Capítulo 04

Assim que o Senhor Mateo se retirou, eu fui me transformar em Alex. Pois é o meu primeiro dia de trabalho, e espero não falhar com o Otton. Já era meia noite, e meia. 

Fui aguardar o mesmo na Sala Principal, melhor se adiantar bem, do que se atrasar muito. Para minha surpresa o Mateo estava na sala lendo um livro, me olhou de cima para baixo, e me ignorou por completo.

— Essa gente não dorme…

Pensei enquanto andava de um lado para o outro. Pois já era uma hora e dez minutos da manhã, e nada do bonitão. 

— Se acalme, desse jeito vai furar o piso de tanto andar. Às vezes ele se atrasa mesmo, espero que fique bem, e não durma no volante. Pois ainda pretendo ter muitas conversas com você…Ayla. — O grisalho disse um tanto baixo, me dando um sorriso simpático.

— Ok eu só….

Quando iria dizer algo, o bonitão aparece, estava lindo, lindo mesmo. Se vestindo de social, camisa social preta, calça jeans, e aquele sapato pontudo bem elegante. 

— Vamos Alex, pois o ruivo já está à minha espera. — Disse ele já saindo pela porta, apenas acenei para o Mateo me despedindo do mesmo, que por sua vez estava com um olhar bem sério. 

Ao adentrar no carro do Azepeta, achei que ele iria no assento traseiro, me enganei, pois o mesmo veio no banco passageiro da frente. 

— Vai, liga logo esse carro, e vamos por esse caminho ok !? — Disse o moreno, ao colocar a rota no gps. O que para a minha surpresa, era próximo ao bairro onde deixei de morar.

Liguei o carro, e modéstia a parte, eu sou bem vida louca quando o assunto é dirigir. Tipo velozes e furiosos, um dos motivos por ser solteira. Meu ex queria, e exigia muitas coisas de mim, uma delas era ser pilota de fuga dele. Quando eu descobri que ele não prestava em nada, e ainda me traía pois ele não tinha paciência de me esperar, pois sim, sou virgem ainda ! Quando eu descobri os crimes, e do que ele era capaz, ele quis me convencer a viver com ele, e ser a pilota dele. Pois ele dizia “Minha bonequinha”, você é a melhor na pilota, o seu jeito de conduzir é único” e é mesmo ! Sobre isso ele dizia a verdade, enfim… pagando com a língua eu diria, motorista, e tipo piloto de fuga eu me tornei, a diferença é que eu ganho pra isso, e ganho muito bem.

Assim que liguei o carro, e cai na pista, o Otton até apertou o cinto, e me olhava meio incrédulo. Acabei rindo um pouco, e peguei um atalho, pois conhecia bem onde seria o destino da rota. Era um mercado antigo, que fechou a anos. Provavelmente ele deve ir negociar, ou matar alguém ? Por Deus, irei pegar o atalho mesmo, se for assassinato a gente sai bem rápido, já trassei um plano de fuga rapidamente. Caso seja mesmo necessário, iremos fugir !

— Você está saindo da rota Alex, para onde pensa que está me levando ? — Perguntou irritado, e querendo rir quando eu peguei o atalho, e rapidamente retornei a rota, já quase chegando ao destino final.

— Somente um atalho Senhor, conheço bem a cidade, e sei por onde dirigir para não sermos vistos. 

Ele iria brigar, mas aparentemente pensou melhor, e até respirou aliviado.

— Eu me enganei com você, só por esse desvio de caminho, e ter voltado rápido para rota, me dando meia hora a mais de tempo livre, você realmente sabe dirigir, ótimo, muito bom ! — Sorriu um tanto desacreditado, assim que chegamos no local, fui chegando perto como o Senhor Otton ordenou, dando uma manobra que só a bonequinha aqui sabe fazer, tipo derrapando ao estacionar. E quando eu vi aquelas pessoas quem ficou desacreditada fui eu.

— Por Deus, eu sei que você é bom, mas não precisa se amostrar né Alex, venha comigo, preciso de você por perto, tome essa arma, caso você precise. — Levei uma bronca, e de brinde uma arma, irônico não ? Porém travei, ao ver quem realmente era a pessoa, o tal ruivo que ele iria encontrar, e eu travei, e não conseguia sair do lugar. 

