Ao amanhecer eu já estava em exaustão, pois pensei, e repensei sobre a vaga de motorista. Mandei um e-mail para o nome de “Lia” provavelmente deve ser a secretária dele, ou sei lá. E a mesma respondeu quase de imediato, e para minha infelicidade realmente tinha que ser um homem.
Me coloco de pé indo até a minha janela, abrindo a mesma, e respirando o ar puro que vinha de fora, a brisa fresca bateu em minha face me fazendo estremecer. Estava ao ponto de enlouquecer, e só tinha uma solução. — Que merda ! — Resmungo já me descabelando. Pois não iria ter outra oportunidade dessa, então pensei na última alternativa, irei me disfarçar, aliás me transformar em um homem. É isso ! Graças a Deus eu sabia usar maquiagem, e tinha alguns trajes masculinos aqui em casa. Então sem pensar mais vezes, pois já tinha pensado demais. Decidi por fim ir me arrumar, liguei no número que Lia tinha me passado, sem ela saber que eu era a mulher do e-mail, engrossei a minha doce voz e fui aprovada para entrevista, aliás… “Aprovado”! Para uma parda de cabelo preto liso, e longo, irei lutar um pouco para por essa peruca masculina que usava na época de teatro do colégio. Com a maquiagem deixei os traços levemente masculinos, a peruca não ficou tão ruim. Agora o terno que era do meu pai…vou ter de fazer uns ajustes. Ainda bem que aprendi algo com a minha avó antes dela falecer. E assim foi a minha manhã, correria e agitação. Tudo isso para se tornar um homem, e conseguir um emprego. Espero não servir de chacota, pois minha estrutura não é das melhores. Não sou tão alta, então serei um homem baixo, só falta isso me ferrar de vez. Por fim, estava pronto, e modéstia a parte, estava lindão. Um pouco delicado para um homem, mais que seja, é isso ou nada. Um moreno muito de boa aparência eu me tornei. Peguei minha cnh, documentos, meu carrinho e fui. Eu dirigia um fusca, não dos antigos, desses mais novos, parece uma bolinha com olhos preto. Chamo ele de fúria da noite “irônico eu sei”. Enfim, irei tentar me dobrar com a Lia sobre a documentação. Pois eu era Ayla na documentação, e tinha que ter outro nome, mais qual ? Um parecido, porém forte, e de homem. — Acho que já sei qual nome usar. No entardecer eu cheguei no local da entrevista, achei que seria um escritório, ou uma casa. Mas não, é uma mansão ! Um lugar completamente afastado, que eu jamais imaginaria ter aqui nessa cidadezinha pacata. Lugar chique, mas me fez ter calafrios, parece um tanto abandonado. E escuro, trás um ar sombrio, que me deu medo. Assim que cheguei na frente dos grandes portões de grade preta, todo chique, e cheio de detalhes, quando desci para falar com o segurança. Os portões se abriram, mas também, passei a descrição toda para Srta Lia, ela já deve ter me visto, e permitiu a minha entrada. Aqui deve ter câmeras por todo lado, devo me cuidar para não ser descoberta. Assim que estacionei o carro de frente a mansão, vejo uma bela mulher, deve ter a minha idade, se veste bem. Com um terninho na cor cinza, saia justa, e salto preto. Tão branquinha, cabelos loiros, e um tanto ondulados, olhos azuis, realmente ela é muito linda. — Boa tarde, eu sei que te pedi para vir com urgência. Que nem ao menos perguntei o seu nome, como se chama ? — A bela mulher me perguntou, deve ser a Lia. — Me chamo Alex senhorita, Alex Belmonte ! Vejo que cheguei no horário, achei que teria mais pessoas para entrevista. Acho que sou ingênuo demais, dá pra ver que aqui é outro nível. As entrevistas devem ser todas separadas, e em horários diferentes não ? — Perguntei