Quando chegamos ao apartamento me dei conta que já estava quase anoitecendo. Parecia que cada vez ficávamos mais tempo reunidos no domingo. Tomei um banho, coloquei meu pijama e fiz um sanduíche, a única comida que eu sabia preparar. Sentei no sofá e liguei a televisão, embora não prestasse atenção em nada. Estava um pouco nervosa pela conversa com Samantha. Ela deveria estar mais ainda. Logo ela saiu do banho e sentou no sofá ao meu lado, com as pernas para cima, vestindo roupão e com uma toalha envolvendo os cabelos úmidos.- Pois bem, Ari, agora me conte tudo que você conversou com Jonathan.Fiquei até um pouco confusa. Será que ela sabia o que tinha acontecido?- Como assim? – perguntei um pouco desnorteada.- O que falaram sobre mim? – perguntou ela ansiosa.Respirei aliviada. Por um momento pensei que ela pudesse ter suspeitado de algo.- Sim, conversamos sobre você.- Então não me deixe assim... Fale logo. – pediu ela olhando nos meus olhos.- Bem... É complicado, Samantha.- E
A segunda-feira passou rápido. Eu tive que aplicar alguns testes em pessoas que haviam feito seleção para algumas empresas. Essa era minha função. Colaborar com o RH, sendo que nem sempre minha opinião era escutada. Eu tinha alguns colegas legais, o dono da empresa era simpático e jovem e algumas vezes me convidou para sair e eu sempre recusei de forma gentil, pois jamais passava pela minha cabeça me envolver com meu chefe, por mais charmoso que ele fosse. Eu não gostava muito de trabalhar lá, mas foi o que apareceu na minha área logo que cheguei à cidade. Ainda tinha intenção de montar um consultório e fazer consultas particulares, mas o lugar onde eu trabalhava me remunerava bem e me dava estabilidade financeira. Então me faltava coragem de arriscar.Quando cheguei ao Dreamworld percebi que as luzes do apartamento de Therry estavam acesas. Fiquei pensando se deveria ou não ir até lá e conversar com ele de uma vez para acabar tudo entre nós. Achei estranho ele não me procurar, nem se
Quando cheguei, Samantha avisou:- Therry esteve aqui.- Therry? Ele nem me ligou. – falei.- Ele disse que viu você acompanhada no clube e tudo mais... Estava brabo e não conseguia disfarçar. Queria tomar satisfações conosco. O bom é que pelo visto ele não tem certeza de quem estava com você. Ele não reconheceu Jonathan.- Melhor assim. Não acho bom envolver Jonathan nisso tudo. Ele não tem nada a ver comigo. – falei.- Ari... Cuide-se. – falou Samantha.- Por que está dizendo isso?- Eu... Não gosto muito de Therry e da maneira como ele fala às vezes. É muito grosseiro.- Eu sei. Já percebi isso algumas vezes. Ele não aceita algumas coisas se não são do agrado dele. Tenta sempre prevalecer sua vontade. E tem mudanças de humor bem rápidas. Mas eu não tenho medo dele.- Eu tenho e acho que você deveria cuidar-se quanto a ele.- Não acho que ele faria alguma coisa contra Ariane. – disse Helena. – Ele parece gostar dela, embora ele seja realmente estranho algumas vezes.- Eu realmente n
Helena foi dormir e eu fiquei ali um tempo no sofá, pensando na vida e tentando não pensar em Jonathan. Eu tinha medo de pensar demais e descobrir o que eu pudesse sentir por ele. Depois de um tempo me deu sono e fui deitar. Samantha ainda estava acordada. As luzes estavam apagadas, mas dava para perceber que ela estava chorando.- Você está bem? – perguntei alisando os cabelos dela no escuro e sentando ao lado dela na cama.- Helena foi muito dura comigo.Eu a abracei. Samantha não costumava ser muito emotiva e o fato de ela estar chorado significava que realmente estava magoada e doída por dentro.- Não chore, Samantha. Eu tenho certeza que Helena não fez por mal.- A verdade dói tanto, Ari...- Você vai superar isso, Samantha. Você sempre foi uma mulher forte.- Eu amo Jonathan. Isso não é uma obsessão. Magoa-me o fato de não acreditarem nos meus sentimentos, como se eu não fosse capaz de amar um homem. Vocês me julgam pelo meu passado.- Não...Eu falei não, mas no fundo ela tinha
Meu celular tocou e eu vi o nome de Therry. Fiquei um pouco nervosa, mas atendi.- Ari?- Oi, Therry.- Quero que você venha até o meu apartamento. Precisamos conversar.Eu fiquei pasma com o autoritarismo dele e a forma de falar. Respirei fundo e disse:- Acho que não temos mais nada para conversar, Therry.- Tem certeza?- Sim, eu tenho. E quero que você não me ligue mais.- Você pensa que eu sou otário, Ariane? Não, eu não sou. Eu vi você no clube domingo.- Pois saiba que eu também o vi. E creio que este seja o motivo que ficamos há dias sem nos falar não é mesmo? Achei que o que vimos, bastasse. Para nós dois.Ele ficou calado um tempo depois disse, em tom mais calmo:- Me viu?- Sim, vi você muito bem acompanhado. Nosso namoro não ia bem há tempos e você sabe disso, Therry. Acabou. Sei que não é legal fazermos isso por telefone, mas já que só nos falamos assim, não há porque retomarmos este assunto.- Você acha que eu sou o tipo de homem que leva fora por telefone, Ariane?- E v
Eu não conseguia parar de olhar atentamente todo o carro por dentro. Eu senti que ainda tremia minhas pernas, acho que por causa da situação com Therry, que realmente tinha mexido com meu emocional. Pela primeira vez eu tive medo dele. E me senti indefesa quando ele agarrou meu braço com força. Eu poderia tentar esquecer Therry, Samantha e tudo mais... Mas eu sabia que não conseguiria. Embora meu coração batesse descompassadamente ao ver Jonathan tão arrumado e perfeito dirigindo aquele carro de luxo, eu sabia que aquele homem não me pertenceria jamais. Na minha concepção era como se eu tivesse cometendo um crime em estar com ele ali, naquele momento.- Quer falar sobre o que aconteceu com Therry?Eu olhei para ele, que me olhou rapidamente enquanto guiava o carro com habilidade.- Eu acho que não. Mas eu já terminei com ele. Parece-me que ele não aceitou muito bem.- Não justifica o fato de segurar você pelo braço daquela forma agressiva.- Eu sei.- Tome cuidado, Ariane. Therry não
- Por que você não me disse isso antes? – eu perguntei sem evitar que meus olhos se enchessem de lágrimas.- Você nunca me deu uma chance... Parece que sempre fugiu de mim.- De alguma forma você sempre mexeu comigo... Sempre me deixou nervosa. – confessei.- Isso fazia com que eu pensasse que você não sentia nada por mim, pelo contrário, me repudiava.Eu abaixei meus olhos. Ele continuou:- Quando eu beijei você no clube e fui correspondido, eu percebi que talvez você sentisse algo por mim sim. Por mais que você não me diga, eu não acredito que não haja nenhum tipo de sentimento em você. Nem que seja atração física, eu sinto que de alguma forma você me corresponde. Sei que provavelmente o que você sente não é tão profundo quanto o que eu sinto... Mas eu não tenho pressa. Estou disposto a esperar o tempo que for preciso. E a conquistá-la, custe o que custar. Porque eu decidi que você é a mulher que eu quero passar o resto da minha vida. E eu não decidi isso hoje, ou ontem... Eu decidi
Nós começamos a observar uma barraca onde um menino e sua mãe tentavam atirar nos bonecos. Era visível a frustração do garoto com a mãe que não conseguia acertar o que ele queria. Jonathan foi até lá e ofereceu-se para ajudar. Em pouco tempo ele acertou no alvo e o menino saiu feliz com seu boneco de pelúcia.- Ele ficou feliz. – observei quando o menino agradeceu e saiu sorridente.- Eu adoro crianças.- Não conhecia este seu lado paterno. – eu disse.- Confesso que eu realmente não tinha. E não o mostro a qualquer pessoa.Eu sorri. Será que ele percebia o quanto eu estava encantada em conhecer aquele Jonathan que eu não conhecia?- E você, tem instinto materno de vez em quando? –ele perguntou. – Se vê montando uma família no futuro?- Às vezes sim, às vezes não. Acho que tenho muita coisa para fazer antes de tomar a decisão de ser mãe. Eu gosto da minha escolha de profissão, mas não gosto do lugar onde trabalho. Sinto que preciso progredir nisto.Jonathan pegou uma ficha e atirou no