O tempo não parou. Cris passou a ficar muito mais na casa de Fernando do que em seu próprio apartamento. Estava sendo cuidada por ele. Mesmo após a alta médica, ele a convenceu a ficar, usando os estranhos acontecimentos dos últimos dias como desculpa para sua segurança. Não sabiam ainda o porquê, mas o universo parecia estar conspirando contra a vida de Cris. Vários pequenos acidentes passaram a acontecer. Até no escritório pequenos infortúnios passaram a persegui-la, como ficar presa dentro do banheiro após o expediente ou a cafeteira estourando em suas mãos. Situações que despertavam em Fernando a suspeita e em Cris o bom humor.
Sem notar entraram em uma rotina. Fernando a deixava no escritório, quase sempre almoçavam juntos e a tarde ele a buscava. Quando estavam com vontade, iam a um barzinho jogar conversa fora com alguns amigos, ou iam direto par
Ela só chorava, não conseguiu ter nenhuma reação de defesa. Não debateu-se ou gritou. Fechou os olhos desejando que ele não percebesse que estavam se movendo. Ouviu ele abrindo o cinto e a calça jeans. Os dedos fortes puxando e rasgando sua calcinha. Ela seria violentada e ninguém a ajudaria, viveria novamente aquele inferno.— Vou te fazer gozar meu amor e então vai ser só minha.Ela sentiu somente o alívio da falta do corpo dele sobre o dela, não conseguia se mover, fechou os olhos e permaneceu do mesmo jeito. Ouvia a gritaria. Coisas se quebrando. Pessoas falando e gritos de ajuda. Mas não conseguia nem ao menos descer sua saia e se cobrir. Mãos quentes a envolveram e somente nesse momento Cris passou a gritar e se debater. Querendo somente um jeito de fugir de seu agressor.— Amor... amor sou eu. Cris por favor, pare. Sou eu amor, sou eu.&mda
— Você está completamente louca Eduarda! – Fernando gritou no momento em que Cris abriu a porta.— Afaste-se Nando.— Isso Fernando, saia do caminho, vamos passar. Cris precisa ir comigo. Ele vai voltar quando ver quem está comigo.— De quem você está falando? – Ele quis saber. – Não vai sair daqui com ela.— Você vai sair da minha frente e nós vamos embora daqui juntas. Afinal, você sabe que não dá sorte ver a noiva antes do casamento.Fernando colocou-se na frente delas, impedindo a passagem. Em pouco tempo as poucas pessoas que estavam hospedadas e amigos que foram para a cerimônia lotaram o lugar. Eduarda arrastava Cris e aos poucos ganhava passagem, indo em direção ao estacionamento. Fernando e os outros andando atrás delas, enquanto tentavam convencê-la a mudar de ideia.— Voc&e
—Fernando?Ela o procurou. Não conseguia ver nada, estava envolta a uma escuridão. Cris deu mais dois passos à frente, com os braços estendidos, como se procurasse apoio. Com dificuldade ela caminhou um pouco mais, vendo ao longe um fraca luz.— Mas o que está acontecendo?A dúvida dominava os pensamentos de Cris e imagens do encontro com Eduarda e Daniel surgiam em sua mente. Ela sabia que algo ruim havia acontecido, mas não conseguia ligar os pontos. Não conseguia lembrar-se do porquê estava com eles. Sabia somente que deveria seguir o caminho onde estava e tentar chegar à parte um pouco mais iluminada daquele lugar. Como se em um passe de mágica, ela se viu no final da trilha que estava seguindo, diante da luz fraca.— Cristiane?Uma doce voz quebrou o silêncio do lugar. Cris ouviu alguém chamando seu nome e uma mão oferecendo
—Mas eu só quero saber Nando. – Ela dizia manhosa enquanto arrumavam suas coisas para irem embora.— Eu sei que quer saber, mas isso não te fará bem Cris. Esquece que esse cara existiu.Ela estava de alta e desde a saída do médico que Cris tentava a muito custo arrancar de Fernando alguma informação sobre o que aconteceu com Daniel e como a família de Eduarda estava. Ele estava irredutível, recusava-se a lhe falar sobre qualquer um dos dois. No fundo Cris entendia, sabia que ele estava somente tentando resguardá-la de vivenciar novamente tudo o que os dois fizeram a ela. Ainda assim, precisava daquelas informações para dar um desfecho e enfim fechar aquele livro.Estavam no meio de uma pequena discussão quando a porta do quarto se abriu revelando uma morena de olhos verdes lindos. Cris sorriu largamente e Amélia praticamente correu para ela a envol
