No domingo, depois do almoço na minha casa, fui com Luciano para a casa dele, para tomarmos um sol na piscina. Eu adorava nadar, mas como ele não fazia isso de jeito algum por causa da perna, eu não me sentia bem de entrar sozinha. Acabava acompanhando-o somente observando a água, exceto na vez que fomos ao lago. Lá era impossível só observar.Bebemos drinques sem álcool, pois acho que ele teve medo de repetir a situação da sexta-feira. Conversávamos sobre coisas sem importância quando Luciano ofereceu a mão para mim. Olhei para ele sem entender.- Venha comigo. – ele disse.Eu peguei a mão dele e segui para dentro da casa. Senti uma sensação estranha em andar com ele por dentro da casa, atravessando vários cômodos. Ele me segurava firmemente e eu o seguia, lentamente. Quando chegamos ao escritório, ele disse:- Hora de usar o telefone.Olhei para ele confusa, não tendo certeza se realmente queria usar naquele momento. Ao mesmo tempo em que queria ouvir Helena e saber tudo que estava
- E então? – Luciano perguntou quando saí pela porta.Ele estava sentado na minha mesa de trabalho, ansioso pela resposta.- Tudo certo. – eu disse.- Tudo certo? Não vai me dizer como foi?- Bem, foi bom ter ouvido Helena. Eu gosto dela como eu gostaria de uma irmã, caso tivesse.- E... Como estão todos?- Não perguntei por todos, mas no geral estão bem eu acho. Samantha e Carlos estão saindo... Eu imaginava que eles dariam certo. Carlos é um homem excelente e tinha muito carinho por ela. Espero que minha amiga seja feliz... Ela merece.- Então Samantha... Não fala mais em Jonathan?Eu suspirei, também confusa quando respondi:- Ela ainda gosta de Jonathan.- Eu... Não entendo...- Você entenderia se conhecesse Samantha, acredite. – eu sorri. – Ela é tão intensa, indecisa, age por ímpeto... Mas é uma pessoa maravilhosa. Você iria se divertir muito com ela... Mas adoraria Helena ainda mais.- Quem sabe um dia eu as conheça, não é mesmo?- Acho pouco provável... Mas não impossível. – e
A semana havia sido corrida. Havia muito trabalho e Luciano estava extremamente sério naquela semana. Eu poderia jurar que havia visto até rugas no rosto jovem dele. Talvez os negócios estavam com algum problema, mas ele não gostava de falar sobre isso e eu também não insistia. Ele não gostava muito de se abrir sobre assuntos pessoais, no entanto insistia que eu lhe contasse tudo sobre a minha vida. Eu ficava confusa com isso. Não entendia se ele não confiava em mim ou então qual motivo teria para ele não me contar que teve uma noiva? Poderia ser que simplesmente ele não queria contar e eu precisava respeitar isso. Eu também não poderia abordar este assunto com ele sem mencionar que minha mãe havia me contado, dando a entender que eu pudesse ter pergutado e tentado bisbilhotar a vida dele. Eu inicialmente não queria contar sobre a minha e ele aceitou. Com o tempo acabei me sentindo a vontade para lhe contar. E havia sido bom para mim. Agora podíamos de vez em quando conversar sobre mi
Quando chegamos na cozinha, Cândida já havia preparado um café da manhã mais caprichado que nos outros dias. Ela adorava receber bem seus convidados, ainda mais quando se tratava de oferecer-lhes boas refeições.- Tia Cândida, nem num hotel seríamos tão bem recepcionadas para o café da manhã. – disse Samantha.- Aqui é melhor que hotel, minhas queridas, porque tudo foi preparado com amor. – disse ela orgulhosa.Logo começamos a comer. Papai e mamãe estavam à mesa, o que era raro, até mesmo nos finais de semana. Pensei que talvez eles estivessem conosco porque haviam preparado algo para o dia com as meninas, talvez passear pela fazenda.- Hoje iremos conhecer um lugar inesquecível, segundo Ari. – disse Helena.- Vão conhecer o lago? – perguntou Cândida me olhando.- Hum, então pelo visto é mesmo lindo. – disse Samantha saboreando um enorme pão com geleia. – Vou sair daqui mais gorda, tia Cândida.- Mamãe, vocês haviam preparado algo para o dia de hoje? – perguntei. – Se sim, eu deixo p