— Alex, está pálido ? Por Deus, ande, eu não tenho tempo. — Disse o Azepeta já irritado, então voltei a si, tentando não encarar ninguém ali, preciso proteger o meu disfarce. 

Desci do carro o acompanhando, ficando logo atrás dele, conhecendo os rostos que ali se encontravam…

Carlos, Gael, May, , e o meu ex…

Então a gangue deles trabalha para os Azepetas, que mundo pequeno. 

Eles me olharam, pareciam que já tinham me visto antes, e para eles mesmo diziam que “não” ele é um “cara” mal sabiam que conheciam mesmo, que era eu ali, diante deles, Ayla. Só que agora, vestindo-se de homem, Alex. 

Otton pegou uma maleta, e me entregou para abrir pra ele conferir o que tinha ali, ou melhor, o quanto tinha ali. Era dinheiro, muito dinheiro, de venda de drogas, e armamentos. 

— Está certo, semana que vem a gente vem de novo, irei trazer algumas mercadorias para vocês. E sem erro ! — Falou o Otton, vendo ambos concordarem. 

Quando eu me virei para ir, e entrar no carro, e o Otton iria abrir a porta dele, o ruivo se aproximou.

— Hey, essa manobra, o jeito que vi vocês chegando com o carro, onde você aprendeu nanico ? Aliás, olhando bem… vocês até se parecem, se não fosse por ela ser mulher…eu pensaria que seria ela.

Otton arqueou uma sobrancelha, me olhando sem entender, eu gelei, e fingia demência. Demonstrando não saber, e nem entender ao que ele se referia.

— Responde Alex, é só uma pergunta. — Otton já estava ficando impaciente.

— Aprendi com a melhor.

Só consegui dizer isso, estava suando, doida pra sair dessa merda. Eu só entro em furada, por Deus, porque eu fui dizer isso, agora ele vai saber que eu sei de quem ele está falando, e pior… vai querer saber dela novamente, que por acaso sou eu ! Meu Deus, ter duas identidades está me deixando maluca, e é somente o primeiro dia ainda.

— Sabia ! Vocês devem ser parentes, fala pra minha bonequinha que eu voltei ! E quero ela de volta.  

Aí eu mereço, só o que me faltava, eu queria mesmo era disparar essa arma nele, ou ao menos tacar um tijolo na cabeça dele. Idiota ! Depois de fazer eu arrastar o chifre no asfalto, ele ainda me quer de volta… 

Otton parecia impaciente, porém quando envolve mulher que ele não tem conhecimento, dá para notar que o moreno fica curioso.

— Bonequinha ? — Perguntou para o ruivo.

— Minha ex, Ayla… a melhor na pilota Otton, uma vez falei sobre ela por telefone, não se lembra ? 

É o que, ele já tinha falado de mim para o Otton ? 

— Ah sim “A mulher mais delicada, e boa na pilota” me lembrei, então o Alex o conhece, espera, o nome é Ayla ? Ah, já entendi. — O Azepeta deu um sorriso maldoso. Dando continuidade…

— E eu achando que você era idiota Alex, a sua namorada se chama Ayla não é mesno? Ouvi você falar para o Mateo, agora vamos. 

Entramos no carro, e eu suando e nervosa, isso que da mentiras, e mais mentiras, só falta esse doente querer me matar achando que estou com a ex dele, sendo que ela sou eu. Antes de me retirar, olhei pelo retrovisor, e pude ver o ruivo rosnando de raiva.

— Você é bem espertinho Alex, roubou a mulher dele em… Ela deve ser boa mesmo, pois você me surpreendeu dirigindo, e disse que aprendeu com ela. Que coisa, ele tá bem bravo, mas não se preocupe, quem anda comigo ninguém encosta, ou fica perto. Mas agora é sério, eu quero muito conhecer a tal Ayla, quando ela aparecer lá em casa, me comunique, pois quero conhecê-la bem. Já ouvi algumas coisas sobre ela. 

— Sim senhor, só cuidado, o Yuri pelo visto não aceitou o fim. E eu não confio nele.

Disse com a voz trêmula, só quero chegar em casa, chorar, e ser eu mesma. Esse rolo todo está me fazendo mal.

— Agradeço a sua sinceridade, e opinião mesmo eu não pedindo. Mas entendo você. — Ele falou ríspido, voltando a atenção para o seu aparelho celular.

Acho melhor eu ir embora, e pedir demissão, será que o Otton iria achar ruim ?

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo