Amanda
Estava no jardim, caminhando com Lexie e recebendo a brisa fria do vento de fim de tarde.
Derek me ignorou durante as poucas vezes que tivemos o desprazer de nos cruzar.
Mas ele não era o único, afinal de contas, eu também fiz questão de ignorá-lo.
Flashes da noite anterior se passaram en minha mente:
— Eu vou embora! — Gritei, sentindo-me completamente menosprezada.
— Embora? — ele repetiu, a testa franzida.
— É isso mesmo que ouviu. Eu vou embora.
— Está se comportando como uma criança mimada, Amanda.
Eu ri, com escárnio.
— E você está se comportando como um idiota.
— Só estou fazendo o que acredito ser o correto a se fazer.
— E eu também.
Dito isso, saí pisando duro.
Mesmo assim, conseguia ouvir os passos apressados de Derek em minha direção.
— Não vai embora... — ele soprou.
— Não me diga o que eu devo ou não fazer. — virei-para encará-lo, a raiva já falava por mim. — Estamos falando da minha vida, minhas escolhas...
— Só estou dizendo que você não deve ir. Digo... Essa é a sua casa. Tão sua quanto minha, então... se alguém tiver de sair, esse alguém sou eu. Mas você fica, porque esta casa é sua, Amanda.
Os olhos de Derek conseguiam, sem muito esforço, penetrar minha alma. Eles adentravam no mais íntimo de meu ser. E sua voz... sua voz tinha o estúpido poder de sossegar a fera incapaz que existia em mim.
Soltei um suspiro frustrado.
Sem mais nada a declarar, apenas saí e entrei no quarto. Fechei a porta com tamanha brutalidade e, em seguida, ajoelhei-me no chão, recostada à porta. Tentei respirar fundo. Precisava de forças.
Eu poderia fingir que era resistente, mas a quem estou tentando enganar?
O amor enfraquece as pessoas.
E eu estava fraca, com as forças esgotadas, porque o que eu sentia por Derek era mais forte do que eu poderia crer.
Minha pequena Lexie acariciou meu rosto, me fazendo acordar do transe e deixando as lembranças da noite anterior para trás.
Sentei-me sob a cadeira de tomar sol e coloquei o carrinho de Lexie à minha frente, para que eu pudesse ter a visão completa de seu rosto.
Vez ou outra eu fazia alguma careta no intuito de fazê-la rir. Depois de alguns minutos, percebi que Lexie acabara pegando no sono.
Respirei fundo e recostei-me sob a cadeira de tomar sol, depois fechei os olhos e desfrutei-me daquele vento fraco, porém gélido que batia contra meu corpo.
Ouvi um ruído de leve e abri meus olhos instantaneamente, dando de cara com Lexie já acordada.
Para minha surpresa, ela estava dando um de seus melhores sorrisos.
Franzi o cenho.
— Meu amor, você está...
Senti um forte arrepio percorrer minha espinha, quando, de repente, notei que atrás de mim, estava Monnie, parada, feito uma assombração.
Saltei da cadeira ainda com a mão no peito, evidenciando meu susto em vê-la.
— Te assustei? — ela teve a audácia de me questionar.
Cerrei meus olhos nela, tentando não deixar tão explícito meu descontentamento em vê-la.
— Não é óbvio? — devolvi.
Ela riu de lado.
— Me desculpe, não foi minha intenção.
Assenti, balançando a cabeça, na medida em que retirava Lexie de seu carrinho.
— Eu vim tomar um ar, então te vi e pensei...
— Pensou em me assustar? — ironizei.
— Pensei em vir aqui conversar com você, Amanda.
— Bem, eu adoraria, mas está ficando tarde e o vento frio não é bom para a Lexie...
— Eu não quero que me odeie.
— Como disse? — franzi a testa.
Ela passou pela cadeira de tomar sol e ficou parada em minha frente.
— Eu não quero que você me odeie. — ela repetiu, e eu franzi o cenho. — Eu sei que você e o Derek discutiram por minha causa e eu não quero que isso torne a acontecer.
— Você não quer, certo? — eu ri de lado.
Ela suspirou.
