Capítulo 6
Marina Salazar Sai tão rapidamente do quarto com medo de tudo o que meu corpo está sentindo. Tudo estava indo bem, depois de alguns drinks no bar, eu me soltei e me deixei levar. Quando vi aquele par de olhos azuis me encarando como se eu fosse algo precioso, com desejo, me fez querer me aproximar do desconhecido. Estava meio tonta, já estava na hora de parar com a bebida, mesmo que realmente beber é para esquecer o quanto eu estava sofrendo. Lembrar do Nicolas e da Mabel naquela cama me fez querer ligar o modo foda-se. Com as pernas bambas, eu caminho em direção à versão de Cristian Grey parado no bar, tento me concentrar no caminho para não cair, e quando percebo, estou encaixada em uma parede de músculo. Puxando a respiração, o perfume me inebria e me deixa com vontade de me afundar mais naquele corpo. Ergo meus olhos e, para surpresa, encontrei os mesmos olhos azuis que antes me observavam. Brinco com o colar que ele tem no pescoço e aproveito para colar mais meu corpo ao seu. — Você é tão… Macio. E ele gargalha e isso faz com que a sua voz rouca me faça ter arrepios, isso me causa uma pontada entre as pernas. Um calor começou a consumir, como se eu precisasse estar entregue a ele, nomes não foram ditos, nada foi cobrado e quando menos espero, nós estamos em um quarto de hotel totalmente à mercê um do outro. Suas mãos descem pelo meu corpo, como se nós nos conhecemos há tempos, mesmo sem nunca termos nos visto antes. Sua boca desse lentamente sobre meu pescoço, com beijos que queimam feito brasa, a cada mordida em meu ombro eu gemo. Cada vez mais excitada, sem ao menos que eu perceba, ele já tirou minha blusa, me deixando somente de lingerie, seus olhos finalmente encontram meu corpo exposto, e a admiração que encontro em seus olhos me faz começar a voltar em si. Com a boca nos meus seios, ele arranca de mim um gemido que todos no andar escutam. Minha cabeça começa a recobrar os sentidos de tudo o que estou fazendo e, como um soco no meu estômago, tudo volta em si. A lembrança da traição na minha mente é o estopim para que eu volte à realidade e perceba o que estou fazendo. Um choro doloroso rompe minha garganta, tudo acontece ligeiramente, só posso ter ficado completamente maluca e entreguei a um homem que nem mesmo sei nome. Estou tão atordoada, e no momento em que ele tenta tocar meu rosto, eu simplesmente grito com ele. — Não toque em mim! Ele se assusta, e eu continuo sem conseguir controlar meu choro, tenho apenas a certeza de que preciso sair daqui. Começo a me debater tentando me livrar do corpo que está à minha frente e aí que eu o arranho no rosto, o olho e tudo o que vejo na minha frente é a imagem do Nicolas. Eu não estou bem, só posso estar maluca, as lágrimas atrapalham minha visão, e quando sinto sua mão me tocar como autodefesa, eu o chuto entre as pernas, é aí que recobro a consciência de quem está na minha frente. Levanto rapidamente e começo a procurar minhas roupas enquanto o homem que nem sei o nome grita palavrões e se contorce de dor, ele reclama desesperado. — Me… Me desculpa… — Eu… Não posso. Tento me desculpar ao mesmo tempo que me visto, me sentindo a pior pessoa do mundo por machucá-lo. Mas ele me chama de maluca e eu fico com raiva, mesmo ele não estando errado e saio correndo do quarto, mesmo querendo apagar essa noite da minha cabeça. Tudo vira um borrão na frente enquanto as lágrimas escorrem. Passo correndo pelo saguão do hotel com todos que estão lá presentes me olhando. Chego à calçada e me enfio no primeiro táxi que aparece. O hotel não é tão longe da casa da Carol, eu não quero ir para lá mesmo assim, minhas coisas continuam no carro, que está estacionado no Hospital. Pago o taxista e caminho em direção ao meu carro, destravo a porta e passo o restante da noite ali, entre as lágrimas que ainda restam e a lembrança da confusão da noite. Mas o que mais mexe comigo nisso tudo é a lembrança da boca do desconhecido, a minha, merda, em que loucura fui me meter. Mesmo após ter me traído, o Nicolas continua atrapalhando a minha vida e me fazendo estragar as coisas que poderiam ser boas. Digo para mim mesmo, enquanto bato a mão no volante. — Burra, burra, burra, Marina, você é muito azarada, o que mais de ruim falta acontecer na minha vida? Bato a testa no volante, querendo morrer por tudo o que está acontecendo, de mal na minha vida. — O que fiz, para você deixar assim Deus? Minha família me odeia, só pensa em mim quando quer dinheiro, meu namorado me traiu com minha amiga, e agora, quando eu estava pegando o boy magia, eu o ataquei daquela forma. Eu desisto, tá! Grito sozinha, no carro, sem contar que eu não tenho nem onde morar, depois que fui jogada para fora da onde morava com aquele traidor. Carol não faz ideia disso, pois eu menti que já havia alugado um lugar, mas, na verdade, eu não sabia nem por onde começar. Não que meu salário no Hospital seja ruim, mas minha cabeça ainda não sabe o que fazer. Passo o domingo tentando achar algo não tão caro nessa cidade, mas por enquanto nada, sem falar na suspensão que levei por algo que sei que não cometi erro nenhum. Mas isso não pode ficar assim, preciso me defender. Segunda-feira, sem falta, eu conversarei com o senhor Fabrício, o diretor do hospital. Ele pode me ajudar ou não, eu preciso desse emprego mais do que tudo, minha vida inteira ser médica foi tudo que eu sempre quis e batalhei. Quando finalmente meu telefone despertar, sei que preciso lutar por aquilo em que acredito. Não cometi erro no procedimento do Miguel, sua morte não foi erro meu, como sua família está me acusando. Ele veio devido a uma reclamação de dor de estômago, sendo constatado que não era no estômago. Mas sim, início de infarto do miocárdio é raro, mas dor no estômago pode ser um dos sintomas e pode gerar confusão na hora do diagnóstico e isso ninguém pode me acusar, pois fiz os procedimentos corretos que seriam feitos. E mesmo assim, a família está me acusando pela morte do paciente e não posso desistir após tanto anos ter lutado para ser médica.Capítulo 7. Marina Salazar. No momento em que pisei no hospital, já sabia que não seria boa coisa. Alguns colegas me olham com pena por saberem o quanto me dedico aos pacientes, e que claro fatalidades acontecem, mas eu jamais mataria um paciente de propósito.Atravesso o corredor rumo a falar com o diretor do hospital, ele sempre me respeitou e me trata com carinho, sei que ele fará de tudo para investigar o que realmente aconteceu. Vejo que, em uma discussão em frente à sala, o segurança pede para o casal sair calmante que tudo será esclarecido.São, Paulina e José, os pais de Miguel. Fico com receio de me aproximar, mas tomo coragem, além de que também percebo a movimentação no auditório próximo à sala do seu Fabrício. Aí que me lembro sobre o comentário da minha amiga Carol, hoje é apresentação do novo diretor e agora o que farei?— Sua assassina! Me assusto com o grito dado por Paulina, fico com medo, mas mesmo assim eu me aproximo deles.— Calma, senhora…— Calma, nada! Voc
Capítulo 1Marina Salazar Eu sempre sonhei em se tornar uma médica, mas como filha de pais sem condições financeiras, me vi obrigada a se virar sozinha. Guardei cada centavo, estudava nas madrugadas, com muito esforço conseguiu uma bolsa integral no curso de medicina. Hoje, lembrando de toda a loucura que foram os anos em que estava estudando, cansaço, fome, muitas vezes não tinha dinheiro para o ônibus, minha vida só deu uma trégua quando conheci Nicolas, meu namorado há cinco anos.— Que foi, Marina? Está com uma carinha de quem está sonhando acordada.Eu desperto das minhas lembranças e olho para Mabel, que está sentada no tapete da minha sala, procurando em prego no site da cidade. Faz uma semana que ela está morando conosco, por ser despejada do apê onde morava com a mãe, pois o novo namorado dela não queria uma filha desempregada que não arca com as despesas.— Nada, não, Mabel, só estava me lembrando da época da faculdade, o quanto foi difícil, sei bem o que você está passand
