Durval
— Vista. — Um dos guardas joga um macacão azul em minhas mãos me empurrando com a arma em direção aos banheiros.
Em silêncio faço o que é ordenado, mesmo contra a minha vontade. Não me agrada estar aqui, mas preciso.
Entrego meus pertences aos guardas e sou barrado por uma mão em meu peito. Observo o braço do homem que impede meu caminho até chegar em seus olhos.
— Você é apenas um ex-policial falido que destruiu a vida de um delegado honrado, não ache que terá regalias aqui dentro. — Ele fecha as mãos no meu macacão me ameaçando.
Continuo o observando em silêncio e contenho minha vontade de rir. Não vou criar inimizades, não tão cedo.
— Às suas ordens, senhores. — Sigo o caminho que um segundo homem me indica.
— V
Durval.Encosto a cabeça na parede e respiro profundamente observando o escuro. Já perdi as contas dos dias que estou aqui, mas o silêncio me conforta, porém, minha mente me destrói.Insegurança, dúvida e medo foi algo que nunca tive em minha vida depois da morte de Lana, mas com a chegada de Alexia, vivo em uma constante roda gigante que me leva a todos esses sentimentos que ignoro por anos.Não sei o que será de nós depois que eu sair daqui e isso me assusta. Faz mais de meses que não tenho notícias dela e não sei como as coisas estão lá fora, mas meu papel aqui dentro está sendo cumprido e certos sacrifícios são necessários.O único problema é que não aceito o fato desse sacrifício ser a distância de Alexia. Se eu mereço isso, porra, eu mereço. A deixei sozin
Alexia.— Vamos lá, Alexia! Você é mais forte do que isso. — Matheo pula de um lado para o outro sobre o tapete da sala com uma disposição que não sei de onde vem.— Matheo, vamos com calma, minha barriga está pesada. — Apoio a mão na lombar e na barriga.— Hoje não podemos treinar tiro, está chovendo. — Matheo aponta para a janela.— Vocês dois. — Valentina aparece na porta gritando. — A janta está quase pronta, vão tomar banho.— Não terminamos Valentina, essa preguiçosa barriguda está me enrolando. — Matheo me acusa descaradamente.— Preguiçosa barriguda? — Apoio a mão na boca chocada.— Duas crianças. — Ela balança o pano de prato. — Andem, estou mandando. O senhor me deixou respons&a
Alexia.Se as coisas estão fáceis? Não, elas não estão.Durval faz mais falta do que quero demonstrar e todos os dias faço questão de reler sua carta para que meu coração se acalme um pouco. Minha gravidez está chegando ao fim e nosso bebê está prestes a nascer sem um pai presente.Matheo me deixa no escuro sobre tudo o que acontece, não importa quantas vezes eu pergunte ou que eu faça. Ele simplesmente muda de assunto e pede para que eu tenha paciência, mas minha paciência já está se esgotando e eu estou realmente cansada de tudo isso.Passo a mão em minha barriga que cresceu bastante nas últimas semanas e respiro profundamente tentando manter a calma. O médico disse que não é bom para mim e nem para Olívia essa ansiedade acumulada, mas não tenho muito o que fazer &eac
Durval— Não acredito que posso usar meus ternos e chapéu novamente. — Bato a mão no sobretudo empoeirado, me sentindo satisfeito por ter tirado aquele macacão chamativo e exagerado.Arrumo meu chapéu sobre a cabeça e respiro profundamente me sentindo em paz.— Como é bom estar de volta. — Abotoo meu sobretudo.— Tenho uma novidade para você. — Samuel sorri me observando.— Novidade, espero que seja boa. — Caminho em direção a saída e vejo Theodoro no volante da BMW.— Theodoro? Não era ele quem eu esperava. — Bato a mão na aba do chapéu suspirando.— Eu só vim assinar os papéis. — Samuel sorri. — Mas fiquei sabendo que você já é pai e confesso que esse é o melhor presente que podemos ter. — Seus olh
Alguns dias depois...Durval Quando você provoca seu inimigo não precisa de muito para tê-lo em suas próprias mãos. Ele mesmo chega até você.Sorrio ao observar a tatuagem da silhueta de um leão no braço esquerdo de Teddy.— Ora. — O observo sorrindo. — Não era você quem estava me seguindo? — O observo com a sobrancelha arqueada e ele se mantém calado.Caminho ao redor da cadeira e o barulho dos meus sapatos ecoam pelo salão vazio.Observo Teddy com cuidado e procuro analisar cada detalhe de seu corpo imaginando como posso torturá-lo. O alicate sobre a bancada me chama atenção e pondero se deveria começar com seus dentes ou unhas.— Devo começar com seus dentes? — Pergunto com calma segurando o alicate em mãos. — Ou un
Horas antes do sequestroAlexia.Acaricio o rosto de Olívia que está concentrada em se alimentar. Seus pequenos lábios sugam meus seios avidamente e aquela sensação apesar de dolorosa é única.Eu jamais imaginei que sentiria amor tão grande, amor incondicional, afinal o fato de um dia ser mãe sempre me assustou.— Ali, minha querida. — Aquela voz rouca próximo ao meu ouvido faz os pelos do meu corpo se eriçarem.— Oi, meu amor. — Deixo um beijo em seus lábios e ele logo beija a cabeça de Olívia.— Tenho alguns assuntos para resolver. — Ele suspira passando as mãos sobre os cabelos molhados e bagunçados pós-banho.— Você não quer ficar mais um pouco. — Sorrio observando seu peito nu e inconscientemente mordo os lábios
DurvalCom um único movimento calo os murmúrios à minha volta. Lenny é inexperiente, arrogante e ingênuo em achar que pode me vencer com tão pouco é imprudência.Os pelos do meu corpo se arrepiam com a adrenalina que percorre minhas veias, espera por mais de dezessete anos é algo que poucos conseguem e Lenny é moleque demais para enxergar que a paciência faz parte do processo de vingança, mas tenho que confessar que deixá-lo viver foi um erro que não será cometido novamente.— O que faremos senhor? — Matheo pergunta ao meu lado.— Esperamos. — Ordeno.— Senhor, não deveríamos atacar. — Tim questiona pensativo.— Paciência é uma virtude que poucos tem. — Falo com calma.Matheo me observa intrigado, pois sabe que a cada momento que
DurvalAs ruas desertas da boate deram lugar a moradia para desabrigados que saem correndo à procura de um lugar mais seguro quando nos veem.A cada passo que dou em direção a entrada me pergunto aonde Lenny quer chegar, sem segurança, sem homens defendendo seu perímetro, sem nada para protegê-lo.Com alguns sinais dou ordens para meus homens dar a volta no local e invadir a parte de trás da boate enquanto eu e alguns de meus homens ficamos com a entrada.O isolamento acústico não permite que eu ouça nada do que se passa lá dentro, mas a porta da frente entreaberta já me deixa claro que Lenny me espera e não era para menos.— Eu vou entrar primeiro. Vocês continuam escondidos e esperem o meu sinal. — Ordeno.Com um acenar de cabeça eles assentem.— Lenny espera por mim, então vamos dar a isca