— Eu sei que tem todo os motivos do mundo para me odiar ou para simplesmente não ir com a minha cara, afinal de contas, eu estraguei seu casamento e...
— Monnie, eu não odeio você. — cortei-a. — Só não gosto de você.
— Por quê?
Eu ri, divagando de um lado para o outro.
— Acredite, o problema não é você em si.
— E qual é o problema, então?
— Eu te odeio porque ele te amou antes de me amar. E isso me deixa insegura, com medo... me deixa feito uma estúpida possessiva, mas é porque eu o amo. E eu não sei mais se consigo viver sem ele. Então, cogitar a hipótese de perdê-lo é demais para mim, eu simplesmente não posso...
Monnie mordeu os lábios.
— Bem, é como você disse... ele me amou. No passado. — ela sorriu cheia de complacência. — Mas, agora, é a você que ele ama.
Rolei os olhos, desconfiada.
— Eu não tinha idéia de que tudo isso estava acontecendo na vida de Derek. Eu pensei que, assim como a vida havia parado para mim, havia parado para ele, mas me enganei. Se acha que quero atrapalhar a vida de vocês, está enganada. Eu só quero me encontrar, entende?
Os olhos de Monnie estavam cheios de lágrimas.
Talvez fossem sinceras.
Entretanto, um lado meu simplesmente não conseguia acreditar que qualquer coisa que saísse de sua boca fosse verdadeira.
— Ele é o mais perto que tenho de família agora, e eu acho que ele pode me ajudar a lembrar quem eu sou verdadeiramente. É só o que almejo. Minha vida de volta.
Ela olhou para o lados e riu consigo mesma.
— Ou, pelo menos, parte dela.
Permaneci calada.
— Mas se isso te incomoda tanto, se minha permanência nesta casa por um tempo te incomoda, eu realmente posso ir. Eu posso mesmo ir... — ela suspirou profundamente, antes de morder os lábios. — Você quer que eu vá?
Pisquei os olhos atordoada e respirei fundo.
— Eu...
— Você não vai a lugar algum, Monnie. Você fica, quem está dizendo sou eu.
Virei-me para trás e encarei Derek, ele parecia irritado. Seus olhos me fuzilaram.
Franzi a testa e, pela primeira vez na vida, não me deixei intimidar pelo seu modo de me olhar. Pelo contrário: tudo que eu fiz foi encará-lo cheia de ódio, pronta para rebatê-lo na primeira oportunidade.
AmandaDerek continuou me encarando, seu olhar frio e distante me afrontava com raiva.Semicerrei meus olhos nele, não deixando transparecer minhas pernas trêmulas.Eu não podia vacilar. Não agora.— Derek, eu sei que quer me ajudar, mas...— Mas nada. Eu disse que você fica, não disse?Monnie balançou a cabeça positivamente.— Pois bem. Assunto encerrado. —ele revirou os olhos e, como se tivesse terminado seu "serviço", saiu andando desajeitadamente, ignorando minha existência.— Não acredito que vai me ignorar! Você &e
DerekAmanda e eu estávamos de pé desde as seis da manhã, visto que hoje nossa pequena Lexie teria de submeter-se à alguns exames e uma consulta sua pediátra.Por coincidência, o consultório de Melanie, a atual pediátra de Lexie, ficava no hospital, cujo Peter também atuava.Unindo o útil ao agradável, determinei que aquela era a oportunidade perfeita para apresentar Amanda e Lexie ao meu velho amigo de faculdade.— Eu quero que conheça alguém antes de irmos, Ama.Amanda assentiu, sorrindo de lado.Mas ela estava entretida demais com Lexie, que hoje — especialmente — estava mais hiperativa que o comum e, vez ou outra,
AmandaAntes mesmo de entrarmos em casa, podia-se ouvir perfeitamente um sonido de gargalhadas escandalosas. Eu não sabia exatamente o que viria pela frente, mas já suspeitava.Susan Sant deixou bem claro seu desprazer em me conhecer desde a primeira vez que nos vimos. Certamente isso não havia mudado com o tempo.Mas eu estava disposta a enfrentá-la. Eu mostraria a ela, a qualquer custo, que eu era uma boa pessoa. Que eu amava Derek, e não estava interessada em seu dinheiro. Isso soava tão ilógico. Por que eu tinha de provar algo para alguém que só procura os filhos com segundas intenções?Estava pronta e realmente determinada a entrar em casa, mas não pude fazê-lo, tendo em vista que Derek estava inerte, impossibilitado de
