Capítulo 1
Marina Salazar Eu sempre sonhei em se tornar uma médica, mas como filha de pais sem condições financeiras, me vi obrigada a se virar sozinha. Guardei cada centavo, estudava nas madrugadas, com muito esforço conseguiu uma bolsa integral no curso de medicina. Hoje, lembrando de toda a loucura que foram os anos em que estava estudando, cansaço, fome, muitas vezes não tinha dinheiro para o ônibus, minha vida só deu uma trégua quando conheci Nicolas, meu namorado há cinco anos. — Que foi, Marina? Está com uma carinha de quem está sonhando acordada. Eu desperto das minhas lembranças e olho para Mabel, que está sentada no tapete da minha sala, procurando em prego no site da cidade. Faz uma semana que ela está morando conosco, por ser despejada do apê onde morava com a mãe, pois o novo namorado dela não queria uma filha desempregada que não arca com as despesas. — Nada, não, Mabel, só estava me lembrando da época da faculdade, o quanto foi difícil, sei bem o que você está passando. Então, fica tranquila, não tem problema nenhum, você passar um tempo aqui. — Tem certeza, amiga? Eu não atrapalharei vocês. — Claro que não! Eu já conversei com o Nicolas e ele disse que está tudo bem, sem falar que você pode dar uma ajuda com Noah até que não ache um emprego, o que acha? — Claro, de alguma forma tenho que contribuir, né? Fica tranquila, adoro aquele pirralho. O mês transcorreu de forma tão rápida que nem percebi. A Mabel conseguiu um emprego no escritório onde Nicolas trabalha. É claro que, às vezes, nossos horários não se ajustam aos meus plantões malucos. E acabo dividindo o meu tempo vago com o Noah, o filho de seis anos do meu namorado, amo tanto aquele garoto, como se fosse meu filho. Assim pouco nos vemos, mas fico feliz que as coisas estão se ajeitando para ela. Horário de intervalo, meu estômago já está nas costas de tanta fome, me encaminho para o refeitório, com a Carol, a qual é enfermeira do meu setor. — Pego uma maçã e um sanduíche natural e um suco de laranja, quando finalmente vou me sentar depois de 4 horas em pé de uma cirurgia de retirada de um baço, e correr para que o paciente não faleça de hemorragia, devido a um acidente de moto. Meu celular apita, sei que a mensagem é da Mabel, que o toque é nada menos do que: Single Ladies-Beyoncé. Quando abro a mensagem, fico sem entender o que vejo: uma foto de alguns preservativos usados e também algumas embalagens espalhadas sobre uma cama e a seguinte frase embaixo. Mabel, 15:35. Que tal repetirmos a dose no mesmo lugar, ainda temos esses preservativos esperando para serem usados. Carol percebeu minha cara de surpresa, mas eu não sabia o que dizer mesmo antes que eu começasse a responder Mabel. Meu telefone apita novamente com outra mensagem. Mabel, 15:40. Amiga, mil perdões, eu mandei errado, não era para você, era para ser para o boy que estou namorando. Eu, 15:42. Namorado? Como assim. Fico chateada por ela não ter contado, a gente nunca esconde nada uma da outra. — Desligo o telefone e conto para Carol o que aconteceu e ela também ficou surpresa, pois também é amiga da Mabel. Em meio a tudo isso, começa uma bagunça na mesa ao lado. Tomo um gole do meu suco e gritos, suspiros vêm das mulheres aumentando cada vez mais. — Porque toda essa empolgação logo cedo, vejo pelo menos três médicas estagiárias e duas enfermeiras, rindo e mostrando a foto de alguém no telefone, todo esse alvoroço delas está chamando atenção das pessoas do refeitório, por ter uma que b**e palmas e dá pulinhos outra finge que está tendo um desmaio. — Vocês viram como ele é lindo? Esse tanquinho, como eu queria me esbaldar, uma das estagiárias fala, com cara de quem está gostando do que está vendo. — — Lindo é pouco, ele é gostoso demais, isso sim! — Tem uma carinha que pega com gosto. Dizem as outras mais empolgadas ainda, uma até se abana fingindo calor. Carol deu risada das garotas. — Elas estão falando do possível novo diretor do hospital. Ele é filho do Senhor Fabrício, parece que ele mora em Sa Paulo e está voltando para assumir o cargo do pai. — E precisa de todo esse escândalo, devido a um homem? Como sei que seu Fabrício é de total confiança e muito respeitado, sei que jamais escolheria ninguém que fosse prejudicar o hospital. Então, estou tranquila, isso não afetará a gente. — Para amiga, dizem que homem é um pedaço de mal caminho. — Eu já tenho Nicolas, esqueceu? — Não esqueci, mas admirar você pode, pelo que sei, ainda não é cega. — Aí, Carol, não enche. Ela ri mais