Capítulo 2
Marina Salazar. Mabel está de quatro gemendo loucamente, enquanto é fodida pelo meu namorado. Realmente, eu não consigo acreditar no que estou vendo, minhas pernas estão travadas, com a mão na boca pelo susto, as lágrimas começam a escapar dos meus olhos. Ver o homem que amo com as mãos presas ao quadril daquela que se dizia minha amiga irmã de alma, em movimentos frenéticos das estocadas, totalmente envolvidos em seus prazeres, que nem notaram minha presença entre a fresta aberta da porta. Tudo que posso pensar é em matar esses dois, o nojo e a raiva me fazem sair da onde estava. E entrar com tudo no quarto dessa traíra que até segundos atrás ainda era minha amiga, e pensar que esse escroto nojento dizia que me amava olhando dentro dos meus olhos. — Posso saber o que é isso aqui? Mas, que depressa, Mabel puxa o lençol e se cobre, e Nicolas me olha apavorado e vem em minha direção sem se tocar de que está completamente sem roupa. Quanto mais perto ele chega, maior é a raiva que eu sinto. — Vamos conversar Marina. Gritando porque já não consigo mais controlar nada. — Você só pode me achar com cara de palhaça! Não toca em mim. Recuo dois passos para trás para que sua mão não me alcance. Tudo isso é tão nojento, minha cabeça parece que explodirá, eu me recuso a acreditar que isso está realmente acontecendo, tudo que me vem na cabeça é há quanto tempo esses filhos da puta estão juntos e me enganando. Começo a me recordar do começo da semana, quando recebi a mensagem da Mabel com os preservativos, depois hoje no mercado, agora tenho a certeza de que não estava louca quando ouvi a voz deles. Percebendo que está pelado, Nicolas veste mais que depressa sua roupa, enquanto a vagabunda havia colocado um roupão e vindo atrás de mim, desesperada, tentando com que eu escute as desculpas esfarrapadas que ela tem para mim. — Marina, não vai, me escuta, não sai assim! Paro de caminhar e me viro, ficando frente a frente com essa traíra. — Escutar o que, Mabel? Que você está tendo um caso com o meu namorado de baixo do meu nariz! Tenho que ser muito idiota mesmo, vocês estavam transando no nosso apartamento. — No meu apartamento, você quer dizer Marina! Olho surpresa para o que acabei de ouvir do Nicolas, pois ele sempre falava que tudo que era dele era meu também, que logo nos casaríamos. No momento em que Mabel tenta se aproximar para me abraçar, esqueço todos os anos de amizade. A raiva que já me consumia ganhou ainda mais força e eu vou para cima dela, agarro sua mão e a empurro, em seguida puxo seus cabelos e, com isso, ela começa a gritar, o andar todo deve estar escutando. Desfiro tapa no seu rosto e, antes que eu consiga a derrubar, Nicolas entra correndo na sala, agarra minha cintura e me puxa para trás, tentando fazer com que eu solte sua amante. — Para Marina, já chega! Me soltando do seu agarro, me viro e esmurro o seu peito em meio as lágrimas. — Você não tem o direito nenhum de exigir nada, como pode depois de todos esses anos juntos, e as promessas feitas e o Noah, você não pensou no que seu filho vai sentir? Tudo o que fiz por vocês, eu amo aquele garoto. — Realmente quer saber, Marina? Você nunca tem tempo para mim, seu trabalho é mais importante. Sim, você foi a babá perfeita quando eu precisava, há muito tempo deixou de ser interessante. Já há Mabel, além de ser melhor na cama, também sempre tem tempo, e o Noah já a adora, ela é a mulher perfeita para mim. Eu só não terminei essa palhaçada de relacionamento ainda, porque para meus pais, acham que você é a mulher perfeita para casar comigo. Passo a mão no meu rosto tentando conter as lágrimas, que escorrem sem controle. Agora, Mabel já se recompôs, nos encarando, toma coragem para falar, mesmo com medo de que eu volte a atacar-lhe. — Eu não queria te magoar, Marina, mas a