AmandaEstava recostada na poltrona que ficava ao lado do berço de Lexie.Minhas pálpebras pesavam de maneira impertinente. O que ainda me mantinha acordada era o som irritante do móbile musical que ficava pendurado acima do berço de Lex. Mesmo sonolenta, percebi a presença de Derek no quarto. Ele estava parado, reclinado à porta, um sorriso largo nos lábios.— Ela acabou de dormir. — murmurei baixinho, ainda apreensiva pelo medo de Lexie estar apenas nos enganando.Pode parecer loucura, mas nossa garotinha de quase oito meses é extremamente esperta. Ela finge que pega no sono e quando a colocamos em seu berço — que ela abomina, a propósito — a menina se manifesta chorando para ap
AmandaO dia de hoje, diferente dos outros, amanheceu mais vibrante. Especialmente para Derek. Ele estava completamente eufórico e ansioso para receber Damen. Seu irmão chegaria para ficar alguns dias conosco e essa notícia não poderia tê-lo deixado mais animado.O entusiasmo de Derek apenas salientava o quanto ele amava o irmão. Quando Damen nos informou que chegaria pela manhã, Derek fez questão de deixar a empresa nas mãos de seus sócios, somente para certificar-se de que tudo estaria impecável em sua "recepção."Vê-lo tão feliz assim me deixava mais leve. Há dias não o via desta forma, tão alegre, espontâneo e despreocupado.Sua felicidade era tão grande que me fazia pensar duas vezes em tocar no assunto de mandar Monnie embora.Eu apenas que
DerekSou o irmão mais velho.Não por escolha. Não porque eu quis. Ser o irmão mais velho, carregar todo esse peso nas costas, não é, nem de longe, facil. É terrível. Você se sente na obrigação de ser o melhor que puder. Você sente que deve se esforçar até esgotar todas as suas forças. Porque, como irmão mais velho, você deve ser um modelo a se seguir. É seu dever mostrar aos outros o certo e o errado; mostrar que nem sempre devemos nos satisfazer apenas com bom, não quando temos como possibilidade o melhor e o excelente.Desde que meu pai se foi, ele consignou à mim sua confiança. Não só isso, ele deixou comigo o encargo de minorar sua ausência para Damen e Sabrina. Me sinto na obrigaç&
Derek— Fiquei feliz por ter aceito o convite de jantar conosco, Peter. De verdade. Muito obrigado.Finalmente, após muito insistir, Peter aceitou o convite para jantar conosco.Abro a porta e dou espaço para que ele entre. Somos recebidos por Sabrina que parece ocupada demais cantarolando para Lexie.Eu pigarreio, fazendo ela desviar sua atenção para mim. Seu sorriso se dissipa quando ela coloca os olhos em Peter. Ela me encara, aparentemente furiosa.— Mas que merda é essa?— Sabrina... — rolo meus olhos. — Eu não sabia que estaria aqui...— Eu sou sua irmã
DerekJá é noite, sei que não é o momento mais conveniente para ir até Damen, mas mesmo assim o faço. Toco a campainha algumas vezes.Estou nervoso, sinto minhas mãos perspirarem.A porta se abre, mostrando exatamente quem eu procuro.Damen está parado, parece surpreso em me ver. Ele abre a boca para dizer algo, mas nada sai.— Sei que é uma hora um pouco incoveniente, mas... — suspiro. — Será que podemos conversar?Ele me examina, estritamente minhas palavras. Talvez ele queira testificar-se de que estou falando sério. De que estou disposto a uma conversa franca.Ele olha para trás, troca olhares com Pamela, que não está completamente visível, depois me olha novamente.E, só então, cede passagem para que eu entre.Me sinto eivado, desconfortável e completamente idiota. Passo por Damen e