Capítulo 2Marina Salazar. Mabel está de quatro gemendo loucamente, enquanto é fodida pelo meu namorado. Realmente, eu não consigo acreditar no que estou vendo, minhas pernas estão travadas, com a mão na boca pelo susto, as lágrimas começam a escapar dos meus olhos. Ver o homem que amo com as mãos presas ao quadril daquela que se dizia minha amiga irmã de alma, em movimentos frenéticos das estocadas, totalmente envolvidos em seus prazeres, que nem notaram minha presença entre a fresta aberta da porta. Tudo que posso pensar é em matar esses dois, o nojo e a raiva me fazem sair da onde estava. E entrar com tudo no quarto dessa traíra que até segundos atrás ainda era minha amiga, e pensar que esse escroto nojento dizia que me amava olhando dentro dos meus olhos.— Posso saber o que é isso aqui?Mas, que depressa, Mabel puxa o lençol e se cobre, e Nicolas me olha apavorado e vem em minha direção sem se tocar de que está completamente sem roupa. Quanto mais perto ele chega, maior é a ra
Capítulo 3Marina Salazar. Estou devastada mais ainda, além de tudo o que aqueles dois me fizeram, agora meu nome está estampado no boletim de negligência médica. Isso pode acabar com a minha carreira, mas como pode? Tenho certeza de que não aconteceu nada. Não pode ser verdade, meu sonho de médica não pode terminar dessa maneira, ser acusada da morte de um paciente por erro médico é grave demais. Estou sentada há algum tempo aqui no sofá da sala dos médicos sem saber o que fazer, não tenho para onde ir, para casa dos meus pais, com toda a certeza eu não voltaria. Chorando sem parar, algumas enfermeiras passam e ficam me olhando com pena, meu telefone toca insistentemente e, como se estivesse chamando a desgraça final, olho a tela e é minha mãe que está ligando.Ele toca mais uma vez, então, atendo. — Alô?— Até que em fim você atendeu Marina! Estava quase chamando a polícia, meu Deus, menina.— Não é para tanto, mãe! Só estava descansando, não passei muito bem a noite, como vocês e
Capítulo 4 Conrado Queiroz. Voltei à cidade há três dias, meu pai há mais de um ano vem questionando, quando finalmente assumirei os negócios da família, toda vez que me ligava era a mesma ladainha. Que eu só herdaria o hospital, se tivesse experiência como diretor ou nada feito, como ele sempre fala:— Meu filho, você precisa entender que você precisa estar no comando como eu, os Queiroz são homens importantes, você precisa cuidar de tudo, não se esqueça, trabalhei minha vida toda por esse hospital, não estrague tudo, Conrado vou deixar sua herança para sua prima Virgínia, não me teste, garoto.Nunca que aquela enxerida da Virgínia ficará com o que é meu, antes que tudo vá para a puxa saco, juntei tudo o que é meu, me despedi dos amigos aqui em São Paulo e deixei a terra da Garoa para trás e voltei para Minas Gerais. Mais ou menos um mês depois que fechei negócio da compra do meu apê, o tempo para que ele fosse mobiliado e decorado foi o suficiente para que eu resolvesse as pendên
Capítulo 5Conrado Queiroz Após ter ficado naquele quarto de hotel sem ao menos intender o que ouve, sentindo ardência no rosto, caminhei até o banheiro e vi alguns arranhões do lado esquerdo da bochecha. — Mas que filha da mãe essa garota. Se ela não conseguiu me deixar estéril com a joelhada lá em baixo, com toda certeza ela fez um belo estrago no meu rosto.Sai do hotel e fui procurar uma farmácia 24 horas para comprar um remédio anti-inflamatório para evitar uma inflamação devido aos arranhões. Sem falar que precisava de um remédio para dor, não tinha nada disso em casa ainda, devido à minha recém-chegada, e eu não iria essa hora para o hospital para pegar medicação.Custei a dormir pensando na doida de olhos verdes. Mesmo depois de toda a loucura que foi o nosso encontro, a lembrança da linda mulher desconhecida não sai da minha mente. O gosto dos seus lábios continua colado nos meus, o seu corpo tinha o encaixe perfeito no meu, isso eu não posso negar.O bipe do despertador me