Nadamos um pouco e nos encontramos onde nossos pés alcançavam o chão. Samantha deu o celular para Luciano tirar algumas fotos enquanto fazíamos poses. Estarmos juntas era sempre a melhor coisa que podia acontecer.- Por que você não disse que ele era lindo? – perguntou Samantha olhando para Luciano que havia voltado para sua cadeira nos observando.- Por que... Ele não é. – eu menti.- Mentirosa. – ela disse. – Eu duvido que você não acha ele um galã de cinema.Eu ri:- Samantha, como você é exagerada.- Ari, ele é perfeito. Vocês já se beijaram?- Claro que não. Somos amigos... E ele é meu chefe.- Você não deu em cima dele nenhum momento? – ela perguntou surpresa.- Ari não faria isso. – observou Helena. – O mundo não gira me torno disso, Samantha.- Ora, Helena, não seja cínica. Vai dizer que ele não é perfeito?- Perfeito eu não sei... Mas que aquela carinha de bebê tem seu valor, ah tem sim. – ela disse rindo.Todas rimos. Pensei se Luciano imaginava que estávamos falando dele.-
No sábado jantamos juntas na casa de meus pais e no domingo levantamos cedo para que elas pudessem conhecer a fazenda. Samantha e Helena também ficaram impressionadas com tudo que meus pais haviam feito naquele lugar. E eu tinha orgulho deles.Mas o domingo passou rápido e elas precisavam se despedir. O táxi as buscou exatamente às 17 horas, horário que elas haviam combinado com o único motorista da cidade quando ele as deixou na sexta-feira.Abracei Samantha antes de ela entrar no carro e disse:- Se comporte, Samantha. E... dê uma chance para Carlos. Você pode ser muito feliz com ele.- Adorei vir para cá com você, sua família e seu amigo lindo. E... Meu conselho para você é que não deixe Luciano escapar. – ela disse piscando.Antes que eu pudesse contestar, ela entrou no carro e fechou a porta, não me dando atenção. Acenou sorrindo e mandando um beijo, ironicamente. Samantha sendo Samantha, pensei comigo mesma.Abracei Helena por um longo tempo:- Eu irei ao casamento. – garanti. –
Ouvi sons de saltos altos e conversas e em pouco tempo entraram na sala uma mulher que era precedida por seu forte perfume caro e a empregada, tentando justificar que ela não havia esperado ser anunciada.- Está tudo bem, Clélia... – eu avisei. – Pode deixar que resolvo. – Clélia se foi e eu perguntei: - Posso ajudá-la?- Lu está? – ela perguntou.- Lu? – perguntei tentando não ser irônica. – Bem, vou avisar ele que...- Não precisa avisar, pode deixar que quero fazer uma surpresa. – ela disse entrando.Eu fui tentar impedi-la, mas quando Luciano a viu, embora confuso, tratou logo de dizer:- Tudo bem, Ariane.Eu fechei a porta atrás de mim e me recostei nela. Quem seria aquela mulher? Ele estava diferente naquele dia. Seria ela que ele esperava? O certo é que eu não consegui ouvir nada do que eles diziam... E nem devia ouvir. Tratei de sentar no meu lugar, como deveria. Mas eu não conseguiria de forma alguma me concentrar no que eu estava fazendo, porque eu sentia uma sensação estran
- Está tudo bem? – ele perguntou.Por algum motivo, que eu não entendia muito bem qual, todos nos últimos dias me faziam esta pergunta.- Eu... Não sei se está tudo bem. Eu tenho um casamento para ir em alguns dias, não comprei um vestido, não faço ideia se vou achar por aqui.- Por que está tão preocupada? É só um vestido...- Não é só um vestido? Eu sou madrinha dela. Eu e...- Jonathan. – ele completou.- Sim...- Era sobre isto que você conversava com Helena hoje?- Sim...- Ele... Virá?- Sim... – eu repeti mais uma vez, mecanicamente. Ele parecia saber de tudo.- Então não se preocupe. Está tudo certo. Você encontrará o vestido perfeito, eu sei disto. E Jonathan não se preocupará com o que você estiver usando, pode acreditar. Eu poderia apostar que ele preferiria que você estivesse sem vestido.- Luciano, você é um grosso, cínico...Eu fui pegando minhas coisas e levantando.- Ariane, o que eu fiz de errado? – ele perguntou levantando confuso.- Ou eu deveria chamar você de “Lu”