curioso, quase me esquecendo de engrossar a voz. Ela me olhou meio surpresa, agora não sei se é pelo óbvio, ou se perdi algo. — Na verdade é somente você Alex, mas ninguém teve tal ousadia. Só uma mulher, mas deixei claro que deveria ser homem. Enfim, nem vai precisar de documentação por hora, ele vai te pagar no dia. Vai que você desiste rápido, ou acontece algo ruim. Opa… a mulher era eu também, mas porque ninguém teve “ousadia” ? Sinto que me meti em alguma furada. Algo ruim… isso me deu calafrios. — Não entendi, primeiramente o “ousadia” perdão mas fiquei confuso — Confesso aguardando uma resposta de Lia. — Ah, você não leu o nosso sobrenome, não é mesmo ? Sou Lia, Lia Azepeta. Meu Deus, ouvi boatos sobre a chegada deles, por isso ninguém quer a vaga. Mesmo sendo muito boa, corre risco de vida. Já que dizem que quando ele não gosta de alguém, é morte na certa. — Azepeta… os mafiosos ? — Pergunto já me arrependendo de todos os esforços para me transformar em homem, e vir até aqui. — Sim, por isso disse que é ousado. A vaga é sua ! E cuidado com a língua, sou irmã do Mafioso Otton Azepeta. A vaga é minha, ferrou…Eu como mulher só queria correr, e parar de me lamentar. Quem manda ser ganancioso ? Agora como Alex, eu que lute.— Vai ficar aí Alex ? — Perguntou a loira, me indicando a entrada, e assim que adentrei fiquei de boca aberta. Ser pobre é uma benção, a gente nem consegue disfarçar quando vê algo assim.Que mansão linda, tem um ar sombrio, mas é tudo lindo ! E os móveis quase todos de madeira, dessas toda trabalhada e com detalhes a mão.— Gostou né !? Dá pra ver olhando para essa sua cara de bobo. Se continuar assim já vai apanhar no primeiro dia, isso se não morrer né…Ela riu vendo minha expressão de total desespero, o pior que ela não está mentindo.— Deixa o garoto Lia, e vá chamar o Otton, eu não tenho o dia todo ! — Disse o senhor descendo das escadas que dava ali na sala.Ela foi rapidamente, parecendo quando o pai da bronca. Será que é pai dela, e do seu Otton ? — Penso, mas logo mudo de ideia ao analisarmos o “senhor” que não tem nada de tão senhor assim. Ao contrário, é um c
Já era noite, e eu tinha acabado de guardar todas as minhas coisas, abri a janela do meu quarto que dava de cara para o jardim. Era muito bonito, só faltava cor…flores. É tão grande, e só tem cactos, o gramado é lindo, tem um pedaço de terra para plantar, e várias pedrinhas brancas espalhadas fazendo detalhes lindos no chão. Para completar a beleza, o céu estava espetacular, estrelas e mais estrelas, a lua estava na fase nova. Então fiquei ali apreciando a paisagem, sentindo o vento gélido bater sobre mim me fazendo estremecer um pouco.— Já se instalou Alex ? — O moreno me assustou, que dei até um pulinho antes de encará-lo.— Sim senhor Azepeta, já estou à sua disposição ! — Digo o fitando, vendo o mesmo observar o quarto. Como se buscasse algo para me julgar talvez…— Ótimo, às 01:00 am a gente sai, então cinco minutos antes já esteja pronto pra mim, te encontro na sala. Assenti com um aceno de cabeça o vendo se retirar. Eu preciso trancar a porta, se bem que devem ter cópias, mas
