No domingo acordei péssima, pois não havia dormido a noite inteira. Pelo menos tive uma desculpa para não descer para o churrasco na piscina. Helena e Samantha não insistiram muito, pois perceberam que minha cara estava péssima. De vez em quando eu ia olhar pela janela, para ver se estava tudo bem, tentando não ser vista. Não vi Jonathan entre os meus amigos. Depois do meio dia fiz um sanduíche, que nem consegui comer tudo e deitei no sofá para tentar assistir um pouco de televisão. Mas nada me agradava. Trocava de canal de minuto em minuto.Alguém bateu na porta e fui ver quem tentava interromper meu forçado sossego. Jonathan entrou antes que eu pudesse falar qualquer coisa ou contestar a presença dele.- Por que não adianta eu pedir para você se afastar de mim? – eu perguntei.- Realmente não adianta... Eu não vou me afastar de você e nem permitir que você se afaste de mim.- Jonathan, agora mais do que nunca, precisamos esquecer tudo que houve... E...- Você não pode me pedir isso.
Sai sem olhar para trás e fui imediatamente bater na porta do apartamento dele. Observei que a luz do apartamento de Therry estava acesa e fique um pouco intrigada. Ele estaria de volta? Não... Certamente Gisa havia deixado ligada por algum motivo ou talvez ela mesma estivesse ali. Therry não se atreveria a voltar depois de tudo que havia acontecido.Jonathan abriu a porta. Ele estava sem camisa e sem calçado, usando apenas uma bermuda. Ele ficou surpreso quando me viu:- Você?- Posso entrar?- Claro. – ele disse abrindo passagem para mim.Olhei para ele. Como ele podia ser tão lindo, mesmo vestido somente de bermuda? Imaginei como ele seria completamente nu e corei. Ele me olhou ironicamente, parece que adivinhando o que se passava na minha cabeça. Talvez meus olhos me condenassem, pois eu não conseguia tirá-los do seu peito nu.- Quer sentar? – ele ofereceu. – Bebe algo?- Não bebo nada, obrigada.- Por que veio? – ele perguntou.- Você disse que queria se despedir pessoalmente.-
Ele deitou a cabeça no meu colo e continuamos conversando sobre nossos sonhos e o que planejávamos no futuro. Ele não queria dormir e estava relutante, mas enquanto eu acariciava o rosto dele ele acabou adormecendo. Olhei par ele. Era a primeira vez que eu conseguia observá-lo sem estar sendo observada, sem me sentir envergonhada ou fazendo algo errado. Ele estava ali, comigo, e mesmo que fosse por algumas horas, ele era só meu. Jonathan conseguia ser mais lindo dormindo tranquilamente. Eu sabia que se pudesse passear com ele na rua, seria invejada por outras mulheres. Mal sabiam elas que não era só a beleza externa que fazia com que eu fosse apaixonada por aquele homem. Eram as atitudes dele... Era o jeito como ele me olhava e me admirava. Era a forma como ele dizia que me amava e o jeito doce e gentil em me tratar, como se eu fosse a pessoa mais especial do mundo. E eu não havia feito nada para merecer aquilo, eu não havia feito nada para ele se apaixonar por mim. Foi assim quando e
Samantha entrou pela porta chorando muito.- O que houve, Samantha? – perguntou Helena abraçando-a e trazendo-a para o sofá para que ela se acalmasse.- Therry está morto. – ela disse em prantos.- Sim... Nós soubemos também. E estão tentando culpar Ariane. – explicou Helena.- E Jonathan... Estão dizendo que ele matou Therry por causa de Ariane. Todo mundo do Dreamworld pelo visto já sabia que Jonathan estava apaixonado por Ariane, menos eu.Eu fui fazer um chá, não só para Samantha, mas para mim também. Todas estávamos nervosas e precisávamos ficar calmas. Ouvi Helena dizendo:- Tudo vai se resolver, Samantha... As pessoas falam muitas coisas... É preciso filtrar.Eu voltei com os chás. Samantha estava um pouco mais tranquila, ainda abraçada em Helena. Quando lhe entreguei a xícara, ela perguntou:- Ari, você matou Therry?Eu olhei para ela e não consegui conter as lágrimas. Eu estava cansada, Jonathan havia viajado, Therry estava morto e minha amiga achava que eu era capaz de matar
