A semana havia sido corrida. Havia muito trabalho e Luciano estava extremamente sério naquela semana. Eu poderia jurar que havia visto até rugas no rosto jovem dele. Talvez os negócios estavam com algum problema, mas ele não gostava de falar sobre isso e eu também não insistia. Ele não gostava muito de se abrir sobre assuntos pessoais, no entanto insistia que eu lhe contasse tudo sobre a minha vida. Eu ficava confusa com isso. Não entendia se ele não confiava em mim ou então qual motivo teria para ele não me contar que teve uma noiva? Poderia ser que simplesmente ele não queria contar e eu precisava respeitar isso. Eu também não poderia abordar este assunto com ele sem mencionar que minha mãe havia me contado, dando a entender que eu pudesse ter pergutado e tentado bisbilhotar a vida dele. Eu inicialmente não queria contar sobre a minha e ele aceitou. Com o tempo acabei me sentindo a vontade para lhe contar. E havia sido bom para mim. Agora podíamos de vez em quando conversar sobre mi
Quando chegamos na cozinha, Cândida já havia preparado um café da manhã mais caprichado que nos outros dias. Ela adorava receber bem seus convidados, ainda mais quando se tratava de oferecer-lhes boas refeições.- Tia Cândida, nem num hotel seríamos tão bem recepcionadas para o café da manhã. – disse Samantha.- Aqui é melhor que hotel, minhas queridas, porque tudo foi preparado com amor. – disse ela orgulhosa.Logo começamos a comer. Papai e mamãe estavam à mesa, o que era raro, até mesmo nos finais de semana. Pensei que talvez eles estivessem conosco porque haviam preparado algo para o dia com as meninas, talvez passear pela fazenda.- Hoje iremos conhecer um lugar inesquecível, segundo Ari. – disse Helena.- Vão conhecer o lago? – perguntou Cândida me olhando.- Hum, então pelo visto é mesmo lindo. – disse Samantha saboreando um enorme pão com geleia. – Vou sair daqui mais gorda, tia Cândida.- Mamãe, vocês haviam preparado algo para o dia de hoje? – perguntei. – Se sim, eu deixo p
Nadamos um pouco e nos encontramos onde nossos pés alcançavam o chão. Samantha deu o celular para Luciano tirar algumas fotos enquanto fazíamos poses. Estarmos juntas era sempre a melhor coisa que podia acontecer.- Por que você não disse que ele era lindo? – perguntou Samantha olhando para Luciano que havia voltado para sua cadeira nos observando.- Por que... Ele não é. – eu menti.- Mentirosa. – ela disse. – Eu duvido que você não acha ele um galã de cinema.Eu ri:- Samantha, como você é exagerada.- Ari, ele é perfeito. Vocês já se beijaram?- Claro que não. Somos amigos... E ele é meu chefe.- Você não deu em cima dele nenhum momento? – ela perguntou surpresa.- Ari não faria isso. – observou Helena. – O mundo não gira me torno disso, Samantha.- Ora, Helena, não seja cínica. Vai dizer que ele não é perfeito?- Perfeito eu não sei... Mas que aquela carinha de bebê tem seu valor, ah tem sim. – ela disse rindo.Todas rimos. Pensei se Luciano imaginava que estávamos falando dele.-
No sábado jantamos juntas na casa de meus pais e no domingo levantamos cedo para que elas pudessem conhecer a fazenda. Samantha e Helena também ficaram impressionadas com tudo que meus pais haviam feito naquele lugar. E eu tinha orgulho deles.Mas o domingo passou rápido e elas precisavam se despedir. O táxi as buscou exatamente às 17 horas, horário que elas haviam combinado com o único motorista da cidade quando ele as deixou na sexta-feira.Abracei Samantha antes de ela entrar no carro e disse:- Se comporte, Samantha. E... dê uma chance para Carlos. Você pode ser muito feliz com ele.- Adorei vir para cá com você, sua família e seu amigo lindo. E... Meu conselho para você é que não deixe Luciano escapar. – ela disse piscando.Antes que eu pudesse contestar, ela entrou no carro e fechou a porta, não me dando atenção. Acenou sorrindo e mandando um beijo, ironicamente. Samantha sendo Samantha, pensei comigo mesma.Abracei Helena por um longo tempo:- Eu irei ao casamento. – garanti. –