Assim que o Senhor Mateo se retirou, eu fui me transformar em Alex. Pois é o meu primeiro dia de trabalho, e espero não falhar com o Otton. Já era meia noite, e meia. Fui aguardar o mesmo na Sala Principal, melhor se adiantar bem, do que se atrasar muito. Para minha surpresa o Mateo estava na sala lendo um livro, me olhou de cima para baixo, e me ignorou por completo.— Essa gente não dorme…Pensei enquanto andava de um lado para o outro. Pois já era uma hora e dez minutos da manhã, e nada do bonitão. — Se acalme, desse jeito vai furar o piso de tanto andar. Às vezes ele se atrasa mesmo, espero que fique bem, e não durma no volante. Pois ainda pretendo ter muitas conversas com você…Ayla. — O grisalho disse um tanto baixo, me dando um sorriso simpático.— Ok eu só….Quando iria dizer algo, o bonitão aparece, estava lindo, lindo mesmo. Se vestindo de social, camisa social preta, calça jeans, e aquele sapato pontudo bem elegante. — Vamos Alex, pois o ruivo já está à minha espera. — Di
Ao retornar a mansão Azepeta, eu já estava disposta a ir embora. Porém no momento me encontrava cansada, pois já eram quase quatro horas da manhã. O Senhor Otton deu mais três paradas antes de chegarmos, em uma dessas paradas pude ver de longe o seu pai, achei que ele era falecido. Mas não, pelo visto não se dão muito bem, eu estava olhando curiosa pelo retrovisor, pois nessa parada ele não fez questão da minha presença para acompanhá-lo. Achei estranho, e comecei a observar. O pai dele deu um soco nele, o que me causou espanto, dei até um gritinho assustada, e indignada. Um homem como o Senhor Otton apanhar, e ainda do pai… queria rir, mas o medo tomou conta. Já estava ligando o carro, pronta para partir. Assim que o moreno entrou no carro, pude ver o nariz do mesmo sangrando. Até quis ajudá-lo, porém levei bronca pra variar. — Deixa de frescura Alex, não me venha querer cuidar de mim, o seu trabalho é dirigir. — Ele disse com uma grosseria, que me segurei para não chorar. Era som
— Está atrasado ! O encarei, e espero ter conseguido passar o recado. Eu não tolero atrasos, e eu não sei porque, mas esse nanico me dispertou uma certa curiosidade. — Me perdoe Senhor Otton, não vai se repetir ! — Ele me respondeu um tanto cabisbaixo, achei que ele desviaria o olhar. Mas não, ele me encarou intensamente, e só aí eu percebi o olhar dele, o Alex tem o olhar bonito, a cor é de um tom verde claro, que as vezes parece um azul. — Senhor… ? — Ele me trouxe a realidade, então me levantei rapidamente. Me perguntando o que foi isso ? Como eu pude ficar o encarando, e pior…admirando os olhos dele, eu devo estar louco mesmo. — Por hora Alex, eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas, quero saber mais sobre você. Vai que acontece algo, e eu tenho que informar aos teus familiares. Alex pareceu um pouco confuso, mas concordou de imediato. Então pedi para o mesmo me seguir até o escritório, para podermos ter mais privacidade, e eu saber mais sobre esse motorista. Ele tem sido
Otton parecia estar mesmo furioso, eu não conseguia entender, ou compreender o porquê desse comportamento tão inesperado. Eu só consegui seguir o Mateo até o meu quarto, pois estava ansiosa para saber o que ele me trouxe na sacola. Assim que adentramos, não pude deixar de sorrir. A expressão do Mateo era de tranquilidade, e felicidade ao mesmo tempo. — O que você trouxe para mim ? — Pergunto curiosa, parecendo uma criança. — Abra, e veja ! Eu espero de verdade que você goste, pois acho que em breve você não poderá manter mais duas identidades mocinha. — Ele fala seriamente, então entendi tudo, provavelmente o senhor Otton já descobriu, ou está quase descobrindo a verdade sobre mim. Sorri um sorriso quase morto por assim dizer, o desânimo se fez presente. E eu pensei em quão ferrada eu já estava, e se isso tudo poderia piorar… — Hey, por favor Ayla… não desanime, abra o meu presente ! Eu disse que vou ajudar, e cuidar de você, então eu vou ! Agora abra…Ordenou rapidamente, e eu a