Estou no alto de um prédio e está tudo muito escuro, as luzes da cidade abaixo mostram que já é noite. O vento sopra forte balançando tanto o meu cabelo que, em alguns momentos, preciso tirá-lo do rosto. Subitamente, alguns relâmpagos e trovões informam a chegada de uma tempestade, rapidamente as primeiras gotas de chuva caem sobre a minha cabeça, me encharcando.
Escuto barulhos estranhos vindos do outro lado do topo do prédio, olho na direção do ruído. Vejo dois vultos lutando com espadas estranhas. Uma delas é prateada tão brilhante quanto o sol do meio-dia. A outra é tão negra como a mais escura das noites.
Não consigo ver quem está lutando devido à chuva, porém consigo distinguir um terceiro vulto um pouco mais distante dos outros e… parece que conheço aquela figura. É… a minha mãe! Pare
A escuridão parece que está se dissipando lentamente quando começo a ouvir vozes:— Eu falei que você vai precisar de ajuda. — murmura uma voz desconhecida e melodiosa.— Não preciso de ajuda de ninguém, principalmente dele. — É a voz da minha velha.— Sempre quando eles completam dezesseis anos os seus poderes vêm à tona e você vai precisar de ajuda. — A voz desconhecida parece irritada — E você sabe que com ela será diferente.— Talvez não. — A minha mãe murmura, a sua voz está estranha, parece que está triste.— Cante novamente porque ela está acordando! — A voz estranha exclama, mais irritada.Ouço novamente a melodia e sinto a escuridão me puxando novamente.— Sara. — ouço a voz da minha mãe muito longe — S
Nos dias seguintes, dos cinco amigos, somente o Júlio não conversa comigo, até a Bianca troca algumas palavras na quinta-feira. Tudo bem que foi sobre os trabalhos, mas já é alguma coisa, afinal ela era a única que não conversou comigo. De qualquer maneira, acho esse Júlio um pouco estranho.Durante esses dias, não passei mal, por isso a cor retornou para as minhas bochechas. Creio que deveria ir ao médico para saber o que está acontecendo, mas a minha velha diz que não é nada de importante, que qualquer pessoa pode passar mal algum dia devido à comida.Há momentos que penso que a minha mãe não se preocupa o suficiente comigo, mas é só com relação a minha saúde. Não me lembro dela ter me levado ao médico algum dia, assim como não recordo de ter ficado doente, nem mesmo gripada, não fa&ccedi
O suor escorre quente e fedorento na minha testa, no mesmo instante, que quatro guerreiros humanos me cercam. Abaixo rapidamente me livrando do golpe de dois deles, em seguida passo uma rasteira em outro, derrubando-o, finco a minha espada no seu peito, direto no coração.Depois dou um salto mortal parando atrás de dois, decapitando-os logo que pouso no chão, cortando as suas carnes como se fosse manteiga. O quarto guerreiro tenta, com vários movimentos, desarmar-me, contudo, apesar de ser bem mais forte que os outros, ele não tem a menor chance contra mim. A última coisa que vê é a minha espada rasgando o seu corpo frágil ao meio. Que Delícia!Olho para o horizonte tentando coletar a maior quantidade de ar possível para os meus pulmões. Com esse calor insuportável, preciso tirar o meu elmo o mais rápido possível antes que o próximo levante contra as mi
Chego em casa bem antes de anoitecer, Rylo me recepciona enroscando a sua calda na minha perna, ao mesmo tempo, fica miando. Parece que a minha velha ainda está dormindo.Coloco o “skate” no lugar de sempre, vou para o quarto, guardo o meu equipamento e jogo o meu celular sobre a cama. Em seguida, corro para o banheiro, assim, a minha mãe não vai ver-me, afinal não sei direito qual foi o tamanho do estrago que a queda fez.Encaro o meu reflexo no espelho olhando o ponto dolorido, é um corte tão pequeno que creio ser um exagero o que o Júlio disse, além disso, também parece que já está cicatrizando. Acredito que isso não é normal!Dou de ombro, tiro a minha roupa e tomo um banho demorado, lavando o meu cabelo novamente, pois ainda está um pouquinho manchado de sangue.Ao sair do banheiro, me tranco no quarto, visto um dos muitos pijamas de florezin
