Capítulo 05

Ao retornar a mansão Azepeta, eu já estava disposta a ir embora. Porém no momento me encontrava cansada, pois já eram quase quatro horas da manhã. O Senhor Otton deu mais três paradas antes de chegarmos, em uma dessas paradas pude ver de longe o seu pai, achei que ele era falecido. Mas não, pelo visto não se dão muito bem, eu estava olhando curiosa pelo retrovisor, pois nessa parada ele não fez questão da minha presença para acompanhá-lo. Achei estranho, e comecei a observar. O pai dele deu um soco nele, o que me causou espanto, dei até um gritinho assustada, e indignada. Um homem como o Senhor Otton apanhar, e ainda do pai… queria rir, mas o medo tomou conta. Já estava ligando o carro, pronta para partir.

Assim que o moreno entrou no carro, pude ver o nariz do mesmo sangrando. Até quis ajudá-lo, porém levei bronca pra variar.

— Deixa de frescura Alex, não me venha querer cuidar de mim, o seu trabalho é dirigir. — Ele disse com uma grosseria, que me segurei para não chorar. Era somente o primeiro dia, e já estou pensando em pedir demissão.

Agora estou aqui, trancada no meu quarto, ele disse que eu poderia acordar às nove horas da manhã, para compensar a nossa demora.

Comi uma das besteiras que estava no frigobar, tomei um belo banho, e me permiti dormir somente de camisola. E uma touca de seda na cabeça. Tranquei a porta, janela, e abaixei as cortinas, só quero dormir, e esquecer desse pesadelo.

•Otton•

Já eram sete horas, e não consegui pregar o maldito olho. Minha cabeça doía, meu nariz então nem se fala, ter um pai assim, me dá ódio. Resolvi tomar um banho, comer algo, e desci para o escritório, precisava pensar, e lá era o meu refúgio.

O Mateo já deve estar acordado, e para a minha surpresa, até minha irmãzinha estava de pé já. Ao descer as escadas, pude notar o olhar de preocupação de ambos.

— Não acredito que ainda foi vê-lo, eu disse para esperar um pouco mais Otton. — Mateo disse meio amargurado, pois apesar de tudo. Ele sempre buscou ser compreensível comigo, diferente do meu pai.

— Nossa Otton… dessa vez ele exagerou, quer que eu pegue os curativos ? — Minha irmã disse, já se levantando. Mas para o azar dela, a minha paciência, e humor não estava dos melhores.

— Não ! Já basta o Alex, aquele idiota se ofereceu pra fazer isso também. Eu me senti como se ele estivesse com pena de mim, só não o mandei embora, pois ele foi o melhor motorista que tive até hoje, e isso eu não posso negar. — Falo já botando tudo pra fora, mesmo o nanico sendo estranho, não nego que ele tem um talento raro digamos assim.

— Que bom, pelo menos ele parece ser gente boa, eu gostei muito dele ! — Lia disse contente, parecia se alegrar mesmo tendo o Alex por aqui.

— Na próxima vez que decidir ir ver o seu pai, me comunique Otton. Eu não admito ele te bater, você já é adulto, mas às vezes o Hector ultrapassa os limites. — Mateo se pronunciou, ele sim é o meu pai. Devo muita coisa a ele.

— Mas enfim Otton, gostou do Alex, ele exerceu bem o trabalho ? — Continuou ele, me perguntando sobre o motorista, não sei porque, mas ele parece se preocupar de verdade em relação ao Alex.

— Sim Mateo, se você vê o quão rápido ele é, e as manobras que ele faz, fora que conhece uns atalhos. Sabe… o mais interessante é que ele aprendeu isso com a namorada dele, que por sinal é ex -namorada do ruivo, o Yuri. — Eu contei a eles o que havia acontecido, eu não sou de falar, mas somos uma família, e somos unidos por mais que não aparenta. Os meus assuntos guardo para mim, porém eu precisava contar, o Alex só tem a cara de sonso pelo visto. E eu fiquei intrigado, por isso queria saber a opinião da família.

