? — pergunto me afastando apoiando minhas mãos no seu peitoral — Eu paguei sua dívida com aquele cara. Não eram quatrocentos e cinquenta reais o valor que você devia à ele?— Sim! Mas, depois do que esse desgraçado tentou fazer comigo não deveria ter recebido nada... — falo com raiva— Mas, ele precisava e vai precisar de muito mais do que isso pra sair da prisão Flor. — Quê!? Prisão? Foi você quem atirou? — pergunto desorientada — Eu não, foi o meu irmão Diogo que é Delegado da Civil e agora está levando aquele maldito para o lugar onde animais como ele deveriam sempre ficar, atrás das grades.— Ai Diego! Nem sei
JacarezinhoAnimalNão sei porque as imagem daquele garoto e o olhar daquela mulher não sai da minha mente. O jeito como ela me olhava com desespero e logo depois com ódio parece que grudou na minha cabeça. Tive até a impressão que conhecia ela de algum lugar. Mas, de onde que era o problema. A adrenalina tava muito foda naquele momento, principalmente porque tinha recebido um recado pouco tempo antes do meu parceiro Ferrugem que tá preso no sistema a maior cota de tempo, depois que foi pego numa blitz com a mala do carro até a tampa de armamento. Até tentei impedir dele fazer uma merda dessas de resgatar mercadoria e andar com munição a torta e a direita, mas não quis ouvir e agora tá encarcerado há quase dois anos na jaula implorando pra sair e dizendo que não suportava mais ficar naquela gaiola. Nós tinha bolado um plano bom pra cacete pra resgatar ele de lá, mas pra isso nós precisava de mais um carro com placa fria e foi nessa que entrei pelo cano e deu a merda que deu. Nunca f
Animal— E aí Animal, o que nós vai fazer sobre a Flor?— Se depende de mim nada. — falo tranquilo— Quê? Tá noiado ainda porra? — Tô firmão e consciente das minhas palavras parceiro. Aqui ela tinha tudo e mesmo assim quis fugir? Problema é dela irmão. Bora ver quanto tempo dura essa birrinha de garota independente. Assim aquela ingrata aprende a dar valor a tudo que já fiz por ela. — falo segurando o copo e bebendo o líquido de uma só vez— Cara a garota pode tá correndo perigo parceiro. Como tu pode ser desse jeito com teu próprio sangue porra? Se RK tivesse entre nós tu nunca trataria a Flor desse jeito. — Senegal fala cheio de ódio trincando o maxilar— Que mané perigo porra nenhuma Senegal. Tu acha mesmo que Flor vai longe? Ela tá lisa parceiro. Sem um vintém no bolso e nem o celular ela levou. Olha aí cara! Logo ela tá de volta. — falo apontando com a cabeça na direção do sofá onde Flor deixou o celular e o notebook— Animal é melhor tu se informar direito cara. Sabe o que acab