Ouvi sons de saltos altos e conversas e em pouco tempo entraram na sala uma mulher que era precedida por seu forte perfume caro e a empregada, tentando justificar que ela não havia esperado ser anunciada.- Está tudo bem, Clélia... – eu avisei. – Pode deixar que resolvo. – Clélia se foi e eu perguntei: - Posso ajudá-la?- Lu está? – ela perguntou.- Lu? – perguntei tentando não ser irônica. – Bem, vou avisar ele que...- Não precisa avisar, pode deixar que quero fazer uma surpresa. – ela disse entrando.Eu fui tentar impedi-la, mas quando Luciano a viu, embora confuso, tratou logo de dizer:- Tudo bem, Ariane.Eu fechei a porta atrás de mim e me recostei nela. Quem seria aquela mulher? Ele estava diferente naquele dia. Seria ela que ele esperava? O certo é que eu não consegui ouvir nada do que eles diziam... E nem devia ouvir. Tratei de sentar no meu lugar, como deveria. Mas eu não conseguiria de forma alguma me concentrar no que eu estava fazendo, porque eu sentia uma sensação estran
- Está tudo bem? – ele perguntou.Por algum motivo, que eu não entendia muito bem qual, todos nos últimos dias me faziam esta pergunta.- Eu... Não sei se está tudo bem. Eu tenho um casamento para ir em alguns dias, não comprei um vestido, não faço ideia se vou achar por aqui.- Por que está tão preocupada? É só um vestido...- Não é só um vestido? Eu sou madrinha dela. Eu e...- Jonathan. – ele completou.- Sim...- Era sobre isto que você conversava com Helena hoje?- Sim...- Ele... Virá?- Sim... – eu repeti mais uma vez, mecanicamente. Ele parecia saber de tudo.- Então não se preocupe. Está tudo certo. Você encontrará o vestido perfeito, eu sei disto. E Jonathan não se preocupará com o que você estiver usando, pode acreditar. Eu poderia apostar que ele preferiria que você estivesse sem vestido.- Luciano, você é um grosso, cínico...Eu fui pegando minhas coisas e levantando.- Ariane, o que eu fiz de errado? – ele perguntou levantando confuso.- Ou eu deveria chamar você de “Lu”
Quando entrei em casa, meus pais viram que eu havia chorado. Subi para o meu quarto e deitei na cama, colocando o travesseiro sobre a minha cabeça. Eu não queria ver nada, não queria pensar em nada. Só queria ficar ali, sozinha, chorando para o resto da minha vida. Mas não demorou muito para Cândida subir e ficar ao meu lado. Ela não disse nada, só tirou o travesseiro que tapava meu rosto e ficou fazendo cafuné. Eu chorei ainda mais, por receber aquele carinho que eu tanto precisava naquele momento. Talvez algumas pessoas pudessem achar que eu era sortuda por ter dois homens maravilhosos na minha vida. O problema é que eu não podia ficar com os dois... Eu tinha que fazer uma escolha. E para isso eu teria que abrir mão de um deles. Aliás, naquele momento eu nem tenho certeza se os dois ainda me queriam. Depois de tudo que aconteceu alguns minutos atrás talvez tudo que eles quisessem era distância de mim.- Quer me contar o que aconteceu?- Jonathan... Ele veio me procurar... – comecei.
Quando cheguei em frente ao Dreamworld, trazendo uma única mala e ainda mais incertezas dentro de mim, respirei fundo e tentei ter coragem para o que me esperava. Assim que entrei no portão, vi Gisa mexendo nas plantas. Uma alegria inundou meu coração, que bateu mais rápido. Quando nos olhamos, larguei minha mala e andei rapidamente em direção à ela, que veio me receber no meio do caminho. Abraçamos-nos carinhosamente. Gisa era muito especial para mim. Uma amiga que não importava quanto tempo passasse, teria sempre um lugar na minha vida. Ela havia cortado um pouco o cabelo, estando ainda mais bela. Continuavam pintados de vermelho vivo.- Quanta saudade. – ela disse quando me largou.- Gisa, ver você aqui encheu meu coração de amor. – confessei.- Eu sabia que você não deixaria Helena sem a sua presença neste dia tão especial para ela.- Sim... Eu não poderia fazer isso.- Mas confesso que achei que não voltaria quando partiu.- Eu também. – confirmei.- Venha, vamos até minha casa.