— Caramba, essa Ayla deve ser foda mesmo, quero muita conhecer ela Otton. — Minha irmã bateu até palminhas empolgada, ela realmente ficou curiosa, tanto quanto eu.

Sou bem observador, o Mateo não pareceu espantado, porém estava atento ao nome “Ayla” quando mencionado. E ficou levemente sério quando citei o Yuri. Eu não sou idiota, tenho quase certeza que ele esconde algo… mas o que seria ? Ele que contratou o Alex, então já deveria saber. Estranho….

— Então gostou dele, não vai abrir mão ? — O platinado perguntou seriamente.

— Abrir mão ? — Sorri, me endireitando na poltrona, pois ainda estava desfrutando das “notícias” na sala com a família. — Não irei abrir mão, o Alex é atento, e por mais que eu odeio admitir, aquele nanico tem coragem. Ele me deu a opinião dele, mesmo sem eu pedir, abrir mão dele não é uma opção.

Sem mais, nem menos, jamais !

— Na madrugada antes dele ir descansar, conversamos por um breve momento, pois eu fui até a cozinha e Otton …ele cogitou ir embora.

Mas o que ?

— Como assim ir embora, Mateo ? Tá louco ? nem pensar, dobre o salário ou qualquer coisa. Mas daqui ele não vai sair, ok !? — Me irrito facilmente, e sem pensar em mais nada fui para o escritório, eu não sei o porquê, mas sinto que esse Alex vai me dar dor de cabeça.

(...)

Passou algumas horas, e já eram nove horas da manhã. Pensei em eu mesmo ir falar com o Alex, eu não posso perder o melhor motorista que eu já tive até o momento.

Então caminhei pela casa, passando pela cozinha, e indo rumo ao corredor onde se encontra o quarto do nanico. Assim que eu estava chegando no quarto dele, um furacão loiro entrou na minha frente, e aparentemente ia fazer o mesmo que eu… ver o Alex.

— Onde vai com tanta pressa ? — Pergunto arqueando uma sobrancelha, aguardando sua resposta.

— Ah…Otton, Mateo foi resolver umas coisas, e pediu para eu chamar o Alex, eu não entendi bem o porquê né, mas cá estou. — Achei estranho, pois Mateo não seria tão prestativo assim. De mandar a Lia vir o chamar, para ele não perder a hora.

— Pode ir, eu mesmo o chamo ! Preciso conversar com ele. — Ela suspira dando de ombros, me deixando ali, diante a porta do nanico mirim.

Eu deveria bater ? Deveria ! Mas…eu tenho as chaves, então irei usá-las. Até porque ainda não confio tanto neste rapaz. Retirei o molho de chaves do bolso, e abri bem devagar, queria mesmo espiar o que esse ser está fazendo, já que passou alguns minutos das nove horas. E eu odeio atrasos, mesmo que seja por minutos, ao adentrar o quarto estava um pouco claro, mas dava pra ver bem, me aproximei da cama, e ele não estava lá, provavelmente estaria no banheiro. Pois ouço o barulho do chuveiro, olho para cama dele e fico um tanto chocado com a minha descoberta, havia uma peruca preta ali em cima da cama.

— Nossa ele é tão jovem, e é careca ! — Falo querendo rir, e ouço sons vindo do banheiro. Bom…vou me retirar, já vi até o que não deveria. Não quero ver o nanico bravo, e ainda mais o ver careca, deve ser ridículo.

Me retiro do quarto, indo em direção a sala. Irei esperar por ele lá, vai ser foda fingir que eu não sei disso.

Se um dia ele vir querer me encher, eu puxo o cabelo dele, e exponho que ele é careca. Quem sabe assim ele aprende a ser menos intrometido. Isso é o mínimo…já que não quero o matar. Motivo de atrasos já me renderam vários tiros, e corpos ao longo dos anos sendo da Máfia.

Assim que olho para o lado, é difícil não sorrir. O nanico de terno, e com o cabelo no lugar. Mas ele não precisa saber que eu sei disso.

— Está atrasado !

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