gente se apaixonou, eu ia conversar com você, mas.... — Não tem desculpa para o que vocês fizeram, eu nunca esperaria isso de vocês, Mabel, e Nicolas seria digno se tivesse terminado nosso relacionamento, mas vejo que os dois não valem nada, então vocês se merecem. Vou para o quarto onde eu achava que era meu, arrumo uma pequena mala e saio, sem falar nada, fico sem rumo pela cidade, o único lugar em que penso em ir no momento é para o dormitório dos médicos. Passo a noite em claro, nunca chorei tanto na minha vida, como pude ser tão burra e não percebi. Dormi quase ao amanhecer somente por exaustão, acordei no susto com o despertador, me arrumando para buscar minhas coisas no apartamento do Nicolas. Quando chego lá, para minha surpresa, minhas coisas estavam todas na calçada e a fechadura do apê foi trocada. — O meu dia não poderia ficar ainda pior, ou poderia? Volto para o hospital atrasada, já para o meu horário, corro no estacionamento e deixo meu carro com todas as minhas coisas dentro. No momento em que entro na sala dos médicos para guardar a minha bolsa, observo um burburinho entre meus colegas. — O que está acontecendo? Todos me olham, alguns assustados, outros com pena. — Você não sabe ainda? Diz Gabriel, o obstetra. Começo a pensar que alguém descobriu meu cifre e estou sendo chacota entre meus colegas, realmente estou começando a ficar preocupada com o que vejo em seus rostos. — Você já viu o quadro médico? — Não? Cheguei agora. — Seu nome está no boletim de negligência médica. E está suspensa até que a investigação termine. Fico paralisada com o que acabei de ouvir, realmente meu dia poderia, sim, ficar pior.Capítulo 3Marina Salazar. Estou devastada mais ainda, além de tudo o que aqueles dois me fizeram, agora meu nome está estampado no boletim de negligência médica. Isso pode acabar com a minha carreira, mas como pode? Tenho certeza de que não aconteceu nada. Não pode ser verdade, meu sonho de médica não pode terminar dessa maneira, ser acusada da morte de um paciente por erro médico é grave demais. Estou sentada há algum tempo aqui no sofá da sala dos médicos sem saber o que fazer, não tenho para onde ir, para casa dos meus pais, com toda a certeza eu não voltaria. Chorando sem parar, algumas enfermeiras passam e ficam me olhando com pena, meu telefone toca insistentemente e, como se estivesse chamando a desgraça final, olho a tela e é minha mãe que está ligando.Ele toca mais uma vez, então, atendo. — Alô?— Até que em fim você atendeu Marina! Estava quase chamando a polícia, meu Deus, menina.— Não é para tanto, mãe! Só estava descansando, não passei muito bem a noite, como vocês e
Capítulo 4 Conrado Queiroz. Voltei à cidade há três dias, meu pai há mais de um ano vem questionando, quando finalmente assumirei os negócios da família, toda vez que me ligava era a mesma ladainha. Que eu só herdaria o hospital, se tivesse experiência como diretor ou nada feito, como ele sempre fala:— Meu filho, você precisa entender que você precisa estar no comando como eu, os Queiroz são homens importantes, você precisa cuidar de tudo, não se esqueça, trabalhei minha vida toda por esse hospital, não estrague tudo, Conrado vou deixar sua herança para sua prima Virgínia, não me teste, garoto.Nunca que aquela enxerida da Virgínia ficará com o que é meu, antes que tudo vá para a puxa saco, juntei tudo o que é meu, me despedi dos amigos aqui em São Paulo e deixei a terra da Garoa para trás e voltei para Minas Gerais. Mais ou menos um mês depois que fechei negócio da compra do meu apê, o tempo para que ele fosse mobiliado e decorado foi o suficiente para que eu resolvesse as pendên