Nos reunimos no salão, conforme Gisa havia pedido. Todos estavam falando ao mesmo tempo, confusos e nervosos. Eu não acreditava que alguém do Dreamworld pudesse ter matado Therry. Olhei para os lados, procurando Jonathan, sem me dar conta de que não o veria mais ali. O que seria de mim sem vê-lo, encontrar os olhos dele procurando os meus? Só me restava partir e sentir minha tristeza e amargura longe dali, de qualquer coisa que lembrasse ele. Enquanto conversávamos, recebemos uma visita não esperada: o investigador Jordany. Percebi que Gisa já sabia que ele viria e talvez por este motivo ela organizou a reunião. Acho que ela queria que tudo se resolvesse logo, afinal, o Dreamworld estava na primeira página do jornal local. Jordany, por sua vez, não usava roupa de trabalho. Veio vestido informalmente. Ele era um homem bonito, não havia como negar. E me parecia sério e comprometido em descobrir a verdade. E eu gostaria que tudo fosse resolvido logo, da melhor forma possível.- Estou aqu
Eu fiquei olhando para ele incrédula. Eu não sabia que Therry tinha um irmão. Na verdade, eu não sabia nada sobre Therry em todo o tempo que estivemos juntos.- Eu... Não gostaria que você comentasse com ninguém. – ele pediu.- Eu... Não teria motivos para comentar. Mas... Agora entendo algumas coisas.- Eu gostaria de agradecer você por ter de alguma forma acreditado no meu irmão. Você deu um voto de confiança para ele e sim foi importante sim.- Confesso que estou confusa... Therry nunca me contou... Na verdade ele nunca me contou nada sobre a família dele.- Ele sempre foi assim. Também não contava sobre os relacionamentos dele. Nós não nos víamos muito também. Eu estava muito envolvido com os treinamentos na polícia. E... Seguimos caminhos diferentes na vida.- Eu sei... Eu não sabia sobre as questões de Therry tinha com relação a drogas e tudo mais. Eu até imaginava algumas vezes, mas fui muito ingênua.- Ele gostava de você.- Ele lhe disse isso? – perguntei.- Sim.- Eu... Nunc
- Vai deixar estas roupas? – perguntou Samantha. – Isso é uma esperança de que você voltará logo?- Não... Eu realmente não tenho lugar para levar tudo. – confessei.- Ari, tem certeza do que está fazendo.- Sim, Samantha.- Ari... Você não está fazendo isso por minha causa... Não é?- Não...- Eu... Gostaria de me desculpar por qualquer coisa... Ou sofrimento que eu tenha causado em você.- E eu gostaria de agradecer por você ter entendido o que houve naquela noite... E por ter me protegido de Therry.- Eu amo Jonathan, Ariane... Mas eu não quero ser responsável pela sua infelicidade, entende? Eu não me importo se ele vai ser infeliz sem você... Mas não quero que você seja infeliz sem ele.- Não temos culpa do que houve, Samantha. Nem você, nem eu nem ele. Não podemos escolher por quem se apaixonar, não é mesmo?- Eu... Não queria gostar dele. – disse Samantha.- Nem eu, Samantha. – confessei.- É um triângulo amoroso que eu me sinto na ponta, sozinha... Eu não quero ser a responsáve
Quando cheguei à rodoviária de Ataúba já era tarde da noite. A viagem de ônibus fez com que eu passasse horas pensando na vida e em minhas decisões até o momento. Pensava em como viveria sem Helena e Samantha junto de mim. Elas faziam parte da minha vida e eu as amava como se fossem da minha família. Eu deixei meu coração no Dreamworld, junto de minhas amigas e do homem da minha vida. A morte de Therry também me abalava, principalmente quando eu descobri parte da verdade sobre a vida dele e sentia uma enorme tristeza pelo irmão estar no caso, tentando descobrir quem o assassinou. Eu nem tinha certeza se queria morar com meus pais no interior, numa fazenda no meio do nada. No entanto, naquele momento, era minha única opção. Eu não tinha intenção de ligar para ninguém do Dreamworld... Pelo menos não nos primeiros dias. Eu precisava me centrar em minhas ideias e colocar minha cabeça em ordem.Desci com minhas malas e fiquei olhando para a rodoviária. Só havia o meu ônibus, portanto ele e