ainda da minha cara por adorar me provocar, essa chata me conhece muito, somos amigas desde o jardim de infância, sempre grudadas umas na outra, tanto que uma é médica e a outra enfermeira. Nosso sonho sempre foi esse, seguir na área da saúde. Ao conversar sobre os pacientes atendidos pela manhã, e sabendo que ainda tenho a tarde e a noite de plantão. Fico decepcionada, já que meu desejo para esta sexta-feira é poder comprar um vinho e desfrutar de um jantar agradável com Nicolas e Mabel, além de desfrutar da noite de descanso. — Aí, amiga, esse plantão está me matando, essa semana foi puxada. Nesse momento, Vivian, outra médica do nosso setor, senta-se à nossa mesa. — O que vocês tão falando? Em seguida, coloca um pedaço de mamão na boca. — Marina está reclamando do plantão, que queria poder ir para casa dar uma sentada no Nicolas. Olho para Carol, puta da vida, pela boca grande dela que fala essas coisas como não fossem nada, na frente de um monte de gente. — Carolina Almeida! Você tá ficando doida, fala baixo sua maluca. Todo mundo vai achar que eu sou uma tarada. Vivian ri do meu rosto corado. — Marina se você quiser eu troco com você amanhã você faz o meu. Pode ser? — Sério ? — Sim eu já estava indo pra casa, mas eu fico para você namorar sossegada. Ela ri novamente. Eu agradeço a troca, então vou direto do hospital para o mercado. Pego uma cestinha e caminho em direção aos tomates acho que vou fazer uma lasanha, que é o prato preferido do meu namorado. Repassando mentalmente o que está faltando antes de sair, me lembro que preciso pegar shampoo e pasta de dente. Caminhando em direção ao corredor onde fica o shampoo e pois já escolhi a pasta de dente, no momento em que estou escolhendo qual é o aroma que eu vou levar dessa vez entre os cheiro morango ou de coco, paro o que estou fazendo quando escuto vozes do outro lado da prateleira. — Qual é o tipo de camisinha você quer dessa vez? — Pode pegar essa extra texturizada, ainda não experimentamos ainda. Na mesma hora tenho a impressão de que as vozes são, da Mabel e do meu namorado. — Então volto andar rapidamente par ver quem está dou outro lado, mas quando chego no corredor da onde veio as vozes não vejo ninguém, penso comigo mesma só posso estar ficando louca, para estar tendo alucinações. Dou tapinhas no meu rosto, devo estar trabalhando demais, realmente estou precisando dessa folga, para achar que seria os dois comprando camisinhas. No final das contas eu acabei nem pegando o shampoo. Chego prédio e sei nesse horário o Nicolas e a Mabel estão em casa já, entro no apê e está um completo silêncio na sala acho estranho pois os dois não estarem, largo as coisas na mesa e vou em direção ao quarto trocar de roupa. Então escuto gemidos vindo do quarto de hóspedes e a porta está aberta, meu Deus será que a Mabel trouxe o namorado e esqueceu de fechar a porta, no momento em que vou entrar meu quarto escuto ela gemendo um nome eu volto imediatamente. Mas a visão que eu tenho na minha frente é algo que eu já mais imagine.Capítulo 2Marina Salazar. Mabel está de quatro gemendo loucamente, enquanto é fodida pelo meu namorado. Realmente, eu não consigo acreditar no que estou vendo, minhas pernas estão travadas, com a mão na boca pelo susto, as lágrimas começam a escapar dos meus olhos. Ver o homem que amo com as mãos presas ao quadril daquela que se dizia minha amiga irmã de alma, em movimentos frenéticos das estocadas, totalmente envolvidos em seus prazeres, que nem notaram minha presença entre a fresta aberta da porta. Tudo que posso pensar é em matar esses dois, o nojo e a raiva me fazem sair da onde estava. E entrar com tudo no quarto dessa traíra que até segundos atrás ainda era minha amiga, e pensar que esse escroto nojento dizia que me amava olhando dentro dos meus olhos.— Posso saber o que é isso aqui?Mas, que depressa, Mabel puxa o lençol e se cobre, e Nicolas me olha apavorado e vem em minha direção sem se tocar de que está completamente sem roupa. Quanto mais perto ele chega, maior é a ra