Capítulo 5Conrado Queiroz Após ter ficado naquele quarto de hotel sem ao menos intender o que ouve, sentindo ardência no rosto, caminhei até o banheiro e vi alguns arranhões do lado esquerdo da bochecha. — Mas que filha da mãe essa garota. Se ela não conseguiu me deixar estéril com a joelhada lá em baixo, com toda certeza ela fez um belo estrago no meu rosto.Sai do hotel e fui procurar uma farmácia 24 horas para comprar um remédio anti-inflamatório para evitar uma inflamação devido aos arranhões. Sem falar que precisava de um remédio para dor, não tinha nada disso em casa ainda, devido à minha recém-chegada, e eu não iria essa hora para o hospital para pegar medicação.Custei a dormir pensando na doida de olhos verdes. Mesmo depois de toda a loucura que foi o nosso encontro, a lembrança da linda mulher desconhecida não sai da minha mente. O gosto dos seus lábios continua colado nos meus, o seu corpo tinha o encaixe perfeito no meu, isso eu não posso negar.O bipe do despertador me
Capítulo 6Marina Salazar Sai tão rapidamente do quarto com medo de tudo o que meu corpo está sentindo. Tudo estava indo bem, depois de alguns drinks no bar, eu me soltei e me deixei levar. Quando vi aquele par de olhos azuis me encarando como se eu fosse algo precioso, com desejo, me fez querer me aproximar do desconhecido.Estava meio tonta, já estava na hora de parar com a bebida, mesmo que realmente beber é para esquecer o quanto eu estava sofrendo. Lembrar do Nicolas e da Mabel naquela cama me fez querer ligar o modo foda-se. Com as pernas bambas, eu caminho em direção à versão de Cristian Grey parado no bar, tento me concentrar no caminho para não cair, e quando percebo, estou encaixada em uma parede de músculo. Puxando a respiração, o perfume me inebria e me deixa com vontade de me afundar mais naquele corpo. Ergo meus olhos e, para surpresa, encontrei os mesmos olhos azuis que antes me observavam. Brinco com o colar que ele tem no pescoço e aproveito para colar mais meu co
Capítulo 7. Marina Salazar. No momento em que pisei no hospital, já sabia que não seria boa coisa. Alguns colegas me olham com pena por saberem o quanto me dedico aos pacientes, e que claro fatalidades acontecem, mas eu jamais mataria um paciente de propósito.Atravesso o corredor rumo a falar com o diretor do hospital, ele sempre me respeitou e me trata com carinho, sei que ele fará de tudo para investigar o que realmente aconteceu. Vejo que, em uma discussão em frente à sala, o segurança pede para o casal sair calmante que tudo será esclarecido.São, Paulina e José, os pais de Miguel. Fico com receio de me aproximar, mas tomo coragem, além de que também percebo a movimentação no auditório próximo à sala do seu Fabrício. Aí que me lembro sobre o comentário da minha amiga Carol, hoje é apresentação do novo diretor e agora o que farei?— Sua assassina! Me assusto com o grito dado por Paulina, fico com medo, mas mesmo assim eu me aproximo deles.— Calma, senhora…— Calma, nada! Voc
Capítulo 1Marina Salazar Eu sempre sonhei em se tornar uma médica, mas como filha de pais sem condições financeiras, me vi obrigada a se virar sozinha. Guardei cada centavo, estudava nas madrugadas, com muito esforço conseguiu uma bolsa integral no curso de medicina. Hoje, lembrando de toda a loucura que foram os anos em que estava estudando, cansaço, fome, muitas vezes não tinha dinheiro para o ônibus, minha vida só deu uma trégua quando conheci Nicolas, meu namorado há cinco anos.— Que foi, Marina? Está com uma carinha de quem está sonhando acordada.Eu desperto das minhas lembranças e olho para Mabel, que está sentada no tapete da minha sala, procurando em prego no site da cidade. Faz uma semana que ela está morando conosco, por ser despejada do apê onde morava com a mãe, pois o novo namorado dela não queria uma filha desempregada que não arca com as despesas.— Nada, não, Mabel, só estava me lembrando da época da faculdade, o quanto foi difícil, sei bem o que você está passand