— Sara. — A minha mãe me chama, mas a escuridão parece não querer soltar-me — Sara, está na hora.Sinto a mão dela em minha cabeça, suspiro profundamente, enquanto me espreguiço. Olho para ela, parece triste, apesar do sorriso.— Não quero ir na escola hoje.— Pode parar de pensar em faltar. Vamos, levante-se ou vai chegar atrasada. — Ela levanta da cama e sai do quarto.Droga! Eu não quero ir à escola, vou ter que falar com o Júlio, ainda não sei se quero saber o porquê dos olhos dele mudarem de cor ou a sua voz parecer um trovão quando soquei aquele garoto.Levanto-me, encaro o meu reflexo no espelho, o meu rosto parece igual ao outro dia. Aquela vitamina é realmente muito boa. Espera… E o corte na testa? Olho o local e… Nossa! Não tem nada. Nem parece que me machuquei.Já v
Nos dias seguintes, preocupo-me apenas em estudar, fazer os trabalhos escolares que os professores pediram, além de ajudar nos preparativos da festa. A quadra está cada vez mais bonita com os enfeites nas várias tonalidades de marrom e amarelo, transformando o lugar numa floresta no ápice do outono. Em nenhuma outra escola vi tamanha criatividade ou se quer a iniciativa de fazer algo assim.Ainda bem que durante esses dias a Bianca e a Alessandra não tocaram mais no assunto “Júlio”. O problema é que ele se afastou um pouco de mim, conversamos cada vez menos, além de ter ficado mais sério, são poucos os momentos que o vejo sorrir.Acredito que as meninas estavam erradas em dizer que ele está gostando de mim. O problema, agora, é que todas às vezes que o vejo, sinto aquela sensação esquisita na barriga, é como se milhares de borboletas estivessem vo
Ao chegar à praça, vejo que realmente já está aberta ao público novamente. Tem alguns garotos e garotas dando seus roles, mas são poucos, creio que tem uns dez nas três pistas.Após fazer algumas manobras ouvindo a minha seleção musical, sinto-me muito mais tranquila. Aquela hiena nunca mais vai se meter a besta comigo, a não ser que queira que eu quebre o nariz dela de novo, mas ela merecia uma surra bem dada.Um vento, que não sei de onde veio, começa a soprar, algumas nuvens negras começam a se juntar no céu escondendo a lua crescente, além das suas amigas e vizinhas, as belas estrelas.A pista começa a esvaziar quando me sento no terceiro degrau da escadaria, o mais próxima possível de onde a molecada dá os seus roles, tiro os fones do ouvido. Subitamente, uma moça aparentando uns vinte anos para no degrau em que e
A escuridão liberta-me do seu abraço, eis que começo a ouvir pássaros cantarolando ao longe, sinto um cheiro de flores e eucalipto numa brisa fresca que passa diante do meu rosto, mas não creio que esteja ao ar livre, pois a claridade é pouca, além de sentir um colchão não muito macio sob as minhas costas.Abro os olhos e um pequeno candelabro de ferro com várias velas está pendurado num teto de madeira. O quê? Onde está a luz? Viro o meu rosto para todos os lados e o que surge diante dos meus olhos parece ser uma casa dos tempos medievais.Uma mesa de madeira grande e quadrada, circulada com algumas cadeiras do mesmo material, está posicionada bem no centro da cabana. Vários pequenos vidros contendo líquidos das mais variadas cores, com mais dois pequenos candelabros com três velas cada, estão sobre a mesa.Do outro lado, vejo uma lareira