- Por que você não me disse isso antes? – eu perguntei sem evitar que meus olhos se enchessem de lágrimas.- Você nunca me deu uma chance... Parece que sempre fugiu de mim.- De alguma forma você sempre mexeu comigo... Sempre me deixou nervosa. – confessei.- Isso fazia com que eu pensasse que você não sentia nada por mim, pelo contrário, me repudiava.Eu abaixei meus olhos. Ele continuou:- Quando eu beijei você no clube e fui correspondido, eu percebi que talvez você sentisse algo por mim sim. Por mais que você não me diga, eu não acredito que não haja nenhum tipo de sentimento em você. Nem que seja atração física, eu sinto que de alguma forma você me corresponde. Sei que provavelmente o que você sente não é tão profundo quanto o que eu sinto... Mas eu não tenho pressa. Estou disposto a esperar o tempo que for preciso. E a conquistá-la, custe o que custar. Porque eu decidi que você é a mulher que eu quero passar o resto da minha vida. E eu não decidi isso hoje, ou ontem... Eu decidi
Nós começamos a observar uma barraca onde um menino e sua mãe tentavam atirar nos bonecos. Era visível a frustração do garoto com a mãe que não conseguia acertar o que ele queria. Jonathan foi até lá e ofereceu-se para ajudar. Em pouco tempo ele acertou no alvo e o menino saiu feliz com seu boneco de pelúcia.- Ele ficou feliz. – observei quando o menino agradeceu e saiu sorridente.- Eu adoro crianças.- Não conhecia este seu lado paterno. – eu disse.- Confesso que eu realmente não tinha. E não o mostro a qualquer pessoa.Eu sorri. Será que ele percebia o quanto eu estava encantada em conhecer aquele Jonathan que eu não conhecia?- E você, tem instinto materno de vez em quando? –ele perguntou. – Se vê montando uma família no futuro?- Às vezes sim, às vezes não. Acho que tenho muita coisa para fazer antes de tomar a decisão de ser mãe. Eu gosto da minha escolha de profissão, mas não gosto do lugar onde trabalho. Sinto que preciso progredir nisto.Jonathan pegou uma ficha e atirou no
Quando entrei em casa Helena já estava trancada em seu quarto. Eu nem sei ao certo se queria falar com ela. Quando entrei no meu quarto com o enorme urso de pelúcia, Samantha disse:- Nossa, que coisa mais fofa este urso. Onde você conseguiu?- Eu... Ganhei de um cliente. – eu menti mais uma vez para ela.Nos últimos dias tudo que eu fazia era mentir para todos, inclusive para mim mesma.Ela levantou da cama, de pijama e ainda maquiada. Abraçou o urso enorme que eu larguei na minha cama.- Ele é muito fofo, olhe só. – ela o apertou ainda mais.- Sim.- Me deixa dormir com ele hoje? Não suporto mais dormir sozinha tanto tempo.- Pode. – eu disse um pouco enciumada.Quando olhei que ela deitou na cama abraçada ao urso eu senti inicialmente ciúme. Depois culpa. Acabei me dando conta de que talvez ele não pertencesse a mim e sim a ela. Se minha amiga já havia ficado enlouquecida pelo urso, imagine se soubesse de onde ele havia vindo: de seu amado Jonathan. Eu era uma péssima amiga e estav
Dois dias se passaram. Foram calmos para mim, sem nada de novidade. Trabalho, casa e nada além disso. Naquele final de tarde quando cheguei ao apartamento Samantha já havia chegado também, mas Helena não. Fui tomar um banho enquanto Samantha lia um livro deitada no sofá. Coloquei uma roupa confortável e sentei com ela.- Como Helena está demorando nos últimos dias. – observei. – Nem consigo falar com ela.- Sim. – ela falou concentrada demais no livro para me dar atenção.- Talvez não esteja na escola ainda e sim saído com Daniel. Ela poderia pelo menos mandar uma mensagem. – eu disse.Ela nem levantou os olhos para falar comigo. A campainha tocou e eu fui atender, pois Samantha permaneceu imóvel. Fiquei um pouco acuada quando vi Therry na porta.- Esperava quem? Jonathan? – ele perguntou em voz alta e clara.Percebi quando Samantha olhou por cima do livro. Vi uma expressão estranha nos olhos dela.- Não me convida para entrar? – perguntou ele.- Não. Não vou convidar. – eu disse.Ma