Capítulo 3Marina Salazar. Estou devastada mais ainda, além de tudo o que aqueles dois me fizeram, agora meu nome está estampado no boletim de negligência médica. Isso pode acabar com a minha carreira, mas como pode? Tenho certeza de que não aconteceu nada. Não pode ser verdade, meu sonho de médica não pode terminar dessa maneira, ser acusada da morte de um paciente por erro médico é grave demais. Estou sentada há algum tempo aqui no sofá da sala dos médicos sem saber o que fazer, não tenho para onde ir, para casa dos meus pais, com toda a certeza eu não voltaria. Chorando sem parar, algumas enfermeiras passam e ficam me olhando com pena, meu telefone toca insistentemente e, como se estivesse chamando a desgraça final, olho a tela e é minha mãe que está ligando.Ele toca mais uma vez, então, atendo. — Alô?— Até que em fim você atendeu Marina! Estava quase chamando a polícia, meu Deus, menina.— Não é para tanto, mãe! Só estava descansando, não passei muito bem a noite, como vocês e
Capítulo 4 Conrado Queiroz. Voltei à cidade há três dias, meu pai há mais de um ano vem questionando, quando finalmente assumirei os negócios da família, toda vez que me ligava era a mesma ladainha. Que eu só herdaria o hospital, se tivesse experiência como diretor ou nada feito, como ele sempre fala:— Meu filho, você precisa entender que você precisa estar no comando como eu, os Queiroz são homens importantes, você precisa cuidar de tudo, não se esqueça, trabalhei minha vida toda por esse hospital, não estrague tudo, Conrado vou deixar sua herança para sua prima Virgínia, não me teste, garoto.Nunca que aquela enxerida da Virgínia ficará com o que é meu, antes que tudo vá para a puxa saco, juntei tudo o que é meu, me despedi dos amigos aqui em São Paulo e deixei a terra da Garoa para trás e voltei para Minas Gerais. Mais ou menos um mês depois que fechei negócio da compra do meu apê, o tempo para que ele fosse mobiliado e decorado foi o suficiente para que eu resolvesse as pendên
Capítulo 5Conrado Queiroz Após ter ficado naquele quarto de hotel sem ao menos intender o que ouve, sentindo ardência no rosto, caminhei até o banheiro e vi alguns arranhões do lado esquerdo da bochecha. — Mas que filha da mãe essa garota. Se ela não conseguiu me deixar estéril com a joelhada lá em baixo, com toda certeza ela fez um belo estrago no meu rosto.Sai do hotel e fui procurar uma farmácia 24 horas para comprar um remédio anti-inflamatório para evitar uma inflamação devido aos arranhões. Sem falar que precisava de um remédio para dor, não tinha nada disso em casa ainda, devido à minha recém-chegada, e eu não iria essa hora para o hospital para pegar medicação.Custei a dormir pensando na doida de olhos verdes. Mesmo depois de toda a loucura que foi o nosso encontro, a lembrança da linda mulher desconhecida não sai da minha mente. O gosto dos seus lábios continua colado nos meus, o seu corpo tinha o encaixe perfeito no meu, isso eu não posso negar.O bipe do despertador me
Capítulo 6Marina Salazar Sai tão rapidamente do quarto com medo de tudo o que meu corpo está sentindo. Tudo estava indo bem, depois de alguns drinks no bar, eu me soltei e me deixei levar. Quando vi aquele par de olhos azuis me encarando como se eu fosse algo precioso, com desejo, me fez querer me aproximar do desconhecido.Estava meio tonta, já estava na hora de parar com a bebida, mesmo que realmente beber é para esquecer o quanto eu estava sofrendo. Lembrar do Nicolas e da Mabel naquela cama me fez querer ligar o modo foda-se. Com as pernas bambas, eu caminho em direção à versão de Cristian Grey parado no bar, tento me concentrar no caminho para não cair, e quando percebo, estou encaixada em uma parede de músculo. Puxando a respiração, o perfume me inebria e me deixa com vontade de me afundar mais naquele corpo. Ergo meus olhos e, para surpresa, encontrei os mesmos olhos azuis que antes me observavam. Brinco com o colar que ele tem no pescoço e aproveito para colar mais meu co
Capítulo 7. Marina Salazar. No momento em que pisei no hospital, já sabia que não seria boa coisa. Alguns colegas me olham com pena por saberem o quanto me dedico aos pacientes, e que claro fatalidades acontecem, mas eu jamais mataria um paciente de propósito.Atravesso o corredor rumo a falar com o diretor do hospital, ele sempre me respeitou e me trata com carinho, sei que ele fará de tudo para investigar o que realmente aconteceu. Vejo que, em uma discussão em frente à sala, o segurança pede para o casal sair calmante que tudo será esclarecido.São, Paulina e José, os pais de Miguel. Fico com receio de me aproximar, mas tomo coragem, além de que também percebo a movimentação no auditório próximo à sala do seu Fabrício. Aí que me lembro sobre o comentário da minha amiga Carol, hoje é apresentação do novo diretor e agora o que farei?— Sua assassina! Me assusto com o grito dado por Paulina, fico com medo, mas mesmo assim eu me aproximo deles.— Calma, senhora…— Calma, nada! Voc