Ela sabia que um dia a sua felicidade acabaria, não era normal alguém ser tão feliz o tempo todo, sentia que algo ruim ficava à espreita, esperando a oportunidade certa para fazer o castelo de sonhos dela desmoronar. Para muitos, Cris estava ficando paranoica, ainda sob influência de tudo o que havia passado há meses atrás, mas ela sabia, entendia os sinais que a vida lhe apresentava.Mesmo quando ela ficava quieta, sentada no sofá olhando para o lago e perdida em pensamentos ou quando sentia o corpo de Cris tremer de forma involuntária, e cenas ruins invadissem sua mente sem permissão, despertando suas piores lembranças. Ainda nesses momentos, queria acreditar, ter esperança de que nada poderia atrapalhar a felicidade que envolvia o casamento deles.Seguia com sua rotina e com o seu maior plano: Amar Fernando como nunca alguém jamais amou.Se de
— É simplesmente lindo Nando. – Cris dizia enquanto abria a porta que daria a imensa varanda do hotel em que estavam hospedados.Após muita conversa, decidiram que não teriam o porquê fazer uma viagem para fora do Brasil se ainda não conheciam os lugares incríveis que seu país tinha a oferecer. Estavam em Maceió, o hotel cinco estrelas escolhidos por Fernando, ficava de frente para o mar, a vista incrível provocaria inveja ao mais lindo quadro. Cris estava encantada e andava na larga varanda, como criança solta em um parquinho. Seu marido a olhava e sorria, vendo-a tão cheia de vida, mesmo após tudo o que passou.Duas batidas na porta tiraram Fernando de seu estado contemplativo. Após receber suas malas e dispensar o entregador, ele caminhou lentamente até a Cris, despindo-se pelo caminho.— Psiu. – Ela então o olhou.Fernando es
— Ok. Está linda.Amélia disse ao seu reflexo no espelho pela terceira vez. Os cabelos caiam em cachos bem moldados, a maquiagem forte, destaca os olhos verdes, mas foi o que escolhera para aquela noite que deixou a morena estonteante. Um vestido vermelho vivo de uma única alça que descia colado ao corpo, ressaltando cada curva bem-feita, moldada por horas de academia e boa alimentação. Saindo da sua zona de conforto, estava sobre um salto dez que ao contrário do que Amélia sempre acreditou, o salto somente valorizou ainda mais o corpo.— Sim. Linda. – Garantiu a ela mesmo mais um vez antes de sair de casa.Assim que chegou ao Delirium, um dos rapazes mascarados abriu a porta, ajudando-a descer e ela lhe entregou a chave do carro, deixando um “obrigada” silencioso sair de seus lábios. Entrou no Club e sentiu o corpo ser impactado com a atmosfera de luxúria que env
— Será que eu morri? – Fernando perguntou com a voz rouca, quando abriu os olhos e viu Cris saindo do banheiro. Os longos cabelos recém lavados, caiam molhados por seus braços e o corpo, estava coberto somente por um biquíni branco.Cris não era uma mulher magra, dessas montadas em academia. Ao contrário, apesar da vida agitada, era sedentária, tirando os passeios de bicicleta nos finais de semana no parque e nada mais. Sabia que estava longe de ter um corpo perfeito, algumas gordurinhas a mais, sobravam de um lado ou outro, seu quadril trazia a marca de algumas celulites e estria, mas ainda assim, não conseguia deixar de sorrir, todas as vezes em que se via nua ou quase, na frente de Fernando, ele adorava cada pedacinho de seu corpo e isso a enchia de segurança.— Não sei, acha que está no inferno? – Brincou, indo para a cama, onde ele ainda estava deitado, olhando-a.<