Não saí no final de semana para o almoço de domingo. Eu estava péssima, com hematomas nos braços e não queria ver Jonathan, pois não estava preparada ainda para isso. Na segunda fui para o trabalho com uma camisa de mangas para não ter que justificar nada. Optei por não denunciar a agressão de Therry. Samanta e Helena, embora não concordassem, aceitaram minha decisão. Claro que eu não me sentia confortável em ficar com medo dele, mas também não achava que ele fosse fazer algo contra mim novamente. Não o vi desde o ocorrido. Também não fiquei andando pelo Dreamworld, então não sei se ele estava ou não por lá.Na segunda-feira fui contar à Gisa o que havia acontecido.- Vou pedir que ele deixe o Dreamworld, Ari. Não se preocupe. Não quero este tipo de gente aqui. Você sabe o quanto eu seleciono os moradores e o quanto vivemos em harmonia e amizade neste lugar. Isso não pode acontecer.- Obrigada pela compreensão, Gisa. Eu não esperava atitude diferente de você.- Hoje mesmo vou resolver
No final da tarde arrumei minhas unhas que estavam horríveis. Enquanto tirava os borrados de esmalte, meu telefone tocou. Era minha mãe, ou talvez meu pai.- Filha, sou eu, Cândida.- Oi, mãe... – eu ri. – Eu sei que é você...- Como está?- Bem, mamãe. E vocês? Fazia tempo que não ligava.- Eu e seu pai estamos bem. Quando virá nos visitar?- Assim que der, eu prometo. Estou trabalhando na empresa ainda... Longe de tirar férias por enquanto. Mas eu não perdi o endereço de vocês. Estou com saudade.- Este lugar é maravilhoso, minha filha. Um pedaço do paraíso na terra. À noite não ouvimos nada... Somente o silêncio da mata. Seu pai mandou fazer um açude enorme. E iniciamos uma plantação de milho. Seu pai acha que vamos vender este ano.- Que ótimo, mãe. Fico feliz em saber que vocês estão bem e vivendo a vida que sempre desejaram. Prometo que assim que tiver tempo, vou aí ver vocês.- Para nossa felicidade ficar completa, só falta você. Estamos com muita saudade.- Eu também. Mas logo
- Você está bem? – perguntou Jonathan para mim.- Estou... E você? – olhei para ele completamente desarrumado e com a cara péssima.- Estou bem. – ele garantiu.- Therry não está nada bem... Parece enlouquecido. – disse Helena.- São as drogas. – disse Carlos. – Em seu estado normal ele não teria feito isso. Faltou pouco para ele agredir Ariane.- Eu não quero mais ele no Dreamworld. Ele não é mais bem-vindo aqui. – disse Gisa. – Isso não vai se repetir.- Fez em bem mandá-lo ir embora, Gisa. – disse Daniel.- Coloquem a música novamente. Está tudo bem agora. – disse Gisa. – Vamos aproveitar a noite e esquecer o que aconteceu aqui. Por hora, está tudo resolvido.Logo colocaram a música a tocar novamente. Aos poucos a maioria foi se afastando.- Obrigada, Gisa. – eu disse.- Não me agradeça, Ariane. Eu não fiz isso só por você, mas também pela segurança de todos nós. Este Therry eu não conheço, confesso.- Sim...- E tome cuidado com ele. Eu sempre gostei de Therry, mas nos últimos tem
No domingo acordei péssima, pois não havia dormido a noite inteira. Pelo menos tive uma desculpa para não descer para o churrasco na piscina. Helena e Samantha não insistiram muito, pois perceberam que minha cara estava péssima. De vez em quando eu ia olhar pela janela, para ver se estava tudo bem, tentando não ser vista. Não vi Jonathan entre os meus amigos. Depois do meio dia fiz um sanduíche, que nem consegui comer tudo e deitei no sofá para tentar assistir um pouco de televisão. Mas nada me agradava. Trocava de canal de minuto em minuto.Alguém bateu na porta e fui ver quem tentava interromper meu forçado sossego. Jonathan entrou antes que eu pudesse falar qualquer coisa ou contestar a presença dele.- Por que não adianta eu pedir para você se afastar de mim? – eu perguntei.- Realmente não adianta... Eu não vou me afastar de você e nem permitir que você se afaste de mim.- Jonathan, agora mais do que nunca, precisamos esquecer tudo que houve... E...- Você não pode me pedir isso.